O Doutor conhecia bem a dor, a tristeza.

Sabia o que era se sentir oco por dentro, incompleto. Conhecia a angústia e o desespero também, a sensação de ser consumido por dentro. Eram sentimentos ruins, com os quais ele tinha uma relação mais próxima do que desejava. Ele havia vivido demais, visto demais. Era inevitável que perdesse tanto quanto os anos que viveu.

Havia sempre a felicidade, no entanto. Aquela ele que ele perseguia tanto, querendo esquecer as mágoas do passado. Que ele colocava no rosto, usava para disfarçar sua tristeza.

Ás vezes, era real. Um riso sem fôlego compartilhado com seus companheiros, ver os olhos deles brilharem e sorrirem diante das maravilhas que ele apresentava. Ás vezes, nem tanto. Era o que ele sempre procurava, apesar disso, assim como todas as outras espécies que habitavam esse universo.

Curiosamente, River sempre a trazia consigo, junto dos cabelos rebeldes e o riso nos olhos.

Os dois se sentavam nos gramados prateados de Asgard, uma toalha de piquenique xadrez espalhada a sua frente. River havia encostado a cabeça em seu ombro, os olhos fechados enquanto aproveitava a luz do sol refletida nos edifícios de ouro. O Doutor contava com uma voz suave sobre uma de suas companheiras, tão ruiva e de temperamento quente quanto Amy, e ela tinha um sorriso sereno nos lábios. Ele a observou, os olhos suaves.

Em todos esses anos, ele nunca havia conhecido a felicidade plena, a que prometia deixar sua mente silenciosa, seu coração em paz. Essa era um mistério para ele, e duvidava que algum dia fosse capaz de experimentá-la. Mas, ali, a tranquilidade pairando no ar, ele percebeu que River Song era a pessoa que conseguia trazê-lo mais perto de sentí-la e que, só por um momento, ele não precisava procurar mais.