Sim, já havíamos decidido o nome da nossa pequena. Mudamos-nos há pouco tempo, também. Peeta já começou a fazer o quarto de nossa pequena, faltava só à cômoda que estava pra chegar. Economizamos muito para nosso bebê. Comecei a fazer o pré-natal com minha médica Glimmer. Meu bebê estava ótimo, não tinha perigo de ser sufocado antes de sair, nem de ninguém morrer. Comecei a acreditar, contos de fadas existem. Príncipes existem. O meu era Peeta. Parece que, com a chegada de nossa querida Ashley, Peeta era mais realizado. Já se faz meses que descobri que estou grávida, agora estou com oito meses, faltando pouco para o nascimento da minha bebezinha. Quando contei para minha mãe e meu pai, eles pularam e ficaram super felizes, com tamanha felicidade estampado em seus rostos. Contamos aos pais de Peeta, o pai ficou meio de lado diante, da situação, mas, se acostumou com minha barriga e logo, começou a acariciar Ashley. A Mãe de Peeta também não resistiu. Minha barriga estava com o umbigo pontuda e muito redonda, quando Peeta começava a conversar com minha barriga e fazer carinho, Ashley começava a me chutar e isso rendia um sono muito ruim, ela me chutava inteirinha e minhas costas ficavam doendo, Peeta tinha que fazer massagem passar creme, por que a dor era insuportável. Eu achava que isso era apenas pelo momento, mas, realmente, mamãe estava certa. Estar grávida de um ser tão magnífico era lindo. Saber que aquela menininha estava dentro de mim e sairia para ser minha filha, era perfeito. Ainda mais com essa família linda que ela tinha. Logo, iria nascer e cuidaríamos muito bem dela.

– Amor? – Peeta havia chegado do trabalho, eu estava na cozinha fazendo a janta, quando ele passou pela porta cheia de sacolas de supermercado na mão.

– Meu deus, isso não é o que eu penso que é. – Sim, eu corri até ele, da cozinha eu havia visto uma barra de chocolate, peguei-a e comecei a devorá-la.

– O FOGO KATNISS!- ele gritou apontando para a panela que estava saindo água.

– Sua culpa, Mellark! Olha só o que você fez.

– Mas, era você que estava cozinhando.

– Mas, você que chegou com essa barra. – eu corri para apagar o fogo e limpei um pouco da água que havia escorrido pelo fogão

– Sinceramente, essa gravidez está te deixando louca.

– Palhaço você Mellark! Fica na sua e guarda essas compras. – sentei-me no sofá. Ele tirou seu sapato e deitou se ao meu lado, começamos a ver televisão e então, ele acariciou minha barriga e começou a conversar. Pronto, logo veio à dor nas costas e tudo mais. Eu havia ligado para Glim, na semana passada perguntando se isso era normal. Ela disse que sim, pois, sentia o carinho e ficava agitada. Não queria contar para Peeta o quanto aquilo doía dentro de mim, ele poderia não fazer mais carinho nela por medo de me machucar. Mas, como isso só acontecia com ele. Eu agüentava!

Eram nove horas da noite já, decidi ir dormir já que não ia ter mais nada pra fazer. Já havíamos comido e meu sono me dominou. Peeta deitou-se em meu lado. Mas, dessa vez foi impossível não gritar, quando ele passou a mão pela minha barriga. Ela estava ficando forte dentro de mim, saudável e cada vez mais suas mãozinhas e pezinhos me machucavam. Aquela dor não tinha hora para parar:

– PEETA PARA POR FAVOR!

– O que foi Kat?

– Você faz carinho, ela me chuta por que fica animada! Sei que isso é bom sinal, mas dói demais.

– Desculpa isso ocorre há quanto tempo?

– Muito tempo. Mas, dessa vez esta sendo impossível ela está muito agitada. - eu comecei a dormir quando Peeta passou a Mao em meu cabelo. Adormeci e sonhei com Ash, eu e Peeta. Segurando suas mãozinhas, ela andando por um gramado, todos rindo. De repente, eu sumi do sonho. Eu apenas via. Via meu amor e minha pequena loira dos olhos azuis, com um vestidinho verde até o joelho, sapatilhas brancas rindo demais. Sua gargalhada sem dentes era muito gostosa de ouvir.

Eu acordei de repente, quando olhei o horário eram 3h30 da madrugada. Meu amor estava dormindo ao meu lado. Abraçado a minha barriga. Senti uma dor imensa na barriga. Tentei me segurar para não gritar, ou acordar Peeta, mas, a dor era impossível. Será que ia nascer? Oh meu Deus. Gritei como nunca havia gritado em minha vida.

– O que foi? – Peeta pulou da cama e colocou a mão nas minhas costas. Eu não conseguia responder apenas, gritava sem fim. Meu grito era agudo. Comecei a suar.

– Vai nascer Peeta.

– O que Katniss? – ele me perguntou não acreditando.

– Vai nascer. – Nem me troquei, sentei no carro. Peeta me ajudou e me sentou, colocou o sinto em mim. Pegou a mala de nossa pequena, colocou um jeans e a blusa branca com qual dormia, foi assim mesmo.

– Liga para Glim! – ordenei. Ele o fez. Ligou enquanto estávamos a caminho, e eu gritava do seu lado. O que deve ter dificultado demais. Quando chegamos Glimmer estava lá. Logo, fui deitada em uma maca com ajuda de enfermeiros e Peeta. Ele não ia poder entrar por enquanto. A minha barriga estava inchada.

– Glimmer esta sufocando? – perguntei-a ainda gritando de dor. Peeta estava ligando para o pessoal da família, correrem e ver o nascimento no hospital.

– Katniss! Teremos que cortar terá que ser cesariana.

– Corta. Corta! – Não deu tempo, era tarde demais. Cortaram minha barriga antes mesmo de colocarem a anestesia e a injetarem no meu corpo. Senti como se tivessem tirando meu corpo e enfiando várias facas de uma vez. Era insuportável. Pensei que não ia conseguir. Havia uma luz em cima de mim, uma luz branca tentava concentrar minha dor, como um ponto, ali naquela luz que cercava meus olhos. Mas, não dava. Meus gritos eram potentes, fiquei com medo de matar meu bebe. Ele nascer morto. Ou sei lá, o que poderia acontecer. Mas, o medo e a angustia eram tantos. Eu não conseguia falar, queria apenas ver aquele meu bebê que eu botei no mundo. Glimmer falava comigo às vezes, mas, estava bem concentrada. Não tinha ninguém do meu lado, segurando minha mão. Peeta desmaiava com sangue, tentou até entrar, mas, quando viu um pouco saiu correndo. Eu tentava imaginar minha pequena, até que enfim, ouvi o primeiro choro de neném.

– EU QUERO VÊ-LA. – gritei na sala. A dor estava passando, já havia tirado ela de dentro de mim, e isso me consumia. Eu estava pálida, sem forças para falar mais nada. Minha voz estava quase indo embora e o suor pingava sob meu rosto e escorria, meu choro se misturava ao suor e tudo acontecia no mesmo momento. A emoção se misturando com todos os sentimentos possíveis. Ela não estava mais com sangue, chamaram Peeta. Ele chegou me deu um beijo, pegou um pano limpou-me e então, pude ver minha filha Ashley. Colocaram-na no meu colo, ela chorou, dei um beijo e conversei com ela. Comecei a chorar por ver sua perfeição. Quando ela abriu os olhos ao acordar, seus olhos eram um azul marinho perfeito, azul. Dei-a para Peeta, ele a levou com ele para a ala dos visitantes. Aquele momento eu senti como se aquela família fosse feita pra mim, preparada para mim. Senti-a minhas forças indo. Glimmer viu minha pele pálida e eu gelada.

– Não Katniss! Resista sua filha precisa de você. – ela gritou ao meu lado, segurando minha mão. Eu não piscava. Eu não conseguia fazer nenhum movimento.

– Eu amo ela! Amo Peeta. – foi o que falei antes de minhas forças se irem, assim como minha alma. Sim, minha vida ali tinha acabado. Gastei tudo o que tinha fazendo minha filha nascer e então, eu soube que ali foi o momento único e mais perfeito de minha vida. Ver minha filha! Eu iria acompanhá-los onde fosse não importa. Eu sempre ia pertencer a eles. Todos estavam felizes. Eu poderia vê-los de cima. Eu conseguia perceber que minha missão ali, havia acabado. E foi o que eu consegui aproveitar durante minha vida. Aquela era minha retrospectiva de vida, uma perda por um prêmio. Ashley, minha filha. Aquele foi meu ultimo batimento, a última lagrima a ser escorrida. Antes de eu ir, para outro lugar! Espero que um dia, ela saiba, o quanto a amei, e o quanto amarei ela e Peeta!!