8 ANOS DEPOIS

Acordo com um feixe de luz, entrando pela minha janela e batendo diretamente em meu rosto. Rolei na cama, preguiçosamente, com nenhuma vontade de começar o dia.

Mas depois daquele dia, era impossível começar bem um dia. Ainda doía lembrar.

Anna

Sua morte deixou profundas cicatrizes que o tempo jamais fora o suficiente para apaga-las. Mamãe, por exemplo, muitas vezes perde-se em pensamentos, embora nunca deixara de ser gentil. Meu pai, embora continuasse o mesmo conosco, perdera aquele brilho de vida que possuía.

O meu estado também não era um dos melhores. Acordava todas as noites, gritando para que minha irmã se afastasse do gelo e revivia a todo momento seu fim. Desde o dia de seu "funeral", nunca mais saí de meu quarto, a não ser para ir até a biblioteca, meu lugar favorito. Usava constantemente luvas, que ajudavam a aplacar o gelo.

Virei escrava do próprio medo

Meus pais diziam que ficaria tudo bem. Mas eu sei que não

Finalmente, decidi me levantar

E, ao me olhar no espelho, vi a adolescente de quinze anos com o mesmo olhar da criança de sete. Medo, perigo, loucura talvez?

Oito anos se passaram

E nada mudou

***************

Meus pais viviam viajando aos reinos vizinhos, em busca de selarem contratos e fecharem negócios. Era comum ambos irem juntos e deixarem um ministro como responsável pelo reino. Era comum também eu ficar. Mamãe dizia que eu era muito jovem e, como uma dama, deveria ficar. Completava dizendo que, quando eu fosse rainha, me cansaria dessas viagens.

O destino mais comum dessas viagens, geralmente era até Weselton, que, segundo papai, era o maior sócio econômico que Arendelle tinha. Mas, segundo mamãe, o rei daquele lugar não passava de um mesquinho egocêntrico, que tinha como filho, o atual rei das Ilhas do Sul, um lugar não somente conhecido pela beleza tropical, e sim, pelos doze filhos daquele rei.

O mais novo tinha a minha idade e era chamado Hans

Por tais motivos, não me surpreendeu o dia em que meus pais vieram até a biblioteca, local onde eu me encontrava, e me avisaram de mais uma de suas viagens diplomáticas.

Concordei, como uma boa garota, e me surpreendi quando mamãe me perguntou o que eu gostaria de ganhar de aniversário, já que decidi não ter um baile, deixando-a bem magoada

– Mamãe, não é necessário! - sorri e minha mãe fechou a cara

– Ótimo! Iremos organizar seu baile quando voltarmos então! Que tal? - ela perguntou, sorrindo vitoriosa

– Não mamãe, por favor... E-eu tenho medo de algo dar errado - disse olhando-a

Ela suspirou e pegou em minhas mãos

– Querida, quinze anos só se faz uma vez na vida. Por mais que eu queira lhe dar este baile, irei respeitar tua vontade. Mas, por favor. Peça um presente, qualquer coisa. - seus olhos brilhavam de expectativa, e eu não pude deixar de notar

– Tudo bem.. hmm.. - pensei - Que tal um livro?

Mamãe sorriu

– Claro, e irei trazer o mais belo vestido que encontrar. Sabe, corre um boato que seremos convidados ao baile de dezesseis anos do príncipe Hans daqui duas semanas! E você tem que estar belíssima.... - ri da empolgação de mamãe, a verdade era que até eu estava empolgada com a novidade

Nunca saí de Arendelle, seria maravilhoso poder conhecer um lugar novo

– Quando vocês vão? - perguntei

– Ao pôr do sol - mamãe respondeu suavemente, até que papai entra

– Precisam ir mesmo? - fiz beicinho

– Você vai ficar bem Elsa! - disse papai sorrindo

– Voltamos em uma semana querida, vai passar tão rápido que você nem vai perceber... - mamãe disse suavemente

Fiz uma coisa que não fazia a séculos por medo: abracei meus pais

Eles retribuíram, até uma criada chegar dizendo que o barco já estava pronto

Nos abraçamos novamente, e os acompanhei até a porta do palácio, já que os portões reais passaram a ser fechados, deste uma crise que eu tive