Mais algum tempo havia passado e Lana estava realmente muito perto de completar os nove meses. Tanto a nobreza quanto o reino estavam na expectativa e ansiosos com a chegada da criança. Eu era o mais nervoso e me distraia da melhor maneira que encontrava: fazia brincadeiras com as crianças, congelava algumas coisas, assustava os empregados do palácio. Sabe, coisas bem normais...

Depois da previsão de Pabbie e da notícia de que logo teria uma sobrinha, o rei decidiu esquecer os problemas e ficar ainda mais perto da esposa nesta reta final. Porém, uma nova carta o deixou de cabelos em pé. Informava que sua cunhada havia entrado em trabalho de parto mais cedo e que a menina era saudável. Segundo minhas contas, a mulher devia estar no oitavo mês.

Edward relutou em enviar algo parabenizando o irmão. Mas com a insistência de Lana ele cedeu. Mandaram então um comunicado desejando toda a saúde para a criança e uma caixa, toda decorada, onde, quando se abria, encontrava um belo sapatinho dourado. Tudo, claro, feito sob encomenda.

Lana, estava com uma barriga linda que já anunciava que sua filha logo estaria ali. Mesmo assustada com as previsões de Pabbie, ela continuou confiante, animando o marido e fazendo planos para ajudar a tão esperada filha. Nessa reta final, Lana estava cansando-se facilmente. Porém, isso não a impediu de montar o quartinho da filha.

O quarto era grande e espaçoso. Era pintado de vários tons de azul, sendo o mais claro na parede e os escuros nos detalhes.O chão era de uma madeira clara, contrastando com as cores. Nas paredes, havia sido desenhado flocos de neve, como se estivessem caindo em uma dança suave. Havia também uma grande janela, onde, bem perto, encontrava-se o gracioso berço, redondo, feito de prata.

Havia prateleiras que abrigavam alguns presentes e roupinhas que Elsa já possuía. E todos os dias, pelo menos uma vez, os pais de primeira viagem passavam no quartinho e suspiravam felizes.

Apesar de tudo faltava algo

Uma característica ali que fosse minha

Certa noite, esperei todos dormirem e, saí da minha casa temporária, chamada porão. Voei até o quarto e entrei. Comecei a pensar por onde começava

Fui até onde estava desenhado todos os flocos de neve na parede e, ao invés de deixar apenas naquele plano liso, lhe dei auto relevo, com uma espécie de gelo resistente. Desse modo, o quarto ficou ainda mais divertido e o gelo não derreteria.

Ao redor do berço, encaixei diversos flocos de neve, deixando-o com uma cara nova. O lustre do quarto não me agradava, então o revis do meu jeito, jogando o velho pela janela. Montei um em que havia presença de neve, gelo e flocos de neve, deixando aquele lugar luxuoso na medida certa.

Enfim, deixei tudo com uma cara bem Jack, mas que agradaria Elsa. Por fim encarei o quarto e ,mesmo ele estando mais do que perfeito sob meus olhos, eu ainda sentia que faltava algo. Encarei aquele cômodo diversas vezes, até parar no berço. Me lembrava de como a rainha gostaria de um móbile perfeito, não encontrando nenhum que realmente a agradasse. Na verdade, sabia bem o que ela queria.

Fiz a peça com a maior delicadeza que encontrei, fazendo contornos com o gelo, dando alguns toques aqui, outros ali. Enquanto fazia, tentava imaginar como seria a voz dela, seu cheiro, seu sorriso e fechei os olhos me concentrando naquilo, enquanto tentava cria a perfeição. Por fim, quando os abri, encontrei o móbile flutuando bem na minha frente. Era um floco de neve gigante e com belos traços, enquanto que, em sua pontas, pendiam outros floquinhos de neve. Ele emanava uma linda música enquanto girava.

Não entendia o porque da música, já que musicalidade não era meu dom. Então me lembrei que, uma vez, enquanto ajudava a Fada em uma das sua faxinas semanais, encontrei um livro de como criar peças a partir de materiais improváveis. Eu pedi emprestado e ela me deu, como um presente. Na seção de gelo explicava as formas possíveis do que fazer com esse material tão resistente, mas ao mesmo tempo, tão frágil. E uma coisa curiosa: quanto mais puro fosse o gelo, menos seriam as chances de ele derreter mais tarde. Ou: quando você ama uma pessoa, sem nunca tê-la visto ou realmente conhecido, o objeto adquire cor e até música. Um tempo, depois perdi o livro, mas não perdi o aprendizado

Sorri ao me lembrar desse detalhe, encaixando devagar o móbile no berço. Me dirigi até a porta e encarei novamente o quarto, sentindo que agora estava tudo finalmente completo.

A música continuava. A nossa música

Depois de um tempo, ela parou. A lua iluminava o quarto.

Antes de sair, foi a minha vez de suspirar