I'm forever yours escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 7
Capítulo 6




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Tudo estava turvo, embaçado. Ele não conseguia definir o imaginário da realidade, rodando no lugar sem se mexer. Pedro ria do que os outros falavam, sem saber ao certo o que era. Virou um copo de tequila, comemoração ao depósito feito por um dos ricaços como patrocínio para a Believe. Uma foto foi postada no Instagram consumando tudo.

A sensação de entorpecido era boa, muito boa. Sentia falta de dar uns tapas na MJ, como ele gostava de chamar. Sentia falta do amargo do álcool em sua boca. Sentia falta de se sentir um rei, elogiado por seus súditos.

Sentia falta de Karina.

A cada tapa, a cada copo, a cada brinde, só o que pensava era em sua esquentadinha dormindo sozinha, sem sua presença. Ela havia adquirido o costume de conversar com o bebê antes de dormir, mas ele nunca fazia o mesmo, fingia que dormia. Adoraria estar lá com ela e dizer boa noite para sua barriga.

"Max, cara, a festa tava muito show de bola, mas eu realmente preciso ir." Se dirigiu ao anfitrião, que estava com duas garotas no seu pescoço.

"O que é isso, Pedrinho, ainda tá cedo, cara." O produtor riu. "Fica aí, pega uma das garotas, se diverte um pouco."

"É que a minha gata tá em casa, vei. Começo de gravidez, sabe como é, tá meio enjoadinha. Vou lá dar uma assistência."

"Pera, pera, pera... Tua mina tá grávida?" O guitarrista assentiu. "AÍ, GALERA, A BELIEVE VAI GANHAR UM MASCOTINHO. O PEDRINHO VAI SER PAPAI." Gritos e assovios. "ABRE O NOSSO MELHOR CHAMPANHE E VAMOS COMEMORAR."

"Cara, eu preciso..." O rapaz tentou se desvencilhar enquanto ainda conseguia se manter focado. Tinham soltado uma fumaça louca em sua cara, e estava começando a ficar fora da órbita novamente.

"Relaxa aí, amigo. Aproveita enquanto dá. Porque assim que o pirralho nascer, acabou a vida de gandaia de rockstar." Max lhe entregou uma taça cheia. "Um brinde à tua coleira, meu irmão. Vai ser papai."

Pedro bateu a taça na do produtor, que virou em um gole. Ele o imitou, tentando sair dali o mais rápido possível, mas logo sendo puxado por estranhos que queriam cumprimentá-lo. Recebeu baseados de mãos desconhecidas, bebeu mais algumas taças de champanhe e foi convidado para outra dose de tequila.

Logo estava novamente vendo gnomos e duendes, rindo à toa e numa boa, quando o impensável aconteceu.

"Pedro." Virou-se, vendo Karina parada no meio da festa. O som havia parado, já que ela havia dado um chute certeiro e detonado o aparelho. Todos os encaravam, muitos encolhidos diante da raiva e das lágrimas da garota. "Eu não acredito que você fez isso."

"Karina." Ele largou a taça e o cigarro, se levantando depressa. Tentou se aproximar, mas ela o repeliu. "E-eu posso explicar."

"Então essa é a mamãe do mascotinho da Believe?" Um rapaz desconhecido surgiu, abraçando a garota pelos ombros. "Traz o champanhe para ela!"

"Se você não me soltar, eu te deixo inconsciente no chão em 10 segundos." Ela grunhiu, fuzilando o estranho pelo canto do olho. O homem engoliu em seco, se afastando com cuidado. "Você tinha me prometido."

"Ka, eu..."

"Eu não quero saber." Ela garantiu, engolindo o choro. "Francamente, Pedro, eu não quero saber. Eu só quero ir para casa, agora."

"Vamos." Ele concordou, saindo depressa atrás dela, enquanto a festa toda ficava em silêncio. Pararam no corredor, enquanto esperavam o elevador. "Amor, eu..."

"Não fala nada." Ela rosnou, secando os olhos. "E não me chama de amor. Você não sabe o que é isso, seu imbecil."

"É claro que eu sei, eu te amo."

"Se me amasse um pouco que fosse, não teria feito eu me sujeitar a isso." Ela o encarou com os olhos cheios de dor. "Não teria exposto nosso filho para esse bando de porcos nojentos e imbecis."

O elevador chegou com um plim e Karina entrou depressa. Pedro a seguiu, um parando em cada lado da caixa de metal, em silêncio absoluto. Ele se lembrou da última vez que haviam estado em um elevador daqueles, meses antes. Ele havia apertado o botão de emergência e parado as máquinas, lhes dando dez minutos de prazer e medo absolutos.

Quando saíram do prédio, Karina assumiu a direção do carro. Pedro entrou no passageiro em silêncio, começando a sentir sono. Também estava varado de fome, mas quanto a isso teria que se virar depois.

"Eu quero um tempo." Ela disse após alguns minutos no carro. Ele despertou, a encarando.

"Como?"

"Eu quero um tempo no nosso namoro." Ela repetiu, fungando. "Não dá, Pedro, eu não posso mais aguentar tudo isso. As festas, o álcool, as drogas... Eu preciso me concentrar no meu filho."

"Nosso filho." Ele corrigiu, irritado.

"Meu filho, até que você seja algo próximo do que um pai deve ser. Não dá para levar uma gravidez tendo que passar por esse estresse toda a noite, Pedro, não dá mesmo. Eu tentei te ajudar, tentei te mostrar a razão, mas você não quis saber. Vá para a reabilitação, vá para a puta que pariu se precisar, mas se quiser chegar perto dessa criança, você vai ter que melhorar muito."

"E nós dois?"

"Isso a gente vê com o tempo." Ela sussurrou, encarando a rua.

Ele baixou os olhos, encarando o colo. Estava cada vez mais sonolento, mais cansado. Tentava se manter desperto, mas era impossível, logo adormeceu.

Assim que ele o fez, Karina se pôs a chorar com força, sentindo o peito apertar de dor e angústia. Não era assim que imaginava sua vida, ou que queria passar por aquele momento. Deveria ser algo maravilhoso que iriam compartilhar, mas estava sendo um mártir incontrolável.

Começou a sentir tontura, mas não queria estacionar o carro. Estavam no meio do Rio, quase meia noite, com o guitarrista chapado e apagado no banco de carona. Decidiu que iria seguir em frente e aguentar para ver no que daria.

Péssima ideia.

Começou a perder os sentidos lentamente, primeiro piscando para clarear a visão, depois tentando manter a cabeça firme. Os braços ficaram moles e escorregaram do volante, enquanto ela sentia a bile subir do estômago e ser despejada no painel do carro.

Ouviu o pneu cantar, enquanto sua cabeça batia no vidro. O farol iluminou formas confusas e ela ouviu o som da batida, sendo o corpo ser arremessado para frente e batido de volta para trás pelo cinto.

Sentiu cheiro de fumaça e apertou a barriga com força. E em seguida, perdeu a consciência.


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Notas finais do capítulo

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