I'm forever yours escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 54
Capítulo 52




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No dia seguinte, Pedro quase não falou. Saiu cedo resolver os detalhes que faltavam do casamento, deixando Karina aos cuidados de Fabi. Voltou já à noite, dizendo que estava cansado e precisava dormir. Mal falou com a noiva, logo se deitando e caindo na inconsciência.

Na manhã seguinte saiu novamente, carregando uma mochila. Disse que dormiria na casa do melhor amigo àquela noite, para que só se vissem na hora da cerimônia, como dizia a tradição. Ela concordou, e se despediram assim que Mari chegou para lhe fazer companhia durante o dia.

Quando chegou à casa dos Spinelli, Fabi saia com Pedrinho e Julinha, já que a filha faria a última prova de seu vestido de daminha. O amigo estava no quarto, trabalhando no notebook. Quando o guitarrista parou à porta, tirou os olhos da tela e viu que algo estava errado.

“Aconteceu alguma coisa?” Perguntou, fechando o aparelho e o colocando para o lado.

“Aconteceu. Minha noiva me traiu de novo, sem ter deitado com nenhum outro cara. Quantas vezes a minha confiança pode ser apunhalada? O quanto meu coração pode aguentar, João, me diz?”

Não era tão fácil ver Pedro ruir em lágrimas; se emocionar sim, mas cair em prantos não. Ele sentou na beirada da cama e foi amparado pelo melhor amigo, que lhe deu conforto em silêncio.

“Como você descobriu?” Ele perguntou após algum tempo.

“Cheguei em casa anteontem e peguei uma discussão entre a Karina e a Bianca. Agora faz sentido elas estarem sem se falar direito. Eu passei o dia todo em silêncio ontem, tentando assimilar tudo o que estava acontecendo. Não faz sentido, João, é tudo muito controverso.”

“Ela passa anos te culpando por colocar a vida dela e da Clarinha em risco, e agora faz uma loucura que colocar a vida dela, e consequentemente do filho de vocês, em risco para te segurar.” João externou os pensamentos dele, que apenas assentiu.

“Mas ela nunca ia me perder, João, era só uma turnê!”

“Pedro, você tem ideia do quanto a Karina se sentiu impotente quando ela te disse que não poderia engravidar de novo, não poderia te devolver o que havia tirado anos atrás? O medo dela de que você encontrasse isso em outro lugar? Encontrasse isso pelo mundo?”

“Você está defendendo ela?”

“Eu to sendo advogado do diabo, que nem eu fui tantas vezes para você. As pessoas comentem loucuras quando amam, não é o que o Hércules dizia no desenho? A Karina tem uma tendência a cometer loucuras absurdas, e só perceber isso tarde demais.” João sorriu compreensivo. “Ela sabe as consequências dos atos dela; percebeu tarde demais, mas sabe. A escolha de não falar nada e causar tumulto foi minha e da Bianca, para que a Karina não sofra estresse. Agora, a escolha do que fazer com essa informação é sua.”

~P&K~

Karina estava sentada na varanda do apartamento, tricotando. Havia aprendido na primeira gravidez, quando chegou ao ponto de tédio absoluto. Agora, já vigiada de perto desde o começo, o tédio a atingira muito antes e ocupava em fazer luvinhas de luta verde, azul, roxa...

Mari tinha a deixado às pressas, indo buscar Marcos na escola. O caçula havia tropeçado na escola e batido a testa na trave da quadra, abrindo um corte fundo e que pedia pontos. Karina disse que não precisava chamar outra pessoa, que ia apreciar um momento sozinho e tranquilo.

Não tinha muitos pressentimentos, mas naquele dia seu radar estava gritando. Pedro havia estado estranho nas duas noites anteriores, mal conversara com ela ou havia interagido com o bebê, como fazia diversas vezes por dia.

Já sabia que ele ia passar a noite no João, mas não achou que ele sairia praticamente ao nascer do sol, sem conversar direito com ela. Pensou em mandar uma mensagem para ele, mas foi interrompida por barulho na sala.

“Karina? Mari?”

“Aqui fora, amor.” Pedro apareceu na varanda. “A Mari teve que ir buscar o Marcos na escola, ele se machucou e precisava ir para o hospital.”

“E você não chamou ninguém?”

“Queria ficar tranquila um pouco, nada demais.”

“Karina, na sua condição você não pode ficar sozinha. E se algo acontecesse? Não teria ninguém aqui para te socorrer, pelo amor de Deus.” Ele se irritou, vendo-a revirar os olhos.

“Pe, amor, relaxa... Tá tudo bem, ok?”

“Não, Karina, não tá. Você engravidou de propósito, ok. Mas agora ficar dando uma de kamikaze não dá para aguentar, me desculpe.” Ele disparou de uma vez, e ela derrubou o que fazia no chão. Karina virou o rosto devagar para o noivo, vendo que ele tinha uma máscara de sentimentos em sua expressão.

“Acho melhor nós entrarmos.”

“Também acho.”

Ele recolheu as coisas do chão, já que ela não podia ficar se abaixando. Entraram em silêncio, enquanto ele fechava a porta de vidro e as cortinas, os isolando do mundo lá fora. Karina se sentou no sofá, o estomago se agitando de apreensão.

“Quem te contou?” Ela perguntou, e Pedro riu com escárnio.

“Jura que agora vai querer ficar pondo a culpa no dedo-duro?”

“Eu não quero pôr a culpa em ninguém, Pedro, só quero saber quem te contou.”

“Ninguém me contou, eu ouvi você e a Bianca brigando. Aí eu arrombei seu armário no banheiro e encontrei a cartela de anticoncepcional intacta nos dias seguintes à nossa briga. Aliás, quanta burrice deixar os testes de gravidez negativos e a cartela no banheiro.”

“Eu deixei lá porque nem me passou pela cabeça que você iria arrombar o armário e invadir minha intimidade.” Ela rebateu indignada, sendo fuzilada pelo guitarrista.

“Eu to tentando manter minha paciência aqui, Karina, juro por Deus que estou. Mas se você continuar tentando desviar o assunto eu vou começar a gritar.” Ela baixou os olhos e ele contou até dez, respirando lentamente. “O que diabos passou pela sua cabeça, Karina, que ideia absurda foi essa? No que você estava pensando?”

“Eu não sei, Pe, juro que não sei. Eu só... Tive medo, sei lá. Eu não sei dizer o que aconteceu, mas de repente me parecia a decisão certa, mesmo sabendo que tava tudo errado. Eu tenho tentado me explicar para a Bianca e o João nos últimos meses, mas não consegui e não acho que vá conseguir agora também.”

“Você deveria ter me contado, Karina. Você não tinha o direito de esconder isso de mim, sabe disso. Você continua agindo de forma egoísta, mesmo depois de todos esses anos.”

“Que droga, Pedro, eu só queria te dar a família que você tanto queria e jogava na minha cara que eu não podia te dar. Eu só queria que você estivesse feliz aqui, para não ter que ir buscar sua felicidade longe. Eu não queria que a banda acabasse, isso nunca passou pelos meus planos.”

“E o que você pensou, Karina, que eu podia cancelar uma turnê mundial e tudo ficar bem? Que isso não traria problemas para toda a banda? Eu não sou um cantor solo nem nada assim, eu era parte de uma banda, um conjunto de pessoas. E a sua decisão impensada afetou todas elas.”

“Então cancele o fim da banda, volta a turnê, rode o mundo! Se isso é tão importante para você, vá!” Ela se levantou do sofá, cambaleando.

“É claro que minha música é importante para mim, Karina, é o meu maior sonho desde que era um moleque. Mas depois de mais de dez anos, eu tenho prioridades, e você e a nossa filha são a maior delas. Mas eu não posso abrir mão de tudo na minha vida e ficar aqui sentado, observando vocês viverem a vida de vocês enquanto eu não tenho o que fazer da minha.”

“E você prefere ficar meses longe da gente? É isso que vai te fazer feliz? E se algo acontecesse?”

“Se algo acontecesse com vocês, eu largaria a turnê sem pensar duas vezes, assim como eu fiz com o João... Porque vocês são minha prioridade. É isso que você tem que entender, droga.”

Ele bufou, apanhando os pertences que havia deixado na mesa e indo para a porta.

“Você vai embora? Assim, do nada?” Ela perguntou, surpresa.

“Vou, vou chamar a minha irmã para ficar aqui com você, porque você passou emoções demais. E eu vou descansar e esfriar a cabeça, para chegar no nosso casamento amanhã com a felicidade que o dia merece.”

“Então ainda tem casamento?” Ela não conseguiu disfarçar o alívio.

“Claro que tem casamento. Eu te amo, Karina, mas eu ainda sou humano. Eu estou tendo que abrir mão de muita coisa, e espero do fundo do coração que valha a pena. Então eu vou ter que repetir o que todo mundo já te disse: sobrevive, esquentadinha. Porque eu posso aceitar deixar nossos filhos aqui, sendo cuidados e amados pelas nossas famílias... Mas assim como você, eu não posso aceitar a ideia de viver em um mundo que você não exista.”


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Notas finais do capítulo

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