I'm forever yours escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 38
Capítulo 37




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O sábado trouxe a festa de sete anos de Ana Clara. Com uma animação além do imaginado, todos levantaram cedo para arrumar o Perfeitão. Até mesmo Jade, com a recém-nascida Anabelle, esteve lá desde a manhã.

Bexigas em cores sombrias acabavam com os pulmões de Duca, Wallace, Rominho, Luka e Cobra, avessos de usar a máquina. Jeff ajudava o pai na cozinha, enquanto João distraia as crianças mais novas com um livro de histórias, auxiliado por Lara e Alan.

Pedro, Gael e Marcelo se ocupavam em enfeitar as paredes com pôsteres e decorações alugadas, deixando que todas as mulheres enfeitassem a mesa do bolo e as mesas onde os convidados ficariam.

“Jade, não precisa ficar aqui, sério.” Garantiu Karina, enquanto as duas arrumavam algumas toalhas. “A Anabelle é muito pequena ainda.”

“Sapa-hétera, não me torra.” A loira revirou os olhos. “A Belle tá dormindo ali do lado do esquisito, quietinha. Quando ela quiser mamar, eu vou ali na casa da sua sogrinha e cuido disso.”

“Sogrinha não.” Jade riu ao ver a outra corar.

“Sabe de uma coisa, esquentadinha, eu fui te visitar outro dia e vi um fato muito interessante.” Os olhos zuis arregalaram. “Foi no dia dos pais...”

“Quieta.” A lutadora apanhou a amiga pelo braço, a arrastando em direção ao corredor isolado. “Você viu o Pedro me beijando?”

Aha, sabia.” O queixo de Karina foi para o chão. “Eu vi você e o Pedro entrando com a Clarinha; e depois, quando ele saiu, só faltava arranjar um guarda-chuva para dar uma de Gene Kelly em Cantando na Chuva.”

“Quem?”

“Eu deveria imaginar que você não conheceria um clássico cultural.” Suspirou a dançarina. “Em todo o caso, ele estava feliz demais; e depois disso, você começou a agir muito estranho. Foi só juntar dois mais dois.”

“Mais alguém percebeu?” Perguntou, mortificada.

“Não que eu saiba.” Mentiu na cara dura. Todos os membros da operação Juntar Perina já estavam sabendo do fato, incluindo com fotos de Pedro saindo da casa da ex. Aquilo estava realmente parecendo uma operação de guerra. “Mas e aí... Rolou algo mais?”

“Claro que não. E nem vai rolar.” Avisou a loira. “A única coisa que existe entre eu e o Pedro é a Ana Clara, e pelo bem ela, temos que manter a convivência mais pacífica possível.”

“Isso não quer dizer que não podem dar uns beijos... E nem fazer outras coisinhas mais.”

“Acho que você está com falta de sexo, viu Cobreloa?” Resmungou Karina, fazendo a amiga rir.

“Não duvide disso nem por um momento, honey. Mas você está sem há muito mais tempo do que eu, então sua situação é mais crítica.”

“Eu tenho uma festa de aniversário para arrumar, aquieta essa periquita.” Rosnou Karina, saindo e deixando a amiga sorrindo vitoriosa.

Bianca estava certa no que lhes disse... Pelas reações, a irmã não demoraria muito a ceder.

~P&K~

A festa do primeiro aniversário de Ana Clara foi modesta; pelo menos, bem mais modesta do que as avós e tias queriam. Porém, o número restrito de convidados possíveis inviabilizava uma festa gigante.

Pedro estava passando uma temporada na Europa com Rominho e Luka, os três estudando música em uma faculdade tradicional. Partiram em julho e voltariam em dezembro, direto para o estúdio.

Com isso, apesar de pequena, a festa pôde ser realizada no Rio, perto de todos que amavam aquela criança. Com o tema da maldita Galinha Pintadinha, aquela que Karina não aguentava mais ouvir, a festinha contou com menos de trinta convidados.

Mas a pequena se divertiu como nunca, sendo passada de colo em colo, além de muito paparicada por Alan e Lara, os dois primos mais velhos que a adoravam. Na hora do bolo, Karina a segurou sozinha, enquanto todos cantavam ao redor. Quando foram soprar a vela, a mãe encheu o rosto gorducho da filha de beijos, causando gargalhadas na criança.

Já a noite, após a festa ter sido encerrada, as duas estavam deitadas na cama do quarto antigo das irmãs Duarte. A lutadora ninava a filha contra seu peito, observando os olhinhos azuis piscando com lentidão.

“Nem acredito que você já está fazendo um aninho, meu amor.” Suspirou, beijando a testa delicada.

“Nem eu.” Sorriu ao ouvir a voz do pai, entrando no quarto e dando a volta na cama, sentando no chão e estendendo a mão até os cabelos castanhos da neta. “Faz um ano daquele pesadelo.”

“Eu não quero que o dia do nascimento da minha filha seja lembrado como um pesadelo.” Reclamou a loira.

“Claro que não, filha. O nascimento dela foi a maior benção que já me aconteceu, depois de você e da sua irmã. Mas assim como eu te amo e seu nascimento foi uma benção, as lembranças do pânico daquele dia nunca vão ser esquecidas. Eu tive medo de te perder uma vez; e um ano atrás eu tive de novo.”

“Mas não perdeu. Nem vinte anos atrás, nem ano passado.”

“Porque você é forte, filha.” Ele sorriu, acariciando o rosto dela. “E porque você teve um motivo para lutar.”

“Mas a mamãe também tinha, eu e a Bianca.”

“Eu não estou falando na Ana Clara.” Ela desviou os olhos. “Há exatamente um ano atrás, no dia daquele show, quando nós já tínhamos perdido as esperanças que você voltasse pela gente ou pela Clarinha, ele te trouxe de volta. A certeza de que ele estava vivo te trouxe de volta. Porque, bem lá no fundo, você não suportava a ideia de viver em um mundo onde o Pedro não existisse.”

“E por que você está me falando isso?” Ela sussurrou, a voz embargada de emoção.

“Porque eu vi como você ficou hoje, na hora dos parabéns. Eram você e a Clarinha ali, mas era como se vocês duas procurassem algo que estava faltando. Era para o Pedro estar ali, segurando a filha de vocês, assim como o Duca segurou o Alan.”

“Eu não consigo contar para ele, pai. Eu não tenho coragem.” Ela segurou a mão dele com força.

“Mas um dia vai ter, minha filha. E nós todos prometemos que vamos esperar o dia em que você estiver pronta para contar a verdade para ele.” Gael a tranquilizou. “Agora dorme, dorme minha filha. Eu vou estar aqui cuidando de vocês.”

Já faziam quinze dias do aniversário de Clarinha para valer, mas quiseram deixar a festa para aquele dia. Porque nele, além de comemorarem o nascimento da luz de suas vidas, Gael podia comemorar a vitória do renascimento de sua filha.

~P&K~

Os dois sorrisos idênticos se espelhavam no rosto de pai e filha, enquanto o par de olhos azuis se refletiam no outro cristalino. Ana Clara não poderia estar mais feliz por estar entre a mãe e o pai durante seu coro de parabéns, dispensando a companhia dos primos atrás da mesa, querendo que aquele momento fosse só dos três.

Pedro e Karina estavam agachados na altura dela, a emoção indisfarçada em seus rostos. Poderiam ser apenas os três ali que não perceberiam, tão aéreos que estavam as demais presenças da festa.

“Assopra a vela e faz um pedido, princesa.” Mandou Karina, quando o coro cessou.

“É, grãozinho, faz um pedido bem legal.” Concordou Pedro.

A criança fez cara de pensativa, coçando a lateral da cabeça e arrancando alguns risos. Sorriu, fechando os olhos e formando um biquinho com os lábios, assoprando a chama da vela e a extinguindo. Antes que abrisse os olhos, os braços dos pais a rodearam, enquanto cada um enchia uma de suas bochechas de beijos.

“Feliz aniversário, minha vida.”

“Obrigada, mamãe.”

“Feliz aniversário, grãozinho.” Ela riu do apelido.

“Obrigada, papai.”

“E olha, não conta seu pedido para ninguém, hein? Se não ele não vai se realizar.”

“Pode deixar, papai... Vai ser um segredo só meu.” Ela sorriu consigo mesma. É claro que nunca contaria seu pedido para ninguém, pelo menos até que se realizasse.

Afinal, tudo que mais queria, era que o beijo do dia dos pais, que ela vira recém-desperta e escondida no corredor do apartamento, se transformasse na família que ela tanto sonhava que fossem.


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Notas finais do capítulo

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