I'm forever yours escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 23
Capítulo 22




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“Mamãe?” Clarinha tornou a chamar Karina, correndo até ela. Pedro tinha os olhos esbugalhados, enquanto a loira lhe dava as costas e ajoelhava, segurando o rosto da filha.

“Clarinha, vai pra dentro com o vovô.” Pediu, evitando que ela olhasse para Pedro. “A mamãe vai resolver um problema e já te encontra.”

“Karina, me diz que isso não é o que eu estou pensando...” A voz do guitarrista a atingiu, enquanto Clarinha o encarava, confusa.

“Você conhece ele, mamãe?”

“Clarinha, vem com o vovô.” Marcelo apareceu com Bianca, tentando interceder, e Pedro só se irritou mais.

“Você sabia disso, pai? Vocês todos... Vocês...” A voz dele ia ficando mais nervosa, e antes que percebesse, Duca e Cobra surgiram e o seguravam. Só então se deu conta que começava a avançar em direção à Karina, que segurava a criança no colo.

“Marcelo, por favor.” Dessa vez, Ana Clara não reclamou de ir para os braços do avô, assustada com a manifestação que Pedro demonstrava. O homem sumiu com ela em direção ao Perfeitão, enquanto todos na rua observavam a cena. “Pedro, se acalma.”

“Não ouse me pedir nada, Karina.” Rosnou o guitarrista, ainda sendo segurado pelos dois. “Me larga, agora.”

“Não até você se acalmar.” Garantiu Duca.

“Eu não vou me acalmar. Eu vou ali, vou pegar minha filha e...”

“Você não vai chegar perto da minha filha, não até se acalmar.” Karina se aproximou sem medo, parando e segurando os braços dele. “Duca, Cobra, soltem ele.”

“K...”

“Agora.” Ela rebateu, nervosa. Os dois o fizeram e Pedro se arremessou contra ela, mas ela ainda conseguia detê-lo. “Pedro, por favor, você está assustando ela com essa atitude.”

Ele ergueu os olhos, encarando a entrada do Perfeitão. Delma havia se juntado ao marido e agora segurava Ana Clara, que tremia e escondia o rosto em seu pescoço, enquanto Marcelo abraçava as duas.

“Vamos pra dentro.” Karina o empurrou em direção à fábrica assim que sentiu seu corpo relaxar. Ele se arrastou junto dela, enquanto todos os presentes na praça os seguiam com os olhos.

“Duca, melhor ligar para o mestre.” Avisou Cobra, preocupado.

“Já tá chamando.” O homem levou o telefone ao ouvido.

Lá dentro, Karina guiou Pedro até o aquário da academia, também chamado de escritório de Gael. Fechou a porta e parou escorada nela, observando o ex-namorado parando no meio do cômodo.

“É ela?” A voz do guitarrista era contida. “É a minha filha, que você disse que tinha perdido?”

“É.” Karina murmurou.

“Você mentiu para mim?” Ele virou-se, finalmente tomado pela ira. “Você me fez acreditar que ela tinha morrido.”

“E ela quase morreu, por sua culpa.” A loira rebateu, já perdendo as estribeiras. “Pela sua irresponsabilidade e inconsequência, eu quase perdi a minha filha naquele acidente.”

“Mas não perdeu. Não perdeu, e me fez acreditar que tinha perdido. Vocês todos me fizeram acreditar nisso, até os meus pais...”

“Nem tente se fazer de vítima, Pedro, porque...”

“Por que eu passei os últimos sete anos me martirizando, sofrendo, carregando a culpa pela morte da nossa filha, sendo que ela não estava morta? Por que eu cometi uns erros malditos e fui sentenciado a passar a vida da minha filha longe dela? Você não tinha esse direito, Karina, nenhum de vocês tinha o direito de me dizer que ela havia morrido e ter escondido ela de mim. Ela é minha filha, tanto quanto é sua. Caralho.” Ele gritou de uma vez, irritado. Seu peito subia e descia com a respiração pesada, enquanto os olhos escorriam sem pudor. Karina tentava secar os seus da melhor maneira possível, mas era difícil segurar o choro.

“Eu não vou te culpar por estar bravo, Pedro, você tem esse direito. Mas eu não vou me arrepender do que eu fiz, porque eu fiz o que era melhor para nós.” Ele riu com escárnio. “Eu estava doente, quase perdi ela no acidente, nós duas precisávamos de tranquilidade. E com você, era tudo que não tínhamos. Não se faça de vítima, porque você caçou sim tudo que aconteceu. Eu te avisei, tentei te ajudar como eu pude, mas você não me ouviu. Eu não ia mais arriscar nossas vidas pela sua loucura. Se tivesse continuado com você, eu não teria entrado em coma, teria morrido quando ela nasceu, se aguentasse tempo o bastante para ela nascer.”

“V-você... Morrer?” Ele se engasgou com as palavras, deixando a armadura cair por um instante.

“Pedro, o que o médico disse, sobre eu ter eclampsia e tudo mais, era verdade. Eu estava doente, e a gravidez dela foi um perigo enorme, para nós duas. Do jeito que nós estávamos vivendo, nós duas teríamos morrido.” Ela garantiu, vendo o pânico assumir os olhos dele. “Ela nasceu prematura, pequena; eu entrei em coma e fiquei duas semanas inconsciente, quase morri na mesa de cirurgia. Nada do que nós passamos foi fácil, e pode ter sido injusto o que eu fiz com você, mas foi pensando em dar a mim e a ela a melhor chance possível.”

“Isso não é justificativa.”

“Para você, pode não ser. Mas eu fiz o que eu fiz por esse motivo. E você goste ou não, seus pais acharam o certo. Sua irmã achou o certo. O João achou o certo.” As palavras doíam nele. “Você estava se enfiando em um buraco, Pedro. E levando eu e a nossa filha junto de você.”

Ele não respondeu, apenas se largou na cadeira e afundou o rosto nas mãos, bufando nervoso. Karina permaneceu escorada na porta, o encarando de maneira pensativa.

“O nome dela é Ana Clara Duarte Ramos, seus pais conseguiram autorização com o juiz para ela ter o sobrenome de vocês. Ela faz sete anos daqui um mês, dia 19 de agosto. Ela adora a Believe, é fã desde que aprendeu o que era isso. As duas músicas favoritas dela são Perdas e If You Could See Me Now."

"Por que você está me dizendo isso?" Ele ergueu os olhos para ela.

"Não sei. Achei que você queria saber."

"Você ficar me dando um relatório não vai preencher os anos que eu perdi com ela... Ela sabe que eu sou o pai dela?" Karina negou. "E como ela conhece meus pais?"

"Nós dissemos que você viajou quando ela era bem pequena, e que não sabíamos quando iria voltar. Seus pais só mostram as fotos de quando você era bem pequeno e eu cuido para que ela não consiga muitas informações na internet. Ela acabou descobrindo que você e o João eram melhores amigos, mas só mostramos fotos de vocês já crescidos."

"Uau, que esquema de guerra." Ele balançou a cabeça afirmativamente, uma careta de descrença no rosto.

"Você não conhece a Clarinha... Se ela soubesse que você é o pai dela, se ela soubesse quem é o pai dela, ela não iria sossegar."

"Eu não conheço ela..." Ele riu com escárnio, se levantando.

"Pedro..."

"Me deixa sair, Karina." Pedro pediu, parando em frente à ela. Ela saiu para o lado, dando passagem, e ele deixou a sala sem falar mais nada.

Tão logo ele saiu, Gael entrou.

"Karina, o que..."

"Pedro. Pedro, volta aqui." Ela ignorou o pai, saindo correndo atrás do guitarrista. Quando alcançou a rua, ele já subia em sua caminhonete, ligando o motor. "Pedro."

"Karina, por favor, me deixa. Eu não quero fazer merda." Ele pediu, agarrando o volante com força. Ela parou afastada do carro, vendo-o acelerar e sumir pela rua.

"Mamãe." Clarinha veio correndo, enquanto ela se abaixava e a erguia no colo. "O que aconteceu? Por que o Pedro brigou com você? Ele é malvado?"

"Não, princesa, ele é bonzinho. Ele só descobriu uma coisa que deixou ele meio chateado, nada demais." Prometeu, beijando o rostinho dela.

"Karina, o que aconteceu lá dentro?" Delma perguntou aflita.

"Eu contei a verdade para ele, Delma. Ou pelo menos, o quanto da verdade ele me deixou contar..."

~P&K~

"Mama, adê papai da Nina?" A pergunta pegou Karina de surpresa, certa tarde, quando assistiam TV. Estavam deitadas na cama da loira, e Clarinha estava agarradinha à mãe, com os olhinhos sonolentos.

"Por que você quer saber, amor?"

"Ah, odo mudo tem papai. Mama tem vovô, tia Tomtom tem o oto vovô. E adê o meu?"

Karina suspirou. Sabia que aquela pergunta chegaria cedo ou tarde, só esperava que demorasse um pouco mais. Ana Clara havia acabado de completar dois anos, mal sabia falar direito.

"Seu papai está viajando, meu amor. Ele foi viajar antes de você nascer, e eu não sei quando ele vai voltar."

"Ma pote? Ele não gota da gente?"

"Ele gosta sim, filha, gosta muito. Mas ele teve que ir resolver uns problemas e isso vai demorar." A criança formou um biquinho delicado. "Não fica triste, meu anjo. A mamãe tá aqui, a vovó Delma e o vovô Marcelo também, a tia Tomtom..."

"Mai eu queia o meu papai."

"Um dia ele volta, tá princesa? A mamãe te promete. Agora dorme. Dorme e sonha com o papai." Karina começou a fazer cafuné nos cabelos castanhos, enquanto os olhinhos azuis se fechavam. "Um dia a mamãe vai ter coragem de contar toda a verdade para ele, eu prometo."

~P&K~

Pedro chegou ao apartamento cego de raiva. Seus olhos estavam repletos de lágrimas, enquanto ele começava a empurrar e derrubar o que encontrava em seu caminho. Os gritos vinham com força, inevitáveis, enquanto ele tentava expulsar toda aquela ruindade de seu coração.

Quando conseguiu controlar os soluços, sentou-se no sofá e deixou que a cabeça tentasse processar tudo que havia acontecido.

Sua filha estava viva. A criança que ele tanto sofria e se culpava pela morte, estava viva e saudável, e era linda. Karina, seus pais, sua irmã, seu melhor amigo... Todos haviam mentido para ele e mantido sua filha escondida por anos.

“O nome dela é Ana Clara Duarte Ramos."

"Ela faz sete anos daqui um mês."

"As duas músicas favoritas dela são Perdas e If You Could See Me Now."

"Nós dissemos que você viajou quando ela era bem pequena."

"E eu estava bem aqui..." Suspirou, agarrando os cabelos com raiva.

Ouviu a campainha tocando, mas preferiu ignorá-la. Ela tocou duas, três, quatro vezes. Na quinta, Pedro levantou irado, indo abrir a porta.

"O que foi, porra?"

"Hey Pedro. Posso entrar?"


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Notas finais do capítulo

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