I'm forever yours escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 2
Capítulo 1 - Duas semanas antes




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Karina estava sentada na poltrona ao lado de sua cama, observando Pedro dormir profundamente. Ele havia ligado às 5h, dizendo que estava na frente do prédio e pedindo que ela fosse abrir. A contragosto a mulher cedeu, porque sabia que se não ele provavelmente dormiria no banco da praça ou acordaria João, o que seria ainda pior.

Como esperado, ele chegou completamente alterado. Já havia cheirado as roupas que ele tirara, e identificou o cheiro de cerveja, vodca e maconha. Chorava baixo e de raiva, encarando o rosto angelical dormindo em seu travesseiro.

"Karina?" Ouviu batidinhas na porta e foi abrir, agradecendo por ser Dandara. Não queria que seu pai a visse chorando. "Eu ouvi o Pedrinho chegando de madrugada. Achei que você ia precisar de um café reforçado para ele."

"Valeu, Dandara, mas ele ainda não acordou." Suspirou, encarando a cama. A madrasta acariciou seu rosto ternamente, sorrindo compreensiva.

"Tem uma aspirina aí, acho que ele vai precisar. E se você precisar, pode me ligar, tudo bem?" A lutadora assentiu, pegando a bandeja e voltando para dentro, enquanto a professora fechava a porta com cuidado.

Toda noite era a mesma coisa, o mesmo inferno. O show não havia terminado tarde, sabia disso. Sol lhe enviara uma mensagem, como todas as noites, assim que saíram do palco. A vocalista era a principal aliada de Karina na hora de descobrir as mentiras do namorado, e sempre avisava quando o show acabava para que ela soubesse que a demora se devia a uma festa em que o rapaz estava.

Não que a traísse, nem nada assim. Pelo menos, Sol e os meninos da banda lhe garantiam que nunca o viram perto de outra mulher. Mas o álcool e as drogas eram outra história.

Claro que sempre quis o sucesso da banda, de Pedro. Era o sonho do guitarrista, e portanto seu sonho também. Queria ver o amor de sua vida feliz, então sempre deu a maior força para ele, ajudou a carregar equipamentos nos shows... Mas depois daquela maldita demo, tudo saiu do controle.

Já fazia seis meses que namoravam a essa altura, e nenhum deles esperava mais que Dinho fosse dar atenção a demo da banda da Ribalta. Mas ele deu. O vocalista do Capital Inicial não apenas viu a demo e os direcionou para uma gravadora, como também os convidou para abrir uma curta temporada de shows.

E a partir daí, tudo virou uma loucura.

Primeiro foi a escola, na qual Pedro quase repetiu o último ano por se ausentar por um mês e meio. Depois foram as contas, já que a banda tinha que se virar para pagar as passagens e a estadia nas diferentes cidades.

Porém, o namoro dos dois continuou firme. Ela passava as noites na casa da família dele nas raras ocasiões que ele estava em casa. Escutava as composições que ele fazia para o primeiro álbum, quase todas inspiradas nela.

O amor dos dois só crescia a cada dia, mesmo com a distância e a falta de tempo. Se falavam por mensagem o dia todo, Skype a noite, e quando o show era nas redondezas, Karina dava um jeito de ir encontrá-lo. Perdeu a conta de quantas noites dormiu torta no banco da van que ele e a banda haviam comprado para servir de "hotel" nessas situações.

A van se tornou moradia quase fixa da banda, batizada de Believe. Se o show fosse em São Paulo ou no Rio, a van era o transporte e hotel, mesmo que fosse apertada e desconfortável. Nando dera de presente para os garotos a personalização do veículo, feito por Gil Porto, seu antigo pupilo.

Wallace se tornou o agente da banda, filmando os shows e colocando no Youtube, negociando as apresentações, gerenciando o lucro e os gastos. E para Karina, a outra "extra" da banda, ficou o papel de assessora. Ela cuidava as redes sociais da Believe, recebia as cartas e os presentes, respondia os e-mails das revistas interessadas.

A banda cresceu depressa e ali, dois anos e meio depois, já tinha um séquito de fãs considerável, um álbum bem vendido e outro a caminho, além de ter aberto duas turnês do Capital, uma do NX e alguns shows da banda Malta. E podiam se orgulhar, porque uma música de seu primeiro álbum era tema do casal protagonista da atual novela das 21h da Globo.

Mas ainda não era o que Pedro queria, e ela sabia disso.

"Karina?" Ouviu movimentação na cama e virou-se, vendo o namorado começar a levantar a cabeça. "Ai, tá muito claro."

"Não, você que está com muita ressaca." Sua voz era agressiva, enquanto ela levava a aspirina e o copo de suco para ele. "Toma, bebe."

"Valeu, amor." Ele sentou com os olhos fechados, engolindo o comprimido e virando o copo. Se largou novamente, gemendo de dor. "Que horas são?"

"Quase 10h."

"E você não foi treinar?" Ele abriu uma fresta dos olhos.

"E te deixar aqui sozinho depois do que aconteceu semana passada?" Ela não conseguiu disfarçar a mágoa, levantando e caminhando até a bandeja. Apanhou uma maçã, mordendo, enquanto Pedro sentava na cama, a observando.

"Eu to dando muita mancada com você."

"Ah, jura?" Ela desdenhou, se forçando a não encará-lo para que ele não a visse chorando.

"Qual é, esquentadinha, dá um desconto vai." Ele se ajoelhou à sua frente. "Você sabe que nós ainda não nos firmamos, K."

"E isso é motivo para você beber e fumar maconha?" Ela rosnou, vendo-o baixar os olhos. "Pedro, eu cheirei sua roupa. Você bebeu e fumou ontem, não adianta negar. Você disse que meu cabelo estava pegando fogo assim que chegou aqui."

"Karina, você sabe que os..."

"Os figurões das festas estão sempre fumando e bebendo, e você precisa impressionar eles para conseguir patrocínio e contatos para a banda." Ela recitou o mantra dele. "Sei, Pedro. Mas você tá se afundando na merda por algo que não vale a pena."

"Não vale a pena? A minha banda não vale a pena? Tudo que fizemos até aqui não valeu a pena?" Ele levantou irritado, cerrando os punhos.

"Eu não disse isso." Ela também se levantou, nervosa. "Você sabe que eu, mais do que ninguém, sempre apoiei e torci pelo sucesso da banda. Mas vocês têm fãs, tem contrato com uma gravadora, vão abrir os shows da turnê da Pitty mês que vem... Você não precisa mais se sujeitar a essas coisas."

"Eu me sujeito a isso, Karina, porque nós precisamos de dinheiro. O que ganhamos de cachê nos shows cobre os custos da banda e dá o suficiente para sobrevivermos."

"Faz dois anos que vocês estão no mercado para valer. Muitas bandas com bem mais que isso não tem nem página no Facebook, pelo amor de Deus. Admite que você gosta, Pedro. Admite que você está viciado nessa vida de gandaia, de drogas, de festas..."

"Você está colocando palavras na minha boca."

"A Sol e os meninos da banda chegam em casa às 2h; você chega às 5h e completamente chapado. E eu sei que eles querem que a banda cresça tanto quanto você, mas eles não se deixam levar por essas coisas."

"Olha, eu não vou ficar discutindo com você na TPM." Pedro apanhou a calça, colocando de qualquer jeito. Pegou a camiseta que ela segurava, começando a vestir enquanto saia do quarto.

"Eu to grávida." Ele parou com a mão na maçaneta, virando o rosto para ela. "É isso mesmo que você ouviu. Eu to esperando um filho seu, Pedro. E se você continuar do jeito que tá, essa criança vai nascer sem pai, de um jeito ou de outro. A escolha é sua."


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Notas finais do capítulo

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