Intertwined escrita por Rafa


Capítulo 16
Capítulo 16 - Dor


Notas iniciais do capítulo

Oie, gente o/
A quanto tempo, né?!
Desculpe a demora, ando com muitas fics para atualizar, mas vou tentar me dedicar mais.
Espero que gostem
Boa leitura



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"Eu vou ficar"

Fazia exatamente uma semana que ouvira aquelas pequenas três palavras saírem dos lábios de seu melhor amigo e desde então nunca mais o vira.

Shintane Yosen já não ia mais para a escola e muito menos aparecera algum dia para visita-la. Rukia sentia muita falta dele, mas não conseguia pensar em nada para faze-lo voltar, até mesmo ir vê-lo lhe era proibido.

Não entendia os motivos os quais levaram-no a permanecer naquele lugar e ele nem mesmo fez questão de que ela realmente entendesse. Apenas dissera que iria ficar e pronto.

Não conseguia aceitar tudo aquilo e havia deixado bem claro a ele, mas não adiantara de nada, pois o moreno ainda estava lá.

Seu peito doía de saudades, mas por incrível que pareça, nesses sete dias que permanecera sem a companhia de Yosen o maldito ruivo, Kurosaki Ichigo, não a deixava em paz.

Ele agia como uma verdadeira sombra, seguindo-a para qualquer lugar que fosse, acompanhando-a para a escola e tudo mais. Não podia dizer que odiava aquilo, mesmo que brigassem quase o tempo todo, havia aprendido a apreciar a presença dele e era assim que vivia.

Tudo andava tão monotonamente calmo, que se não fosse pela presença de Ichigo, poderia dizer que aquela maldita noite nunca acontecera. Ate seus sonhos estranhos com aquilo misteriosa mulher haviam sumido e aquilo, de certa forma, a incomodava. Não queria pensar, mas era inevitável.

Decidida a deixar tudo aquilo de lado, a pequena pulo da cama ao ouvir o despertador, precisava se arrumar para o colégio. O dia seria longo e ela devia estar preparada.

Se vestindo rapidamente, Rukia correu para o banheiro para escovar os dentes quando ouviu a campainha tocar, o que era bem estranho, pois tirando Yosen, quase ninguém a visitava.

Correndo apressada, com a escova ainda na boca, ela atendeu a porta se surpreendendo ao ver o ruivo a encara-la desdenhosamente.

— Para de babar por mim, nanica — disparou ele sarcasticamente, referindo-se a pasta branca nos abios da garota, adentrando o ambiente sem ser convidado.

— O que faz aqui?! — chiou ela quase se engasgando com a pasta de dente. — Maldição — praguejou correndo para o banheiro para terminar de fazer sua higiene. .

— Bom dia para você também, tampinha — gritou ele, provocando a garota, que já não estava de bom-humor.

— Vai se ferrar, maldito! — gritou ela, pegando seus matérias de escola. — Pensei que já tivesse deixado bem claro que não quero você me seguindo? — disparou ela, sorrindo discretamente ao passar por ele.

— Desculpa, mas eu acho que suas palavras não me alcançaram devido nossas diferenças de altura — declarou desviando de um chute da pequena, que o encarrava corada pela raiva. Ichigo parecia decidido a tira-la do serio.

— Kurosaki, não me teste... — sibilou ela ao vê-la passar pela porta aberta.

— Okay. Okay — declarou ele, levantando as mãos para o alto em forma de rendição. — Agora vamos logo, senão vamos nos atrasar — avisou ao vê-la trancar a porta.

Ainda trocando insultos, os dois seguiram para a escola. O ruivo sentia-se extremamente nostálgico ao caminhar ao lado dela, como sempre faziam antigamente.

Podia ver que aos poucos, ela se acostumava com sua presença e assim a confiança se restaurava. Não podia esconder a felicidade que sentia, mas ainda assim temia. Sabia que os Quincys poderiam atacar a qualquer momento e ela era um dos alvos.

— Ei, Ichigo? — Chamou a garota tirando-o de seus pensamentos. — Você sabe algo sobre o Yosen? — perguntou ela curiosa.

— Não — respondeu curto e grosso. Não conseguia disfarçar seus ciumes, mas ainda assim a baixinha não percebia, pois ela não o conhecia como antigamente, não ainda.

— Okay — resmungou ela ao adentrarem os altos muros da escola. Já não havia mais clima para conversar, a dor da saudade assolava os dois, cada um a sua maneira e aquele era um fardo pesado a ser carregado.

~~~~

Dor. Era somente essa palavra que ecoava pela cabeça do moreno, que permanecia jogado ao chão.

Sentia-se fraco e suas costas ardiam como se estivesse em chamas, mas precisava continuar. Se desistisse depois de obter tanto progresso, não se perdoaria.

Desde o momento que pedira por aquele treinamento, sabia que nada seria fácil, mas nunca havia pensado no quão difícil seria. Não podia mentir dizendo que não pensava em ir embora, voltar para Rukia, mas não podia.

Seu passado, presente e futuro dependia de tudo aquilo, dependia de seu total esforço.

Um gemido doloroso escapou por sua garganta. Estava ficando cada vez mais impossível conter os gritos de dor e sentia fraco por isso.

Sua carne parecia mutilar-se de dentro para fora, respirar era quase um esforço em vão e assim seus pulmões queimavam implorando por um ar que não vinha. Aquela dor parecia querer leva-lo a beira da loucura, fazendo-o desejar a morte, mas não. Não morreria ainda.

Ele precisava lutar, lutar por Rukia e por tudo aquilo que queria proteger.

— Continue assim, Shintane-san — incentivou o loiro com o leque lhe cobrindo a face.

—Como se fosse fácil... — resmungou Yosen, sentindo todo seu corpo estremecer pela dor gritante que percorria-o como se fosse uma corrente elétrica pronta para torra-lo vivo.

— Nada nessa vida é fácil, meu caro. O que muda para cada um é a vontade e a determinação para alcançar o que se deseja — declarou Urahara, seriamente.

— Cala a boca — murmurou o rapaz, irritado, toda aquela dor o fazia ficar mal-humorado.

— Seja um pouco mais bem educado, Shintane-san, senão serei obrigado a aumentar a concentração de energia nas suas costas para acabarmos logo com isso — avisou o loiro sorrindo debochado.

— Faça isso! — exclamou Yosen. — Faça! Precisamos por um fim nisso. Não tenho muito tempo — gritou ele desesperado.

—O que?! — indagou o loiro, surpreso. — A dor será insuportável! — declarou Urahara.

— Eu... Eu não me importo — rebateu ele gemendo, suas costas pareciam rasgava-se de dentro para fora. Seus olhos queimavam em determinação e o loiro não poderia fazer outra coisa a não ser concordar.

Sabia que o caminho para alcançar o poder era árduo e os gritos de Yosen a ecoar pelo ambiente eram provas disso.

~~~~

Os bonitos olhos castanhos já não derramavam mais lagrimas, mas também já não tinham mais aquele característico brilho infantil de antigamente. Talvez ver seus melhores amigos, quase irmãos, sendo devorados na sua frente tivesse acabado com aquilo. Não poderia haver situação mais traumática do que aquela para um criança.

Poderiam dizer que Hollows ou Arrancars não tinham coração, mas se fosse assim, o que doía dentro da pequena? Nem mesmo ela sabia dizer.

Desejava estar morta, mas nem isso lhe fora concedido. Sentia que faltava uma parte dentro de si.

— Nell-chan — ouviu a voz gentil de Orihime ecoar pelo quarto escuro, onde estava desde que chegara ali. — Não sei o que gosta de comer, mas lhe trouxe isso — declarou estendendo uma bandeja para a garotinha que não respondera. Ela não queria falar com ninguém.

Um silencio tenso reinou entre elas, Orihime podia ver que a pequena sofria, mas não sabia o que fazer.

— Nell-chan, mergulhar na tristeza não vai ajudar as coisas a melhorarem, digo por experiencia própria — disparou a ruiva olhando piedosamente para a garotinha, que a ignorara pela segunda vez. Não queria ouvir nada e nem ver a pena de ninguém direcionada a ela. — Se precisar de mim, estarei no quarto ao lado — avisou Orihime deixando o ambiente.

E mais uma vez, na escuridão a garotinha chorou, a dor a consumia por inteira, fazendo-a odiar tudo e a todos.

Odiava Grimmjow por tê-la salvo, odiava Lilly por ter lhe tirado seus amigos e odiava a si mesma por ser fraca. Se tivesse seus poderes poderia ter salvo todos, mas não, ela não os tinha.

Sentia raiva de si mesma, mas estava decidida a arrumar um meio de obter aquilo de que precisava, só assim a memoria de seus amigos seria vingada.

Enxugando as lagrimas, ela se levantou. Precisava de ajuda e já sabia para quem pedir.

— Oe, aonde pensa que vai pirralha? — a voz de Grimmjow ecoou pelo ambiente, quando mesmo abriu a porta dando de encontro com a garota, que caiu ao chão.

— É... Eu ... — gaguejou ela em seu comum tom infantil, Grimmjow sempre a deixava nervosa e com medo.

— Volta pra cama, tampinha — mandou andando até a bandeja que Orihime havia deixando para Nell.

— Não posso — respondeu incerta.

— E por que não? — indagou ele curioso.

— Eu preciso de um favor seu — declarou ela usando toda sua coragem para se manter seria perante ele.

— Acho que salvar sua vida já foi "um favor" o suficiente, né pirralha — afirmou desdenhoso.

— Por favor, Grimmjow-sama — implorou com os olhinhos marejados.

— Okay. Okay. Não chore. Odeio choro de criança ranhenta — resmungou irritado. — Vamos. Me diga o que quer — mandou ele, devorando todo o alimento da pequena.

— Preciso que me leve até Urahara-san — disparou Neliel.

— Só isso? — questionou desconfiado, recebendo um aceno positivo como resposta. — Certo, já que aquele merda do Kurosaki não está aqui para eu quebrar a cara dele, farei esse favor para você, pirralha, mas não abusa da minha bondade — disse ele com um sorriso feroz em sua face máscula.

Sem dizer mais nada a menina sentou-se ao lado dele, seu plano estava cada vez mais perto de se cumprir, assim, talvez logo sua dor sumiria e seus amigos pudessem encontrar a paz. Neliel Tu Odelschwanck voltaria a ser tão forte como um dia já fora.

~~~~

Sentada a janela de seu quarto, a pequena morena observava o radiante por-do-sol de Karakura, via os mais belos tons de laranja e violeta se misturarem no céu em um magnifico espetáculo de cores abstratas que ela admirava de camarote.

O dia enfim acabara e Rukia se sentia feliz em estar aconchegada em seu pequeno apartamento enquanto a noite caía, não se sentia mais confiante para andar sozinha ao anoitecer, pois mesmo que ninguém lhe dissesse nada, ela sabia que criaturas das trevas existiam. Talvez fosse esse um dos motivos pelo qual Ichigo sempre andava ao seu lado naquela semana, pelo menos durante o dia.

Tê-lo por perto era o que não a fazia enlouquecer pela solidão e pela falta de Yosen.

Sabia que poderia confiar nele, era um sentimento raro que não conseguia explicar. Não era comum ter tanta confiança num estranho, mas ela tinha nele e não era só pelas palavras da misteriosa mulher que se sentia assim.

Ichigo inda era uma incógnita para ela, mas ainda assim se sentia bem ao lado dele, era como se já o conhecesse, mas não se lembrasse disso.

Assustada, a pequena pulou ao ouvir a campainha tocar. Não esperava por visitas aquela hora e se fosse Ichigo o daria um soco bem dado por invadir sua privacidade, mas notou estar errada ao abrir a porta.

— Boa noite, Rukia-chan — a voz bondosa de Amaya soou.

— Boa noite, Vovó Amaya — saúda ela sorrindo para a velhinha que sempre lhe levava deliciosas guloseimas desde que se mudara para aquele lugar.

— Vim lhe trazer esse bolo de morangos que fiz, sei que você adora — declaro sorrindo gentil. Sem perceber a imagem de um certo ruivo com nome de fruta lhe veio a mente. Só podia estar ficando louca, mas sorriu.

— Ah sim. Muito obrigada, Vovó Amaya — agradeceu mandando a imagem do rapaz para longe.

— Não agradeça, pequena. Mande um pedaço pro Yosen-chan — recomendou despedindo-se.

— Ah claro. Pode deixar. Boa noite — disse sorrindo amarelo ao fechar a porta.

Sentia-se feliz com o delicioso bolo que ganhara, mas ainda assim, lembrar que não teria como entregar o pedaço de Yosen a deixara deprimida.

Sentia-se mais sozinha do que nunca.

Não queria admitir, mas naquele momento com o silencio de seu apartamento como companheiro, ela desejou que Ichigo estivesse ali. Sentia a solidão instalando-se lentamente a sua volta e odiava sentir aquilo.

Mas o que a morena não sabia era que mesmo que seus olhos não vissem, Ichigo sempre estaria ali a protege-la. Ele nunca mais a perderia de vista, nunca mais, nem que para isso o ruivo tivesse que superar sozinho toda a dor de ser esquecido por aquela que mudara seu mundo e seu coração.

Então, ainda que Rukia não o enxergasse, ele sempre estaria ali a protege-la do escuro, sentado a janela de seu quarto a observa-la a noite toda enquanto a luz prateada da lua banhava-lhe a pele.

O ruivo definitivamente não a perderia nunca mais.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Comentem :3
Bjus



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