Nossa Química escrita por Liiah


Capítulo 3
Basta virar a página.




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Acordei atrasada para o primeiro dia de aula. Lamentei não poder ter colocado a culpa no suco de laranja e dizer que foi por causa de uma ressaca. Eu havia ficado de férias por tanto tempo que havia desacostumado a acordar tão cedo. Vesti uma calça jeans e um all star preto e branco que provam que a fala de Lucy sobre eu viver longe da moda atual é verídica.

Desci para tomar café. Mari perguntou se eu estava bem, querendo saber detalhes de ontem. Contei tudo para ela e sua resposta era o que eu já imaginava: que essas coisas acontecem e que eu não precisava guardar magoa do menino.

Eu não guardava magoa dele, mas confesso que meu orgulho não me deixava admitir isso. Suas palavras no dia anterior haviam me deixado com raiva. Além disso, ele me fez passar vergonha em frente à outras pessoas, mesmo que não propositalmente, então ele deveria ter compreendido minha reação. 

Eu detesto ser o centro das atenções.

O cheiro do café de Mari desviou meus pensamentos. 

— Mari, alguém ligou aqui para casa? – questionei.

—Você está se referindo ao seu pai?

— Também – Respondi, mesmo sabendo que era exatamente dele que eu queria saber.

Ela balançou a cabeça negativamente.

—May, você sabe que seu pai é um homem ocupado, têm seus planos com a empresa. Ele pode estar sem tempo para te ligar – disse.

—Mari, não adianta dizer essas coisas, ele pode ser um homem ocupado, mas um tempo sobrando ele tem. – reclamei – será que ele vai me culpar até quando por eu ter matado minha mãe no parto? 

Antes que ela pudesse responder a campainha tocou. Era a Lucy. Peguei minha mochila e fomos para o carro do pai dela.

Como eu queria ter um pai presente como o da Lucy.

No carro, fomos metade do caminho em silêncio, mas eu sabia que a Lucy estava esperando o momento certo para saber da noite de ontem. Eu só queria saber aonde ela estava que não viu nada.

Quando chegamos na escola fomos para a coordenação para ver a lista das salas do segundo ano. Comemoramos em saber que caímos na mesma sala e descemos para o pátio enquanto não tocava o sinal para a primeira aula.

Aproveitei para contar sobre o ocorrido da noite de ontem.

—Mas você não acha que foi ignorante com ele?

—Eu posso ter sido um pouco, mas ele deveria ter compreendido.

Ela ergueu uma sobrancelha.

— Se coloca no meu lugar – pedi irritada.

— Ele tentou te ajudar, isso está parecendo mais uma tpm.

— Já entendi Lucy – cruzei os braços – Agora eu quero saber aonde você estava que eu te procurei e não te encontrei.

—Eu estava com o Guilherme do lado de fora do salão – disse com um sorrisinho maroto – eu acho que ele está afim de mim. 

—Guilherme? 

—Você não conhece. É uma gatinho de cabelos pretos... 

O sinal a interrompeu e ela aproveitou a deixa para fazer mais mistérios. Subimos para procurar a sala e o nervosismo tomou conta de mim. Lembrei-me das risadas e olhares da noite passada. Respirei fundo e coloquei na cabeça que tudo é como um livro: basta virar a página.


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