Até a Lua escrita por A Garota Dos Livros


Capítulo 9
Prometi




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Estava tão exausta que dormi assim que deitei na cama, nem vi quando Caleb saiu do banho. Acordei no meio da noite com vontade de ir ao banheiro, Caleb estava esparramado na outra cama de solteiro, isso queria dizer que Brad estava no colchão no chão. Levanto da cama.

É só tomar cuidado, o colchão deve estar aqui em algum luga...

Esbarro no canto do colchão e caio com tudo em cima de Brad, solto um grito alto que é interrompido pelo meu queixo de chocando com seu ombro. Sinto minha boca se encher de sangue, mordi a bochecha.

– O que? - Brad pergunta sonolento.

Caleb acende a luz do quarto e me vê caída em cima de Brad.

– Mas o que, diabos, está acontecendo aqui ? - ele pergunta furioso.

Então notei o que aquilo parecia.

Levantei correndo e fui ao banheiro, cuspi na pia todo o sangue acumulado em minha boca e a enchi de água, lavando a boca várias vezes, minha bochecha ardia.

–... ela caiu, Caleb. Não é nada disso o que está pensando - Brad dizia.

– Não foi o que pareceu.

– Por favor! Não seja tão idiota.

Em seguida Caleb apareceu na porta do banheiro, usava um short preto e uma camiseta preta, estava descalço.

– Se machucou ? - ele pergunta quando me ver cuspir água suja de sangue.

– Ela se machucou ? - Brad aparece na porta, passando por Caleb.

Brad usa uma calça de moletom cinza e uma camiseta preta que marca seus músculos, não tão definidos quanto os de Caleb, mas ainda sim, atraentes.

– Deixa eu ver - ele pede.

Faço que não com a cabeça e Caleb se move para trás de Brad.

– Ana, deixa eu ver - Brad diz docemente e eu abro a boca.

Eles olham minha bochecha sangrando.

– Está doendo - reclamo.

– Eu sei - Brad diz - Caleb, vai na farmácia e compra uns remédios pra ela.

– Quais ?

Brad solta meu rosto e sai com Caleb dizendo o nome dos remédios.

...

Eu tinha tomado dois comprimidos e tinha deitado de novo, Caleb trocou de cama comigo para que isso não acontecesse de novo.

Quando acordei no dia seguinte, minha bochecha latejava.

– Brad - chamo com o rosto esterrado no travesseiro.

– Ele saiu - Caleb responde ao meu lado.

Olho para o lado e ele está sentado na cama, arrumada impecavelmente.

– Está doendo ? - ele pergunta.

– Aham - esterro o rosto no travesseiro de novo.

Escuto ele se levantar e se mexer no quarto.

– Aqui - ele diz.

Olho e suas mãos estão estendidas, uma com os remédios e a outra com um copo de água. Me sento na cama e pego.

– Obrigada.

Ele assente e sai. Brad voltou em seguida com o café da manhã, embora já fosse hora do almoço. Eu comi devagar.

– Está melhor ? - Brad pergunta, se sentando a mesa comigo.

Caleb tinha acabado de sair e não tinha dito onde ia, e nós estávamos sozinho, sem nada pra fazer, e sem poder sair, porque Caleb nos proibiu.

– Estou. Caleb me deu os remédios hoje de manhã.

– Ah. Ana, eu não acho que seja bom nós continuarmos com o Caleb.

– Por que está falando isso ? - eu não era fã do Caleb, mas eu não queria outra pessoa.

– Obviamente, ele não é alguém muito razoável...

– Eu confio nele, Brad.

– Eu sei, isso me preocupa. Ele alguma vez já te contou de onde veio ?

– Não, não contou.

– Pergunta pra el...

– Não se dê ao trabalho, eu não vou responder - Caleb entra como um furacão na cozinha.

Brad e eu ficamos em silêncio, já era ruim o bastante os dois não gostarem um do outro e agora Caleb nos escuta falando dele. Isso não estava caminhando muito bem.

– A partir de agora - Caleb diz, mas seu maxilar estava rígido - você é Clare - ele diz pra mim - eu sou Haden e você é Finn - ele joga um envelope pardo em cima da mesa com força - seus documentos.

Com isso ele sai do quarto. Abro o envelope com cuidado, e tiro o conteúdo de dentro. Pego os documento com meu nome falso, carteira de identidade, carteira de motorista e mais alguns outros. Brad faz o mesmo.

– Desculpa - ele diz.

– Tudo bem.

– Eu já volto - ele diz e sai também.

Tranco as portas dos dois quartos, sabendo que se Caleb chegar aqui, ele vai ficar furioso por me ver sozinha.

...

Já estava escurecendo e nem sinal de nenhum dos dois, por isso eu fui procurar alguém. Fui até a recepção.

– Oi - digo a recepcionista - você saberia me informar se Ca... Haden Smith ou Finn Collins estão no hotel ?

– Ah, sim. Sr. Collins saiu a algumas horas e o Sr. Smith está na cobertura.

– Cobertura ?

– Sim, está a algumas horas, também.

– Ah, claro. Obrigada!

Não tenho ideia do porque Caleb está na cobertura, mas eu tenho que ir lá chamá-los antes que o verdadeiro hospede chegue e o pegue lá em cima. Se é que já não pegou.

O elevador para já de cara com uma porta gigantesca de madeira.

– Haden - sussurro, mas ninguém responde.

Ando até a porta e a abro, está destrancada.

– Haden - sussurro de novo, sem resposta.

A cobertura, provavelmente, é o lugar mais chique onde eu já estive em toda minha vida, por isso procurar Caleb sem quebrar nada foi meio difícil. Chamei seu nome, entrando devagar em todos os cômodos, até que ouvi alguém dizer, quando cheguei perto da escada que levava ao telhado:

– Aqui! - fiquei aliviada por ser a voz de Caleb.

Subi as escadas quase correndo e encontrei ele sentado no beiral do prédio com as pernas pendendo. Lá em cima havia um jardim muito, muito bonito, e havia um banco no meio do jardim, embaixo de uma parreira cheia de flores na frente de uma fonte iluminada, o que me fez pensar que Caleb é suicida.

– Por que está sentado aí? - pergunto, engolindo seco.

– Vem cá - ele diz docemente, me lembrando de quando ele era Cicero.

Chego perto de Caleb, olhando fixamente para suas costas.

– Senta aqui - ele dá dois tapinhas ao seu lado.

– Não tenho certez...

– Você não vai cair, prometo.

Assinto, mesmo sabendo que ele não viu. Me aproximo de suas costas e me sento, depois viro as pernas para o outro lado.

– Ai meu Deus! - digo de olhos fechados - Eu vou cair! - Minhas mãos estavam apertadas nas bordas do beiral.

– Não vai, eu prometi.

Assinto, mas não movo um músculo. Sinto uma mão quente em cima da minha, Caleb tira minha mão do beiral docemente e a envolve com a sua.

– Não vou te deixar cair.

Abro os olhos e vejo que ele carrega aquele sorriso que tinha quando eu o chamava de Cicero. Assinto.

– Olha lá - ele diz apontando para frente.

Começo virar o rosto, mas para baixo.

– Não - ele diz levantando meu rosto - pra baixo não, pra frente.

Olho para frente e vejo o que ele pediu. As luzes da cidade estavam todas acesas, e eu podia vê-las junto com o sol que se punha, era lindo.

– Bonito, não é ?

– Muito.

– É bom vir em lugares altos, ajuda pensar. Acho que ajuda. Pelo menos, me ajuda.

– Aham - digo sem capacidade de pensar em mais nada pra responder.

Ficamos um tempo em silêncio, até o sol quase desaparecer totalmente.

– Eu... - ele começa - existem pessoas que são criadas para serem o que são, quero dizer, eu sou assim.

– O que ? Hm. Caleb, não precisa me contar.

– Eu quero.

Assinto.

– Todas aquelas pessoas, ou foram presas, ou foram tiradas de orfanatos. Eu sou do segundo grupo. Cresci dentro de uma base, fui criado para ser o que eu sou. Olha, me desculpa por ser assim as vezes, é só que eu aprendi a afastar as pessoas de mim...

– Caleb, está tudo bem.

Ele assente.

– Melhor irmos. Brad deve estar de pergunta onde estamos.

Ele se levanta ainda segurando minha mão. Viro as pernas para o chão e isso é ótimo, me levanto, mas perco o equilíbrio, a parte de trás dos meus joelhos batem do beiral e eu sinto meu corpo caindo para trás. Solto um grito, mas Caleb passa seu braço livre por minha cintura me segurando contra seu corpo. Meus olhos estavam fechados com força, quando percebi que não ia cair, os abri e os olhos de Caleb me encaravam.

– Prometi que não ia te deixar cair.


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