Até a Lua escrita por A Garota Dos Livros


Capítulo 21
Droga!




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Caleb

Ana fala enquanto dorme. Acordei quando já eram umas 15h horas da tarde e ela estava desmaiada com o notebook no colo. Me levantei e tirei o notebook, depois a arrumei deitada e joguei o cobertor por cima. De vez em quando ela chamava no nome de Brad, e as vezes implorava por ele. Eu deveria acoradá-la, não sei, ela parecia tão cansada.

Era uma droga Brad ter morrido. Eu não era o maior fã dele, mas ele não devia ter morrido, muito menos na frente dela.

Droga! Que os cães do inferno arrebentem aquele desgraçado do Gail. Aquele desgraçado desgraçado trabalhava pro Jared a anos, e eu não ia assustar a Ana com mais essa.

Entrei no banheiro e tomei um banho, o piso estava manchado, e a água não ficava muito quente, mas estava bom.

Voltei para o quarto e ela ainda não havia acordado. Peguei o notebook e liguei o carregador, a tela acendeu. Ela tinha descriptografado boa parte das informações. Eram dados sobre pessoas que haviam entrado no projeto, anotações dos pais dela e de outras pessoas.

Foram horas até que acordasse ,já eram onze da noite e a cama já tinha sido toda ocupada. Ela abriu os olhos divagar e esticou os braços, depois sorriu pra mim.

– Que horas são? - perguntou.

Nem mesmo um boa noite, só as horas e mesmo depois de toda aquela merda do Brad morrendo na frente dela, ela sorriu pra mim.

– Onze e dez - respondi.

– Ual.

E jogou o cobertor pra longe. Ela se levantou e não comentou nada sobre o notebook no meu colo, apenas foi para o banheiro e depois voltou.

– Acho que vou pedir alguma coisa pra comer.

– Eu pedi pra você, achei que ia acordar com fome...

Apontei para o lanche em cima do criado mudo ao lado da lata de Coca-Cola. Obviamente ela estava se alimentando muito mal, e talvez eu estivesse me sentindo culpado por isso, mas não reclamou e nem passou mal, então por enquanto estamos no lucro.

Ela se jogou na cama e pegou o lanche, engraçado que pra alguém daquele tamanho ela comia razoavelmente bem.

Voltei atenção para o computador enquanto ela ligou a pequena TV de imagem riscada.

Em uma das mensagens criptografadas traduzidas por Ana, haviam vários endereços aleatórios que não faziam sentido nenhum, e em outra, vários nomes de várias coisas que faziam menos sentido ainda. Eu não notei quando ela desligou a TV nem quando acabou de comer.

– Você está com a testa enrugada - ela disse chamando minha atenção - o que achou ai?

– Vem cá.

Ela se levantou e ficou em pé ao meu lado. É claro que se sentia desconfortável ao meu lado, por isso quando fiquei sabendo que iam ao cinema, eu sai, pra não ter que fazer o papel de guarda costas do casal, eu não queria ser o guarda costas, e nem que eles fossem um casal.

– Não faz sentido - digo - são informações aleatórias, aliás nada nesse notebook é tão útil, eles já devem ter essas informações...

– EU SEI ONDE ESTÁ!

Ela gritou de repente e eu olhei seu rosto com várias emoções misturadas.

– Oh Deus! Eu sei onde está!

– Você sabe o que...?!

– O projeto!

– Shhhh!

– Desculpa.

– Como assim sabe onde está?

– Eu sei, é só olhar endereços, são um jogo de palavras, cada tem um palavra escondida.

– Hm, vou deixar isso pra você. Tem certeza?

– Absoluta, agora faz sentido.

– O que faz sentindo?

– Até a lua. Era isso o que queria dizer. - Ela olha nos meus olhos da maneira mais sincera, determinada e...triste que eu já vi - temos que ir.

Assinto e me levanto. Ela pega as coisas e corre para o banheiro, para um banho.

– Ana - chamo antes que ela tranque a porta.

Ela me olha.

– Sim?

– Eu sinto muito.

De repente ela estava triste de novo. Assentindo, ela fechou a porta e eu esta impaciente. Se nós pegarmos isso, e colocarmos em mãos seguras, metade dos problemas estarão acabados, depois disso nós só precisamos ir atrás dos pais dela.

Aquele banho pareceu ter séculos, até que ela saiu do banheiro quase caindo e jogou a mochila no ombro.

– Vamos?

– Vamos.

Abri a porta e a rajada de tiros começou, instintivamente me coloquei na frente de Ana e chutei a porta. Meus braços estavam a sua volta, então eu a arrastei para trás da cama.

– Tudo bem? - perguntei analisando-a.

– Sim, estou bem. Algum tiro pegou em você?

– Não, fique ai, ok?

Ela assentiu e eu sai, indo junto a parede do quarto. Pela fresta da porta eu vi Jensen e mais dois homens, que com toda certeza eram do Jared.

Abri a porta só um pouco, foram apenas três tiros e eles caíram pra trás.

Jared não me conhecia. Cometeu um erro bem grande fazendo isso, porque agora eu tava realmente puto.

– Acabou? - ela perguntou olhando pra mim.

– Acabou.

A ajudei se levantar e peguei minha mochila de volta.

– Ah, droga!

Olhei pra ela e ela estava segurando a coxa direita, sua mão escorria sangue e na sua calça tinha um buraco de bala.

– Droga! - disse olhando em volta.

Me ajoelhei na altura do machucado e rasguei o lençol amarrando-o bem apertado em volta. Ela fez uma careta.

– Está doendo.

– Eu sei. Consegue andar?

Ela assentiu, mas assim que deu o primeiro passo percebi que não.

– Eu carrego você.

– Não precisa, eu consigo.

– Ana, eu não estou pedindo. Precisamos sair daqui, agora.

Ela não respondeu, nem relutou quando a peguei no colo. Coloquei a arma em cima da sua barriga e ela a segurou como se fosse algo extremamente asqueroso, eu entendia que pra aquilo fosse mesmo.

Sai pela porta divagar olhando para todos os lados para ter certeza que ninguém apareceria. A recepção estava vazia, mas assim que coloquei os pés na porta os tiros começaram soar, imediatamente tirei Ana do alcance deles.

Droga!

– Acertaram você? - perguntei.

Ela fez que não.

– Como vamos sair?

Seu rosto estava claramente preocupado.

– Nós vamos sair.

Ela ainda me encarava mas não havia dúvida no seu rosto.

– Você fica aqui, eu volto pra te buscar.

Ela assentiu e segurou meu braço.

– Cuidado.

Sorri e voltei pra perto da porta.

O que eu me lembrava de ter visto? Três carros em ângulos respectivos de 60°, 90° e 130°, cara um com pelo menos três dos soldados do Jared.

Tudo bem se eles me subestimavam, tudo bem se Gail era um filho da mãe desgraçado procurado pela Interpol, mas não estava bem o fato deles terem matado Brad e terem atirado em Ana.

Eu não sei direito o que eles esperavam, mas assim que eu apareci na porta sorrindo, a rajada de tirou começou. Eu voltei para trás, me protegendo enquanto os tiros continuavam incessantes.

Uma a uma as balas perfuraram as cabeças deles, as cabeças jogadas pra trás com o impacto e depois o corpo fazendo barulho ao se chocar com o chão, o sangue respingando no que estivesse perto. Logo todos estavam no mesmo estado: mortos, bom balas enterradas no meio da cabeça.

– Acabou - eu disse voltando a pegar Ana - melhor fechar os olhos, não quero que veja isso.

Ela fechou os olhos, o que só serviu para me preocupar mais. Ela estava suada e a cor da sua pele estava indo embora, suas mãos estavam totalmente sujas do seu sangue, porque ela segurava a perna. Quando a coloquei no banco do passageiro, fez uma careta.

– Já vamos cuidar disso - eu disse colocando a mão em seu joelho.

Ela assentiu.

Droga! Ela devia ter jogado minha mão longe!


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