50/50/51 escrita por Lari B Haven


Capítulo 7
Dia 40: Uma bela casa, empregadas bonitas e piradas, e um pequeno choque.


Notas iniciais do capítulo

Voltei Crianças do meu coração! Desta vez de novo tentei manter a frequência como pediram! (Se leram isso hoje a playlist sai amanhã, desculpe foi a unica coisa que não deu tempo)



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Dia 40

Eu acordei mais confiante hoje. O dia parece brilhar um pouco e isso é bom. As noticias boas parecem estar surgindo. Niex seria liberada hoje na convenção internacional de Los Angeles em uma apresentação exclusiva. Para se ter ideia, nem na E3 ela foi revelada. Isso é realmente algo muito especial.Sem falar que hoje eu visitaria a casa dela. Não sei bem o por que, mas fiquei imaginando a noite inteira como seria adentrar a sua casa. Afinal ela é estranha e misteriosa. Sua personalidade muda de acordo com o seu humor e ela se esforça sempre para parecer o tipo de pessoa que não quer se envolver.

Você já teve aquela mania estranha, da qual não consegue se livrar? A minha é quase não dormir, e escrever de jeito um tanto rebruscado. O dela é pintar quadros no meio da noite, não só um, mas três ao mesmo tempo… Descobri esses dias enquanto jogava que era isso que ela fazia. Deve então entender meus motivos para querer tanto ver como são os quadros que ela pinta as duas da madrugada, ou então os instrumentos que ela toca como aqueles vídeos de asiáticos na internet (nada contra ele, longe disso, mas eles simplesmente são as pessoas mais habilidosas da face da terra).

É estranho digitar o nome de pessoas no “Goolge” quando o que realmente importa saber se descobre de perto. Porem existe um fator enorme na internet, as pessoas se transformam atrás de um teclado, então nada mais justo que eu procurar “Cassandra Andreas Bastos” no meu buscador de pesquisas. O mais interessante foi achar um site com a sua foto estampada logo nos dez primeiros segundos de pesquisa. Era um site de uma galeria. O visual do site era refinado, mostrava o ambiente da galeria por dentro. Parece algo clássico misturado ao industrial, (Só sei disto, pois trabalhei com a Júlia na reforma da casa e ela me ensinou muito sobre decoração) ou seja, um ambiente muito confortável e com alguns grafites nas paredes. Muitas pessoas pareciam acessar esse site em busca das pinturas de Cassandra que reverte o valor das vendas para instituições de caridade. Claro que existem outros artistas que expõe lá todos os meses. Mas os delas tinham algo de misterioso neles. Eram absurdamente sombrios e brutalmente sarcásticos. Desde seus primeiros trabalhos, -que eu particularmente considero mais alegres- seu dom era pegar uma nuance da humanidade e transformar isso em algo bonito esteticamente e ainda sim irônico… Meu Deus! Quanto mais eu ficava nesse site, mas eu a achava impressionante… Ela era a “Lorde” da pintura. Sabe, a garota que canta Royals...

Eu agora a vi da janela noite passada quando voltei. Ela arrastava um quadro de dois metros e meio de altura até a parede no fundo do quarto e pegava galões de tintas diversos com cores alegres. Parecia fazer algo abstrato. Ela tinha feito uma massa disforme no centro do quatro que se estendia até suas extremidades com um tipo de massa branca, a forma disforme de longe lembrava algo humano. Ela amarrou o cabelo caoticamente curto em um coque improvisado com um laço e canetas arregaçou as mangas da velha, surrada e manchada de tinta camisa branca dos Rolling Stones e começou a jogar tinta em toda a da tela. As cores eram variadas e vibrantes. Foram cinco horas de trabalho, que eu acompanhei de modo fracionado, já que parei para jogar mais um pouco de Tales of Fênix. Sei que ela e eu dormimos muito tarde naquele dia, eu por pura vadiagem, ela por que as vezes tinha que esperar a tinta secar. Poxa… Eramos dois vampiros na noite escura da vida, procurando apenas uma coisa: satisfação.

Eu realmente agora estava convencido que Cássio pode ser um grande porco manipulador, mas ele me fez querer gostar da garota certa. Ela não para de se mostrar cada vez mais densa e interessante. Começo a nutrir certos sentimentos positivos em relação a aposta… Talvez por que na verdade tenha se tornado, mais um desafio que uma aposta. E eu amos desafios.

Sem mais delongas venho narrar o que aconteceu quando sai do colégio hoje:

Eu lembro de chegar na casa dela e ela me gritar do jardim.

—Eu estou aqui! -nós tínhamos vindo separados, os pais dela vieram busca-lá para comer algo fora. Me lembro de ver alguns quadros embrulhados no porta malas. Mas mesmo assim eu a acompanhei até a portão da escola e acenado enquanto ela andava. Os pais dela pareceram surpresos quando ela acenou de volta para mim com um leve sorriso e vermelha.

Eu adentrei o portão e andei de modo meio cauteloso, como da ultima vez que fiz isso. Talvez ainda restasse algum medo da minha parte de ser descoberto ou coisa assim, mas na verdade era só ansiedade e passar pelos portões daquela casa novamente Eu durante todo o percurso fiquei tentando me lembrar do local da estufa e onde estariam as rosas negras que vi certa vez. Como não as vejo em parte alguma concluo que o pé foi arrancado ou morreu. O que é uma pena já que rosas negras são tão raras e delicadas de se cuidar. Mas mesmo assim seu jardim era suntuoso e elegante com diversas plantas ornamentais, uma pequena horta ao fundo e até algumas plantas medicinais espalhadas em alguns vasos, ajudando o visual de selva particular que transmitia serenidade aos sentidos. Ela estava no jardim vestida ainda com o uniforme da escola, arrancando algumas ervas daninhas da base de uma das históricas roseiras de sua casa.

—Demorou bastante só para passar do portão até aqui... Daniel… -ela disse levantando e limpando a terra úmida na blusa- Dani… Daniel? O que estava fazendo? Procurando alguma fada no jardim da minha mãe?

—Você não tem o minimo de cuidado com o uniforme? -pergunto indignado e disfarçando.

—Na verdade não ligo muito para essas coisas… -ela pega a mochila igualmente suja de terra e entra na cozinha espaçosa com design americanos. Ela lava a mão na pia e vai até a geladeira enquanto eu entro e bato os pés no capacho na entrada- Minhas empregadas aturam coisas piores vindo de mim… Tipo… -ela pensa- A Lunablue eu acho… -fico sem entender.

—Ah! Aturamos mesmo! -uma mulher alta e de braços fortes chega apoiada na vassoura. Ela é branca e loira e aparenta ter cerca de 42 anos de idade, ela usava um uniforme cinza com o seu nome bordado, galochas e trazia dois baldes de água colorida e cheirosa- Sabe quanto essa família gasta em removedores de tinta e moveis novos toda a semana? -ela pergunta rindo- Entra menino! Parece que vai criar raiz! -ela ordena a mim que continuo plantado na porta meio abobado.

Cassandra pega uma jarra de leite e despeja em um pires no chão sem olhar muito para baixo.

—Onde esta a Janice, Cláudia? -Cassandra pergunta já guardando a jarra que esta menos que a metade, de volta na geladeira.

—Tentando não morrer de susto com a Luna… Aquilo não é um bicho é um fantasma! -ela responde e eu me sento na bancada- Bom, você vai ficar na sala, ou vai subir para o quarto com o seu amiguinho? -ela me olha de um jeito malicioso me deixando vermelho.

—Ainda não decidi… -ela puxa uma maçã verde da fruteira e olha para mim- Vamos?

—Ah! -respondo sem jeito- Claro! -me levanto e a acompanho.

Ela me deixa na sala, que é um lugar confortável cheio de esculturas e peças de arte. No canto vejo um saxofone antigo usado na decoração do local que é bem pós industrial. Eu ouço ela conversar com alguem, subir e descer as escadas em seguida com a roupa trocada.

—Chegou hoje a uns 10 minutos Cassandra… -uma outra voz feminina responde. A voz sai de outro quarto no fundo da sala. Ela é uma morena de certa de um metro e sessenta e cinco de olhos bem verdes e penetrantes, devia ter vinte e poucos anos, confesso, ela era estonteante- Não vou mais procurar seu bicho psicopata Cassandra! Ela desapareceu! Ela e o branco esquisito!

—Ela odeia ser chamada assim! É por isso que ela te arranha! E ele sumiu de novo no telhado. -ela responde no fim das escadas com shorts jeans azuis e destonados naturalmente pelo uso e uma blusa branca do The Cure. Percebo que ela lavou a maquiagem do rosto e seus olhos ainda estão meio pretos, mas mesmo assim demonstra uma beleza mais natural e seus lábio parecem um pouco mais cheios- Mesmo assim obrigado por tentar procurar… -ela me olha de longe- Ah! Espera Daniel! só mais uns 5 minutinhos! -e sobe as escadas de novo- Lunablue! Luna! Vem aqui lindinha! Lunablue!

Eu olho para a porta principal e vejo algo me observando por detrás de um vaso. Eu desvio o olhar rápido e quando me viro já um pouco nervoso os olhos verde-amarelados estão mais próximos, se escondendo na escultura que tinha linhas harmônicas e lembrava um coral. Fico olhando para as minhas mãos quando algo pula na minha cabeça e morde a minha orelha.

—AAAAI! -grito agarrando a massa fofa e peluda que cravou as patas de unhas afiadas e finas no meu couro cabeludo.

—Nossa! Já chegou? -ela diz surpresa gritando de algum lugar no fundo da sala.

— LUNA! -ela grita ao me ver embolado com aquela massa negra tapando meus olhos- Não! Morder é feio! -ela arranca o bichano que da um mortal carpado e pula no meu colo miando histericamente e agarra a minha mão.

—Er… Tudo bem! -ela morde os meus dedos até eu começar a fazer carinho nela.

—Me desculpe viu… Ela nunca faz isso com estranhos… -ela coça a cabeça- Só com quem ela gosta de verdade… Ela deve te achar um brinquedo loiro gigante..

—Então esse bicho psicopata me ama de todo o coração… -Janice aparece segurando alguns lençóis dobrados e rindo sarcasticamente- Ela deve achar que algo preso no meu cabelo! -ela diz com um pouco de raiva mostrando os cachos crespos e perfeitos.

—E ai? -eu esfrego uma mão no joelho de jeito nervoso e com a outra acaricio o gato preto que tem uma lua de strass na testa e pergunto enquanto ela pega a mochila andando descalço até mim- Vamos estudar o quê hoje?

—Eu não sei, -ela pega seus cabelo caoticamente cortado e amarra em um coque bagunçado como o da noite passada- o que você quer estudar, temos que revisar um pouco de matemática se quiser seguir com física....

—Seria uma boa… -eu digo de forma bem distraída.

—Vamos para o meu quarto… -ela pega a minha mão e me puxa, como daquela vez eu quase caio sobre ela, já que o gato se agarra no meu braço.

Faço uma cara de dor e tento disfarçar, pego o gato direito e o carrego ela se aninha nos meus braços e mia de satisfação.

Ela já esta na metade da escada, quando começo a subir e Cláudia grita:

—Usem camisinha!

Isso faz Cassandra congelar na hora. Ficando extremamente constrangida:

—N-n-não v-v-amos fa-fazer nada disso! -ela se vira com o olhar assutado para quem esta no pé da escada.

—Calma, não vamos interromper nada… -a voz agora era de Janice, a morena. Ela fica ainda mais constrangida e perplexa- Ah! Por favor Cassandrinha, olhe a sua cara!

—Precisa rir mais garota! -Cláudia desata a rir, o que faz com que Janice ria também.

—Só vamos! Rápido! -ela rosna para mim e sobe o restante dos degraus.

Chegamos ao seu quarto e ela me pede para eu me sentar ou tomar a liberdade de por uma musica. Percebo que deixei minha mochila na sala. Ela se prontifica a buscar já que não quer as empregadas se metendo. Fico curioso com o elas estariam pensando sobre nós.

Eu espero e Luna, a gata psicótica move as orelhas de repente e corre atrás de algo que esta na janela, eu a vejo pular da janela e subir no telhado.

Para se ter a extensão completa do quarto dela imagine que você viva em um galpão enorme sem muitas divisões. Talvez no máximo dividido em três quartos, mas o resto um completo vazio. O quadro que ela pintou estava a uns 20 metros de mim uma parede que fazia a divisão para os outros quartos escondidos que ficavam atrás dele. No fundo do quarto tinha ainda os instrumentos que ela usava, na verdade só o violão e o teclado. Além da biblioteca enorme que ocupava a parede do fundo inteira, meu pescoço quase estalou quando eu vi o final dele no teto, sorte que ela tem uma escada. Mas claro que isso já estava implícito na parte que eu disse que o quarto dela ocupava todo o andar há alguns dias atrás.

—Eu trouxe… Não me agradeça. -ela levanta a mochila- Pode se sentar na minha cama, ou mais ali na frente no sofá em frente a televisão… No tapete, no chão, você decide...

—É… Sobre a sua gata… -eu digo olhando a janela.

—Tudo bem Daniel… -ela diz de um jeito que me parecia tão familiar- Ela deve estar procurando o namorado dela… O Starshine… Ele por alguma razão não gosta de ficar em casa… -ela se joga na cama como se fosse algo já de sua natureza.

—Seu quarto é enorme… Chantageou seus pais pra conseguir? Por que sério… Onde seus pais dormem? -eu digo meio bobo abrindo a mochila me sentando no tapete branco gigantesco e felpudo que dividia a área da cama e estudo com a área do sofá e televisão, mas a frente estava a parede com o quadro que ela ainda não terminou pelo que vejo.

Ela não me responde.

—Não… Ele só é meu por motivos técnicos… Mas é bom estar de volta. -ela vai até a mesa de estudo e pega os livros- Meu irmão e meu primo viviam aqui também… Os três quartos do fundo é o que a gente realmente usava para dormir e todas as minhas coisas cabiam lá eu juro… -ela falou de um jeito saudoso- Mas ai meu irmão foi trabalhar no exterior. Meu primo logo depois… Fiquei meio solitária com os outros quarto vazios e passei minhas coisas para cá.

—Já morou aqui? -pergunto estranhando.

—Ah! -ela faz uma cara de surpresa e pisca de jeito nervoso… Isso faz tempo…

—Eu moro aqui desde que nasci… -fico um tanto desnorteado- Mas isso não conta muito… -eu disfarço- Digamos apenas que fiquei muito tempo fora daqui também…

—Ah… -ela suspirou- Eu passei esses últimos cinco anos vivendo e estudando em outros países… Meu pai avô é diplomata, sabe… Ter uma neta artista, foi o maior orgulho para ele, então ele me arrumou alguns contatos em Paris, Amsterdam, Nova Yorke… -ela suspira- Conversei com muitos intelectuais, e críticos horrorosos! -ela ensaia um sorriso- Depois de um tempo é cansativo falar extremamente correto, com palavras difíceis e ainda sim ser bem articulada para lidar com eles… -ela faz algumas caretas sem perceber- É horrível não poder xingar ou falar gírias as vezes… Embora é claro, eu adorasse falar com os Hipsters…. Eles eram mais maleáveis, abertos a tudo e… -ela fechou o rosto ao lembrar de algo- E cheiravam a maconha... Talvez no fundo eu preferisse mesmo os críticos.

—É um mundo cruel… -eu digo- Temos que fingir o tempo todo...

—É um mundo de plástico… -ela rebate abrindo os livros- Onde não se pode xingar...

—É… É a merda de um mundo cruel, a porra de um mundo superficial onde nós somos filhos da puta plastificados! -eu falo aproveitando a deixa, foi arriscado, mas ela começou a rir, de verdade.

—Ouvir você falar desse jeito tira toda a magia! -era para de rir gradativamente- É perturbador ouvir isso assim, é como ouvir sua mãe xingando ao cortar o dedo!

—Eu… -eu abaixo a voz- Eu não tenho… mãe…

—Oh! -ela tapa a boca com as mãos como uma criança- Me desculpe! Eu… Eu… -a expressão dela morre.

—Não! Não fique triste! -eu digo rapidamente- Eu nunca a conheci mesmo…. Eu não me lembro dela…

—Era muito novo… -ela torce os lábios de um jeito fofo- Era, não era?

—De certo modo… sim… -eu respondo vermelho.- Passei por uma fase difícil nessa época… Eu não estava “aqui” de certo modo, entende?

—Então atravessou mesmo esse barco? -ela perguntou olhando me triste- Você não parece ser assim… Do tipo que usa essas coisas...

—Não acho que seja o que você esta pensando… -eu fico pensando no que ela imaginou sobre mim- Eu… Tive um acidente na época…. E perdi a memoria.

—Ah… -ela respondeu monossilibicamente.

Depois de algumas horas de estudo e um semi-silêncio tedioso, voltamos a conversar depois de um pequeno intervalo. Ela se levanta por que Cláudia grita que vai levar o lanche para os estudantes “cansadinhos”. As vezes eu realmente queria que papel captasse entonação de voz, por que o dela dava para notar duplo sentido em todas as frases que nos envolviam… Ela rapidamente interveio e desceu. O que me deixou livre para esticar as pernas pela casa e esquecer matemática.

Eu resolver seguir minha curiosidade e entrar nos quartos dela só por um pouco. Eu chequei o primeiro e estava recheado de quadros em branco e o equipamento de som que ela montou esses dias para trás e que alias esta cheio de CDs e um aparelho de mp3.

Eu remexo naquela pilha, e acho Lana Del Rey, mas especificamente Ultraviolence… Eu sabia que ela ouvia aquele tipo de musica. Rio sozinha da minha descoberta.

Tirando o material que ela usaria e os CDs em uma mesinha de cabeceira, o quarto estava vazio.

Fecho a porta e entro no outro quarto, lá estão mais equipamentos de som e videogames e computadores antigos, além de estar escrito em grafite na parede: “Live is Listen the Endless Sound of Love” e do outro lado pintado uma carpa japonesa com as letras miúdas e elegantes parecendo Kanjis: “Life is Heard the Sound of your Heart and the Nature”. É parece o quarto de alguem que amava música. E tenho certeza que ela quem pintou a carpa na parede. Era super realista.

Lá eu encontrei uma caixa com fitas e livros antigos. Por alguma razão estranha eu tive vontade de puxar um dos livros. Era um livro grosso de poemas de Vinícius de Morais, era parecido com o do Augusto dos Anjos que ela levou para a escola outro dia. Era de brochura vermelho e bem mais antigo. Eu foleei algumas paginas e achei umas estufadas, talvez tivesse mofado de tão antigo. Eu estava quase abrindo quando ela me chamou.

—Daniel? Esta ai? -ela abriu a porta e eu fechei a daquele quarto.

—No banheiro! -menti, já que ele era no final daquele corredor.

Na saída do corredor eu a vi colocando algo na própria mesa de cabeceira, parecia uma estatua. E na verdade era mais que isso. Eu reconheci na hora, eles tinham liberado a imagem dela de costas aquela manhã… Era Niex! Ela tinha uma estatua de 38 centímetros dela!

—Você joga Tales of Fênix! -foi a única coisa que saiu da minha boca. Não era uma pergunta, era uma afirmação de um fã aficionado.

—Na verdade não… Não conheço o jogo… -ela se sentou na cama e deixou a estatua virada para ela- Meu primo que fez para mim… Ele me… Ainda não acredito… -ela diz meio abobada colocando a bandeja na frente da estatua- Meu primo desenvolve os personagens do jogo… Foi uma promessa idiota que ele me fez… Ele me colocou no jogo...

—Eu preciso ver! -eu corro até ela quase tropeçando- Ela é idêntica a você… -eu vejo a estatua tem o rosto dela, a mesma tristeza melancólica, porem com as asas de anjo e demônio, chifres e aureola, a luva gigantesca em uma das mãos e a outra nua segurando a orb. A pele de uma raposa boreal cobrindo um dos ombros, cobrindo a bolsa de couro retirado do lendário dragão de dez cabeças que as três irmãs derrotaram juntas. A seda dos duendes fiadores do norte, cobria a sua cintura na forma de uma saia de fenda enorme, ela era simplesmente amarrada na cintura, assim como as suas sandálias que tinham tiras de couro amarradas nas até a altura das coxas, feitas com a pele de um dragão negros das montanhas de Vielpelix. Sua pele era toda tatuada de arabescos negros feitos pela maldade. Era um espelho, ela tinha tudo da boneca e a boneca tudo dela…

—Na verdade isso é meio assustador não? -ela se serviu café e misturou leite- É uma homenagem linda… Mas eu me sinto em “Coraline e o mundo secreto”...

—Na verdade… É perfeito… -olho nos olhos dela- Como você...

Ela fica vermelha. Revira os olhos um pouco analisando a estatua na sua frente. Se principia para falar algo quando sua gata maluca salta sobre a minha cabeça novamente e começa a mastigar o meu cabelo. Ela começa a rir quando eu ponho a gata no colo e faço cocegas na barriga dela gritando que ia assustar ela um dia para ver o que ela acha. No meio da algazarra ela se deita na cama com um sorriso torto nos lábios e murmura:

—Tinha que ser o Lucas mesmo… -depois passa o resto do tempo olhando para mim até que a gata corre até as escadas- Talvez amanhã possamos ouvir um pouco de música… Aqui é sempre muito silencioso…

Eu fico procurando palavras para responder a ela, mas minha cota de lábia se foi.

Eu posso ser diferente na escola, um conquistador e as vezes bem tímido. Aspectos que eu realmente não acho que funcionem bem juntos, mas no fundo do meu ser eu sinto que meu antigo eu era extremamente cheio de lábia e carisma. Coisas que aos 13 anos um garoto não deveria ter, mas eu tinha. Hoje em dia as vezes me sinto estranho sendo tão acanhado e desengonçado, é estranho me sentir assim. Perdido entre esses dois universos do meu antigo eu e meu novo eu… As vezes é como se fossemos separados e ao mesmo tempo juntos como o ID e o Ego. Isso me cansa muito, o bom é que ela me relaxa… Quando eu sou qualquer um das duas coisas: O conquistador e o acanhado, eu sou isso sem me forçar a ser. Coisa que eu sei que ela sofre, já que vive me afastando com seus jeito sombrio, sendo que eu sei que o sol vive naquele coração.

Acho que posso dizer que ganhei meu dia, ela estava começando a se abrir para mim. Isso significa que eu vou ter ganhado a aposta bem antes de Cássio se tocar que eu estou fazendo isso realmente. Vou passar a perna nele e ainda ficar com essa garota. Isso se eu conseguir sustentar minha mentira…

É talvez nem tudo dê certo no final… Por que sou um idiota! E essa definitivamente não é uma CRISE!

Boa noite! Enquanto eu ainda tenho cabeça para isso!


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Notas finais do capítulo

E então meus caros, onde vocês se encontram? O que estão achando do rumo até agora? Muito lento? Muito rápido? Muito sem sal? Meloso demais? Quero ouvir de vocês! Se Expressem!



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