Vivendo uma canção escrita por Dessa_Soliman


Capítulo 12
Like A Virgin - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Décimo segundo dia de desafio. Like a Virgin, Madonna. Deusa do movimento GLS. Se é que vocês me entendem.
O bom de escrever uma fic linear no meio de um desafio é que eu não preciso pensar num nome exclusivo :S



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Jack tentava definir o quão zoero o destino podia ser. Não, filho da puta era a definição correta. Depois de um final de semana incrível ao lado do amante que amava tanto, claro que alguma bosta acontecia.

Ele era tão fodido que nem devia surpreender-se mais.

–Jack, querido, não achas melhor parar um pouco? – Claro que a madrasta ia chamar sua atenção. Era terceira taça de champanhe dentro de segundos. Mas ele não estava pronto para parar, ainda. Aquele maldito jantar de associados estava deixando-o maluco.

Sócios de seu pai. Com Hiccup e Stóico entre eles.

Era uma verdadeira merda. Ele bebeu mais uma taça e pensou em quão fodido ele era. Não bastava ser fodido por Hiccup, a vida tinha que fodê-lo também. Mas a vida não era delicada e definitivamente não tomava cuidado. Ela fazia com força e machucava.

Analogia idiota.

Deixou sua taça de lado e pensou que era melhorar parar de beber, ou sua mente iria enganá-lo novamente ou pior, poderia fazer algo que criasse vexame para a empresa do pai. Fada, sua madrasta, conversava alegremente com as mulheres próximas de alguns sócios, tratando de explicar-lhes a nova coleção primavera/verão que planejava. Claro que já fazia propaganda de seu trabalho tão bem reconhecido.

–Soube que está engajado em um estágio, Jack. É verdade que vai doar tudo novamente? – Jack engoliu em seco, mas sorriu. Quem pedira fora a mulher de Hiccup. Logo ela. Que maldições ela fazia ali? AH, claro, jantar de negócios com família.

–Sim, é. O estágio na verdade é parte obrigatória do currículo, já que estou no final do curso. Vou criar uma coleção baseada em dois desenhos infantis, voltada para a moda infantil e infanto-juvenil, como fora a última. – Ele sorriu, mesmo que fosse claramente falso. Sua madrasta tratou de salvar sua pele, falando do incrível trabalho de Jack, mas ele podia ver que Astrid tinha olhos somente para ele.

E não só isso, um sorriso completamente estranho.

Ele pediu licença e levantou-se, caminhando em direção ao banheiro. Lá, respirou fundo várias vezes e passou uma boa quantidade de água no rosto. Certo, sua madrasta o mataria, mas ele precisava acalmar-se de alguma forma. A maquiagem para esconder suas olheiras era o que menos importava naquele momento.

–Desculpe. – Ele ouviu a voz de Hiccup, mas fechou os olhos com força para ignorá-la. Não queria vê-lo novamente. Não naquele momento. Nem mesmo ouvi-lo. Nem mesmo senti-lo. – Seu pai não avisou que virias. – Jack rolou os olhos. Claro que ele não avisou. Ele e sua madrasta faziam complô contra sua vida já fodida.

–Esqueça isso. Não é sua culpa. – Sua voz saiu mais rouca do que pretendia. Anunciava que estava machucado e desconfortável com aquela situação. Hiccup virou-o e encarou seus olhos, puxando umas folhas de papel, logo em seguida, e ajudando-o a secar seu rosto.

–Não. Me desculpe. – Jack sabia do que Hiccup falava. Ele sentiu seu peito bater descompassadamente e não conseguiu segurar-se. Beijou-o. De forma afoita e com vontade, mostrando que, independente da situação, ele precisava do mais velho. Que ele amava-o.

Daquela forma mesmo, clichê. E cheio de ciúmes bobos.

Hiccup puxou-o pela cintura e encostou-o contra a porta, arranhando a lateral do corpo do amante. Ele sentira tanta saudades de Jack, que encontrar-se com ele naquela situação perigosa só o deixava mais desejoso. Certo, se viram no domingo, mas já era quinta-feira. Por todos os deuses nórdicos, ele não era mais um adolescente para se sentir daquela forma.

Era quase como se fosse sua primeira vez. Todas as vezes que se tocavam era como se fosse sua primeira vez. Ele sempre ficava afobado demais, ansioso demais, desejoso demais.

Jack tentou alertá-lo para que parasse, mas foi simplesmente impossível. Apertou-o e amou-o naquele banheiro mesmo, contra a porta para que ela não fosse aberta e controlando seus gemidos.

E quando ambos chegaram ao ápice, Hiccup deixou seu peso cair contra o amante, respirando longamente para se acalmar enquanto abraçava Jack com carinho, deixando alguns beijos em sua nuca e ombros, que eram a única parte superior que fizeram questão de retirar da blusa. Eles encararam-se alguns segundos antes de rirem, tranquilamente, ainda com a respiração descompassada. Limparam a bagunça rapidamente e ajeitaram suas roupas, tentando parecer natural a demora de ambos no banheiro.

Jack ainda puxou Hiccup para baixo e deixou um selinho em seus lábios, sorrindo.

Hiccup coçou a nuca e ficou envergonhado com sua falta de controle, mas continuava sorrindo com a maravilhosa situação.

...

Dez anos de diferença. Era isso que separava os dois e mantinha seus universos distantes. Hiccup se casara com vinte e sete, e, agora, com trinta e cinco, estava apaixonado completamente, como nunca estivera antes, por um garoto que cursava moda de vinte e cinco anos. Não qualquer garoto, claro, era Jack. Sua madrasta era uma estilista renomada, o que explicava o talento já reconhecido do mais novo. Mas isso só ficara sabendo eras depois. O que chamara a atenção dele, para o mais novo, no momento em que se conheceram, fora a humanidade existente no garoto.

Hiccup era arquiteto e estava planejando a reforma de uma escola para crianças órfãs quando conheceu Jack. O garoto criara uma coleção inteira, juntamente com sua madrasta, e o dinheiro arrecadado pela mesma foram doados para a reconstrução completa do local. E não era somente isso, o garoto tinha ótimas ideias de como reestruturar aquele ambiente para uma escola completamente moderna.

Eles não queriam os padrões de escolas normais, eles queriam algo diferente, para que as crianças se sentissem a vontade. Para que elas gostassem da sala de aula. Foi então que Hiccup percebeu que o sonho de Jack era ser professor, não estilista. Futuramente ele perguntou o motivo do amante seguir naquela profissão, e a resposta que obtivera era triste, mas tinha sentido. Era muito mais fácil arrecadar dinheiro para fazer aquelas coisas sendo estilista do que seguindo a carreira de pedagogo.

Jack era tão humano que chegava a ser difícil de acreditar. E várias vezes o estilista arrastava-o para ir brincar com as crianças, fazendo com que deixasse seu trabalho de lado. Já naquela época era apaixonado pelo mais novo.

Hiccup lembrava-se de ter se encantado imediatamente pelo garoto, somente por conhecer seus ideais. Foi só terem uma conversa e ele soube que estava apaixonado. Ele nunca encontraria alguém tão especial quanto aquele menino.

E não só isso. Jack conseguiu fazer com que o escritório de seu pai, que depois Hiccup descobriu que eram associados, gerenciasse o local adequadamente. O pai de Jack trabalhava com uma construtora, e aquele fora o primeiro projeto que Hiccup tivera com Norte. Mas seu pai, Stóico, vivia falando dos milagres que aquele homem fazia. E era verdade.

E isso fora há dois anos. Há um ano e meio, mais ou menos, saíam como amantes, entre jantares, cinemas e caminhadas, e há quase um ano tinham uma vida estável. Hiccup tinha certeza que ficava mais no apartamento de Jack do que em sua própria casa. E isso que Astrid também não lhe cobrava nada.

E Astrid. A loira sabia de praticamente tudo sobre sua vida, mas Hiccup nunca lhe dissera quem era seu amante. Ela não se importava e, até mesmo, lhe apoiava para que fosse feliz. Várias vezes oferecera o divórcio, mas o casamento de fachada impedia-o de fazer aquilo. Era pra manter o nome da empresa do pai, afinal de contas.

Mas isso tudo tinha que parar. A loucura durante o jantar fora uma prévia de que os dois nunca conseguiriam se tratar como amigos na frente dos outros. Nem mesmo com Astrid ao seu lado. E a loira ria escandalosamente de sua cara desde que entraram no carro.

–Sério, Jack tinha um chupão enorme na nuca que eu tinha certeza não estar lá antes. E suas roupas? Estavam amarrotadas e os dois estavam suados. Vocês poderiam ser mais discretos, Hiccup. – Ela lhe deu um soco, mas não parou de rir um segundo. Astrid afirmou que sempre soubera ser Jack. O moreno tinha um jeito todo especial de falar do garoto mais novo, e uma forma tão doce que ela chegava a ficar com diabetes.

Mesmo, somente um idiota para não reparar que ambos se amavam.

Astrid saiu do carro ainda entre gargalhadas e abriu a porta da casa de ambos. As sandálias estavam em sua mão esquerda e ela deixou sua bolsa na mesa da sala, ligando todas as luzes enquanto entravam. Hiccup jogou-se no sofá e respirou fundo, tentando ignorar a amiga/esposa.

Tirou o celular do bolso e sorriu com a mensagem. Jack reclamava que sua madrasta estava declarando-se oficialmente HiJack. Ele quase riu ao ouvir aquilo, depois do mais novo lhe explicar o que significava.

Caminhou até o quarto de sua esposa, já que possuíam quartos separados, e sentou-se ao lado dela, que já estava de pijama e um livro em mãos.

–Você tem certeza, Hic? – Ela tinha um sorriso, mas não o encarava. Conversaram isso durante a volta, no carro. Ela oferecera várias vezes e ele declinara o pedido por medo. Era hora de pararem com a mentira.

–Sim, Astrid. – Ele viu a amiga sorrir ainda mais, concordando.

–Vocês formam um belo casal. – Ela parou por uns segundos, baixando o livro e ficando séria. – Hic, você ainda é virgem? – Hiccup corou horrivelmente e levantou-se da cama, xingando Astrid por sua maldita intromissão em sua vida íntima. Ela gargalhou novamente, tendo a certeza que o mais novo nunca fora o ativo naquela relação.

Ela ia zoar muito eles ainda.


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Notas finais do capítulo

Então, o próximo é realmente o último *-* Eu adoro essa música do Jota Quest.
Então, até amanhã :D