Vivendo uma canção escrita por Dessa_Soliman


Capítulo 11
Back to Black - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Décimo primeiro dia do desafio de songfic. Back to Black, da Amy Winehouse. Eu devo admitir que esse capítulo foi trabalhoso.

OBS nas notas finais :D



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Jack se odiava. Ele odiava ser tão fraco e tão submisso aos seus desejos. Serviu-se de mais uma taça de vinho e se jogou contra o encosto do sofá, sorvendo o líquido com vontade. A taça nunca durava mais que alguns segundos e sabia que logo estaria tomando direto do bico.

Como ele se odiava.

Jogou a taça contra a parede quando se lembrou do moreno de braços dados com a loira. O tinto do vinho manchou sua parede verde clara. Talvez ele devesse mudar os tons da parede de sua sala, também.

Pegou a garrafa e ligou o som, em um tom alto o suficiente para que os vizinhos não fossem incomodá-lo, mas baixo a ponto de ainda escutar seus pensamentos. Bebeu um longo gole direto do bico e encarou as garrafas que ainda tinha em sua pequena adega. Havia em seu bar pessoal uma boa variedade de bebidas, mas ele admitia que somente bebia vinho, por ser sua preferida.

Pelo menos ele se daria o luxo de ter algo que gostava somente para si.

Pegou a próxima garrafa e a abriu, permitindo que o vinho arejasse enquanto terminava de beber aquela que ainda estava em sua mão. Caminhou sobre os cacos, ouvindo-os estalar sob seus sapatos.

Talvez devesse limpar aquilo. Depois, aquele não era o momento para se preocupar com a bagunça.

Novamente a imagem do amante pulou em frente aos seus olhos e Jack permitiu-se sentar-se no sofá, chorando calmamente. Era quase como se não sentisse as lágrimas, apesar de saber que elas estavam lá.

Ninguém mandou ser estúpido o suficiente para apaixonar-se por seu amante que, pasmem, era casado.

Terminou sua garrafa, lembrando-se da loira em frente a vitrine qualquer de uma loja, no shopping, enquanto Hiccup dirigia o olhar para si. Um encontro não programado e completamente indesejável.

Jack era feliz naquele mundinho que ele criara com Hiccup, ele não precisava vê-lo com sua mulher. Não precisava ter seu mundo ruindo.

Pegou a próxima garrafa e dirigiu-se ao quarto. Ele dormiria, e sonharia com o amante, tinha certeza.

...

Hiccup entrou calmamente no apartamento. Carregava uma sacola com coisas para o café, porque sabia que o outro tinha o péssimo hábito de deixar sua geladeira quase vazia. Ao contrário do pequeno bar que ele possuía em um canto da sala. Aquele possuía coleções inestimáveis, e que ele tinha certeza que nunca seriam bebidas.

Jack bebia somente vinhos. Ele gostava e tinha uma paixão especialpela bebida específica. Seus preferidos, tintos e envelhecidos em carvalho, mas não tanto que deixassem o vinho com gosto puro de madeira, tão tânico que nunca conseguiria engoli-lo. Ele gostava do equilíbrio. O preferido de Jack era um arinarnoa envelhecido um ano e meio em barrica.

Aquela mesma garrafa aberta sobre o balcão do pequeno bar.

Hiccup deixou as compras no balcão que separava a cozinha da sala e suspirou. A parede de Jack tinha uma mancha enorme e escura, parecida com sangue, mas que, ao ver os cacos no chão, soube imediatamente que o outro estava estressado.

Magoado, na verdade.

Ele não pode evitar de suspirar novamente, coçando a cabeça com a mão direita enquanto a esquerda permanecia na cintura. Ele gostava de Jack, muito, mas as crises de ciúme do moreno eram sempre violentas. De alguma forma, o amante sempre acabava se machucando. E ele tentava negar, de todas as formas, mas que não conseguia esconder de Hiccup.

Era estranho como Hiccup conhecia mais seu amante que sua mulher.

Pegou o que deveria para limpar a sala e pôs a mão na massa, sabendo que Jack não acordaria tão cedo. Se ele conhecia o amante, e ele conhecia muito bem, o outro estava com uma puta ressaca e não levantaria por conta própria da cama. Ao terminar, deixou as coisas na pequena lavanderia do apartamento, no canto da cozinha, e voltou para a mesma, preparando algumas panquecas. Seria mais um almoço que um café da manhã, mas os dois gostavam daquela maneira.

Hiccup lavou as mãos e desajeitou os cabelos, pegando uma garrafa d’água na geladeira, tirando parte dela e enchendo-a novamente com água a temperatura ambiente. Sacudiu um pouco a garrafa e pegou um comprimido para dor de cabeça no armário da cozinha, onde sabia que Jack deixava a caixa de remédios.

Caminhou até o quarto e, calmamente, abriu um pouco da janela e das cortinas, permitindo que a luz do sol entrasse no quarto. Chamou por Jack e viu-o encolher-se mais sobre as colchas fofas, escondendo-se de tudo.

–Maldito dia que lhe dei minhas chaves. – Ele murmurou, rouco, e Hiccup soltou uma gargalhada gostosa.

Jack, em qualquer outro momento, acharia a risada de Hiccup maravilhosa. Em qualquer outro momento. Naquele, ele somente gostaria que o mundo acabasse em silêncio e escuridão. Sua cabeça latejava muito. Talvez ele devesse ter tomado uma garrafa a menos.

–Eu lhe trouxe um comprimido.

Ele quase sorriu. Hiccup o conhecia tanto que chegava a ser irônico. Sentou-se na cama, lentamente, sentindo a tontura da ressaca, que fazia seu estômago levemente contrair-se. Não era nada comparado a uma ressaca de uísque, mas, definitivamente, não era igualmente agradável.

–Obrigado. – Murmurou com o comprimido já entre os lábios, enquanto roubava a garrafa da mão do amante e bebia a água longamente. Ele ficava com tanta sede no dia seguinte que poderia beber uma nascente só para ter uma leve saciedade. – Pensei que era final de semana com sua mulher.

Falara de forma tão inconsciente que quase não parecia que tinham se topado no shopping na tarde anterior. Hiccup sentiu-se constrangido, coisa que nunca aconteceria caso fosse Astrid ali. Ele gostava mais da esposa como amiga do que como sua companheira. Aquele casamento arranjado fora a pior escolha da sua vida.

Mas, na época, não existia Jack.

–Não. Um acampamento com os alunos escoteiros dela, ou algo assim. – Jack assentiu. Ambos ficaram em silêncio depois daquele comentário. Um silêncio pesado, e não daqueles que o outro desejava.

Hic aproximou-se de Jack e beijou-lhe a testa, carinhosamente. Ele não se lembrava de um dia ter tido tanto cuidado com a esposa. Aquilo fazia seu estômago embrulhar, o pensamento de que gostava mais do amante que de Astrid. O que era verdade e ele não negava mesmo.

Não é como se ela não soubesse, de qualquer forma.

–Eu vou tomar um banho. – Jack levantou-se, desajeitadamente, rumando para a porta em seu quarto que dava para seu banheiro. Hiccup acompanhou-o com o olhar, antes de suspirar. Levantou-se da cama e ajeitou-a, abrindo de vez a janela para ventilar o aposento.

–Eu fiz um pequeno almoço, se apresse. – Ele não se atreveu a entrar no banheiro, dando o tempo necessário para Jack remoer suas mágoas e recompor-se.

Hiccup sentou-se novamente sobre a cama, esperando que o amante saísse para poderem almoçar. Sabia que ele ainda estava magoado. A dor era quase palpável e exalava de Jack como uma aura. Ele sentia-se mal por fazer o outro sofrer.

Imaginou o que teria de fazer para que o outro esquecesse o encontro indesejado do dia passado, e teve alguns momentos bem clichês e românticos em mente. Talvez uma tarde de filmes açucarados, ou infantis, como Jack gostava, fossem resolver parte do problema.

Jack saiu do banheiro, tirando Hiccup de seus pensamentos. O outro caminhou até ele e sentou-se sobre seu colo, prendendo-o entre suas pernas e deixando a toalha cair, ficando nu sobre o mais velho. Imediatamente sentiu seu membro pulsar. A visão do mais novo era uma verdadeira tentação da luxúria.

–E se você for meu almoço? – Um sorriso, e ambos beijavam-se com desejo.


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Notas finais do capítulo

Hm, então... Hey, tenho novidades.
Essa foi a primeira parte. Vou escrever uma sequência de três capítulos, provavelmente, porque eu gostei muito do tema desse em específico.
É sério, se eu fosse por tudo que tinha em mente, ia ser um capítulo muito longo para o desafio. Então decidi fazer uma sequência, e as próximas música serão ideais para isso *-*
Espero que vocês não achem muito estranho.
E espero que gostem, assim como eu já estou gostando dessa ideia.
Beijos, até amanhã.



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