Alice respirou fundo e espirrou perfume na base do pescoço. Sorriu para o espelho, ansiosa.

O primeiro encontro de verdade com Luke era animador. Mas quem beija antes do primeiro encontro?

Alisou o vestido, que terminava alguns dedos acima do joelho e tinha mangas curtas. Ela não sabia do que ele gostava ou não, e isso a deixou insegura. Será que ele gostaria do vestido?

– Onde vai, Alice? – Ellis perguntou, batendo na porta.

Alice engoliu em seco, sem saber o que dizer. Mentiria ou não?

– Estou indo ao cinema, mãe – falou, procurando terminar de se arrumar o mais rápido possível. Às oito, Luke disse que apareceria.

– Hm, está bem.

Isso!

Calçando as sapatilhas, Alice deu uma última olhada para o seu reflexo antes de sair do banheiro.

– Quem empesteou a casa inteira com esse cheiro? – resmungou Nicholas, o som vindo do quarto.

Alice riu, lembrando que o pai sempre reclamava quando ela passava perfume.

Ela ajoelhou sobre o sofá e abriu uma fresta nas cortinas, querendo ver se ele já chegara. Como resposta, viu uma van branca estacionada na frente da calçada.

Alice fechou a porta sem fazer barulho, e andou até o carro. Ao abrir a porta, deu com um Luke sorridente no banco do motorista.

– Carro legal – disse ela, sentando-se no lugar do carona.

– Ah, feche a porta e pare de tirar com a minha cara – ele resmungou, ainda sorrindo. Parecia tão animado quanto Alice.

Luke acelerou e dirigiu-se para o cinema. Alice ficou feliz ao constatar que não era dentro de um shopping, e sim um cinema independente.

– Eu pago a pipoca – Luke murmurou, enfiando a mão no bolso para pegar a carteira.

Alice colocou a mão sobre o braço dele.

– Não, Luke – disse. – Não precisa.

– Eu insisto.

– Você me comprou uma prancha – argumentou ela. – Já está de bom tamanho.

Ele sorriu e deixou-a pagar. Alice não queria que ele pagasse porque estava com vergonha e porque ele realmente lhe dera um presente incrível. Ela queria se redimir.

– Vamos nos sentar nas últimas poltronas – disse ele. – Aqueles garotos jogam pipoca na cabeça das pessoas.

Alice riu, concordando com Luke. Eles se sentaram, e conversaram durante os trailers. Tinham coisas em comum, e discordavam em alguns pontos. Alice gostava da companhia dele.

– Esse filme é engraçado – Luke falou, antes de começar.

– Como você sabe? – ela ergueu uma sobrancelha.

– Eu já assisti – respondeu ele como se fosse óbvio.

Alice colocou as mãos na cintura, franzindo a testa.

– E por que estamos aqui, afinal?

– Achei que você fosse gostar.

Alice sorriu, respondendo ao sorriso adorável de Luke.

Quando o filme começou, ela viu que era realmente engraçado. Os outros garotos que ela conhecia certamente teriam escolhido um filme de romance, para que ficassem se beijando em vez de assistir. E Luke escolheu algo que achou que ela fosse gostar.

Quando infelizmente acabou, eles saíram do cinema. Dez e pouco da noite, Alice não estava preocupada com o horário e imaginava que Luke também não tivesse esse tipo de problema.

– Mas e aí – ela começou a conversar, no carro. – Como são seus pais?

Ela observou-o engolir em seco antes de responder.

– Meu pai foi embora há muito tempo – começou, tomando o cuidado de não olhar para Alice. – Minha mãe é um pouco desligada, mas é legal. Ela namora um cara idiota que agora mora na minha casa.

– A filha dele também mora lá? – Alice perguntou, lembrando-se da garota loira que a incomodara.

– Infelizmente ela mora no meu quarto – respondeu Luke, e Alice soltou uma gargalhada.

– Sinto muito por você – disse ela, ainda rindo da cara mal-humorada dele.

Luke esboçou um sorriso, parando no sinal vermelho.

– Mas e você? Como é a sua família?

Ela pensou um pouco.

– Você conhece Jack. Ele me irrita às vezes, mas normalmente a gente se dá bem. Meu pai também é tranquilo, ele não mexe muito comigo. Talvez seja um pouco rígido às vezes.

Luke assentiu, fazendo sinal para que ela continuasse.

– Minha mãe é um problema à parte. Ela quer decidir sobre a minha vida amorosa, acadêmica e tudo o mais em que puder opinar. Foi ela quem me empurrou para cima de Alex.

– Está brincando! – Luke riu.

Alice notou que ele estacionara na frente da casa dela.

– Hm, boa noite – disse, pousando a mão sobre a porta para abri-la.

Luke segurou a lateral do rosto dela e puxou de leve. Em vez de um beijo na bochecha, ele a beijou de verdade. E foi um daqueles beijos que deixam o primeiro encontro na memória para sempre.

Quando se separaram, Alice suspirou.

– Boa noite, Alice – Luke falou, sorrindo e observando-a sair da van.

Alice enfiou a cabeça pela janela e disse novamente, depois de fechar a porta.

– Boa noite, Luke.

Ela entrou em casa e escutou, lá dentro, o barulho do carro partindo.