Nascida nas Sombras escrita por Bruna Ribeiro


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oi, como estão? Espero que gostem.



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CAPÍTULO UM - OLÁ, FLORENCE.

–Seu aniversário está chegando, amiga. Ansiosa? Nervosa? Como está?

Como Florence estava?

Ela achava que bem. Estava nervosa e ansiosa com o aniversário no final de semana, claro, mas outra coisa a deixava inquieta. Sua marca de nascença estava incomodando-a desde a semana passada. Ficava pinicando e parecia maior a cada dia, só fazendo com que a garota a odiasse ainda mais. Quando falou com a mãe sobre isso, ela pareceu ficar desconfortável, mas disse que tudo estava bem e que isso era normal. Bem, a vida de Florence não estava algo como normal esses dias. Ela, a algum tempo, para piorar, andava sonhando com um homem alto, de cabelos castanhos e olhos azuis que repetia alguma coisa em meio a escuridão que Florence não entendia. E também não pretendia entender, por isso manteve o sonho apenas em seu pensamento.

–Ei, Florence, minha querida, o que houve? – a melhor amiga dela desde a quarta série, Vivian, balançava a mão em seu frente. Mesmo distante e totalmente fútil, Florence gostava de Vivian – Se perdeu em seus pensamentos foi? – a garota não respondeu, apenas ficou olhando para a amiga em sua frente. Vivian tinha cabelos pretos e curtos, na altura do queixo, usava roupas apertadas e tinha algumas sardas perto dos olhos verdes – Como está os preparativos para a festa? Nem acredito que já é esse final de semana.

–Nem eu – Florence apenas disse.

–Cara, você vai fazer 16 anos, está quase uma adulta.

Florence, desde que entrou na adolescência, sonhava com o dia em que se tornaria adulta, mas aquilo era exagero. Ela ia apenas fazer 16 anos. Só isso. Tudo bem, era demais, super legal, mas ainda não era uma adulta.

–Mais ou menos. – ela disse a amiga.

–Florence, quem você convidou?

–Todos os nossos amigos.

–Inclusive o Felipe?

–Sim, inclusive. – ela confirmou. Felipe era um garoto tão burro quanto uma porta e tão gato quanto um dos mocinhos de comédias românticas, da roda de amigos delas, e por quem Vivian tinha uma queda.

–Ah, mal posso esperar, vai ser perfeito – ela deu algumas palminhas no meio do corredor, enquanto caminhavam para a próxima aula – E sua mãe? Continua com a história de não querer a festa?

–De vez em quando ela solta umas indiretas sobre a festa, mas Paul a controla.

–Seu pai é tão legal.

–Paul não é meu pai, é meu padrasto.

–É a mesma coisa. – Vivian deu de ombros e voltou a falar coisas como que vestido iria usar no dia. Talvez para Vivian, uma garota com pais casados e gentis, realmente parecesse a mesma coisa, mas para Florence, com um pai morto, não era. Quando a garota olhava para Paul, ficava feliz em vê-lo com a mãe, mas ao mesmo tempo se perguntava como seria se o pai estivesse em seu lugar. Ela nunca nem vira a imagem do pai. A mãe queimou tudo quando ele morreu. As fotos, as cartas, as roupas. Florence nem sabia que tipo de perfume ele usava.

As novidades daquele dia se resumiram em Vivian contando a todos sobre a festa no sábado e mesmo que Florence tentasse se encaixar na conversa, seu ânimo não permitia que fosse nem de longe o que era antes.

–Você está calada, baby – Peter, seu namorado, comentou e jogou os braços envolta de seu ombro, enquanto caminhava com ela até a entrada da escola, ao final do dia escolar – Não está animada com sua festa?

–Estou, só acordei um pouco baixo astral.

–Deveria ir no salão de beleza, as mulheres sempre se animam lá.

Florence odiava salões de beleza, porque não suportava as conversas sobre a vida dos outros ou os risos sem motivo ou qualquer coisa assim, mas ela também não esperava que Peter lembrasse desse fato. Olhando para o garoto naquele momento, ela percebeu que ele era apenas mais um idiota do time de futebol da escola. Ela não estava apaixonada por ele, por isso não era nenhuma novidade sua percepção. Seu namoro era apenas ''profissional''. Ela queria os benefícios que viriam com ele - Deve ter razão – mentiu.

–Sempre tenho, baby – ele encostou os lábios no dela por apenas um segundo e a deixou na frente da renomada escola de Lewis. – Amo você. – ele gritou.

Ela revirou os olhos, sem que ele percebesse.

Como alguém podia amar outra pessoa em menos de dois meses de namoro? Quantas vezes ele teria falado isso para outras garotas populares em sua escola?

Nunca tinha se importado muito com isso, mas estava começando e isso era estranho.

Florence não sabia o que tinha acontecido com ela essa manhã, só sabia que estava diferente.

...

–Paul! Paul! – ela gritou e se jogou em cima de um homem, com cabelos claros e olhos escuros, sentado no sofá de sua casa – Diga a mamãe que eu preciso ir ao médico. Essa marca está crescendo muito, muito, muito rápido. Isso não pode ser normal.

–Querida – ele disse, enquanto acariciava seus cabelos – Essa marca lembra vagamente o desenho, meio abstrato, de uma Lua, porque não pode fingir que é uma tatuagem?

–Porque eu nunca desenharia uma Lua no meu braço e porque tatuagens são legais e isso aqui não é. Fala com a mamãe.

–Pode esquecer – a mãe entrou na casa, enquanto prendia o cabelo preto em um rabo-de-cavalo – Eu já disse que não é necessário, você só irá fazer eu perder tempo.

–Querida, está tudo bem – Paul continuou – Depois do seu aniversário podemos levar você.

–Se eu morrer é culpa de vocês – avisou Florence.

–Você só quer ir tanto ao médico, porque acha que pode haver um jeito de tirar essa marca de você. Mas saiba, não tem. – a mãe rebateu.

–Sempre tão pessimista, Leila Willis, como é minha mãe mesmo?

–Não me faça explicar.

–Oh, Deus, que nojo.

–Mas eu não disse nada.

–A-hã, sei – Florence se levantou do sofá e caminhou até a escada; antes de subir, se virou para a mãe e continuou – Meu aniversário está chegando e eu vou estar lá em cima, resolvendo algumas coisas.

–Ainda acho isso uma perda de dinheiro – a mãe disse, já com a cabeça nos ombros de Paul – Não há necessidade.

–Nem comece, não há nada e nem ninguém que me impedirá de ter esse aniversário. É meu sonho desde muito tempo e eu vou tê-lo.

Florence subiu as escadas rapidamente antes que a mãe pudesse falar mais alguma desculpa. A garota não conseguia entender o porquê da mãe agir daquele jeito em relação ao aniversário. Todas as mães de todas as suas amigas esperavam ansiosas por esse dia, mas a sua não parecia.

Florence, assim que chegou em seu quarto, se jogou na cama.

Sua grande e roxa cama, confortável e acolhedora.

Seus pensamentos variavam entre a festa e seus amigos, entre as coisas que estava acostumada a pensar. Os comportamentos da mãe ou até mesmo o pai, seja ele como for. Gradativamente, ela fechou os olhos e dormiu com o silêncio como trilha sonora.

O quarto estava escuro e era quase claustrofóbico, como sempre era.

Florence, como todas as vezes, não conseguia falar nada e apenas permanecia congelada em seu lugar. Não reconhecia nada e isso já aterrorizava-a. Não demorou mais do que alguns segundos, para um homem envolto de sombras se aproximar. Seus olhso azuis brilhavam contra o negro do lugar. Ele ficou na frente de um pequeno freche de luz que saia de algum canto e ela percebeu melhor seu rosto repleto de angústia.

Ele parecia ter a mesma idade de Paul e começou a falar coisas que a garota não entendia. Bem, ele começou só a mexer a boca, porque nenhum som saia dela.

Florence tentava gritar, tentava mandar ele parar de falar, mas ela não conseguia e a imagem dele ficou em sua cabeça até mesmo quando acordou.

–Isso é só um pesadelo – ela tocou em sua testa cheia de suor e olhou para a janela. Quando se aproximou e olhou através do vidro percebeu que já era noite e que a Lua estava em seu ponto máximo no céu, que tinha poucas estrelas. E enquanto Florence observava aquela paisagem de tirar o fôlego, começava, mais uma vez, a coçar a Marca que continuava a incomodar.

Ah, como odiava aquela Marca horrorosa. Sempre odiou, na verdade.

Desde quando era bem pequena, mais ou menos 7 anos, e uma garota começou a rir dela por causa da manchinha em sua pele. Quanto mais Florence falava que isso era apenas de nascença, mais a garota ria. Desde ai, ela nunca mostrou mais a marca e queria tirá-la a todo o custo. Ela tinha medo de risos as suas custas e a marca já tinha lhe proporcionado isso.

–Ah, como eu quero que isso passe de uma vez – ela disse para si mesma e depois voltou para a cama novamente.

Ela não sonhou mais com o homem, em compensação a marca continuou a coçar, quase como um aviso.

Mas ela ignorou.


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Notas finais do capítulo

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