POV Austin

Essa era uma das únicas vezes que eu estava feliz por ser segunda-feira. Isso se deve ao fato que o dia anterior foi maravilhoso, principalmente o final da tarde. Depois que Ally entrou em sua casa no dia anterior, eu agradeci todos os segundos seguintes por tê-la encontrado logo em seu aniversário.

Nós estávamos em algo enrolado que por enquanto eu não sabia nomear, mas sabia que queria vê-la novamente. Foi por isso que pulei da cama já com um sorriso no rosto. Me arrumei rapidamente e vi meus pais tomando café. Ethan provavelmente ainda dormia.

Só percebi que eu estava realmente sorrindo quando meus pais me olharam seriamente.

– E esse sorriso, qual o motivo? – minha mãe perguntou tentando se mostrar indiferente. Foi então que eu imaginei que suas reações não seriam nada boas se soubessem a verdadeira resposta, mas não tinha como negar a pergunta seguinte:

– Alguma garota? – meu pai perguntou.

– Aham – murmurei sem saber como negar. Meus pais nunca aceitaram muito bem qualquer garota envolvida comigo e por saber muito bem disso não me assustei com o que disseram em seguida.

– Austin pode parecer chato, mas não quero você se envolvendo com tantas garotas como fazia – Mike falou seriamente e eu suspirei. Eu nunca fui do estilo capitão do time, mas eu não tinha a menor culpa se meu jeito fazia sucesso com as garotas de Jacksonville.

– Você está precisando se concentrar nos estudos em vez de criar a fama de pegador em Miami – minha mãe avisou.

Mas, o pior de tudo é que isso não era por qualquer garota, era por Ally e eu duvidava que eles entenderiam isso.

– E estamos falando sério, não queremos você com qualquer garota que seja – minha mãe acrescentou antes de me dar a possibilidade de falar.

Eu não entendia isso. Eu podia até ter essa fama de pegador mesmo, mas também já tive alguns namoros sérios, mesmo que poucos. Afinal, se fosse muitos não seria tão sério assim.

– Tudo bem – resmunguei pegando minha bolsa e murmurei uma despedida rápida.

Mas, se eu cumpriria isso, é algo que não estava incluído em minha resposta. Na verdade, eu não me envolveria com várias garotas, eu me envolveria com uma única. E desconfio que já estava envolvido a um bom tempo.

Mesmo decidindo que isso não mudaria a decisão que tomei, foi impossível não pensar nas palavras dos dois durante todo o caminho. Quando me dei conta já estava na escola. Suspirei. Ao que parece qualquer assunto que envolvia Ally me fazia mudar de humor bruscamente.

Saí do carro e apenas me encostei nele. Eu não sabia quanto tempo passei ali, mas só fui realmente prestar atenção em algo quando vi o carro de Dez estacionando um pouco longe do meu.

Comecei a andar até lá e sorri ao ver Ally descer. Aquela garota me deixava bobo e eu não pensei antes de demonstrar carinho por ela na frente de todas aquelas pessoas, eu não me importava.

Ally estava virada e eu cheguei por trás, vendo o sorriso nada disfarçado de Kira. Coloquei meus braços na cintura de Ally e ri de seu susto.

– Bom dia – falei sorrindo para todos e Ally me deu um tapa.

– Bom dia, seu maluco – reclamou fazendo todos nós rir. Sem dúvidas, uma garota muito delicada. E eu nunca me afastaria dessa garota delicada por causa de uma coisa idiota que meus pais pensam.

Durante o resto da manhã tentei esquecer tudo o que meus pais disseram, fiquei normal com Ally, pelo menos eu acho já que ela não perguntou sobre nada. E claro que Dez, e as outras não perdiam tempo para provocar o que eu e Ally tínhamos. Dez se fingia de ciumento enquanto Kira via malícia em tudo. A vida em Miami não poderia estar tomando um rumo melhor com essas pessoas.

Percebi durante a manhã, que Ally era uma garota que chamava atenção por tudo que fazia no colégio. Toda vez que eu ameaçava colocar o braço em volta de sua cintura tinha uns bons pares de olhos virados para nós. Eu não me incomodava muito com isso, mas Ally era ao contrário. Ao mesmo tempo que parecia se irritar com isso, mostrava não se importar com a atenção.

A manhã passou rapidamente, logo já estávamos novamente naquele estacionamento, dessa vez nos despedindo.

– Nos vemos hoje? – Ally perguntou com um pequeno sorriso.

Pensando em uma resposta olhei para um grupinho de garotas que nos observavam e desviaram os olhares quando perceberam que eu havia visto.

A possibilidade de meus pais me verem com Ally não era muito boa e eu odiava admitir isso.

– Não tenho certeza. Vou trabalhar hoje, depende da loja – dei ombros e ela assentiu.

Beijei Ally rapidamente, pois logo ouvi os gritos de Kira, Dez e Trish. Ally riu e se despediu de mim indo em direção aos amigos em seguida antes que fosse puxada dali.

Meus pais me deram todo tipo de trabalho possível, desconfio que para que eu não tivesse nem tempo de pensar em qualquer garota que fosse. Esse trabalho era cuidar de Ethan, ou seja, terrível. O garoto é um pouco diferente de mim, pois não para por um segundo. Só que a outra diferença é que esse “parar” é de falar.

Ethan é proibido de fazer atividades físicas extensas por ter asma. Seu problema não é muito grave, acontece às vezes pela parte da noite e também quando faz esforços muito intensos. Isso não interferia muito em sua infância e eu era um dos que mais cuidava para que isso não acontecesse.

– Ethan eu posso terminar de ler? – pedi interrompendo o garoto em suas observações sobre minha leitura.

Era isso que eu fazia para ele muitas das vezes. Ethan ainda tinha quatro anos, por isso era muito poucas as palavras que sabia ler.

O garoto assentiu eufórico e fui isso que eu fiz. Enquanto fazia isso o dia em que Ally e eu cuidamos de tantas crianças juntos. Pode ter sido há pouco tempo, mas eu já sentia falta daquilo.

Tentei não me distrair mais enquanto lia e Ally era exclusivamente a única culpada. E isso era uma droga, pois meus pais podiam me “proibir” de vê-la, mas não de pensar nela.

– Mais um? – Ethan me olhou arregalando seus olhos azuis como se quisesse me convencer daquela maneira. Suspirei e ele sorriu.

Concordei e Ethan pulou indo pegar um livro qualquer. Eu deveria gravar isso para Ally e mostrar que sou realmente ótimo com crianças.

No entanto, antes, eu deveria parar de pensar tanto nela.