POV Ally

Acordei no dia seguinte com o despertador, normal. O resto da manhã foi normal. Dez fazendo brincadeiras, Kira falando de um garoto, Trish reclamando de todos. E Austin sendo Austin.

Tudo isso até me fez esquecer de algo diferente, mas que durou até eu chegar em casa. Matt era essa mudança. Era diferente chegar em casa e ver mais uma pessoa naquela casa, vê-lo ajudar a fazer o almoço antes mesmo de eu estar em casa. Não era difícil ver que ele já estava se esforçando para ajudar. Eu gostei disso.

– Oi – falei entrando na cozinha vendo Lester e Matt colocando algumas coisas na mesa.

Matt deu um pequeno sorriso torto como se não soubesse o que falar.

– Como foi a aula? – nosso pai perguntou.

– Totalmente normal – falei dando ombros e ele riu. – E vocês? – perguntei me sentando.

Percebi o quanto os dois se davam bem simplesmente pelo jeito que agiam, é como se tivessem convivido há anos.

– Passamos a manhã na loja – Lester que respondeu.

– É uma loja bem legal – Matt disse sincero e nosso pai sorriu.

– Posso ficar nela hoje de tarde se vocês quiserem sair – falei e os dois sentaram ao meu lado.

Lester provavelmente não estava muito feliz com a ideia de que eu não sairia com eles, mas acabou aceitando. Durante o almoço foi praticamente apenas Lester falando, eu e Matt fazíamos a mesma coisa, que era responder apenas as vezes.

Nosso pai não escondia a animação por ter nós dois ali e Matt deve ter percebido o mesmo que eu pois riu várias vezes dele.

No final eu fiquei com a parte de arrumar tudo e depois abrir a loja. Matt se ofereceu para me ajudar mais uma vez. As conversas sempre paravam nisso, ao menos já era um começo bom.

Assim que abri a loja Felipe chegou também para me ajudar com a loja.

– Fiquei sabendo sobre seu irmão. Está tudo bem com você? – Felipe perguntou me analisando.

– Está sim. Tudo estranho, mas sim – respondi sorrindo.

– Pelo menos agora não é única – lembrou.

– Descobri isso meio de repente – dei ombros e ele sorriu.

– Oi –alguém disse já ao nosso lado me fazendo pular pelo susto.

– Que susto – exclamei e vi Austin me olhar seriamente. Claro que tinha que ser ele a dar um susto.

– Quantas vezes você já fez isso? – reclamei e Austin permaneceu sério.

– Oi Austin. Vou subir – Felipe disse rapidamente e nem esperou uma resposta.

– Assustou o garoto – observei e só agora Austin sorriu minimamente.

– Não fiz absolutamente nada – se defendeu e eu revirei os olhos. – Seu pai e nem irmão estão aqui? – ele perguntou olhando em volta.

– Não, os dois saíram juntos – expliquei e mesmo querendo perguntar algo, Austin não o fez. – Nós nos vimos esta manhã – lembrei divertida.

– Sim, eu sei. Mas pensei que nós poderíamos pensar na parte de escrever músicas hoje – ele lembrou.

– Verdade, acho que podemos fazer isso – concordei.

– Antes... – ele começou.

Austin me beijou de repente e sorriu.

– E como foi com seu irmão? – lembrou.

– Estranho. Nos falamos poucas vezes – dei ombros.

– Logo tudo estará normal – ele prometeu. – Saudades de escrever músicas? – perguntou me observando pegar meu caderno.

– Muito. Mas você irá me ajudar – avisei e ele concordou.

– Talvez com a parte da letra eu seja ruim – Austin argumentou mesmo sabendo que não era bem assim.

– Veremos – falei.

– Suas músicas me ajudarão muito com a carreira que quero começar. Todos estão me apoiando e eu quero muito isso – Austin disse e eu sorri.

– Sem dúvidas logo estará fazendo seus próprios shows. E fico feliz que comece fazendo vídeos com músicas que compomos – falei sinceramente.

– Então vamos começar? Porque a parte de gravar vai ser com outra pessoa.

– Dez – adivinhei e ele riu concordando.

*****

– Essa música precisa estar mais rápida – Austin reclamou pela milésima vez.

– Acho que está bom – discordei e Austin bufou. – Tudo bem, vamos ver – falei e mudei algumas coisas em nossa música.

Austin a ouviu novamente e sorriu.

– Prefiro assim – disse me fazendo revirar os olhos.

– O que eu não faço por você? Perdi a conta de quantas vezes já mudei essa música – falei e Austin apenas riu.

Ele beijou minha testa e me abraçou de lado já que estávamos na frente do piano.

– Obrigado. Admita nossa música ficou demais - disse me empurrando.

– Valeu a pena usar toda a tarde – concordei. – Mesmo com toda a história de irmão surpresa, estou feliz por você querer uma carreira – falei sincera.

– Então o que acha de ir comigo gravar esse vídeo?

– Hoje? – perguntei surpresa.

– Sim, senão Dez me mata. Ele está quase mais animado que eu – Austin riu.

– E onde irão gravar?

– Acho que em parque qualquer, ou na praia – disse em dúvida.

– Então pergunte isso para Dez enquanto peço para Felipe fechar a porta depois – assim que falei isso Austin estreitou os olhos.

– Tudo bem – concordou mesmo não gostando muito e eu saí da sala rindo por isso.

*****

– Vocês têm certeza que escreveram isso? Não roubaram ou algo do tipo? – Dez perguntou seriamente. Até mesmo quando sério ele brincava.

– Temos muita certeza. Fomos nós que fizemos – falei firmemente.

Dez, Trish, Kira, Austin e eu estávamos sentados na praia e eles tinham acabado de ouvir a música pela primeira vez.

– Parabéns por ela, está maravilhosa – Kira comemorou e Trish concordou.

– Foi difícil escrevê-la – falei estreitando os olhos para Austin e ele apenas deu ombros.

– Vamos gravar – Dez disse com sua câmera na mão.

Dez realmente sabia gravar perfeitamente bem, além de também editar muito bem. Nós todos estávamos curiosos para ver o resultado mesmo sendo algo simples, mas Dez com certeza não nos deixaria ver tão cedo.

– Já tenho mais algumas coisas, vou escrever um pouco e depois você muda o que quiser – disse assim que Austin parou seu carro na frente da minha casa.

– Suas letras sempre são perfeitas - o loiro argumentou e eu sorri.

– Obrigada. Mas não se engane você também escreve muito bem – retruquei.

– Discutimos isso depois, porque acho melhor você entrar. Agora também tem um irmão para me ameaçar – Austin disse e eu ri.

– Não acho que ele faria isso. Ele não gosta tanto de mim para isso – falei recebendo uma cara feia de Austin em troca.

– Não fale isso. Logo ele te dá uma chance – garantiu.

Nós nos beijamos algumas vezes e então entrei em casa. Lester e Matt estavam na sala e me olharam no mesmo segundo que pisei no local.

– Estava ajudando Austin a escrever uma música – expliquei sobre o olhar interrogativo de Lester.

– E como foi? – ele perguntou curioso.

– Bom. Austin gravou o vídeo tocando ela já – falei sorrindo.

– Você escreve? – Matt perguntou pela primeira vez demonstrando alguma curiosidade.

– Sim. Toco algumas coisas também – falei e Lester sorriu. – E você?

– Apenas violão e nem nisso me arrisco muito – Matt respondeu e eu sorri.

Nós não conversamos muito mais depois disso, mas apenas aquilo foi o suficiente para me deixar feliz. E para me fazer descobrir que o que Matt fazia era sim importante para mim.