Diário de Isabella King

19 de julho

Hoje meu pai me irritou mais que nunca. Eu acho que fui ingênua de acha que fingindo ser quem ele queria que eu fosse, as coisas iriam melhorar. Que ele iria me achar mais madura e me deixaria tomar minhas próprias decisões.

Eu achava que estava tudo malditamente bem. Eu comprava todas as roupas que ele queria que eu usasse. Ia a todas as festas e reuniões sociais que ele achava que eu devia ir.

Mas isto não era suficiente, claro.

Ele queria que eu namorasse um de seus cachorrinhos. Mas isto já era demais pra mim. Era mais do que eu poderia suportar. Eu até cheguei a achar Demetri um cara interessante, não nego. Ele parecia inteligente e engraçado. Não me pressionou logo que nos conhecemos me convidando para um encontro como Félix fez. Mas claro que sendo homem de confiança de meu pai, ele não poderia ser mais sem confiança.

Bastou uma piscada de olhos bem maquiados de minha querida prima para ele achar que poderia cair na cama dela em um dia e me dar flores no outro.

Obviamente, ele achava que eu não ia descobrir. Mal sabia ele que Gianna fez questão de me contar até os detalhes sórdidos. Era isto que a divertia. A possibilidade de me passar a perna. De conseguir algo primeiro que eu. Ela não perdeu tempo em me abordar na beira da piscina para contar suas novidades, muito satisfeita consigo mesma. Eu apenas me limitei a lhe lançar um olhar de nojo e perguntar se ela não cansava de ser tão vadia. O que ela riu e disse que eu a estava insultando porque tinha ciúme afinal “eu era a rica, mas ela era a mais bonita. Os homens sempre iam preferir ela”. Ok, isto me irritou, mesmo sabendo que ela era uma vaca invejosa, ela ainda conseguia me tirar do sério às vezes com suas verdades. Claro que eu sabia que ela era linda. Eu não era cega. E o fato dela ser vadia e seduzir todos os homens que demonstravam algum interesse em mim, me provando quase cientificamente que eles só estavam mesmo interessados no meu dinheiro, não diminuía a minha raiva com aquela situação.

Então Demetri continuou me cercando, mas agora eu já não tinha nenhuma ilusão. Ele e Félix queriam apenas serem os donos da fortuna King.

Claro que meu pai percebeu que nenhum dos dois estava indo a lugar algum e começou a me pressionar. E hoje acho que ele chegou ao seu limite, quando me encontrou lendo em meu quarto, quando eu deveria estar em uma chata partida de tênis com seus bichinhos amestrados.

Eu ainda sinto vontade de chorar quando lembro de como ele arrancou o livro da minha mão e o rasgou, espalhando os destroços pelo chão. E de todo o seu sermão por eu não ser uma King que se prese, que culminara com um “Você não entende que eu estou escolhendo o melhor futuro para você e nossas empresas! Demetri e Félix são ótimos e promissores rapazes. Você pode escolher qualquer um dos dois. Eu ainda te dou esta chance. Se não escolher, eu escolherei por você”

E assim, ele saiu batendo a porta.

E eu fiquei aqui chorando, enquanto catava as folhas do livro rasgado do chão.

20 de Julho

Eu me sinto animada.

É estranho como em um momento estamos nos achando tão sem saída e no outro algo extraordinário acontece e pronto: é como uma luz no fim do túnel. Um fio de esperança.

Quase me sinto elétrica, enquanto deixo a maquiadora fazer sua arte em meu rosto e a cabeleireira puxar meu cabelo. Algo que é sempre tão chato e irritante.

Mas hoje eu estou ansiosa para aquela festa. Pela primeira vez.

E isto porque eu encontrarei Edward Masen.

A primeira vez que eu ouvi falar dele foi num enfadonho chá da tarde organizando por uma das senhoras mais chatas e ricas da cidade. Mais um que meu pai me obrigou a ir. Era sempre a mesma coisa, sorrir e fingir interesse para os assuntos nada interessantes das senhoras da sociedade.

Mas em uma das mesas, uma moça espanhola começou a falar de sua mais nova aventura na cidade. Algo a ver com um garçom chamado Edward Masen que dormia com mulheres ricas em troca de dinheiro.

Naquele momento, mesmo a moça estando praticamente em êxtase ao contar muito empolgada sua aventura, enquanto uma loira que acho que se chamava Tanya Denalli perguntava se ela tinha o contato do tal garoto de programa, eu apenas revirei os olhos e sorri sarcasticamente para àquele bando de mulher solitária e falsa, que apesar de a maioria ser casadas, ainda preenchiam suas vidas vazias e fúteis com sexo pago. Era deprimente.

E eu tive medo de um dia ficar assim. Certamente, se eu seguisse os passos que meu pai queria pra mim, daqui alguns anos eu bem poderia ser uma daquelas mulheres, ricas e entediadas em busca de alguma aventura em troca de um punhado de dólares para algum rapaz jovem e bonito.

Mas nesta tarde, eu o conheci.

Eu estava fugindo do batalhão de beleza que viera me arrumar. Eu queria apenas continuar sozinha, lendo e ouvindo música, então, eu fugira para o jardim e vi um garçom fumando. Eu queria apenas pedir um cigarro. Fazia tempo que eu não fumava, desde a minha fuga na Europa, então eu me aproximei. Eu não prestei muita atenção nele, mas em certo momento percebi que ele estava prestando atenção em mim. Talvez estivesse apenas curioso, enquanto começava a puxa conversar. Será que sabia quem eu era? Não parecia. Isto em agradou. As pessoas sempre mudavam quando descobriam quem eu era. Eu odiava isto.

Mas aí ele estendera a mão e se apresentara.

Ah, então era este o tal garoto de programa que enlouquecia as senhoras da sociedade? Eu senti certo nojo, confesso. Certamente ele era mesmo tão bonito como a moça espanhola descrevera. Mas deveria ter um caráter muito baixo pra se prestar a este tipo de serviço. Eu rapidamente me afastara, agradecendo pelo cigarro.

Mas enquanto subia para o quarto, eu parei ao ouvir as vozes de Félix e Demetri vindas do escritório do meu pai. Eles estavam falando sobre mim. Algo que me deixou com mais nojo do que o trabalho nada ortodoxo de Edward Masen. “Você já conseguiu leva-la pra cama?” Félix perguntava e Demetri riu “levei a prima gostosa dela e acho que me ferrei” Felix riu alto “Claro, a linda Gianna ofereceu seus dotes a mim também, mas eu não sou tão idiota como você. Não vou comer um aperitivo, por mais gostoso que pareça e ficar sem o prato principal”. Demetri soltou um palavrão “Não pense que já ganhou. Eu ainda estou no páreo. É apenas uma questão de tempo”.

Eu subi correndo para meu quarto, sem poder ouvir mais.

Eu queria dizer a eles exatamente o que eu pensava de seus joguinhos de conquista. E eu poderia mesmo fazer isto. Mas eu sabia que de nada ia adiantar.

Meu pai ia se certificar disto.

Eu não tinha como fugir.

Se ao mesmo eu pudesse ter uma alternativa. Algo para meu pai ver que eu não ia deixar que ele escolhesse um namorado pra mim...

Mas o que eu podia fazer? Todo homem que se aproximava de mim, era por dinheiro. Seria igual Félix e Demetri.

Eu não queria ser uma peça neste jogo.

Eu queria jogar contra todos eles.

Eu parei em frente a janela e o vi de novo. Edward Masen caminhava de volta para a cozinha. O sol da tarde batia em seus cabelos cor de cobre. Tão bonito como uma estátua de David. Era mesmo uma pena que ele fosse o tipo de homem que fazia qualquer coisa por dinheiro.

Então uma ideia me ocorreu. E rapidamente ganhou vida.

Edward Cullen ia ser meu namorado.

Ia ser minha arma.

Era apenas uma questão de lhe oferecer o dinheiro. Mas desta vez, seria eu a ditar as regras.

Eu o usaria o quanto fosse necessário.

Eu esperava que fosse o bastante.

21 de julho

Ele disse não para mim. Eu o odeio. Odeio Edward Masen e sua beleza surreal e seu caráter duvidoso. Qual era o problema dele? Eu achava que ele iria salivar pela oportunidade de ganhar dinheiro fácil, mas ele parecia quase ofendido quando eu lhe fiz a proposta.

Agora eu não tenho nada.

Era deprimente pensar que nem meu dinheiro Edward Masen queria.

Ele não queria nada de mim.

23 de Julho

Ele voltou. Eu me sinto quase idiota por pensar em quanto estou feliz por isto.

Finalmente eu vou poder esfregar algo na cara de Royce King.

Eu me sinto quase feroz ao imaginar o que vai acontecer a partir de agora. Estou começando uma guerra.

Edward foi embora enquanto eu estava na ridícula sessão de fotos. Mas nós vamos nos encontrar hoje a noite.

Me sinto ansiosa por nosso encontro. Sei que não é um encontro normal e tal, mas existe algo em Edward me deixa inquieta. Meio curiosa, meio ansiosa.

Meio medrosa.

Sim,, há algo nele que me deixa com medo. Me deixa vulnerável.

É um sentimento ridículo, já que eu sou dona de todas as regras.

Talvez tenha algo a ver com o fato de eu definitivamente acha-lo bonito. Eu não posso mentir pra mim mesma. Ele é deslumbrante. quando sorri faz minha pulsação acelerar e meu estomago revirar de um jeito bom. Eu consigo entender agora o motivo dele ser o que é. Ele é malditamente sexy.

Mas eu não posso pensar nele deste jeito. Ele não é meu garoto de programa. Ele é apenas uma peça no meu tabuleiro. Minha arma naquele jogo.

E eu tenho que manter isto em mente.