[...] e então alguém a abraçou, uma pequena onda de ciúmes se passou pelo corpo do garoto que transbordava dourado, e então, percebeu que era ele, o causador de tudo aquilo, Sebastian.

Pior do que ser afastado dela, era ver ele se aproximando dela.

Ele estava com ela, claro, não é surpresa nenhuma, afinal, foi ele que separou um do outro, e então ele se aproximou, se aproximou de sua Clary, e a beijou, ela não teve reação, e então, ele levou as mãos dela para seu cabelo, o que era engraçado, já que dava para perceber que ela não queria aquele beijo, ela não queria estar ali com ele, e então, cansado de observar os dois, Jace saiu dali, mesmo sabendo que beijar ele não era o que ela queria, ela não fez nada para impedir. Ver a pessoa que você ama com uma pessoa que você odeia não é lá uma coisa boa, como poderia ser?

– JACE! – Era Isabelle gritando ao seu lado, fazendo o despertar de toda raiva que estava sentindo, e então, se deu conta que estava socando uma parede

– Izzy... eu...

– Você o que? Brigou com a parede pelo fato dela não achar você um bom partido? – Ela estava furiosa, cruzando os braços e batendo o pé como se quisesse alguma explicação.

– Não, eu... eu a vi Izzy – A garota descruzou os braços e os levou para a cabeça – ela estava com ele – Falar com Izzy nunca foi difícil, ela sempre entendia ele

– Jace, você tem que parar de seguir ela! Isso te faz mal. Siga a sua vida assim como ela está seguindo a dela.

– Não, eu não vou parar de segui-la, esse é o meu castigo Izzy, esse é o meu castigo por fazer a garota que eu amo sofrer, por deixar que aquele idiota me manipulasse, por deixar ela sozinha...

– Jace, não foi culpa sua, todos nós fomos enganados ou manipulados por ele, se... – E então ela começou a chorar – se eu tivesse a chance de ter escolhido entre alguma coisa para Max ficar vivo, eu faria isso. – Izzy não soluçava, claro, ela não chorava assim, era mais um choro silencioso.

– Izzy, não, não foi culpa sua – Jace passava as mãos sob seus longos cabelos negros na tentativa de acalmar a garota, mas ele nunca soube se a acalmou, o celular dela tocou e isso fez com que ela secasse as lagrimas e se recomposse rapidamente, ela encarou o aparelho e então esticou a mão para que eu levantasse com sua ajuda, ele aceitou.

– O que aconteceu? – Perguntou, preocupado.

– Temos que ir para Idris, a Clave quer falar com você.

– Sobre? – Jace amava Idris, mas não tanto quanto antes, ali foi onde tudo começou, onde ele colocou as mãos em sua Clary.

– Sobre Sebastian, eles querem saber noticias dele – Ela disse encarando o nada, ela odiava aquele garoto tanto quando Jace, ele havia tirado um do seus bens mais preciosos, seu irmão.

– Então vamos. – Eles caminharam rapidamente ate o instituto sem trocar uma palavra, Isabelle estava pensando naquele dia, isso era certeza, enquanto Jace estava pensando em proteger Clary daquele monstro. O som do elevador o tirou de seus devaneios e então ele foi até a biblioteca, Izzy não o seguiu, apenas foi para seu quarto, ele sabia que ela queria um tempo pra si mesma, então não a questionou. A biblioteca estava vazia, ele queria encontrar alguém ali, alguém pra gritar com ele, alguém que não diria “Eu entendo.” Ele não queria ficar ali sozinho, sabia que sua mente iria fazer lembrar dela, mas como ele poderia esquecer? E então o garoto se viu indo para o quarto dela, apenas para sentir o cheiro dela e ver seus desenhos, se lembrar das vezes que ele dormiu ali junto com ela, mas ele foi surpreendido por uma figura inesperada.

– Olá, Jace. – Ela sorria de uma forma estranha, na verdade, ela nunca sorriu para ele, e por isso soava de uma forma estranha.

Era a mãe dela, a qual o odiava como se ele fosse o próprio Valentim, Jace engoliu seco ao ver a mulher ali parada sorrindo para ele, algo estava errado, se isso acontecesse alguns meses atrás ela estaria gritando com ele e falando o quanto o odiava, mas não, ela estava sorrindo e sendo educada, tão educada que o chamou pelo seu apelido.

– Err, oi? – Ele estava confuso, mas quem não estaria?

– Oi – Ela parou de sorrir e começou a fitar o nada e dessa forma, ele pode ver o quanto seus olhos estavam inchados e vermelhos, ela não estava usando maquiagem, mas se estivesse estaria com o rosto manchado – Sabe, ela ainda te ama – Jace não queria ouvir aquilo, não queria chorar ali, muito menos, perto dela – Só que coisas erradas acontecem, da mesma forma que eu fiz coisas erradas, sabe? Deixei-o vivo, e olhe só o quanto de desgraça ele já trouxe – Ela esperava alguma reação dele, mas nada, ele estava cabisbaixo – Ela não vai mais para casa, não atende minhas ligações, ela mandou uma carta dizendo que iria se mudar para um lugar só dela, onde ninguém iria perguntar o motivo de não sorrir, onde ninguém iria falar sobre você – Ele a olhava nos olhos, ela pode ver o quanto triste ele estava, o quanto ele se culpava – E mais, ela se afastou porque sabe que ele está a seguindo, indo a todos os lugares que ela está, ele quer que ela se case com ele.

E então, um estrondo ecoou pelo cômodo deixando a mulher que se parecia tanto com ela, assustada.

Viver exilada do seu próprio mundo não é uma coisa que eu recomende para ninguém, fingir falsos sentimentos e falsos sorrisos muito menos, estava sendo empurrada para o penhasco e não estava fazendo nada para me defender, apenas aceitei o fato de minha morte estar próxima, mas não seria tão fácil assim, ele queria me ver sofrer da mesma forma que ele sofreu, mas ele nunca amou ninguém, como poderia saber o que é sofrer dessa forma? Como poderia saber o que é ser afastado daqueles que tanto ama por causa de uma pessoa insignificante? Não sobrou lágrimas, tantas noites chorando, e agora, apenas noites em claro, noites confusas, noites que traziam ventos gelados e junto com esses ventos, lembranças.