Point of View Violetta Castillo

Olhei pro lado e vi que era o ser.

–Pare de me seguir Vargas! – falei e continuei andando.

–Não estou te seguindo, só estou garantindo que você está bem! – ele disse e eu revirei os olhos.

–Me poupe Vargas! Você é a última pessoa a quem eu pediria ajuda! – eu falei e ele bufou.

–Você deveria agradecer pelo menos! – falou.

Continuei andando e ele continuou me seguindo, ele não vai parar não? Ele estava cantando algo, baixinho mas dava pra ouvir, estava tão concentrada no que ele estava cantando que acabei caindo, só que o ser me segurou.

–Tá vendo! Se eu não estivesse aqui você poderia ter caído! – ele falou.

–Se você não estivesse aqui eu não iria me concentrar na sua bela voz e isso não aconteceria! – eu queria falar isso, mas não posso.

–Obrigada – falei pra ele.

–De nada! – disse se achando o máximo.

Ele me colocou de pé de novo e eu continuei andando, ele continuou vindo atrás de mim, cheguei em casa e abri a porta, me virei para a coisa.

–Agora eu cheguei em casa! Obrigada, pode ir pra casa! – eu falei querendo me livrar logo dele.

–Não foi nada, vê se come ok? – ele perguntou e eu assenti, quando ele ia em bora minha mãe apareceu na porta com meu pai.

–Oi, quem é ele filha? – minha mãe perguntou.

–É um garoto lá do colégio mãe, ninguém importante! – falei e o León virou para nós.

–Prazer ninguém importante – minha mãe falou cumprimentando-o.

–Prazer. Meu nome é León Vargas, como sua filha disse, ninguém importante! – ele falou cumprimentando minha mãe.

–Sou a mãe da Violetta, Maria e esse é Germán, pai! – ela falou.

–Que bom saber – ele falou – como vocês são pais eu tenho que avisar que sua filha desmaiou hoje na escola, acho que ela não está comendo direito – disse e meus pais me olharam com uma cara não muito boa.

–Sério mesmo filha? – minha mãe falou – Vem aqui agora! Vai que você desmaie de novo! – ela disse e me puxou para o sofá. Esse Vargas me paga!

–Bem que eu te avisei que ela não estava comendo direito, vida! – meu pai falou com minha mãe – Quem ajudou ela? – falou dessa vez com o ser.

–Ah, fui eu. Eu que ajudei ela, e fiz ela comer – ele falou.

–Ata, bom, obrigada. Se tiver como eu retribuir isso!

–Não precisa.

–Que tal chamar ele pra comer aqui hoje!? - minha mãe falou.

–Hmm, pode ser, você aceita? – pai disse.

–Acho que vai ser incomodo, – León me olhou e eu estava com uma cara de "diz que não" – mas, eu adoraria – ele falou e sorriu. Desgraçado! Me paga.

–Então tá, entre! – meu pai deu espaço para ele entrar.

Nossa, isso me deu um ódio!! Não quero almoçar com um ser igual ao Vargas! Calma Violetta, respire, tudo isso passará em um piscar de olhos.

–Mãe, vou trocar de roupa e depois desço para comer! – falei.

–Venha mesmo viu? – ela falou e eu assenti.

Subi para meu quarto, tomei um banho gelado para ver se esfriava a cabeça, quando terminei sai e coloquei um short jeans, uma blusa soltinha preta com uns detalhes e uma havaiana, tirei uma foto e enviei para meu namorado e logo depois coloquei "saudades de você vida", coloquei meu celular na cama e desci.

Quando cheguei lá em baixo e vi todos na mesa, me sentei, e adivinha do lado de quem! Do León, só podia ser né! Começamos a colocar a comida no prato, o León comeu o primeiro pedaço, e aqui em casa tem uma regra: quem come o primeiro pedaço tem que rezar!

–Comeu primeiro tem que rezar! – falei e o León me olhou confuso.

–Isso mesmo, pode começar León! – minha mãe falou.

–Começar o que? – perguntou.

–A rezar! – pai falou.

–Ham? – León disse.

–É assim, quem come o primeiro pedaço aqui em casa tem que rezar. E você comeu primeiro! – expliquei.

–Sério?! – ele me olhou com uma expressão de dúvida ao mesmo tempo "socorro".

–Sério! – eu, meu pai e minha mãe respondemos em uníssono.

–Tá bom. – ele disse com as mãos levantadas, tipo 'vocês ganharam' – Senhor, obrigada pela comida, que não falte para ninguém, e que a Violetta fique melhor - ele disse meio gaguejando.

–Amém – dissemos em uníssono.

Começamos a comer, teve uma hora que o León se melou todo, eu ri, nada de mais aconteceu. Terminamos de comer e eu levei os pratos para a pia da cozinha, o León me ajudou, eu fui para a sala e ele veio atrás de mim.

–Já falei que não gosto que me siga! – falei me sentando.

–Mas eu não estou te seguindo, a casa é sua e eu não sei para onde ir! – falou ele e também se sentou.

–Hmm, você quer ir pra casa? – perguntei.

–Se eu estou te incomodando posso ir, mas por mim eu ficaria aqui! – ele disse e me olhou.

–Então você quer ficar aqui – respirei – tudo bem, mas vai ter que me ensinar filosofia!

–Tudo bem, se quiser nós podemos começar agora – ele disse.

–Ok, vem, vamos para o meu quarto – disse.

Nós subimos para meu quarto, nós ficamos ali estudando, apenas isso. O tempo passou e ele foi para casa. Não aconteceu nada demais. Jantei, tomei um banho e fui dormir.

[...]

Acordei com o sol batendo em meus olhos, resmunguei mas logo tratei de me levantar e ir tomar banho. Tomei e coloquei uma roupa não muito vulgar, desci peguei uma barrinha de cereal e sai para a escola. Cheguei no mesmo e guardei as coisas que não iria usar, fui para a sala e fiquei mexendo no meu celular enquanto o professor não chegava.

–Buu!! – uma voz falou me dando um susto e eu deixei meu celular cair no chão.

–Ah meu Deus!! – falei.

–Desculpa ter te dado um susto! – o León disse.

–Não é por isso, é por que meu bebê caiu! – falei me referindo ao celular.

Peguei ele e suspirei com alivio quando vi que não tinha acontecido nada.

–Sério mesmo que você ficou preocupada com isso?!

–Ei, não é "isso" é o meu bebê! – falei e ele riu – Não é pra você rir!!

–Ok, ok – ele falou levantando as mãos – Eu te ajudei em filosofia?

–É, foi meia boca – disse e ele me olhou com desgosto.

–Nossa, não foi nada! – disse e eu ri.

–É claro que ajudou babaca! Obrigada – falei.

–E... você tá melhor? – ele falou me olhando fixamente.

–Sim, na verdade, mais ou menos, tô meia boca – disse.

–Você gosta de meia boca, né? Porque não gosta da boca inteira? – ele falou e eu revirei os olhos.

–Vargas, Vargas! – disse com reprovação.

–Castillo, Castillo! – ele disse me imitando.

–A aula começou, conversamos depois.

–Tá bom.

Ele foi para o lugar dele e o professor começou a dar aula. Aí meu celular inventou de vibrar no meu bolso, peguei sem ninguém ver e era uma mensagem.

"Vai sentar comigo no intervalo!! Ok? – Vargas"

Olhei para ele e fiz uma cara de “O que??" e ele respondeu para que eu pudesse ouvir "responde" não disse nada, apenas virei pra frente e respondi.

"Pra que?? e como você pegou o número do meu celular?? – Castillo"

"Só por sentar mesmo, responde logo!! – Vargas"

"Tá bom, eu sento com você – Castillo"

"Ok, te pego no intervalo – Vargas"

Voltei a assistir a aula. Tudo passo bem rápido, em praticamente um piscar de olhos as aulas acabaram e deu o sinal para o intervalo, eu sai de sala e fui para o refeitório, chegando lá tinha a mesma comida nojenta, eca, não ia comer e continuei andando. Quando já estava cansada de procurar um lugar para sentar alguém tampa meu rosto.

–Quem é?? – eu falei e ninguém respondeu – Quem é?? – falei um pouco alto.

Ninguém respondeu, com as minhas mãos eu passei pelo braço da pessoa e o braço era grosso, continuei subindo e cheguei no pescoço, a pessoa deu uma risadinha, eu já sei quem é, León, só pode ser ele.

–León?! – falei com dúvida.

–Quem mais poderia ser? – ele disse e tirou a mão do meu rosto, me virei de frente para ele.

–Hmm, podia ser um garoto mais bonito, é poderia ser – falei e ele fez cara de triste e eu ri – Não é isso babaca, mas até que poderia né?!

–Vamos logo! – ele disse.

–Pra onde? – perguntei.

–Se você não se esqueceu você vai lanchar comigo! – disse.

–A é, tinha me esquecido! – falei.

–Vem logo! – ele me puxou.

Sentamos em uma mesa que estava cheia de gente, na verdade estava os amigos do León, mais aquela Isabella que eu não gostei muito. Eu me sentei de frente para a "Bella" e o León sentou ao meu lado, virado de frente pra mim, tipo, eu estava no meio das pernas dele. Isabella de vez em quando me fitava e eu também fitava ela, aquilo estava meio estranho, estávamos quase que tendo uma batalha de olhares.

–Vai comer não? – León perguntou.

–Não – respondi olhando pra ele rápido e logo depois olhei pra frente.

–Ah, vai comer sim! – ele disse.

–Não tô com fome! E mesmo que estivesse não ia comer essa gororoba que é a comida daqui!

–Tá bom, não precisa comer a "gororoba" eu trouxe um sanduiche de casa, toma – ele disse me dando o sanduiche.

–E você?? Vai ficar com fome? – fali.

–Pode comer, eu aguento.

–Tá bom – eu disse com um pouco de incerteza, mas peguei o sanduiche.

Eu comecei a comer e ele ficou me olhando, aquilo estava me incomodando demais.

–Para de me olhar comendo! - falei.

–Por que? - perguntou.

–Porque eu fico feia comendo! E não quero que você me veja assim! – falei e ele deu uma pequena risada – Porque você riu?

–Porque você não tem noção do tamanho da mentira que acabou de dizer, você fica fofa comendo – disse e eu corei bem de leve.

–Tá, mais para de me olhar!

–Ok – ele falou e parou.

Quando o sanduiche já estava na metade eu percebi o quanto ingrata eu estava sendo, o ser estava me ajudando e eu nem aí pra ele, ele pode falar que não está com fome mas está sim! Eu sei o que é, eu já fiquei com fome várias vezes por questão de ter uma merda de memória, mas ele estava me ajudando, e eu tenho que ser legal com ele pelo menos pra isso.

–Toma – disse dando o sanduiche a ele.

–Você tem que comer! – ele falou olhando pra mim

–Você também! Come – insisti.

–Tá bom, mas você também vai comer – falou ele e eu assenti.

Ele deu uma mordida no sanduiche que parecia que ele estava sem comer a dias. Depois ele me deu o sanduiche e nós dividimos a comida.

O sinal bateu informado que o inicio da quarta aula iria começar, eu fui pra minha sala e ele veio ao meu lado, a minha sala é diferente da dele, eu entrei na minha e vi ele se afastar de mim. Sentei em uma cadeira, aí o ser chamado Diego veio e sentou ao meu lado.

–Oi – ele falou.

–Oi – respondi seca.

–Hoje eu te vi com o Vargas.

–Hm – falei.

–Estão falando que vocês estão saindo – ele falou.

–Hm – disse.

–Dá pra você me ouvir?! – falou.

–Estou ouvindo! – disse olhando pra ele.

–E é verdade? – ele perguntou.