PAMELA POV

Depois do jantar me dirigi direto ao meu chalé. Não estava nem um pouquinho afim de participar da fogueira aquele sábado. Só teríamos o domingo antes de partir e eu precisava digerir tudo aquilo. Avisei Nico e fui para o chalé 15.

Lá fiquei pensando em tudo o que tinha acontecido desde que eu chegara no acampamento. Desde que eu descobrira quem eu era, na verdade: As conversas e as mil e uma perguntas que fiz a Thalles, minha suspeita sobre ser filha de Hades, meu pai me reclamando e eu sendo anunciada a todos no acampamento, ver os semideuses que eu já conhecia dos livros e conhecer outros. Depois, comecei a conversar com Nico e ele começou a me ensinar as habilidades, e eu já havia aprendido tanta coisa isso era incrível e... AI MEUS DEUSES! Eu ainda não sabia controlar as viagens através dos sonhos, e como iria ser durante a missão? Eu precisava arrumar isso rápido, o mais rápido possível... Teria que pensar nisso no domingo. A ambiência do chalé já estava me deixando com muito sono e antes de eu perceber eu já estava dormindo.

Não sonhei aquela noite, o que foi um grande alívio. Acordei antes de todos os meus irmãos e depois de tomar meu banho, me arrumar e arrumar minhas coisas saí do chalé. Fui direto até a casa grande falar com Quíron.

–Bom dia, Quíron.

– Pamela! Que surpresa te ver acordada assim, tão cedo!

– Pois é. Minha cabeça está a milhão por causa da missão. Quem diria que logo eu não conseguiria dormir direito?

– O que a traz aqui?

– Preciso dizer que...Você não pode me mandar pra essa missão, Quíron. Desculpe. Não posso ir!

– Você precisa ir. Hazel é a única filha de Plutão no Júpiter e só você e Nico sabem viajar através das sombras. Precisamos de você!

– Mas Quíron, eu ainda não sei controlar as viagens durante o sono! Quem sabe o que pode acontecer enquanto eu estiver dormindo?

Quíron parou, pensativo por um momento:

– Teremos que arriscar. Não designaria uma campista tão nova como você se não fosse importante que você estivesse lá. Giuliano precisa ser encontrado o quanto antes. Vocês já partirão amanhã, e os campistas do acampamento Júpiter já estão em missão.

Saí da casa grande meio derrotada. Estava com medo de que tudo desse errado por minha causa, mas tinha que obedecer as ordens de Quíron. E não era isso que todo semideus sonhava desde sempre? Ser designado para uma missão?

No caminho para o refeitório encontrei Thalles e sem nem pensar pulei e dei um grande abraço nele.

–Thalles! Que saudade de você, bode convencido!

– Eu que o diga, né, Pam? Depois de eu realizar seu sonho e te trazer pra cá você me esqueceu... Desde então só anda com aquela cria de Hades...Escolheu o mais esquisito e agora estão namorando!

– Pra começo de conversa, Thalles, Nico não é esquisito. Vocês o julgam muito antes de o conhecer melhor. Ele é uma graça. E eu e ele não estamos namorando... Não oficialmente. E pra terminar, comecei a andar com ele porque eu estava certa! Não sou filha de Hades, mas tenho benção dele, sabia?

– Sério? O que é que você faz?

–Consigo viajar através das sombras. E ir ao mundo inferior e voltar sem problemas...

– Uau! Jamais imaginei! Legal. Sabia que sua mãe está morrendo de saudades?

– Como sabe?

– Bom ,falei com ela esses dias. Mensagem de Íris.

– FICOU MALUCO THALLES? Minha mãe não sabe sobre isso! Ela deve estar achando que está tendo alucinações uma hora dessas! Você é louco! Será que tenho que ensinar tudo a você?

– Calam aí! Estou brincando. Sou muito responsável. Mas eu falei com ela. Nada impede que sátiros usem celular se não estiverem buscando semideuses. Ela ainda gosta muito de mim. Eu disse que você estava muito ocupada com as coisas da escola mas falará com ela assim que possível. E que nosso namoro vai de vento em popa. - Thalles me contava morrendo de rir da cara de horror que eu devia estar fazendo - Só não contei que o seu namoro não é comigo, né?

Dei um soquinho em Thalles. Ele já começava a me irritar.

– Deixa eu te contar, senhor Bode. Partirei amanhã para uma missão.

– Mas já? Que orgulho de você... Boa sorte. E volte. Viva.

–Tudo bem, hahahaha. Tenho que ir para o refeitório se eu não quiser ficar sem café. Vem, me dá um abraço caso não te veja até amanhã.

O domingo demorou muito pra passar, já que as atividades eram livres aos finais de semana. Aproveitei pra treinar um pouco com as armas, pedi a Nico me ajudar, para ver se eu conseguiria controlar um pouco das viagens durante o sono. Conseguira melhorar relativamente até o fim da tarde.

Antes do jantar arrumei as malas com o que poderia ser útil durante a missão.

Algumas roupas, água, alguns dracmas e algum dinheiro mortal e claro, néctar e ambrosia.

Depois do jantar fui pro chalé logo, pois quando acordasse partiria para uma missão e, puxa, conheceria de verdade alguns dos semideuses que estiveram apenas em minha imaginação por tanto tempo.

PERCY POV

Nos encontramos logo cedo na segunda-feira perto do Bunker 9. Leo já nos esperava dentro do Argo II e íamos embarcando um a um. Ele havia feito algumas mudanças, pois agora teriam mais pessoas na missão, então fez algumas cabines a mais para que todos ficassem confortáveis.

Conhecia a todos lá, exceto a novata que andava com Nico por toda parte. Mas ela parecia radiante toda vez que nos via, como se fossemos celebridades.

Entramos no navio e fomos para o refeitório, já que tomaríamos nosso café da manhã lá mesmo. Passaríamos no acampamento Júpiter para pegar Hazel e depois começaríamos a missão. Estava sentindo falta dessas missões, de perigo real. Fora muito tempo só em treinamentos no acampamento e já estava começando a ficar entediado.

No refeitório sentei entre Annie e a novata, Pamela. Nico que estava do outro lado dela ficou meio tenso. Ciúmes, talvez? Não sei.

– Olá, novata!

– Oi, Percy.

Ela nem olhou direito pra mim, voltou-se para Nico e perguntou algo baixinho, que ele respondeu apenas com um gesto de cabeça. Queria conhecê-la melhor, pois passaria dias no mesmo navio que ela e ela era a única que eu ainda não estava familiarizado. Mas voltei a falar com Annie, que me olhou meio brava.

– Ah, o que foi? Só estou tentando ser legal, ok?

– Ela já tem Nico, e você já tem a mim, entendeu bem, cabeça-de-alga?

– Claro.

Pelos cavalos de Poseidon, que sabidinha ciumenta!

Quando terminei a refeição Pamela já havia subido para o deck com Nico, e eu os vi no lugar que Nico adorava ficar desde a última vez que viajamos no Argo II. Eles estavam conversando e Nico ainda era muito fechado comigo, apesar de estar um pouco menos mal-humorado quando eu ia falar com ele. Decidir ficar com o resto do pessoal lá embaixo mesmo.

POV NICO

Vi Percy subir no deck, mas logo que me viu com Pamela desceu. Ainda bem. Não me sentia confortável de ficar próximo de Percy, ainda mais com Pamela do meu lado. Claro que tudo o que eu sentia por ele já havia passado e eu estava mesmo gostando muito de Pamela. Mas ela sabia de tudo e eu não queria que ela ficasse com alguma dúvida.

– Tem certeza que está bem, Nico? Vi como ficou tenso quando Percy se sentou perto de nós.

–Eu estou bem sim, mas não gosto que ele sente tão perto assim?

– Qual é o problema? Ainda sente algo, mesmo que mínimo, por ele?

– Não, Pam! Eu já disse. Eu não estava mentindo... É só que... - Parei por um momento, não sabia como dizer aquilo - Você leu as histórias, viu o quanto heróico Percy foi e, bom... Tenho... Eu... Tenho um pouco de ciúmes, ok?

Pamela começou a dar muita risada e me encher de beijinhos, falando como eu era bobinho. Não gostei muito daquele jeito que ela falou comigo, como se eu fosse uma criancinha, mas gostei de saber que ela não queria nada com Percy. Era melhor assim.

Ficamos olhando o navio subir e Nova York já ficava minúscula lá embaixo. Ficaria dias com Pamela e Hazel. Essa missão iria ser uma das melhores, com toda a certeza.