O Diário de Susanne Frank escrita por Cammie Morgan


Capítulo 4
…futuro


Notas iniciais do capítulo

Dedico este capítulo à leitora Kelly, cujo comentário me motivou a continuar essa fic. Muito obrigada!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/539141/chapter/4

Sim. É isso mesmo que você leu. Minha mãe, com 27 anos, foi salvar a mãe dela com 15 anos na 2ª Guerra Mundial. Estranho? Não, nem um pouco (#sqn).

Elas estavam tão surpresas que ficaram sem fala, até que Margot começou a chorar e Auguste a rir desconsoladamente.

– Isso é uma piada, não é? Ah, mas é claro que é. A senhora aparece, dizendo que vai nos salvar, nos libera e depois nos entrega, alegando que fugimos! Eu que não vou acreditar nessa baboseira sem tamanho. - concluiu, forçando a maçaneta da porta.

Minha mãe fechou seu sorriso tranquilo e cerrou os punhos.

– Fora.

– Mas…?

– Fora! - disse Anastasia.

– Mas a porta está trancada! - choramingou Anne.

– Então vão ter que sair de outro jeito - completou minha mãe, puxando um revólver da gaveta.

Naquele momento, pensaram que seriam mortas. Margot abraçou a mãe e a irmã e falou baixinho: “Amo vocês”.

Mas minha mãe não ia matar elas, claro que não. Em vez disso, deu um tiro na parede coberta por camadas de espuma. A bala afundou e algo começou a aparecer no meio do amarelo feio que tinha o isolamento. Era uma placa de metal prateada que ia se alongando e parecia uma caixa enorme, na qual estava escrito: ITLF, máquina do tempo.

Anne se desgrudou do abraço de Margot e arregalou um par de olhos castanhos, a única coisa ainda bonita em seu rosto anoréxico:

– Mas o que raios é isso?

– É a sua rota de fuga para fora desse inferno, querida - respondeu Anastasia, com as covinhas das bochechas se mostrando num sorriso.

Anne hesitou.

– Mas… pra onde nós vamos?

– Para o futuro, Annelies - falou novamente minha mãe, muito pacientemente.

– Futuro? Como assim? Mas que ano?

– 2015.

– Mas… - Margot começou a falar, mas foi interrompida

– Sem “mas”, Margot! Entre agora, antes que nos peguem!

Anastasia sorriu.

– Senhoras, podem indo na frente. Vou conversar por alguns minutos com Anne.

Ela arregalou os enormes olhos mais uma vez, mas nada falou. Só fez um pequeno sinal amedrontado com os dedos para o grupo e elas rapidamente obedeceram, entrando na caixa de metal.

– O que a senhora quer comigo?

– Só lhe fazer algumas perguntas, querida. Primeira: você andou escrevendo alguma coisa nos campos de concentração?

Anne só faltou desmaiar ali mesmo.

– B-bom, alg-algumas vezes s-sim… M-mas não sabia que era errado…

– Oh, não, não é nada disso… Mas você trouxe essas anotações com você hoje? Gostaria de vê-las.

Com as mãozinhas raquíticas tremendo, ela tirou um bolo de folhas de papel puídas e cheias de palavras escritas numa caligrafia apressada de dentro do forro do macacão listrado. Quando Anastasia tocou o papel, uma lágrima escorreu por seu rosto pálido e castigado. Com certeza teve medo de ter seu único refúgio destruído pelo fogo da lareira da sala da srta. Hansgrouv.

– Tudo bem, próxima pergunta - disse Anastasia, enfiando as folhas no bolso - O que você acha que houve com o seu diário?

– Provavelmente foi jogado no lixo - falou ela tristemente - Os alemães jamais iriam poupar o diário de uma menina judia.

– Pois bem. Terceira pergunta: que nome você daria para sua filha, se você tivesse uma?

Ela pensou por alguns instantes.

– Cecilia.

Minha mãe sorriu.

– Ok. Vou lhe dar uma única oportunidade de fazer uma única pergunta. Você quer saber algo sobre o futuro? Qualquer coisa?

Anne ficou em silêncio. Um minuto depois respondeu:

– Eu… quer dizer, Pim sobreviveu à guerra?

Anastasia pousou a mão sobre os ombros de Anne e delicadamente a direcionou para a máquina do tempo.

– Sim. Mas ninguém mais do Anexo restou.

Uma expressão de horror tomou conta do rosto de Anne quando ouviu a última frase de Anastasia naquele ano de 1945:

– Nem mesmo você.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo, eu sei que fico curtinho, mas eu fiz com carinho, viu? Deixem um comentário, isso me deixa muito feliz mesmo! Beijos!

~Cammie



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Diário de Susanne Frank" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.