Aquilo já havia se tornado monótono, abrir os olhos naquele mesmo quarto, olhar aquele mesmo rosto todas as manhãs, aproveitar aquele mesma felicidade. Eles trocavam algumas palavras enquanto apreciavam a vossa passageira vida. Mas em algum ponto disso tudo, ela percebeu que algo estava errado.

Mais uma manhã iniciava-se, ele já estava morando naquela casa por pelo menos um mês. Como todos os dias, ele levantava-se, dirigia-se para a sala e esperava que Marwolaeth acordasse. Ela abria a porta de seu quarto, se escorava nela enquanto limpava seu rosto e bocejava.

Logo em seguida, dirigia-se para seu banheiro e minutos mais tarde apresentava-se diante dele com novas roupas. Eles trocavam algumas palavras e dirigiam-se para a cozinha, onde preparavam o almoço. Suas refeições não eram muito diversificadas, ou até mesmo saborosas mas não deixavam de serem felizes. Alguns dias ele saiam de casa durante a tarde para comprarem mais mantimentos.

Outros eles apenas assistiam alguns filmes durante toda a tarde. Noutros, eles até mesmo saiam para realizar alguma outra atividade. Já a noite, eles preparavam a vossa janta e mais tarde cada um deles dirigia-se para seu quarto. Assim eles viveram por dezenas de dias. Marwoleath já não participava de uma batalha a um grande tempo, tanto que seu nome havia sido esquecido no mundo de IP.

Muitos cogitavam sua morte mas nenhum considerava a hipótese dela estar envolvida num relacionamento amoroso. Mas apesar de permanecerem nessa situação por um bom tempo, nenhum deles tinha coragem para dar o próximo passo. Apesar de tudo, eles desconheciam os sentimentos do outro.

Numa noite, Kurokawa levantou-se e resolveu tomar alguma decisão. Ele iria dirigir-se para o quarto de sua amada mas faltou-lhe coragem nesse momento. Com medo de desistir, ele apenas permaneceu parado na porta de seu quarto imóvel. Enquanto vários pensamentos colidiam em sua cabeça, a porta abriu-se lentamente:

–Poderia saber o que você está fazendo na porta do meu quarto, no meio da noite? -Perguntou Marwoleath abrindo sua porta.

Ele deu um grande pulo para trás surpreso e disfarçou:

–Sabe...eu pensei ter ouvido um barulho suspeito e então...vim investigar...

Ela deu uma pequena risada:
–Então você está com medo de dormir sozinho? -Brincou ela.

–E você, ia aonde? -Perguntou ele.

–Eu ia na cozinha...ainda estou com um pouco de fome... -Respondeu ela.

–Gorda... -Brincou ele.

Ela no mesmo instante segurou-o por seu pescoço:
–Apenas repita! -Exclamou ela ferozmente.

–Brincadeira...brincadeira... -Respondia ela já quase sem ar.

Buscando continuar a viver, ele equilibrou seu corpo para trás numa tentativa de escapar. Marwoleath acabou sendo puxado junto e acabou por cair por cima dele. Os dois gargalharam por alguns segundos mas as risadas logo cessaram. Seus rostos estavam bem próximos um ao outro, suas respirações ofegantes colidiam uma contra a outra. (N/A: Relaxa ai fera que não vai rolar pegação :P)

Ele institivamente aproximou sua boca da dela, ela estava preparada para aceitar seu beijo quando lembrou-se de algo. No mesmo instante, Marwoleath impediu sua boca de avançar com sua mão e levantou-se. Kurokawa levantou-se também e esperou sua explicação:

–Na primeira vez que nos encontramos, quando lutamos, eu admirei sua força, eu admirei sua forma de lutar. Eu até posso dizer que me apaixonei por você naquele momento. -Informou ela. -Mas agora...eu não gosto desse atual Kurokawa que é fraco e foge de seus inimigos. O Kurokawa que eu amo é forte, imponente, destemido e nunca é intimidado...

Ele compreendeu seu lado e por isso resolveu revelar seus sentimentos:
–Sabe...eu tenho medo...eu tenho medo de lembrar de como eu era antes e esquecer de tudo que eu sou agora. -Falava ele. -Eu tenho medo de ser aquela besta ensandecida que eu tanto odeio, eu tenho medo de ferir as pessoas que são importantes para mim. Eu tenho medo!

Ela naquele momento, apenas podia imagina-lo como um pequeno e indefeso ser perdido nesse grande mundo. Institivamente, ela rodeou-o com seus braços e sussurrou em seu ouvido:

–Está tudo bem...eu vou estar aqui com você independente do que aconteça...

Ele sorriu e aceitou tudo o que poderia acontecer...

O que acontecia na verdade, era que ele já estava em condições de lembrar-se de tudo, até porque sua amnésia não era permanente. Mas sua mente recusava lembrar-se por conta do medo sentido. Mas naquele momento, após perceber que não deveria lidar com tudo aquilo sozinho, ele finalmente aceitou suas antigas memórias. De um segundo para o outro seus olhos mudaram.

Ele observou a situação a sua volta com alguma cautela e sorriu:

–Parece que eu estive dormindo por anos...