Um meio de compreender escrita por Poney


Capítulo 2
Dúvida. Desejo. Distância.


Notas iniciais do capítulo

Voilà! A continuação está no ar! HUAHUA
Cenas um pouco mais picantes que o primeiro capítulo... Espero que gostem!



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Ferdinando, deitado em seus aposentos, nem chegava a se preocupar se o colchão de sua cama estava mais confortável que o da cadeia ou não. Não se preocupava com as asneiras que seu pai lhe profanou. O que martelava seus miolos era a teimosia daquela ruivinha, que parecia querer apenas provocá-lo, e nada mais. “Por que diabos aquela uma aceitou meus afagos, se fugiria em seguida?”

O sol já se deitara há muito tempo, e os grilos da calada da noite já davam o ar da graça, cujos estrilos pareciam-se com cada martelada que as dores de cabeça lhe causavam. Por mais que fosse tarde da madrugada, o sono não lhe surgia; teria um longo dia ao que sucedia, precisava descansar. Só queria uma explicação, um motivo para ela ter aceitado por aqueles instantes apenas todas as suas carícias. Estava demonstrando seu desejo tão descaradamente, e a maneira com que ela correspondeu parecia-lhe ser tão grande quanto o seu.

Massageou as têmporas e tentou esvaziar a mente. Se fosse depender daqueles pensamentos sobre a menina, nunca mais conseguiria dormir. Porém, em um momento inesperado, ergueu breve a cabeça e direcionou o ouvido direito em direção à porta. Ouviu alguém bater? Talvez fosse apenas o vento, lembrou de que não fechara a janela antes de se deitar.

Toc, toc.

Agora tinha certeza de que alguém havia batido. “Entre”, respondeu aos toques, meio sonolento, e repentinamente a porta se escancarou. Olhou, mas não creu. Precisou firmar a vista para ter certeza do que estava vendo. O que aquela que não lhe abandonava as ideias estava fazendo ali, com as mãos no cinto que prendiam suas calças, cheios de seus acessórios de trabalho, usando aquelas suas típicas ombreiras verdes, com o colete azul mais escuro que a calça. Era uma das roupas mais simples que possuía, porém a favorita de Ferdinando, simplesmente por ser a que mais mostrava as curvas omitidas pelas vestes largas costumeiras. O segundo motivo por gostar tanto daquelas vestes era por ser a mesmíssima da vez em que a beijara a força, o seu primeiro beijo com ela.

– Ara...? Gina, o que...?

Sem saber nem conseguir pronunciar mais alguma palavra, Ferdinando tentou erguer-se da cama e se aproximar dela, porém ela o fez primeiro, e sentiu suas pernas tremerem de leve. “Por que estou tenso?”, encafifou-se, “Não posso estar sentindo medo!”

Criou finalmente mais forças e se levantou do colchão, sem nem mesmo calçar algo nos pés para poder pisar o chão. Somente queria saber o que a ruiva fazia em seu quarto, àquela hora da noite.

– O que que ocê ta fazendo aqui, Gina, como que ocê…

Gina empurrou Ferdinando para trás, fazendo-o cair de costas na cama novamente, e manteve estranha expressão, realmente espantado com o que estava acontecendo ali.

– Ocê fique quieto, seu frangote! – a geniosa tirou a maior faca do cinto, ameaçando-o, relando no seu pescoço – Ocê fique quieto, causo de quê ninguém me ouviu entrar.

– Ara... – sorriu malicioso e fitou-a profundamente – Mai o que que ocê veio fazer aqui, no meu quarto, a essa hora da madrugada? No meu quarto…?

– Ieu já disse pra ocê ficar QUIETO! – frisou a última palavra, furiosa, e retirou o facão das veias do engenheiro e avançou a arma violentamente no móvel jazido ao lado da cama, fincando a maneira, com a proposital intenção de assustar sua vítima

– Mas eu só preciso saber se ocê veio inté aqui só pra me matar!

– Ieu logo lhe exprico, frangote. – sorriu de forma assustadora, e arrancou a faca que havia fincado, usando-a agora para passear com a mesma pelos dreads daquele que a encarava com olhar de bezerro desmamado. Ela ergueu uma sobrancelha ao ver uma pequena gota de suor percorrer a testa, e lambeu seus próprios lábios ao notar que estava começando a conseguir ter o que queria.

– Ocê não vai me dizê que tá cum medinho?

– Medo d’ocê? – o engenheiro apertou as mandíbulas de raiva ao ser desafiado, e agarrou a mão que segurava o facão, jogando-a para o lado, fazendo com que soltasse a arma afiada que lhe ameaçava – Quem aqui está com medo? Vai ou não vai me dizer o que veio fazer aqui, Gina?

– Ocê não quer indivinhar? – a ruiva se aproximou um pouco mais, tendo que ajoelhar por cima de Ferdinando, que agora começava a perder o fôlego. Mostrou ela com os olhos indicando o cinto o que pretendia fazer, e sem demora explicou – Se perder uma ou outra faca, não tem pobrema não, Ferdinando. Sempre que ieu vou ter outra aqui no meu cinto, não si preocupe.

Seu sorriso cínico não despertou mais raiva em Ferdinando, muito pelo contrário. As poses que Gina formava para apanhar outra arma, enquanto mantinha seus joelhos afundados no colchão desarrumado, um de cada lado de seu corpo, somente excitava seus nervos, seus membros, seu corpo. Ela estava muito próxima. Suspirou trêmulo, e arriscou deslizar os dedos nervosos nas costelas dela; porém, antes que a tocasse, foi impedido.

– Tsc, tsc, tsc. – balançou a cabeça e esboçou um novo sorriso, ordenando – O sinhô fique bem quietinho. Só vai poder me tocar se eu permitir.

Afinal, o que ela estava tentando fazer? Apanhara outra faca menor, porém mais afiada, somente para ameaçá-lo? Por acaso, tinha algum motivo para tais atos?

– Essa sua roupa de durmir é muito da complicada. Os butão não pudia sê menor? – e fez uma feição de pena, formando um meio bico enquanto contorcia falsamente as sobrancelhas. – Agora, pur causa disso, vou ter que usar otro jeito.

Com a ponta da faca, arrancou botão por botão, e abriu totalmente o que vestia o peito de Ferdinando. O arrepio que o frio lhe causou não foi nada comparado ao que a geniosa conseguiu lhe arrancar. Ela fez a faca fria percorrer por caminhos aleatórios todo o tronco do rapaz, que gemeu baixinho, apertando os olhos. O agrônomo, tão bem portado frente a tantas pessoas, estava ali, naquele exato momento, sendo domado por Gina, sentindo todos os poros se eriçarem. A ponta da faca foi firmando na pele alva de Ferdinando, deixando rastros avermelhados por onde percorrera, quase escondendo as pintinhas espalhadas por aquela região. Todo o desenho pareceu animar a ruiva, que descia mais e mais; até chegar ao início dos pêlos pubianos, ato que o gelou por completo.

– Gina, Gina, espere um pouco, Gina, onde é que a senhora quer chegar com esta arma afiada? – disse atropelando as palavras, enquanto sentia o rosto aquecer, antes que a outra fosse mais rápida; segurou o pulso dela firmemente, e manteve-se fixando os seus olhos azuis nos dela

– Ocê não quer pagar pra ver? Hein, frangote, não quer?

– Não, Gina, é melhor não.

E finalmente tomou coragem para conseguir virar o jogo. Virou-a para baixo de si, continuando mantendo-a de frente, movendo-a pelos pulsos e com as pernas, envolvendo-a e literalmente sentando sobre ela, encaixando os quadris envolventemente, tascando um beijo fervoroso, longo e molhado. Apertou os pulsos da ruiva até que soltasse a faca, e só assim pôde alisar seus braços, percorrendo o caminho e descendo pelas costelas. Massageou todo seu corpo, ora ou outra desabotoando as vestes da companheira ou mesmo arrancando, sem medir esforços. Gina não se conteve um só momento, dando um jeito de arrancar logo, de uma vez, as calças que os atrapalhavam do contato pele-e-pele. A geniosa somente se desvencilhou dos lábios esfomeados que devoravam os seus para que pudesse respirar por um momento, ofegante.

– Ieu pensei que ocê num ia tomar logo atitude. Mai continua seno um frangote.

– Ainda acha isso?

– Ocê quer memo saber? – perguntou e, ao ter um aceno travesso, esticou a mão e apanhou novamente o cinto repleto de armas muito bem afiadas e pontudas que não estava jogado muito longe dali, onde pudesse alcançar – Ocê não se livrou da parte da maior das importância?

– E quem lhe disse que eu queria me livrar?

Avançou mais um beijo nos lábios que agora se tornavam de um tom avermelhado, tamanhos beijos eram tomados. Gina correspondeu por igual, cheia de desejo e sede pelo corpo de Ferdinando.

– Então quer dizer que ocê gosta dessas minha ameaça? Ferdinando, assim pode inté perder a graça.

– Ocê não gosta de saber que eu temo que a senhora erre essa sua mãozinha e me faça um ferimento? Pois bem, minha cara, no fundo, eu tenho um apreço por isso.

Gina franziu as sobrancelhas, mas logo acabou voltando a sorrir, quando reparou que conseguira ter novamente o controle do rapaz. Girou a adaga no dedo e apontou novamente próximo de suas partes íntimas. O engenheiro suou mais uma vez; realmente tinha medo de que ela fizesse algo. Não poderia nem deveria duvidar daquela mulher.

– Mas, Gina, não é porque disse que gosto até ocê vai cortar o… v-vai fazer alguma besteira!

– Precisa ter medo não, Nando, eu tenho muito bem controle dessas minha arma. Se acontecer argum argo, vai ser pruque ieu mema quis.

O ofegar trêmulo de Ferdinando somente fazia com que a geniosa tivesse ainda mais vontade de prosseguir com suas ideias maliciosas de dominá-lo por completo. Apenas deixou, desta vez, que ela fizesse o que quisesse consigo; daria tudo para tê-la nos braços, e não saberia quando isso aconteceria se não fosse naquele exato momento. Se não obedecesse o que era ordenado, era capaz da ruivinha mudar completamente de ideia e sumir dali. Manteve seus lábios entreabertos, arfando desejos por Gina. Admirou-a tirar o restante que cobria a parte de cima de seu corpo com sua própria faca, deixando apenas uma camisa mais colada quase transparente. E sorriu de canto, enquanto seus nervos latejavam e seu peito saltava, por puro libido. Como era linda, como tinha a sorte de poder aproveitar a visão naquele instante. Estava maluco, mordiscava o lábio inferior ao salivar, ao querer provar daquele corpo quente que o seduzia. Quis avançar os lábios no abdômen delicado à sua frente, porém Gina o barrou com a faca ainda nas mãos. “Ieu ainda num permiti, Nando”, sussurrou ao pé do ouvido, soltando uma risadinha.

– Nóis pode testar se sua pele é forte, Ferdinando...

Afastou-se de leve e disse vagarosamente as palavras, enquanto seus cabelos revoltos faziam cachos altos e ora ou outra se prendiam em sua boca. A adaga simples que segurava voltava a passear pelo seu tórax, descendo e descendo, formando círculos depois ao redor do umbigo. Se reclamava, ela firmava ainda mais a ponta da arma afiada na pele branca, ato que fazia com que ficassem marcas mais vermelhas que as primeiras. “Argh...!”, grunhiu repentino assim que a geniosa exagerou ao apertar a adaga, propositalmente.

– Oohh! Fez um dodóizinho? – Gina fingiu compadecimento mais uma vez, com sua expressão cínica; percorreu um pouco mais o objeto, aumentando o corte para quase dois centímetros – Parece que sua pele num é tão firme, engenherinhu! Ih! O dodói sangrou...

– Uff... – sentiu Ferdinando um ardor no corte, próximo do lado direito do peito, e apertou os dedos compridos na lateral da coxa da geniosa – Agora ocê vai ter que limpar. Ocê fez sangrar, ocê estanca.

Desafio aceito, a ruiva inclinou o corpo seminu por cima do de Ferdinando, posta com a cabeça na direção peitoral, e alisou todo o lado do corpo escultural, fazendo cada pêlo arrepiar, conforme passeou seus dedos. Não parou de se movimentar um só instante, roçando sua barriga vagarosamente no vão das pernas masculinas, parecendo querer só provocar e provocar. “Giiina...”, gemeu rouco, até que ela finalmente abocanhou o mamilo já enrijecido, lambendo e sugando todo o líquido vermelho que havia escorrido.

A partir dali, Ferdinando não suportaria mais. Puxou-a contra si, agarrando sua cintura, arrastando-a para cima e beijando seus lábios e o que estivesse perto, violentamente, umedecendo todo seu queixo e redor da boca. Encaixou as pernas dela às suas, abrindo-as, encaixando os quadris da melhor maneira possível para poder satisfazer todos os desejos de ambos, que agora se unificaram.

Os dedos rápidos de Ferdinando alisaram fortemente cada curva da pele menos clara que a sua, percorrendo pelos cabelos, emaranhando por lá, ao acariciarem a nuca que raramente era exposta ao sol. Fora o único, sim, tinha a certeza que fora o único a ver e conseguir sentir o sabor daquela nuca. Ouvir cada ronronar, cada som que ela emitia aos seus toques, penetrações, movimentos; sentir o cheiro de seus cabelos e de sua pele, que era ainda mais exposta pelos poros; sentir todo o calor de sua pele, cada arranhada e beliscão, era como se estivesse fora do mundo real, no paraíso. Parecia ser tudo muito maravilhoso para ser real.

Ao finalmente abrir os olhos, enxergou tudo embaçado. Olhou ao seu redor, o quarto estava intacto, e não havia mais ninguém além de si mesmo. Nenhum rastro de facas afiadas ou roupas pelo chão. Nem ao menos um fio cacheado e ruivo, nada. Ergueu-se da cama, com as vestes úmidas de suor, e estreitou as pálpebras; estava se sentindo sonolento.

– Gina? – disse num sussurro entristecido, e procurou pela última vez, olhando em todos os cantos; até então perceber que tudo não passava de um sonho. Sentou-se de volta na cama desarrumada, onde havia apenas o desenho afundado de somente um corpo demarcado. Apoiou o rosto nas mãos, e, abalado, já não mais sabia o que fazer. – Essa Gina Falcão ainda me mata...

Deitou-se novamente naquela cama que somente nos seus sonhos estava tão bem acompanhado. Manteve-se na mesma posição, jogado no colchão olhando para o teto, apenas se recordando de tudo o que lhe tanto agradou nos sonhos. “Quando é que isso poderá acontecer de verdade?”


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Notas finais do capítulo

Inspirações musicais (básicas):
How It Ends
I cried like a silly boy
Death by blonde

Inspirações musicais (complementares)
Maurício Manieri – Bem querer
Luxúria - Isabella Taviani
Bruno e Marrone – Dormi na praça (BRINKS AHUAHUAUHEUAHUHEAUEHAUEH)