Por Aquilo Que Acreditamos escrita por Kiri Huo Ziv


Capítulo 15
Capítulo XIV


Notas iniciais do capítulo

Perdão pela demora, espero honestamente que compense.



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Henry não se sentia envergonhado em admitir que o medo o preenchia enquanto ele observava as pessoas ao seu redor se movendo em harmonia pela floresta. Ele estava posicionado no meio do exército, o lugar mais seguro para se estar em meio à guerra, ao lado de seu avô e um dos guerreiros mais poderosos daquele mundo.

Não era por sua segurança física que ele temia, entretanto, mas o cenário que veria a seguir. Não era tolo ou inocente o bastante para acreditar que aquele dia seria isento de mortes: muitos cairiam a seguir, e ele estava destinado a vê-los caindo e não fazer nada a respeito. Era a coisa inteligente a se fazer, ele precisava estar descansado quando fosse enfrentar Pan; mas o fazia se sentir um covarde.

Também, sentia a ausência de sua melhor amiga. Ele sabia que ela estaria em maior segurança dentro da tribo, mas conhecia as habilidades dela como guerreira e pensava que todos estariam melhores se ela estivesse ali, com eles. Powhatan, entretanto, dera a sua ordem, e nem mesmo Pocahontas e Tanana a contestaram, de modo que Henry não se via no direito de fazê-lo.

Enquanto o menino pensava em Pocahontas e no que lhe fora prometido caso dele sobreviver àquele dia, os Meninos Perdidos investiram contra os guerreiros índios. A princípio, perdido em seus pensamentos, Henry não percebeu o ataque, então Denahi lhe cutucou, pedindo-lhe que preparasse a lança para o caso de precisar usá-la. Fora instruído a não usar magia antes de chegar a Pan a menos que fosse inevitável.

Henry e os demais continuaram avançando, agora com mais cautela. Gold tocou o ombro do neto para lhe transmitir confiança, mas o menino percebeu que seu avô também estava preocupado.

Eles conseguiram caminhar alguns metros antes que o ataque os alcançasse e Henry visse os guerreiros em volta dele sendo derrubados por dois adolescentes altos e magros. Um deles, Henry conhecera no dia que chegara à ilha; o outro lhe era completamente desconhecido. Os dois abriram caminho até eles e Henry se posicionou na base defensiva que aprendera com Denahi, esperando que eles os alcançassem antes de avançar contra eles. Apenas um tolo busca a ofensiva como primeiro recurso.

O menino olhou para seu avô, buscando a confiança no velho feiticeiro, mas o que encontrou foi uma expressão mista de pavor e raiva. Henry seguiu o olhar de Gold e percebeu que estava completamente direcionado ao adolescente que ele desconhecia. Pan!

Como quem ouvisse os pensamentos de Henry, o adolescente o encarou com um sorriso e, em um movimento rápido, usou magia para empurrar todos à sua volta com força. O único que permaneceu de pé foi o seu aliado, que sorriu e encarou o grupo à frente.

Lentamente, Pan e o outro menino caminharam em direção ao grupo.

“Rumple, meu garoto,” disse Pan, com entusiasmo, ao parar diante do grupo, parecendo ignorar que uma batalha se desenrolava ao redor deles. “O que está fazendo com esses índios? Você deveria saber que eu receberia você e sua garota de braços abertos aqui na Terra do Nunca. Em lugar disso, você se alia aos meus maiores inimigos.”

“E você deveria saber que eu aprendi na primeira vez em que você me traiu que não devo confiar em você,” respondeu Gold, e Henry se perguntou não pela primeira vez de onde eles se conheciam. Teria o seu avô sido um Menino Perdido no passado?

Pan não parecia ofendido diante da resposta ríspida de Gold, entretanto, limitando-se a lançar um sorriso travesso ao outro homem. Então, ele se voltar para encarar Henry, que prostrou a sua lança entre os dois.

“Outra grande decepção. Henry, eu estive esperando pela sua chegada há muito tempo, décadas! Eu e seu pai, Baelfire, fomos grandes amigos antes dele partir de volta para o mundo sem magia. E, agora, você se une aos meus inimigos contra mim,” disse Pan, embora ainda sorrisse. "Tenho certeza que esses índios encheram a sua cabeça com um monte de mentiras sobre mim, mas eu lhe garanto que viveríamos grandes aventuras juntos se nos uníssemos.”

“Não confie nele, Henry,” disse Gold, por entre os dentes.

Henry assentiu. Ele não precisava daquele conselho, entretanto; ouvira o bastante a respeito dos truques de Pan para saber que não deveria dar ouvidos ao que o outro dizia. Esquecendo-se do quão tola a atitude aquela atitude era, ele passou rapidamente da posição de defesa para a de ataque, estocando com a lança contra o peito de Pan.

O adolescente apenas se desviou de seu ataque em um movimento fluido para o lado, rindo alto.

“Você é um moleque corajoso,” disse Pan, sorrindo. “Esse crédito eu lhe dou. Com certeza o filho do Baelfire.”

Henry cerrou os dentes com força, e Pan investiu contra ele com seu punhal. Denahi, entretanto, se colocou entre os dois, aparando o ataque com sua lança, o que fez com que Pan gargalhasse novamente.

O Menino Perdido que os observava em silêncio desde o começo se interpôs entre seu líder e o guerreiro, prostrando a sua cimitarra diante de seu peito em um movimento rápido. Pan sorriu para o amigo com verdadeira afeição e se voltou para Gold e Henry.

“Grande erro, Henry,” disse Pan, e investiu contra o menino usando a sua adaga.

A vantagem de ter a arma de maior alcance se tornou uma desvantagem naquela luta, pois Henry tinha dificuldade em devolver o ataque em um adversário tão próximo. Pensou em jogar a lança de lado e tentar atacar com os punhos, mas lembrou-se de Denahi lhe contando que Pan costumava usar a lâmina envenenada ou amaldiçoada. Um corte poderia ser fatal.

De repente, Pan soprou com força e provocou uma enorme ventania que empurrou Henry com força para trás, e um corredor de chamas se estendeu entre ele e Pan antes mesmo das costas do menino tocarem o chão. Magia. Henry se voltou para o seu avô, percebendo que ele estava se concentrando em manter as chamas entre ele e Pan enquanto seu neto se recuperava.

O menino se perguntou o que em Pan deixava o seu avô apavorado a ponto de sequer ser capaz de atacá-lo.

Henry se levantou a tempo de ver Pan atravessando calmamente a barreira de fogo. A Terra do Nunca permite que a pessoa faça o impossível. Daquela vez, entretanto, estava preparado e conseguiu escapar do ataque de Pan, mantendo uma distância entre eles que lhe permitia usar a lança em um contra-ataque. Ele girou a lança em um movimento que dominara com Denahi, atingindo com força a mão de Pan usando o cabo da arma e fazendo com que ele soltasse seu punhal. Completando o movimento giratório, ele rapidamente virou a ponta da lança para Pan e estocou novamente contra seu peito.

Pan desviou para o lado direito, o sorriso ainda em seu rosto, e segurou o cabo da lança, arrancando-a das mãos de Henry antes que ele tivesse a oportunidade de reagir. No segundo seguinte, enquanto dava um passo para trás para se afastar do seu adversário, o menino percebeu que Pan arrastara o seu punhal na lateral direita do peito de Henry, rasgando-o.

Isso não faz sentido, pensou Henry, caindo no chão de costas. Ele se lembrava de desarmar Pan apenas poucos segundos antes. Magia, ele percebeu quando seu avô saltou por cima dele, usando magia para empurrar o adolescente para longe de Henry.

O menino percebeu que seu avô chorava, e que eles gritavam coisas um ao outro que ele não era capaz de discernir. Então, Gold lançou uma bola de fogo em direção ao seu adversário, que a apagou no ar.

Foi quando tudo parou lentamente de fazer sentido, enquanto ouvia as vozes de Pan e Gold gritando ao fundo e um par de mãos suaves tocando sua face e lhe pedindo que permanecesse consciente. Henry se esforçou em focar no dono da voz e percebeu que Denahi se ajoelhara ao lado dele.

“Pan-” Henry perguntou, com dificuldade.

“Seu avô o está enfrentando. Acho que interpretamos errado a profecia, seu avô é tão herdeiro de Pan quanto você,” respondeu o guerreiro, parecendo aflito, e Henry percebeu que ele estava mexendo no ferimento dele, tentando para o sangramento. Ele queria perguntar porque seu avô era herdeiro de Pan, mas não conseguia reunir forças para emitir sons. “Essa ferida é mágica, Henry, a lâmina estava amaldiçoada. Precisamos te levar de volta à aldeia, Tanana deve poder curá-lo.”

Henry permaneceu em silêncio por alguns minutos, tentando focar no sons da batalha que se desencadeava ao redor dele. Tinha esperança que seu avô conseguisse derrotar Pan e pudesse salvá-lo, mas sabia que não seriam capazes de transportá-lo até a aldeia nas condições em que ele estava. Ele vira o ferimento antes de cair e sabia que fora perigoso, mas não necessariamente letal; se a lâmina estava amaldiçoada, entretanto...

O menino começava a perder a consciência novamente quando sentiu um novo par de mãos tocando-lhe o rosto. Mãos menores. Mãos que Henry conhecia muito bem.

“Pocah-”

“Henry, o que aconteceu?” Ela perguntou, segurando uma das mãos dele e levando-a até os lábios. Henry percebeu que provavelmente não viveria para aceitar a proposta que Powhatan lhe fizera, mas prometeu a si mesmo que lutaria para permanecer ao lado de Pocahontas se sobrevivesse àquele dia.

Reunindo forças, ele esticou os dedos da mão para tocar a face da menina, percebendo que ela estava molhada devido às lágrimas.

“E- eu- te- a- mo,” falou Henry, por fim.

“Oh Henry,” disse Pocahontas, e o menino sentiu com pesar ela soltando a sua mão. Em seguida, seus lábios tocaram os dele, e ele sentiu uma pulsação mágica atravessando-o.

A adaga estava amaldiçoada, mas o beijo de amor verdadeiro é capaz de quebrar qualquer maldição.

A dor em seu peito se tornou excruciante na medida em que ele recobrava a consciência das coisas que o cercavam. Pocahontas se afastou repentinamente, e o menino soube pelo sorriso nos lábios dela que ela também sentira aquilo.

“O beijo de amor verdadeiro,” disse Pan, e Henry percebeu com alegria que havia dor e cansaço na voz dele. Então, o menino ouviu um berro e um baque quando um corpo atingiu o chão próximo ao local onde estava deitado.

~~//~~

Aquele era, possivelmente, um dos dias mais difíceis pelos quais Gold já passara.

Primeiro, tivera que rever o seu pai depois de tantas décadas e percebera que o ferimento que ele lhe infringira ainda estava aberto em seu peito. Ele ainda se lembrava de quando era um garotinho, esperando pelo amor que nunca receberia; se lembrava do dia em que percebera que seu pai apenas o usara. Nunca o perdoara por isso.

Depois, vira o seu neto enfrentar Pan sozinho e, por um momento, lutar de igual para igual com ele. O momento não durou muito, entretanto; logo Gold viu Henry cair, vítima de um ferimento grave e mágico, apenas porque ele havia sido covarde demais para enfrentar seu pai, mesmo sendo mais velho e mais capaz do que o menino. Se o seu neto morresse, seria culpa dele, de sua covardia. Como sempre.

Por isso, ele investiu contra Pan. Contrariando todos os seus temores, ignorando a dubiedade de sentimentos que cercavam seu coração. Gold atacou seu pai com sua magia, descobrindo que era capaz de enfrentá-lo de igual para igual mesmo na Terra do Nunca.

Ele não sabia ao certo o que sentir ou pensar durante a luta, portanto, deixou tudo de lado. Não era importante naquele momento; apenas uma coisa importava então: proteger Henry.

Então, ele sentiu uma pulsação de magia e percebeu que seu neto fora curado da maldição de Pan por um beijo de amor verdadeiro dado pela princesa dos índios, Pocahontas. Aquilo era uma boa notícia, pois ele seria capaz de curar rapidamente a ferida de Henry; o que colocava em risco a vida do menino era a maldição encerrada no punhal. Entretanto, aquele beijo evidenciava o quanto a partida deles seria difícil.

Ele resolveu não pensar naquilo naquele momento. Aproveitou a distração causada por Henry e Pocahontas e arrancou o coração do peito de Pan, matando-o antes que tivesse tempo de pensar a respeito do que estava fazendo. Henry precisava dele, Belle precisava dele, ele não fracassaria de novo.

Ele encarou Henry, que tentava inutilmente se sentar para ver o que estava acontecendo e era impedido por Pocahontas e Denahi. O guerreiro quem lhe contou que Pan estava morto, que Gold triunfara.

O feiticeiro, entretanto, sentia apenas dor e exaustão. Estava tudo acabado, seu pai estava morto. Ele cumprira a profecia, e não estava feliz a respeito disso.


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Notas finais do capítulo

Peço mil desculpas pela demora, mas posso prometer que o próximo não vai demorar tanto, criei uma rotina de escrita em que estou escrevendo aproximadamente cinco horas semanais.

Pretendo atualizar a fic na próxima sexta-feira, muito embora eu acredite que ela vá estar completamente escrita até o começo da semana que vem. Manterei o calendário de atualização dessa maneira: a fic será atualizada toda sexta-feira sem falta.

De todo modo, estamos nos últimos capítulo. Mais um ou dois e o epílogo; depois, vou postar um final alternativo :)

Espero que tenham gostado desse capítulo, de todo modo. Sei que a parte do Gold foi corrida, mas eu vou explorar muito do que ela significou para ele nesse momento... ele realmente deixou tudo o que estava sentindo naquele momento de lado para proteger o Henry, e é agora que ele vai sentir!

No mais, meus caros Rumbellers, sei que esse está sendo um arco difícil para nós, mas mantenhamo-nos unidos. Rumbelle é um casal, não vamos cair na bobagem que está caindo o fandom internacional, fãs do Rumple x fãs da Belle...

Agradeço a todos que permaneceram comigo até aqui. A fic será concluída, essa promessa eu lhes faço!

Abraços e até semana que vem!

PS: Escrevi uma fic Frozen Swan (Emma/Elsa) chamada Fugue. Se alguém curtir o ship, leiam e comentem, sim? :)



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