"Nós somos os guerreiros que construíram essa cidade" — Imagine Dragons

Era bom estar de volta ao acampamento, eu tinha sentido falta dos meus irmãos e suas artimanhas, deles roubando coisas dos chalés vizinhos e de deixando Quíron e Sr. D a ponto de ficarem loucos.

— Alan, você voltou! — Senti braços me envolverem pela cintura e sorri, tirei os braços de mim delicadamente e me virei para a coisa pequena que sorria animadamente para mim.

— Hey, Silena — Cumprimentei a garota.

Silena era uma filha de Deméter que tinha se tornado minha amiga antes de eu ir parar no hotel e cassino lótus, ela tinha uma queda por um de meus irmãos e eu me lembro bem de ter prometido que iria ajudá-la a conquistar Connor, apesar de que eu não tão bom com essas coisas quanto os filhos de Afrodite, mas para mim não seria tão difícil juntar os dois. Silena era uma garota adorável e eu mesmo ficaria com ela se... Gostasse da fruta.

— Cadê a Anna? — Silena perguntou.

Dei um tapa em minha própria testa, tinha me esquecido completamente de Anna e agora não fazia nenhuma ideia de onde ela estava. Puxei Silena pela mão.

— Venha, vamos procurá-la — Murmurei enquanto caminhava em direção ao chalé de Quione, ela poderia estar lá, afinal.

[...]

— Sério que você ainda tem uma queda pelo Connor? — Anna perguntou a Silena com um sorriso nos lábios.

Era raro ver Anna sorrindo e com razão, a garota tinha passado por tanta coisa que eu achava até estranho que ela ainda estivesse ali firme e forte.

— Sim, eu o amo — Silena disse com os olhos brilhando, soltei uma gargalhada. Aquela garota era uma figura.

— E você e o Alan? Já assumiram? — Silena perguntou a Anna, agora séria.

Anna e eu nos entreolhamos e acho que isso foi o bastante para que nós dois começássemos a rir sem parar. Eu tinha me esquecido completamente que Silena não sabia que eu era gay.

— Sem chances, Silena — Anna disse já recuperada dos ataques de riso.

Eu gostava de Silena porque ela conseguia fazer Anna rir mais que qualquer um, mesmo que eu não tivesse laço sanguíneo com as duas, eu me sentia responsável por elas, quase como um irmão mais velho.

— Mas a Anna está de olho em alguém — Falei com um sorriso malicioso nos lábios, Anna deu um tapa na minha cabeça, o qual não fez nem cócegas e eu ri.

— Cale a boca, não estou de olho em ninguém! — Ela disse meio raivosa e cruzou os braços.

Silena nos olhou com interesse e eu dei de ombros. Assim que tínhamos chegado ao acampamento, eu notei que Anna observou por alguns - muitos minutos - o Raecius, um filho de Ares que pelo o que eu já tinha ouvido, tinha transado com quase todas as filhas de Afrodite.

— Ela está de olho no Raecius — Falei por fim.

Anna me olhou de cara feia, seus olhos ficaram mais gélidos que o normal e por um momento eu senti um frio descomunal passar pelo meu corpo, sabia que ia acabar desencadeando a raiva de Anna. Mas depois de alguns minutos o frio foi embora e Anna voltou ao normal, sua expressão era impassível. Ela estava se questionando se o que eu tinha falado era verdade, isso estava estampado na sua cara.

— O garoto que transou com mais da metade das filhas de Afrodite? — Silena perguntou e eu assenti, ela deu um sorriso. — Me disseram que ele tem uma pegada de deixar qualquer uma louca.

Silena deu uma piscadela para Anna, fazendo com que a mesma bufasse e tornasse a cruzar os braços. Ri da atitude dela e me voltei para Silena.

— Ele é bonitinho, eu pegaria ele se ele fosse gay, é claro — Falei e vi Silena abrir a boca num perfeito "O".

— VOCÊ É GAY!? — Silena gritou enquanto se levantava da areia, fiz sinal para ela tornar a se sentar.

— Sou sim, acho que isso é óbvio — Revirei os olhos.

Ela me conhecia a mais tempo que Anna e Anna ficou sabendo primeiro que ela, sem eu precisar contar. Silena voltou a se levantar e soltou um suspiro.

— Bem, agora eu sei... E tenho que ir, vejo vocês depois — Ela disse, depositou um beijo em minha bochecha e outro na de Anna e saiu.

Me virei para Anna que estava quieta demais, era um pouco normal, mas nem tanto.

— Fui longe demais? — Perguntei meio receoso, eu gostava muito de Anna para perder a amizade dela por causa de alguma besteira que eu tinha deixado escapar.

— Ah... Não — Ela balançou a cabeça, parecia atordoada. Fiz menção de ir abraçá-la, mas Anna fez um sinal para que eu entendesse que era pra ficar longe. — Eu não posso gostar dele, eu não sou assim, eu sou um monstro, eu magoo as pessoas e nem me sinto mal por isso. Ela me jogou essa maldição idiota e eu não consigo sentir coisas boas — Ela cuspiu as palavras. — Eu nem sei como me aproximei de você, Alan, não era pra eu ser capaz de fazer amigos, não era — Ela terminou enquanto se levantava e saía de perto de mim sem me dar nem a chance de contestá-la.

A parte ruim de ter me aproximado de Anna era que eu tinha que vê-la tendo seus ataques por causa da maldição e não poder fazer nada para ajudar. Xinguei Quione de todos os nomes feios possíveis, aquela mulher me dava nojo.

[...]

— EU NÃO ACREDITO NO QUE ESTOU VENDO — Gritei completamente chocado.

Silena e Connor se soltaram rapidamente e me olharam com os olhos arregalados, ri da reação dos dois.

— Silena sua danadinha, nem pra avisar aos amigos, hein? — Fingi estar com raiva daquilo e ela ficou completamente vermelha, me controlei para não começar a rir ali mesmo.

— Não foi culpa dela, eu que pedi para ela não contar a ninguém — Connor disse com um sorriso malicioso nos lábios, eu realmente não entendia aquele ser, mas sabia que coisa boa não viria dele.

— Ata, só cuide bem dela, Connor — Falei sério, se ele magoasse Silena, eu mesmo iria tratar de dar uma surra nele, mesmo que acabasse apanhando no final.

Saí dos estábulos - que era onde os dois estavam fazendo troca de saliva - e comecei a me direcionar para o meu chalé, estava meio cansado, não tinha dormido desde que tinha chegado do Cassino, sabia que tinha que treinar, mas primeiro precisava cuidar das minhas necessidades. Adentrei o chalé e arregalei os olhos ao ver o caos que estava li, tinha roupa suja jogada no chão do chalé, papéis, poeira, comida, tinha de tudo ali. Fiz cara de nojo ao notar que tinha uma calcinha vermelha pendurada na cabeceira de uma das beliches.

— O que diabos aconteceu aqui? — Perguntei para ninguém em especial.

Uma garota saiu de debaixo das cobertas de uma das beliches e olhou para mim com um pouco de medo, arqueei a sobrancelha e esperei pela explicação, mas ela não veio. A garota saiu correndo do chalé o mais rápido que pode enquanto colocava suas roupas, me virei para os meus outros irmãos, mas eles apenas deram de ombros, como se não fizessem a mínima ideia do que tinha acontecido ali também. Até parece que eu iria acreditar neles.