Bad Love escrita por Jess Gomes


Capítulo 18
Epílogo




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três meses depois....

– Sorria pra câmera, amor. – Daniel pediu com um falso dengo e eu lhe dei o dedo do meio com minha mão livre.

– Se você não desligar essa merda, eu o mando completar esse “D” com “esapegada”. – Indiquei o tatuador com a cabeça. Daniel riu, mas fechou a câmera mesmo assim.

– Só queria uma recordação desse momento pra mostrar pros nossos filhos daqui a alguns anos. – Explicou dando de ombros.

– Uma recordação minha vestida pra um casamento enquanto faço a provavelmente maior merda da minha vida no meu aniversário de dezoito anos? Não, obrigada. – Sorri falsa, resmungando em seguida pra agulha que havia pegado em um ponto sensível do meu pulso.

– Não chame a letra inicial do meu nome de a maior merda da sua vida. Eu também fiz um M e não me arrependo. E olha que M é a letra inicial de “merda”. – Levantou o braço, me mostrando a inicial do meu nome tatuada em seu pulso e eu rolei os olhos.

– Quer saber, acho que isso tudo é uma má ideia. Não podíamos ter feito outro dia?

– Claro que não! – Ele respondeu de imediato, e eu pensei que falava com uma criança. – É o seu aniversário de dezoito anos. É um dia especial.

– É o dia do casamento do meu pai, Daniel. – Argumentei. – Eles vão simplesmente me matar! – Não, não é uma coincidência e nem falta de sorte o casamento do meu pai e Celina ter sido marcado pro dia do meu aniversário. Seu Sandro havia feito isso de propósito, pra eu não cometer nenhuma besteira agora que sou maior de idade.

Com o passar do tempo, eu acabei aceitando o casamento. Aceitei ser madrinha com Daniel e, devido às horas que eu passava ao lado de Celina vendo os preparativos, nos tornamos colegas. Percebi que ela não era uma pessoa tão ruim assim, e seria uma ótima mãe pro meu irmãozinho – ou irmãzinha, nós não sabemos ainda-.

Eu e Daniel estávamos melhores do que nunca. No dia que eu fui embora do hotel, a mãe dele o chamou para conversar ao meu respeito. Tomando a primeira atitude de homem da sua vida – como seu Damião gosta de dizer – ele falou pra ela que estava apaixonado por mim e que não havia mais noivado nenhum. Óbvio que a mal amada não ficou muito feliz, mas ele veio pra São Paulo antes que ela tivesse chance de surtar. Patrícia me perdoou pelo seu irmão não poder ver seu casamento, mas disse que eu estava lhe devendo uma.

Então aqui estava eu, de vestido longo e penteado na cabeça fazendo a minha primeira tatuagem, a apenas duas horas da marcada pro início do casamento. E sobre essa tatuagem ser a inicial de Daniel eu digo que neguei até a morte, mas quando vi que ele já tinha feito me senti um pouco mal por não querer fazer. Porém essa ideia ainda me é estúpida.

– Sim, mas só depois do casamento. Então ainda temos umas seis horas juntos. – Ele me deu um selinho e me abraçou assim que o tatuador terminou seu trabalho. Puxou delicadamente meu pulso e olhou admirado pra minha tatuagem. – Ficou lindo.

– É, eu também gostei. – Sorri discreta, mas ficando séria logo depois. – Agora vamos? Senão é capaz da gente chegar depois da noiva.

– Ok, vamos. – Daniel se despediu do tatuador (que ele já tinha pago) e me conduziu pra fora do estúdio.

A igreja aonde seria a cerimônia era a Catedral da Sé, a mais famosa de São Paulo. Óbvio que era meio impossível conseguir um dia faltando só três meses pro casamento, mas meu pai tinha uns certos contatos e enfim, tudo pra realizar o sonho da Celina – que era ter um casamento de arromba – e uns meses atrás eu até poderia bater o pé e fazer pirraça, mas convivendo com os dois acabei entendendo que eles se amam de verdade, e se até minha mãe superou, quem sou eu pra não o fazer.

– Milena, eu falei que não era pra vocês virem de moto. Olha seu cabelo, menina! – Dona Marta se aproximou de mim logo que eu desci da moto, na frente da igreja, e eu me senti uma criança de cinco anos de novo enquanto ela endireitava os fios do meu penteado.

– Tá gata hein sogrona. – Daniel chegou perto da minha mãe, que ficou vermelha igual um pimentão. É, o que três meses de convivência não fazem.

– Mas essa gata aqui tem dona. – Ricardo, o atual namorado da minha mãe, se juntou ao grupo, colocando uma mão em sua cintura. Bom, eu não falei sobre isso né? Quando mamãe disse que já estava superando meu pai, ela escondeu que não estava fazendo isso sozinha. Ricardo era colega de trabalho dela e sempre a tratou muito bem. Solteira, jovem e independente, nada a impedia de ingressar em um novo relacionamento. E eles estavam muitos felizes juntos, pretendiam até viajar pra Europa agora que eu sou maior de idade e posso muito bem cuidar sozinha da Mari.

– Mãe, esse treco aqui tá me incomodando. – Minha irmã mais nova apareceu com seu vestido branco de daminha, cutucando a guirlanda de flores em sua cabeça.

– Meu Deus, mais que daminha mais fofa! – Fiz voz de bebê, agarrando suas bochechas e lhe dando um beijo. Ela rolou os olhos.

– E a noiva? – Perguntei à mamãe, que endireitava a guirlanda na cabeça de Mariana.

– Saiu do salão agora pouco. Mas levando em conta o trânsito dessa cidade... – Respondeu sem olhar pra mim. – Seu pai está lá dentro, branco como uma folha. Acho melhor você ir falar com ele e tentar acalmá-lo. – Sorriu pra mim e eu assenti, rindo enquanto caminhava pra dentro da igreja. Daniel havia ficado lá fora conversando com Ricardo sobre o carro que ele ia comprar, e estava tão concentrado que eu preferi deixá-lo lá mesmo.

Acho que não preciso dizer o quão linda a Catedral da Sé é por dentro. Gigantesca e majestosa como sempre, hoje ela tinha um ar romântico e vintage, toda decorada de flores e velas. Os bancos já concentravam um número razoável de pessoas, entre elas Gabriela e Laura, cada uma com seu namorado – é, Laura conseguiu desencalhar-. Acenei pra elas e rapidamente avistei meu pai conversando com alguns de seus colegas do clube que frequentava. Aproximei-me e assim que me viu, Seu Sandro se despediu de seus amigos e andou até mim.

– Como eu estou? – Perguntou, dando um sorriso nervoso.

– Parecendo um pré-adolescente prestes a dar o primeiro beijo. – Brinquei e ele arregalou os olhos, me fazendo rir. – Pai, você está incrível, esse lugar está incrível... Vai dar tudo certo, se acalme.

– É, não é como se ela fosse desistir em cima da hora, certo? – Disse ansioso e eu sorri, tentando lhe passar confiança.

– Claro que não, Celina ama você. – Garanti e meu pai também sorriu.

– Fico feliz que vocês tenham se acertado, querida, fico muito feliz mesmo. – Comentou me abraçando, e eu ri com o nariz.

– Sandro Vasconcellos, se você me fizer chorar e borrar a maquiagem antes da cerimônia, eu enforco você com esses arranjos de flores. – Ameacei enquanto o soltava, mas ele apenas riu.

– Milena, eu estava procurando você. A noiva chegou. – Daniel se aproximou de mim e eu senti papai prender a respiração. Sorri animada pra ele, tentando descontrair.

– Então vamos começar esse casamento! – Exclamei o abraçando uma última vez. – E por favor, papai, não desmaie enquanto ela estiver entrando, ok? A imprensa está toda lá fora e seria realmente muito desagradável.

Meu pai rolou os olhos, me soltando e eu e Daniel nos encaminhamos pra fora, enquanto ele ia pro seu lugar perto do padre. Do lado de fora da Igreja, uma limusine preta entrou em meu campo de visão e eu caminhei até lá, enquanto Celina saia aos poucos do carro.

– Você está linda! – Elogiei, a olhando de cima em baixo. Ela usava um vestido estilo princesa, que escondia sua barriguinha de grávida, com o tomara que caia em forma de coração e um tully bordado. Seus cabelos loiros estavam presos em um coque muito bem feito, que era acompanhado de um véu também bordado que ia até o meio de suas costas. A maquiagem era simples, porém marcante.

Com um sorriso, ela se virou pra mim.

– Como ele está? – Perguntou, se referindo ao meu pai.

– Suando como um avestruz. – Respondi e minha madrasta deu uma gargalhada. – Mas quando ele vir você assim... Acho que vai ter um ataque cardíaco.

– Milena, todas as madrinhas já estão nos seus lugares, só falta você. – Mamãe interrompeu nossa conversa, puxando meu braço. Parece que só ai ela notou minha tatuagem. – Que diabos é isso?

– Mãe, eu...

– Ok, não importa. Agora vá pro seu lugar. – Empurrou-me levemente pra frente e eu suspirei aliviada. – A propósito, Celina, você está ótima.

– Obrigada, Marta. – Sorri pra conversa das duas e me afastei, indo até onde Daniel e os outros padrinhos estavam.

– Vocês são os terceiros a entrar. Não se esqueçam do que treinaram ontem. –A organizadora se aproximou de nós, colocando eu e meu namorado no lugar certo, como terceiros na fila. Quando todos estavam em seu devido lugar, a música encheu o cômodo e nós entramos pouco tempo depois do segundo casal, andando devagar e cautelosamente. Quando chegamos perto de meu pai, sorri pra ele, e ele sorriu de volta.

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– All you need is Love, Love! – Daniel cantava, ou melhor, berrava do meu lado, horas depois da cerimônia. O casamento tinha sido um sucesso, e nós acabamos exagerando um pouquinho na comemoração. Me dando o luxo de tomar meu primeiro porre legalmente com meu namorado, agora estávamos a caminho de um ponto de táxi, já que de acordo com minha mãe, Daniel estava “animado” demais pra dirigir.

– Love is all you need! – Completei, e nós dois demos uma gargalhada sem nenhuma razão. Ai ai, bêbado é triste.

– Sabe o que eu estou pensando? – Daniel parou de repente, segurando minhas mãos e eu balancei a cabeça, negando. – Que nós temos que nos casar.

– Ok. Amanhã a gente fala com minha mãe. – Concordei, dando de ombros. Mas lógico que seu eu estivesse sóbria eu não diria isso.

– Não! Nós temos que casar agora! – Ele exclamou de um jeito fofo, e eu apenas ri. Rindo de volta, o loiro se abaixou no chão, pegando dois elásticos de prender pacotes de pão e os enrolou, até formar dois anéis. – Milena Vasconcellos, você aceitar se casar comigo, para amar-me e respeitar-me, até que a morte nos separe?

– Siiiiiim! – Gritei animada, e ele colocou desajeitadamente um dos anéis no meu dedo. – Daniel Savioli, você aceita se casar comigo, para amar-me e respeitar-me, até que a morte nos separe?

– Siiiiim! – Repetiu meu grito e eu ri de novo, enquanto colocava o anel que sobrara em seu dedo. Sorrindo de orelha a orelha, Daniel me abraçou, e eu tive que cerrar os olhos para acreditar no que eu estava vendo. – Espera, aquilo é um motel? – Perguntei, apontando pra um prédio atrás dele, aonde um letreiro indicava “LUX Motel”. O loiro assentiu e então olhou pra mim de novo.

– O que acha de consumarmos nosso casamento? – Piscou os olhos pra mim, malicioso. Eu dei uma gargalhada.

– Acho uma ótima ideia. – Respondi, e sem perder mais tempo, Daniel pegou-me no colo e correu comigo até a porta de entrada do prédio. É, eu provavelmente não irei me lembrar desse momento amanhã, mas com certeza ele foi um dos melhores da minha vida.


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Notas finais do capítulo

Bom, eu quero agradecer primeiramente a Deus, meus pais, meu gato, minha calopsita... nãão, brincadeirinha! Na verdade, eu quero agradecer à vocês, meus caros leitores, por essa história maravilhosa. Se não fosse o entusiasmo de vocês, a interação de vocês e o apoio de vocês eu nunca conseguiria terminar essa fanfic que começou numa tarde tediosa de sexta-feira e que eu nem sabia se ia dar certo ou não. Enfim, obrigada por cada comentário, cada favorito, cada acompanhamento, cada recomendação. Vocês não existem, sério! Eu amo muito cada um de vocês.
E quero deixar claro que isso não é um adeus. Junto com a final de Bad Love estreiou hoje a minha nova história, A Filha do Presidente, e vocês podem continuar me acompanhando por lá. Tenho certeza que vocês vão gostar da nova história tanto quanto gostaram dessa, por isso, deem uma passadinha lá rsrs Muito obrigada por tuuuuudo gente. Vocês estarão pra sempre no meu coraçãozinho, junto com BL. Beijoooooos.