_ Você está tan maigre!

_ Claro que não maman! – Victorie reclamou assim que fomos abraçados por nossos pais na estação. Eu os abracei bem forte já que estava com saudades e agarrei Louis, que reclamou estar sendo sufocado.

_ E você Dominique! Cresceu tanto! – minha mãe continuou me dando mais um abraço enquanto meu pai pegava nossas malas.

_ Maman, foram só quatro meses. Não tem como eu ter crescido em quatro meses! – digo revirando os olhos.

_ Tem sim. São os genes Weasleys. – ela responde trocando um olhar divertido com meu pai sorri. Eu os amava muito. Meus pais estavam sempre apaixonados e transmitiam esse amor para nós três.

_ Então... Nós vamos para a casa da sua avó na véspera de Natal como sempre. – meu pai diz nos conduzindo para fora da estação. Nossos parentes que estavam por ali tinham sumido no meio da multidão. – Mas antes nós vamos usar esse tempo em família para colocar o papo em dia. Quero saber todo que aconteceu com vocês já que cartas que é bom... as mocinhas não escrevem.

_ Eu escrevi! – exclamo segurando sua mão. Vicky segura a da minha mãe e Louis já se agarra nela também, já com os olhos fechados.

_ Três vezes! Em quatrro meses! – minha mãe antes do incomodo redopio acontecer e segundos depois abro os olhos encontrando minha casa. – E Victorie escreveu apenas uma vez por mês...

_ Hogwarts não é tão emocionante para eu ter que escrever mais do que isso. – minha irmã diz enquanto eu aspiro o cheiro de maresia do Chalé das Conchas.

_ Não importa, queremos saber tudo. – meu pai diz entrando em casa animado. Eu troco um olhar com Vicky e nós reviramos os olhos em sincronia. – Então nada de ir dormir nas primas, nada de sair com Teddy, nada de sumir para não sei onde com James.... Entenderam?

_ Você fala como se eu saísse toda hora com o Teddy. – Vicky resmunga. – Nós só somos amigos...

_ Eu sei. – meu pai diz. – Mas eu tenho que ficar de olho nesses “amigos” de vocês...

_ Bom, eu não sei se suo mais amiga de James, então não precisa se preocupar. – comento me jogando no sofá da sala e abraçando uma almofada.

_ Como assim? – minha mãe pergunta e eu a encaro. Vicky está encostada na escada me olhando com pena. Louis está recolhendo uns brinquedos no tapete e meus pais me encaram confusos.

_ James fez novos amigos e nós meio que não somos mais tão... tão próximos. – digo lentamente tentando explicar de maneira simples e sem parecer que estou triste. – Acontece...

_ Ah, eu conheço vocês dois. – minha mãe diz batendo de leve na minha perna e indo para a cozinha. – Daqui a pouco estão grrudados novamente... – ela continua falando.

_ Bom, tirando isso, quais as novidades? – meu pai pergunta para mim e Vicky mas quando olho minha irmã já subiu as escadas sorrateiramente me deixando sozinha com o ruivo curioso. – As cartas de vocês são muito vagas... Fez amigos? Qual matéria gostou mais? Como é a Lufa-Lufa? Nunca entrei lá...

_ Calma papai! – digo rindo da afobação dele. – Eu gostei de Feitiços e Tranfiguração. A Lufa-Lufa é ótima, a sala comunal tem cheiro de chocolate e... eu fiz um amigo... o nome dele é Jack.

_ Claro, a Lufa-Lufa é uma ótima casa querida. – meu pai diz sorrindo. – E um amigo hm? Não falei? Sempre são amigos... Eu tenho que me preocupar muito com isso.

_ E aqui em casa? – pergunto rindo da cara emburrada do meu pai.

_ Nada de mais. – minha mãe diz voltando para a sala com uma expressão hesitante. – Sua avó Apolline está com uns probleminhas mas fora isso...

_ A Vó Line? – pergunta preocupada.

_ Ela está com depressão. – meu pai diz suspirando. – Depois que seu avo morreu ano passado, ela não se recuperou.

_ Mas nan se prreocupe com isso Dominique. – minha mãe diz acenando com a mão, e antes de eu retrucar sou atingida por um moleque loiro, vulgo meu irmão. Louis se jogou em cima de mim me fazendo arfar e logo estávamos brincando de pega-pega para desespero da minha mãe.

Era bom estar em casa.

–----------------------------------x----------------------------------------x---------------------------------x-----------

Quando chegamos na Toca a casa estava a mesma confusão de sempre. Roxanne estava correndo atrás de Fred por causa indefinida, Molly estava conversando com Tia Mione e Tia Angelina, Tio Harry estava rindo com meus outros tios. James e Alvo estavam tentando roubar um pouco de comida e foram repreendidos por Tia Audrey.

Dei a volta por aquilo tudo e abracei demoradamente minha avó e meu avo. Depois cumprimentei cada uns dos meus tios e tias e fui para onde Rose e Lily estavam, perto da lareira.

Minhas primas eram ruivas, é claro. Rose tinha dez anos e logo faria onze, indo para Hogwarts ano que vem. Seus cabelos eram enrolados e compridos e seus olhos verdes, suas sardinhas eram super engraçadas e ela estava sempre sorrindo ou lendo...

Já Lily tinha oito anos. Ela tinha cabelos ruivos lisos que estavam presos em Maria-chiquinhas e estava usando um vestido todo florido de manga comprida.

_ Domi! – Lily exclama me abraçando com força. – Você demorou!

_ Vicky demora muito arrumando o cabelo.- digo me sentando com elas e abraçando Rose.

_ Eu estava com saudades. – Rose diz. – Você só me escreveu uma vez!

_ Porque todo mundo reclama disso? – pergunto olhando pro teto. – Desculpa.

_ Tudo bem. – ela diz dando de ombros. – Agora conta sobre Hogwarts.

_ Ah é normal, como Vicky e Teddy sempre falaram. – respondo respirando fundo e sentindo o cheiro da ceia de Natal.

_ Não, mas você foi diferente. – Rose diz e eu a encaro confusa.

_ Queremos saber da Lufa-Lufa! – Lily esclarece me encarando com os olhinhos brilhando. – Ninguém aqui é de lá! Todo mundo é só da Grifinória...

Eu sorrio com a curiosidade dela e começo a contar tudo sobre minha casa, as aulas, a cozinha e quando vejo já é hora de comer.

Como toda boa Weasley eu ataco a comida. O peru não tem fez com aquele tanto de esfomeados que é minha família. A nossa ceia deve ser a mais rápida de todas, porque no máximo em quarenta minutos toda a comida já foi para nossos estômagos.

O relógio bate meia-noite e nós nos abraçamos em comemoração. Os pais começam a organizar a entrega de presentes, já que são muitos embrulhos.

_ Feliz Natal Nique. – ouço James disser antes de me abraçar forte e me levantar no ar. Eu retribuo e nos soltamos. – Toma. – ele me estende a mão com um embrulho pequeno e eu o encaro confusa. – Que foi?

_ É para mim? – pergunto.

_ Não, é para a rainha da Inglaterra. – James diz revirando os olhos e rindo. – Claro que é para você. Pega logo!

_ O-Obrigada. – digo pegando e abrindo rapidamente. Lá dentro tinha um colar de aparência rústica, com uma corrente comprida e uma pedra azul claro do tamanho de uma unha.

_ Chama Ágata Azul. – ele diz limpando a garganta. – Eu vi um cara vendendo no Beco Diagonal, e ele me disse que ela é a pedra da amizade, proteção e justiça.... Achei que combinava com você. E é da mesma cor que seus olhos.

_ É linda. – digo colocando no pescoço. A pedra foi até o meu estomago e eu levantei o rosto sorrindo. – Eu comprei uma coisa para você também...

Eu não tinha certeza se iria entregar o que eu comprei para ele, porque não sabia como estávamos. Na verdade, eu não sabia se estava brava com ele. Eu estava magoada, muito magoada... Mas ainda o considerava muito.

_ Aqui. – digo estendendo o embrulho e ele rasga cuidadoso como sempre.

_ Um... Livro..? – ele pergunta confuso.

_ Não faz essa cara. Eu sei que você leu As Crônicas de Narnia da Tia Hermione umas cinco vezes. Então eu comprei um para você. – ele observa melhor a capa com um enorme leão dourado e sorri entendendo. – É uma edição nova, comemorativa... Tem umas ilustrações especiais e...

_ Obrigado. – ele diz sorrindo e folheando o livro. – Mas só você que sabe que eu gosto de ler esse livro, então shiiiu. Eu tenho uma reputação a selar.

_ Eu sei. – comento sentindo um aperto. Eu sabia muito bem sobre a reputação dele. Essa reputação o fez se afastar de mim.

_ Bem, por Nárnia e por Aslan! – ele exclama animado. – Você não acha que esse livro lembra a Grifinória?

_ Só porque tem um leão na capa?

_ É.

_ Sim, lembra. – respondo revirando os olhos.

_ Hm... Nique?

_ Sim?

_ Nós estamos... bem, não estamos? – ele pergunta coçando a nuca e eu franzo o cenho.

_ Como assim?

_ Você ainda é minha melhor amiga certo?

Eu hesitei em responder. Uma parte de mim queria dizer não e esfregar na cara dele que me abandonou nesses últimos meses. Mas a outra parte sentia um aperto no peito ao ouvir ele me perguntar aquilo daquele jeito...

_ Certo. – respondo por fim fazendo ele sorrir. – Apesar de você não ter ligado muito para mim nesses últimos meses...

_ Desculpa, mas é que tudo acontece muito rápido, nossos horários são diferentes...

_ Mas custava muito vir aos sábados conversar comigo? Como prometeu? – pergunto e vejo ele corar e desviar o olhar.

_ Desculpa ok? Mas você sabe como é... Eu me distraia com meus amigos assim como você se distrai com os seus. – James diz dando de ombros e eu me seguro antes de falar que não tenho realmente amigos para me distrair. Será que ele nunca percebeu que eu passo a maior parte do tempo sozinha em Hogwarts?

– Que tal se nós ficarmos aqui na Toca até o ano novo? Se divertir como antes? Recuperar esse tempo? Podemos brincar na neve, fazer um boneco, uma guerra...

_ Com uma condição... – digo sorrindo diante a animação dele. – Eu vou construir o forte para a guerra de neve.

_ Ah Nique! Você sabe que eu construo um forte muito mais legal que o seu! – ele reclama com um bico.

_ Larga de ser idiota! – exclamo. – Ou é isso ou nada feito Sirius!

_ Ok, tá bom. – ele resmunga cruzando os braços e eu lhe dou um tapa de leve na nuca. – Ai! Olha a agressão!

_ Larga de ser molenga! – digo rindo e ele me acompanha na gargalhada por um bom tempo. – Senti sua falta James...

_ Eu também senti sua falta Nique.- James diz bagunçando meus cabelos e me fazendo formar uma careta.

Ficamos rindo e conversando com Rose e Fred até Tia Gina nos chama para fora para ver o tradicional show de jogos de Tia Jorge. A maioria das pessoas faz isso só no Ano Novo, mas meu tio adora tudo isso, então toda comemoração tem fogos no final. E eu finalmente sorri animada depois de um bom tempo. Eu e James estávamos bem.

–----------------------x---------------------------------x------------------------------------x------------------

_ Então vai ficar lá na Toca até o Ano Novo? – Vicky pergunta enquanto eu arrumo minhas coisas. – Com o James?

_ E quem mais estiver lá. – respondo pegando meu boné e colocando meu casaco.

_ Mas vocês não estavam brigados? – ela pergunta arqueando as sobrancelhas.

_ Ele se desculpou. – digo me sentando ao seu lado da cama e encarando meus tênis. – James praticamente me abandonou em Hogwarts, mas eu ainda tenho esperança... Acho que ele só ficou muito animado com tudo e não percebeu que estava me deixando de lado.

_ Se é o que acha... – Vicky suspira se levantando. – Só... converse com ele Dominique. Diga o que sentiu nesse tempo... e talvez James melhore quando voltarmos.

_ É, pode ser. – digo forçando um sorriso.

_ Só não se iluda. – ela solta já na porta com uma voz hesitante.

_ James é meu melhor amigo. – rebato pegando minha mochila. – Ele merece mais uma chance.

*

*

*

Cheguei na Toca por via Flu. Meu avo estava na sala lendo um jornal e levantou os olhos para ver quem era com um sorriso. O fluxo na casa era tão grande sempre que ele nem ligava quando alguém surgia na lareira.

_ Como vai Domizinha? – ele pergunta quando eu o abraço e lhe beijo a careca.

_ Ótima vovo. – respondo jogando minha mochila no chão e limpando as cinzas da minha roupa. – Cadê a vovó?

_ No quarto, mas já está descendo. – ele responde apontando pro teto. – Rose e Alvo acabaram de sair para brincar na neve, você vai com eles suponho?

_ Na verdade eu queria saber onde está o Sirius. – digo pegando mais uma blusa na mochila e pondo luvas e uma touca no lugar do boné.

_ Ora, James não está aqui. – meu avo diz me fazendo virar e encara-lo.

_ O q..? Mas nós combinamos. Ele disse que nem ia embora! – exclamo nervosa.

_ Porque não pergunta a Alvo o que houve? – ele sugere e eu afirmo saindo para fora da casa. Meus dois primos estavam logo a frente montando um boneco do meu tamanho com direito a cenoura no nariz.

_ Hey Dominique! – Rose saúda se levantando e me abraçando. – Vai nos ajudar?

_ Hãm... Claro, mas... Alvo. – eu chamo e me primo me olha. – Cade seu irmão?

_ James?

_ Você tem outro irmão? –indago fazendo Rose rir um pouco e Alvo revira os olhos.

_ Não... James saiu hoje cedo. Parece que um amigo dele o convidou para ir na Espanha ou algo assim. – Alvo responde voltando sua atenção pro boneco. –Acho que o menino é filho de um amigo do meu pai... Um tal de Thomas.

_ Aaron... Aaron Thomas. – digo encarando a neve sem acreditar naquilo. Mas uma chance, perdida.

_ Isso! – Alvo diz enfiando um galho para ser uma braço do boneco. – James disse que todos os amigos iam, e meu pai acabou concordando.

_ A Espanha é linda nessa época do ano. – Rose comenta.

_ É, mas James volta antes do Ano Novo. – Alvo informa se levantando e ficando do meu lado para apreciar o trabalho. – Mas porque queria saber?

_ Porque mais uma vez James me trocou pelos novos amigos. – digo com a voz vazia ainda encarando a neve, sem me importar em não parecer uma mimada. – Ele me disse que ia ficar aqui e nós íamos... Mas ele preferiu ir viajar com os outros amigos, é claro.

_ Oh, Domi... – Rose diz se levantando e me olhando preocupada. – Eu... eu sinto muito...

_ Tudo bem. – digo engolindo seco e sentindo um bolo na minha garganta.

_ Bem, e que tal fazermos uma guerra? – Alvo indaga. – Você pode fazer o forte Domi!

_ Não... não, eu... eu vou embora. – digo sentindo meus olhos arderem, por causa do vento talvez.

_ Ah não! Não vá Dominique. – Rose diz segurando meu braço.- James é um bobão por não vir ficar com você, mas nós estamos aqui! Vamos brincar!

_ Eu não estou muito bem Rose. – minto me soltando. – Vou ficar lá dentro com o vovo e a vovó um pouco.

_ Ah, tá bom então. – Rose diz fazendo um bico. – Mas se melhorar vem para cá!

_ Ok. – digo me virando e indo para dentro da casa novamente. Eu não podia acreditar que James tinha me abandonado outra vez. E ele provavelmente nem se lembrou de mim quando aceitou ir viajar com os novos amiguinhos. Mas por mais que eu tivesse paciência, e por mais que eu acreditasse nas pessoas, eu não ia mais dar chances ao James. Ele já tinha tido muitas e todas as vezes ele jogava nossa amizade no lixo.