Resto do caminho nós seguimos em silencio. Molly ia a frente mantendo uma postura exemplar e eu ia ao lado de James, que parecia estar indo para a forca.

_ O que você tem? – indago sussurrando para ele. James me olha de canto e suspira.

_ Nada. – ele responde em um murmúrio. – Você está bem?

_ Um maníaco me agarrou sem nenhuma explicação, mas sim, eu estou bem. – digo cruzando os braços pensativa. Aquele ataque foi a coisa mais estranha que já me aconteceu, afinal porque aquele menino me atacaria? E porque ele me chamava de Nique e... porque ficava olhando no relógio como se esperasse algo, ou alguém...

_ James... porque estava no corredor naquela hora? – pergunto sentindo as engrenagens do meu cérebro funcionarem.

_ Me chamaram lá. –James diz franzindo a testa como se também pensasse em algo.

_ Quem te chamou?

_ Aaron, ou Fred... não dá para saber. – James diz puxando algo brilhante do bolso e me mostrando. Era um galeão. – Tia Hermione me ensinou a fazer um feitiço onde é capaz de se comunicar com uma pessoa através disso aqui. Hoje, mais cedo, me mandaram o lugar e a hora. Nós usamos isso para marcar encontros ou brincadeiras...

_ E quem tem esses galeões? – pergunto afobada.

_ Eu, Aaron, Fred.... Mas porque quer saber? – ele pergunta arqueando as sobrancelhas.

_ Porque eu não acho que você me encontrou por simples coincidência. – digo respirando fundo. Nós enfim tínhamos chegado da passagem da sala da diretora e Molly murmurou a senha parecendo alheia a nossa conversa. – Foi algo armado.

_ Mas porque? – ele indaga encolhendo os ombros enquanto só subíamos as escadas.

_ Me diz você! – exclamo. – Tudo indica que eu era a isca e você o alvo principal.

Antes que James pudesse dizer algo Molly bateu três vezes na madeira da porta e olhou para James mordendo o lábio.

_ Mias uma vez... me desculpe James. – ela disse suspirando.

_ Tudo bem Molly. – James diz com pesar e eu franzo a testa alheia ao significado daquilo.

_ Entre. – a voz disse lá de dentro e nós obedecemos. A sala da diretora e bem imponente, cheia de livros e objetos que eu não fazia ideia do propósito. A diretora McGonagall estava sentada atrás da mesa, bebendo o que parecia ser chá e olhando o livro mais grande e grosso que eu já vi na vida. Ela nos olhou por um momento e suspirou, pousando a xícara no pires e cruzando as mãos sob a mesa logo em seguida.

_Srtas. Weasley, Sr. Potter... – ela saudou. – A que devo a visita?

_ Desculpe incomodá-la Diretora, mas nós monitores somos treinados para trazer a senhora qualquer caso que não posa se resolver com uma simples detenção...

_ Vá logo ao ponto Molly. – James resmunga se sentando a vontade na cadeira em frente a diretora, que o olha de um jeito incompreensivo. Dava para se notar que James já tinha vindo muito aqui.

_ Eu estava fazendo minha ronda hoje, e logo no inicio estava ajudando uma aluna a achar o caderno que tinha esquecido na sala de aula. – Molly conta e eu reservo um momento para pensar que Kate não parecia do tipo que saia a noite para buscar um caderno. – E quando virei o corredor encontrei James em uma briga física com outro aluno.

_ Eu estava ajudando Dominique. – James se impõe e Minerva vira a cabeça para ouvi-lo. – Aquele idiota estava atacando a N...Dominique. Ela estava pedindo para ele soltá-la.

_ É verdade diretora. – digo dando um passo a frente. – Aquele garoto me atacou do nada, me prendeu e... James realmente me ajudou.

_ E quem era esse aluno? – a diretora pergunta.

_ Não faço ideia. – respondo.

_ Mas eu sim. – James diz. – Era Steve Rogers, capitão do time de Quadribol da Lufa-Lufa.

_ Impossível! – exclamo me virando para ele que me encara surpreso. – Eu vi Steve na enfermaria pouco antes de ser atacada. Ele está na cama ao lado de Jack, e estava com a perna quebrada.

_ Além do mais Rogers nunca foi agressivo, pelo contrário, aquele ali consegue a simpatia até das moscas. – Molly comenta.

_ Mas era ele. – James insiste. – Ou então era o seu irmão gêmeo do mal.

_ Srta. Weasley, vá até a Ala Hospitalar e confirme se o Sr. Rogers não saiu de lá. – a diretora diz olhando para Molly que acena afirmamente e sai apresada da sala. – Agora, voltando a vocês...

_ A senhora entendeu que eu não tive culpa nisso não é? – James indaga hesitante e ansioso. – Eu só estava passando e ajudei Dominique a se livrar de um maníaco gêmeo do mal!

_ E o que estava fazendo fora da cama a essa hora? – Minerva indaga severa. – Já passou da hora de se recolher.

_ Eu... já estava indo para a Sala Comunal. – James murmura.

_ Que fica do outro lado do castelo? – ela completa sagaz. – E uma briga física Potter? O que o senhor é? Um brutamontes? Poderia muito bem ter ajudado sua prima usando algum feitiço!

_ Eu me precipitei. – James responde com a cabeça baixa e estralando os dedos da mão, sinal de que estava nervoso.

_ O senhor sabe muito bem o que eu disse que aconteceria se te visse aqui de novo Potter, sob estas circunstancias. – a diretora diz suspirando e James levanta a cabeça olhando-a com a maxilar travado e os olhos levemente arregalados. – Só Merlin sabe o quanto eu sinto por fazer isso, mas não posso lhe livrar mais uma vez.

_ Diretora, não pode fazer isso.. os jogos vão começar daqui a pouco!- James exclama se levantando e eu olho de um para o outro cada vez mais confusa. O que jogos tem haver aqui?

_ Eu segurei muito por meu amor por Quadribol Potter! Já era para isso acontecer antes, mas eu minimizei seu castigo pensando no esporte, mas agora já chega, eu lhe avisei, que da próxima vez que se metesse em encrencas eu lhe tiraria do time. E é isso que estou fazendo agora. – abri minha boca horrorizada. Ela ia expulsar James do time de Quadribol? Olhei-o e James estava branco, com os punhos cerrados. – Nós professores sempre trabalhamos com o fato de que jogadores tem que dar o exemplo, e você James, era o capitão do time! Não posso mais ficar livrando-o das punições. – Minerva soltou mais um longo suspiro e olhou James com pena. – Sinto muito Potter.

_ Não pode fazer isso! – exclamo vendo que James não diria nada. – Não pode expulsá-lo por algo que não foi culpa dele! James foi uma vitima aqui, armaram para ele... alguém queria que ele fosse expulso do time e armou tudo isso.

_ A senhorita está dizendo que alguém lhe agarrou no meio de um corredor para que James fosse expulso do time de Quadribol? – ela indaga arqueando as sobrancelhas achando tudo um absurdo, provavelmente.

_ Foi o que houve certo? – rebato exaltada. – O garoto que me agarrou, ele... estava nervoso, olhando no relógio como se esperasse algo. E me atacou somente quando ouviu passos no corredor. A senhora não acha isso estranho?

_ Srta. Weasley, eu acho estranho. Mas o que mais acontece nessa escola são coisas estranhas. – a diretora afirma duramente. – E James já estava avisado de que se quebrasse mais uma regra sequer, teriam consequências severas.

_ Mas essa foi um pouquinho demais não acha? – comento encolhendo os ombros.

_ James Potter tem o costume que aparecer aqui toda semana, já quebrou regras da escola que nem eu sabia que existiam. Muitos alunos e professores já me cobraram para puni-lo de acordo que eu sempre ponderei, justamente porque sei que James é um ótimo jogador e capitão, mas agora foi o fim Srta. Weasley. – ela diz se levantando e indo até a porta, abrindo em seguida. – Eu realmente sinto muito.

_ Posso pelo menos eleger o novo capitão? – James diz depois que eu me calo. Ele parecia muito calmo para alguém bipolar que acabou de levar um baque terrível.

_Creio que o time possa resolver isso Potter. – ela responde. – E Srta. Weasley, não vou punir por estar andando a essa hora pelo castelo porque pela história presumo que foi uma vitima das circunstâncias.

_ James também foi uma vitima, e você o puniu extremamente forte. – comento encolhendo os braços.

_ Eram casos diferentes Srta. Weasley. – ela diz sem se abalar. – E não se preocupe, eu vou investigar o que houve essa noite. Boa noite aos dois.

_ Boa noite. – respondo contrariada e sigo James para fora da sala. Ele andou na minha frente nas escadas e seguiu andando pelo corredor com as mãos nos bolsos parecendo calmo demais. Aquilo me irritava. – James, porque não disse nada? Podia se defender! Não pode aceitar isso, seu time...

Em um movimento rápido James socou com força a parede de pedra do castelo me fazendo dar um pulo de susto. Seu punho continuou na parede e eu pensava seriamente que ele tinha quebrado. Ok... talvez ele não esteja tão calmo como pensei...

_ James...

_ Eu não tinha nada a fazer. –ele diz de cabeça abaixa e virado para a parede, de costas para mim. – Ela falou a verdade sabe? Se ela tivesse me tratado como um aluno comum eu já tinha sido expulso do time séculos atrás.

_ Mas ainda assim! Se ela te livrou antes podia livrar agora! Principalmente porque você não teve culpe dessa vez. – digo com um tom de voz um pouco mais alto que o normal.

_ Porque se importa? – ele indaga se virando para mim e arqueando as sobrancelhas, me encarando com atenção. – Acha que eu vou te culpar?

_ Não seria a primeira vez. – murmuro incomodada. Seriamente, não seria a primeira que James explodiria e me culparia por tudo que houve, e por mais que seja um absurdo, dessa vez eu concordaria se ele me culpasse.Ele se meteu daquela encrenca porque eu fui fraca, precisei de ajuda, e ele estava ali e...

_ Olha, Dominique, eu não te culpar tá legal? Te certa forma não foi sua culpa ser atac...

_ Cala a boca.

_ O que? Dominique, eu estou tentando ser...

_ Cala a boca James, eu estou pensando! – exclamo revirando os olhos e voltando aos meus pensamentos enquanto James me encarava confuso. – Você disse que foi chamado ali certo?

_ Sim...

_ Por um dos meninos, Fred ou Aaron? – indago.

_ É... Mas o q...

_ Só eles podem usar as moedas? – pergunto o encarando e ele parece pensar.

_ Não exatamente, mas não estamos sempre com as nossas, não tem como alguém ter pego e me atraído para ali, se é o que está pensando.

_ Você não faz ideia da que eu estou pensando James. – afirmo olhando pelo janela dali enquanto minha mente ligava cada detalhe te toda aquela história.

“Parece que o time da Sonserina roubou as jogadas do time da Corvinal, e o capitão Malfoy não estava lá... Aquele imbecil do Nicholas ainda colocou mais lenha na fogueira e então a confusão começou.”

“Ele foi tentar defender um pessoal do time dele e esse é o resultado.”

_ Hoje cedo, na briga com os jogadores, quem começou a briga? – indago encarando-o.

_ A briga era entre Sonserina e Corvinal, mas a briga física mesmo começou com o McLaggen. – ele responde trincando os dentes. – Mas o que isso tem haver?

_ Simples James! – exclamo me animando pelas peças estarem se encaixando. – Rogers não podia ser o cara que me atacou porque ele estava na enfermaria, eu tenho certeza.

_ Mas era ele, eu o vi! Soquei a cara dele, do Rogers. – James insisti.

“_ O antigo capitão da nossa casa... – ele responde indicando a cama ao lado com a cabeça, na cama tinha um menino de cabelos castanhos claro dormindo e com uma perna enfaixada e erguida. No seu criado mudo tinha um monte de presentes e cartões de melhoras. – Ele quebrou a perna, não pode jogar a temporada.”

_ Não era ele James, era alguém fingindo ser ele. – digo vendo sua expressão confusa. – Seria fácil arranjar o cabelo de alguém do meio da briga.

_ Poção Polissuco. – James completa passando a mão nos cabelos. – Mas... porque alguém faria isso?

_ Alguém não... Nicholas. Era ele, ele me agarrou, eu tenho certeza. – afirmo respirando fundo.

_ Como pode ter certeza? Ele te falou? – James indagou agitado, ele parecia ficar mais elétrico a cada segundo.

_ Não precisou dele falar quem era...

“_ Ei, ei... calma Nique. – a pessoa disse e pela voz grossa notei ser um menino.”

“– Sossegue Nique... Mais alguns minutinho e vai estar livre. – ele diz sorrindo e colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. – Você só precisa cumprir seu papel de vitima indefesa!”

“Hora do show Nique. Finite Encantatem.”

_ Ele é o único que conheço que tem a mania de me chamar de Nique. – comento e James adquiri uma postura tensa, suas mãos estavam presas na cintura e sua testa franzida. – E ele estava esperando você, ele queria que você me visse sendo atacada porque sabia que você ia se meter e consequentemente iria ir para a diretoria.

_ Ele sabia que eu estava por um fio de sair do time. – James diz passando a mão no rosto nervoso. – E o desgraçado conseguiu! – grita batendo mais uma vez na parede.

_ Ok, James... Bater na parede de pedra não vai ajudar, foque de novo aqui. – digo puxando seu braço que ia para mais um murro inútil. – Tem mais uma coisa... Se tudo que estamos pensando for verdade, se Nicholas planejou tudo isso, ele tinha que se certificar que você seria pego por um monitor ou professor na hora, senão tudo seria em vão...

_ Ele atraiu Molly...

_ Não. – o corto. – Quem atraiu Molly foi Kate.

“_ Eu... vou levá-lo. – Kate diz se intrometendo e ajudando o menino maníaco que me atacou se levantar. – Para a Ala Hospitalar.

_Mas e seu problema Kate? – Molly indaga ainda olhando nervosa para James.

_ Não era nada. – Kate responde abanando a mão com desdém e indo embora, carregando o menino mancando.”

_ Kate não tem nada haver com a história Dominique. – James rebate balançando a cabeça com uma careta de descrença.

_ Não? James, fala sério! – exclamo incrédula com sua reação. – Ela estava com Molly, levou ela até lá e depois gentilmente ajudou Nicholas a fugir...

_ Kate podia estar ali por acidente, não podemos acusá-la. – ele afirma gesticulando com as mãos como se dissesse “fim de papo”.

_ Inacreditável. – murmuro balançando a cabeça. – Ela já te traiu, é uma vadia e você não quer acusá-la?

_ Dominique, vamos focar no assunto principal ok? Nós não temos provas contra Kate. – ele diz e eu bufo irritada, era incrível como ele era cega á canalhice daquela idiota... – A propósito, não temos provas concretas contra Nicholas também...

_ Eu sei que era ele! – exclamo.

_ Isso de nada adianta para provar para a diretora McGonnagal que eu sou inocente dessa vez. – ele rebate.

_ Bom, você fez um belo estrago na cara dele... – comento e vejo um sorriso convencido surgir na cara de James, o ego dele nunca falha, Merlin! – Mesmo que não fosse exatamente a cara dele no momento... – completo entortando a cabeça. – Acha que quando o efeito da poção polissuco passar ele vai continuar com os machucados feitos na cara do “Rogers”?

_ Sim, ele vai ficar machucado. – James responde. – Mas ele pode alegar estar machucado por conta da briga de mais cedo.

_ Droga! – suspiro. –Parece que ele pensou em tudo! – exclamo nervosa.

_ Nicholas pensa em um jeito de me derrubar há anos! – James afirma arqueando as sobrancelhas. – Ele, com certeza, pensou em tudo...

_ E o objetivo é te tirar do time... Para ele entrar no lugar? – indago e ele confirma. – Mas mesmo assim, ele não será capitão.

_ Nicholas no time já é algo muito preocupante. – James diz. – Você não o conhece, ele vai acabar com nosso time... Com aquela... arrogância, egoísmo...

_ Bom, eu te avisei que ele não era boa pessoa. – comento entre dentes e James revira os olhos. – Mas enfim, se nós precisamos de provas, vamos achar provas.

_ Nós? – James repete. – Dominique, isso é problema meu.

_ Mas eu estou envolvida! – exclamo decidida. – E... eu me sinto atingida também, e indignada com tudo... Portanto, eu vou te ajudar a achar algo que provar essa armação toda. Quer você queira ou não.

James me encarou inexpressivo por um tempo, e eu pensei que ele iria se irritar e me dar um passa fora, mas apenas abaixou os olhos, balançou a cabeça, passou a mão pelo rosto e enfim me encarou com um sorriso torto indefinido.

_ Ok Dominique, nós vamos achar uma prova disso tudo. – ele diz e eu sorrio. – E poor onde começamos?

_ Kate... - - digo e ele revira os olhos, e eu reviro os meus olhos por ele ter revirado os olhos. – E pelas moedas. Vamos saber quem te atraiu até aquele corredor na hora marcada.