Is he a Ken guy? escrita por Lets


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Nossa senhora, cheguei!
Não me matem! Se vocês estão no grupo do WhatsApp ou do Facebook sabem os motivos de minha ausência. Mas falo mais nas notas finais.
Espero que gostem!



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POV Autora

9 anos antes...

Rafael andava de um lado ao outro em seu quarto. Suas mãos maltratavam o cabelo escuro sem dó nem piedade. Camila já estava ficando preocupado que ele pudesse desmaiar de tanto andar em círculos, enquanto Miranda ria com o nervosismo sem fundamento — para ela — do irmão.

— To até vendo o piso ceder. — a mais nova não podia deixar de fazer um comentário maldoso

— Cala a boca, Miranda. Não to com paciência pra você e seus comentários inoportunos hoje. — o moreno respondeu acidamente, ainda sem parar de andar

— No que tanto pensa, filho? — Camila se pronunciou, deixando que a preocupação saísse em seu tom de voz

— Mãe, eu não to pronto pra perdê-la. Não posso me afastar dela.

— De quem, Rafa?

— Mari, mãe. De Mariana. Acabamos o ensino médio. Vamos para faculdades diferentes em estados, quem sabe países, diferentes. Não posso deixar isso acontecer.

— E o que pretende fazer?

— É pra isso que eu to andando aqui feito um dois de paus! Pra descobrir o que fazer! — ele explodiu sentindo as pernas cederem e seu corpo tombar sentado no chão

Apoiou a cabeça entre as mãos, segurando as lágrimas que ameaçavam sair. Balançou a cabeça negativamente, tentando bolar um jeito de ficar com sua namorada mais tempo do que o próprio tempo permitia.

Eles tinham uma data de validade. Afinal de contas, todos os romances colegiais tinham, não? Como continuar um relacionamento se o futuro desejado pelo casal seguia um caminho diferente do outro?

Rafael sentiu as mãos leves de sua mãe acariciarem-lhe as madeixas. Foi quase impossível prender as lágrimas dentro dos olhos em um momento como aqueles, mas ele precisava ser forte.

— Mãe, eu to com medo. — admitiu com certo constrangimento na voz

— Não fique, querido. Por que você não organiza suas prioridades? Assim saberá o que é mais importante em sua vida.

— Mari é o mais importante em minha vida.

— Você diz isso agora. Mas consegue se imaginar com ela daqui a dez, vinte anos? Como você imagina o futuro de vocês, se cursarem faculdades diferentes? Se ficarem sem se ver por meses a fio?

O coração do garoto se apertou com essa possibilidade. Ele conseguiria, ao menos, sobreviver sem os toques de sua amada namorada por meses seguidos? Procurar por outra, ele tinha a certeza que não faria. Também confiava em Mariana para que ela não procurasse outros toques que não fossem os seus. Mas quanto sofreriam longe um do outro?

— O que você quer para a sua vida, Rafa? Qual é o seu sonho?

— Eu... Eu não sei, mãe. Realmente não sei. Sempre estive tão certo de que queria ser jogador de basquete, mas vendo o que isso pode me custar, não sei se vale tanto a pena. Gosto de jogar, claro, mas parece que aquela paixão avassaladora que eu sentia pelo esporte, se esvaiu. Não sei se me vejo jogando basquete profissionalmente daqui a quinze anos, por exemplo.

Rafael viu um sorriso tímido aparecer no rosto de sua mãe. Perguntou-se o motivo disso, mas não externou o pensamento.

— Você sabe o que dizem sobre alma gêmea, filho. Quando acha a sua, não pode deixá-la escapar. Você achou sua alma gêmea, Rafa?

— Achei.

— Então como vai mantê-la por perto?

O mais novo pensou. Como manteria sua amada por perto se estavam fadados a seguirem caminhos diferentes? Espere, será que estavam mesmo destinados à separação? Ou uma única mudança poderia juntá-los novamente, para sempre dessa vez?

— Vou fazer faculdade de música. — o garoto sorriu com sua própria constatação

Lembrava-se que a namorada já havia comentado com ele o quanto gostaria de formar-se em música, apesar da discordância dos pais. Sabia que ela seguiria seu sonho, afinal de contas. E ele iria com ela.

#

7 anos antes...

Rafael e Mariana não tinham todas as aulas juntos. Essa era uma delas. Tanto para ele quanto para ela, a hora não parecia passar. Por mais que ambos adorassem todas as matérias que tinham na faculdade, as aulas que passavam separados sempre pareciam durar mais.

Rafael já tinha um plano em mente. Por mais que ele e Mariana namorassem a três anos, ele queria oficializar a relação deles. Precisava de um papel comprovando que ela era dele e vice-versa. Sabia que nunca sentiria um amor tão grande por ninguém e nem queria sentir. Mari o fazia feliz e ele queria se sentir desse jeito pra sempre.

Por mais que ele fizesse planos, sabia que ainda demoraria para se concretizar. Queria muito casar com ela, mas tínhamos que terminar a faculdade primeiro. Ou algo perto disso.

— Oi Rafa. — uma voz feminina soou atrás do garoto enquanto ele guardava o material depois de o sinal ter batido

— Ah, oi Julia. Tudo bem?

— Tudo sim... — foram andando juntos até a porta da sala — Então, queria saber o que você vai fazer hoje à noite...

— Ãhn... — ele tentou se esquivar, mas ela continuou a falar

— Podemos ir a um pub. Sabe, é sexta... Podemos aproveitar pra descansar e curtir a noite.

— Desculpe, Julia, é que eu vou sair com a Mari. — a expressão dela desmoronou um pouco

— Ah, tudo bem. Podemos sair amanhã então.

Uma coisa era clara: a garota era insistente. Mariana ouvia a conversa a alguns passos de distância, mas decidiu deixar claro para a garota que Rafael era comprometido.

— Amanhã ele também sairá comigo. Assim como domingo, e segunda, e terça, e todos os outros dias. Pra sempre.

— Sempre é muito tempo, Mariana. — Julia respondeu, a fuzilando

— Pra você ver o tamanho do nosso amor, né Rafa? — Mariana não podia controlar o ciúmes em sua voz

— Claro, princesa. — Rafael abraçou seus ombros e beijou sua testa

Julia revirou os olhos e deu as costas, saindo de perto do casal.

— Da próxima vez que essa piranha chegar perto de você, eu vou arrancar os olhos dela fora.

— Minha ciumentinha. — Rafael a provocou, mordendo o lóbulo de sua orelha

— Idiota. — ela sorriu e abraçou a cintura do namorado

#

5 anos antes...

Mariana estava acabando de se arrumar para sair com o namorado. Ele estava nervoso pelos seus planos. Sabia que a namorada o amava, mas tinha medo de dar esse passo. Afinal de contas, casamento não é para qualquer um.

O homem se olhou no espelho mais uma vez antes de sair de casa para buscar a namorada em sua casa. Ele estava bonito, tinha que admitir. O terno estava bem passado, acentuava seus músculos há muito desenvolvidos. O bolso da calça pesava emocionalmente. Sentia a aliança dentro da caixa de veludo, por mais que a mesma quase não encostasse em sua pele.

Respirou fundo e saiu de casa, indo em direção ao seu carro. Poucos minutos depois, estacionou em frente à casa de sua amada. Buzinou uma vez e a porta logo se abriu, revelando Mariana em um vestido longo maravilhoso.

O caminho até o restaurante foi silencioso, apesar de regado a sorrisos e carícias ingênuas. A mulher não podia acreditar no restaurante que o namorado a havia levado. O restaurante mais elegante da cidade. Suas mãos começaram a suar de nervosismo. Será que era mesmo o que ela estava pensando?

O maître os levou até uma mesa reservada. Há alguns metros de distância, uma banda tocava músicas calmas e românticas.

— Rafa, esse lugar é lindo!

— Não mais do que você.

A mulher corou, abaixando o olhar para o cardápio em suas mãos. Ouviu a risada baixa do namorado e sentiu uma mão puxando seu queixo para cima, fazendo-a focar naqueles olhos verdes que tanto amava.

— Eu queria fazer isso de outro jeito... — Rafael começou, sentindo-se nervoso — Mas não sei como. — ele suspirou e Mariana o encarou, confusa — Mari, eu te amo mais do que qualquer um teria a capacidade de amar. Minha meta de vida é fazê-la feliz. — ela já estava com lágrimas nos olhos quando Rafael se ajoelhou em sua frente — Deixe-me te fazer feliz para sempre, princesa. Case-se comigo. — ele segurava uma caixinha de veludo preta aberta, com um par de alianças dentro

— Sim. — por mais que a emoção fosse grande, Mariana conseguiu sussurrar uma afirmação

As alianças foram facilmente encaixadas nos dedos anelares e as duas bocas se encontraram em um beijo amoroso e urgente. Os aplausos eram ouvidos ao fundo, mas o casal não ligava. Eles estavam em uma bolha que ninguém conseguiria estourar.

#

3 anos antes...

— Não aguento mais! Chega! Vai à merda, Rafael! — Mariana gritava aos quatro ventos

— Porra, mulher, qual é o seu problema?! — o homem respondia no mesmo tom de voz

— Você é o meu problema!

— Ta de TPM e vem descontar em cima de mim! Pára com isso!

Mariana fez um barulho de raiva e saiu do quarto, batendo a porta atrás de si. Odiava que dissessem que estava de TPM. Não negava, mas ninguém precisava dizer.

Ela tinha consciência que as brigas cada vez mais frequentes se davam ao fato da crise do primeiro ano de casados estar próxima. Além, é claro, de seus hormônios exagerados.

Rafael sentou-se na cama. Conhecia sua mulher o suficiente para saber que dentro de dois minutos ela voltaria pedindo desculpas e o beijando. Dito e feito. Nem um minuto e meio depois a porta do quarto se abriu revelando uma loira com o rosto vermelho talvez de raiva, de vergonha ou de tanto gritar, fazendo um beicinho adorável. Sussurrou um "me desculpe" e correu aos braços do marido, quando este abriu-os para recebê-la.

Claro que a noite terminara com muito amor, beijos, gemidos e orgasmos para o casal.

#

Dias atuais...

Mariana estava sentada na tampa do vaso sanitário. Olhou à porta do banheiro pela vigésima vez nos últimos 50 segundos para ter certeza de que estava trancada. Então voltou a olhar o bastão em sua mão direita.

Suas pernas tremiam e ela tentava não fazer barulho algum. Não queria que Rafael aparecesse antes da hora. Mordeu os lábios e então os umedeceu. Quanto mais tempo olhava aquele palito, mais demoradamente os segundos passavam.

"Droga, eram só dois minutos. Será que esse negócio ta quebrado?!" ela pensou, pegando seu celular só para confirmar de que se passara somente um minuto. Respirou fundo e apertou o aparelho em suas mãos, juntando os lábios em uma linha fina para reprimir um suspiro de desespero.

E se ela estivesse grávida? Sabia que seu marido ficaria feliz e que a apoiaria mais do que nunca, como se isso fosse possível. Mas também sabia que sua vida mudaria drasticamente. Festas, bebidas e turnês teriam que parar por um bom tempo, na melhor das hipóteses. Na pior: para sempre. Não podia ser tão ruim assim, certo? A loira nunca dependeu de nada disso para ser feliz. Sabia que se adaptaria à vida de mãe como se adaptou à de cantora.

Além do mais, não é como se ela fosse desistir de cantar. Só não poderia ficar viajando e badalando como vinha fazendo. Nada que fosse caso de vida ou morte. Poderia muito bem conviver com essa vida mais calma desde que tivesse seu marido e filho ao seu lado.

Filho. Como será que era ter um filho? Um filho de Rafael, ainda. Imediatamente, imagens de um garotinho moreno de olhos claros apareceu em sua mente. Ele ria e corria pelo grande jardim da mansão que era sua casa. Um sorriso bobo brotou nos lábios da loira. Não era como se sonhasse em ser mãe desde sempre, mas não negava que tinha esse desejo.

— Positivo. — ela sussurrou quando seus olhos, por acaso, bateram nos dois tracinhos rosas do bastão

Olhos estes que marejaram no mesmo segundo. Os cantos dos lábios se arredondaram para cima, desenhando um sorriso tímido no rosto da mulher que descobrira estar grávida.

Levantou rápido demais e quase se desequilibrou, mas segurou-se no granito da pia até seus pés fixarem no chão. Então correu porta a fora, procurando seu marido pela casa.

— Rafa! Rafa! — Mariana gritava enquanto descia as escadas

— Mari? O que foi? — o homem apareceu na sala de estar com um semblante preocupado que logo foi substituído por confusão quando viu o sorriso no rosto de sua mulher

Mariana não respondeu com palavras, mas estendeu o bastão que mudara sua vida há poucos segundos para que seu marido visse. A confusão de sua face passou a ser surpreso e então, feliz.

— Sério? — perguntou como se precisasse ter certeza de que aquela cena não era mais um de seus sonhos

A loira assentiu abrindo ainda mais seu sorriso. O moreno abraçou-a pela cintura, levantando-a do chão e girando-a no ar. A felicidade de ambos era quase palpável e sua risada era audível de quilômetros de distância.

— Eu te amo tanto, princesa!

— Eu também te amo, meu príncipe.

Selaram seus lábios em um beijo urgente apesar de não haver pressa alguma. As mãos do rapaz rapidamente passaram pela barriga ainda plana de sua esposa e ambos sorriram durante o beijo.


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Notas finais do capítulo

Meu Deus do céu, que dificuldade que eu tive em escrever esse capítulo! Puta que pariu! Gente, sério, eu demorei essas duas semanas pra escrever isso! Juro pra vocês!
Ficou do jeito que eu queria? Não. Nem perto, na verdade. Quando imaginei esse capítulo, sei lá... Ele parecia perfeito. Mas não conseguia de jeito nenhum melhora-lo na hora do bem bom. Hahahaha
Fiquei psicologicamente exausta escrevendo esse capítulo. Vocês não tem ideia do quão horrível é querer escrever e não conseguir! Me sinto a pior pessoa do mundo, ainda mais por saber que estava em dívida com vocês!

Ah, sobre a Liga dos Betas que eu comentei no capitulo passado: não deu certo, infelizmente. Mas se não foi, é porque não era pra ser mesmo...

Bom, é isso gente. A fic ta acabando. Não sei se isso é bom ou ruim... Sentirei muuuuuuuita falta de ISABG! Mari e Rafa são meus bebês. Mas uma nova fase vai começar depois que essa terminar. Mais pra frente falo mais com vocês sobre isso!

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