Assim que elas partiram eu chorei e muito. Me chamo Jessie Phillips, 17, alérgica a amêndoas e camarão, signo de sagitário, amo sorvete (quem não ama?), adoro colorir meu cabelo com cores em tons pasteis, e essa sou eu porém nos últimos meses eu sou apenas uma garota-câncer; até parece que para os outros eu não possuo historia alguma, sou apenas câncer... É claro que eu tenho um rim esquerdo fajuto, mas isso não define quem sou.
(...)

Mais um dia de quimioterapia havia chegado, eu adoro me vestir é serio, porém nunca me arrumei muito para esse tipo de evento afinal provavelmente eu vomite em minhas roupas (sou um exemplo de feminilidade). Mas dessa vez eu fiquei me encarando no espelho por um bom tempo, dessa vez ir vestida como quem acabara de acordar me incomodou um pouco.

–Vai assim?-disse minha tia abrindo a porta e quase me matando do coração- sem nenhum batonzinho?

–Qual o problema?- pergunto franzindo o cenho

–Nada de importante...Além do fato de ter um garoto interessado em você- Ela entra em meu closet e pega um vestido amarelo- Prove este, fica lindo em você- ela coloca o vestido em minha frente

–Mã...-quase a chamei de mãe, algo embaraçoso-T-tia eu acho melhor não... quer dizer eu posso até colocar o vestido, mas em relação a isso-digo apontando para minha cabeça desprovida de cabelos

–Pare de inventar desculpas, você nunca se importou com isso, o Collin vai gostar de você pelo o que você é!- ela disse olhando profundamente em meus olhos, e saiu

O que ela disse havia sido um pouco contraditório, mas mesmo assim me despi e coloquei o vestido e calcei um All Star preto e desci as escadas calmamente e notei que minha tia já aguardava no carro, então sai de casa e entrei no carro e fomos em silencio até o hospital. Normalmente eu sempre desço do carro e entro no hospital enquanto minha tia vai resolver seus assuntos, mas dessa vez ela entrou comigo sem nenhuma rasão aparente.

Assim que entramos uma enfermeira que carregava uma prancheta nos parou

–Jessie Phillips?- ela perguntou apontando para mim

–Sim-eu mantinha o olhar fixo nela, até que algo ou melhor alguém passou atras dela, esse alguém era Collin ele não havia me visto ali, mas mesmo assim continuei o observando

–Vamos Jessie!- sai de meu transe quando minha tia me chamou com um olhar preocupado

–Onde vamos?

–Seu medico quer falar conosco- ela disse

A leveza que senti quando vi Collin foi embora rapidamente, toda a cor do meu rosto sumiu quando minha tia disse que o doutor Fitz queria nos ver, eu fiquei muito preocupada afinal... Eu sei qual o motivo da conversa porém eu queria saber se a conversa seria boa ou ruim.

Chegamos na porta e mentalmente li seu nome escrito na porta minha tia deu leves batidas na porta até que uma voz que vinha de dentro da sala disse "Entre!". Entramos e ele com um sinal pediu para que nos sentássemos e assim fizemos.

Ele relia uns papeis que talvez fossem meus exames com uma expressão seria, alguns de seus longos cabelos castanhos que iam até um pouco abaixo de sua cintura ficavam indo para a frente de seu rosto o fazendo ficar um pouco incomodado. Por cada movimento que o mesmo fazia tentando tirar o cabelo de sua frente o sol refletia a sua luz no crachá onde se encontrava o nome Dimitry escrito.

–Ajuda com a pediatria- disse ele sorrindo quando notou que eu reparava em seu cabelo- Então, senhora Phillips os exames de sua sobrinha chegaram e eu tenho uma ótima noticia, para dar as duas- ele ficou sério encarando minha tia.- Conseguimos eliminar todas as células cancerígenas da Jessie- desta vez ele sorriu- não sera mais necessário fazer a quimioterapia- ele finalizou

Eu abri um enorme sorriso e minha tia começou a chorar, a emoção era indescritível, eu voltaria ao normal e aparentemente tudo ao meu redor também. Tudo estava em perfeita sincronia...

Eu me retirei da sala e minha tia disse que era para mim esperar no corredor, saindo de lá vi que Collin estava saindo da sala que ficava na frente da sala onde eu estava, assim que ele me viu ele me cumprimentou com um sorriso.

–Oi- ele disse com um sorriso e veio se aproximando

–Oi-respondi logo corando, ele notou que eu corei e deu um sorriso de canto

–Por que não me mandou mensagem ou ligou?-ele perguntou passando a mão nos poucos cabelos em sua cabeça

–Tem caneta?-perguntei decidida

–Sim-ele tirou uma do bolso e me entregou

Anotei meu numero em sua mão e devolvi a caneta

–Te vejo depois então!-ele acenou e foi no corredor em direção oposta

Minha tia saiu da sala e fomos comemorando em direção ao carro.

P.O.V Collin

Enquanto saia do corredor, fitava o numero e o nome escritos com uma bela letra. E posso admitir que nunca fiquei tão feliz por andar por ai com uma caneta.