Seis longos anos se passaram desde... Todos os ocorridos, e muita coisa mudou: eu cresci e agora tenho 23 anos, Collin e eu dividimos um aparatamento perto da praia (da janela do quarto eu consigo ver um pouco da roda gigante onde nos beijamos pela primeira vez), agora trabalho de garçonete para poder pagar a faculdade de moda. Acho que agora não tenho historias incríveis para contar.

Se quer sobre a incrível tia Agatha, bom, ela morreu em um assalto à banco, ela foi usada como escudo humano pelo assaltante. O policial que iria atirar nele e libertar todos os reféns era experiente, contudo o assaltante que desviou da bala que era para acertar sua cabeça com o corpo de Agatha era mais. E foi assim que eu perdi meu "resto de família", foi horrível pensar em nunca mais ver seu sorriso, ouvir seu sarcasmo... Por sorte Collin me convidou para morar com ele; acho que é essa minha historia, a garota que teve cancer, órfã de mãe, pai e (quase) tia.

...

–Oi- Collin entra na cozinha e beija minha testa- Pensando em cozinhar algo?- ele encarava a panela que eu segurava em minhas mãos

–Óbvio... Que não, eu estou pensando para qual restaurante ligar para pedir comida.- falei guardando a panela

–Ótimo, mas acho que não vou poder ficar- Collin disse pegando uma maçã

–Por que?

–Mudaram meu horário no hospital, então...- o interrompi lhe dando um beijo de despedida

–Collin-chamei, ele já estava de saída- pode pegar o anti-ácido para mim.

–Claro- ele abriu uma gaveta e pegou o frasco com o anti-acido dentro- esta tudo bem?

–Sim, só tive umas dores abdominais esquisitas.- Collin me olhou com um olhar preocupado- está tudo bem-completei o despreocupando.

E assim Collin saiu para ir trabalhar e eu fui tomar banho.

P.o.v Ambre

Novamente me flagrei olhando para aquelas fotos, as malditas fotos. Nessa manhã, com a chegada do carteiro, e como já era de se esperar, entre todas as contas e as assinaturas de revistas, lá estava ele: o envelope branco, não muito grande, porém não muito pequeno , sem remetente, apenas com o número de minha casa, eu não fazia a minima ideia de onde essas fotos vieram, não dava para saber.

As fotos não eram imagens ameaçadoras e nem tiradas por um maniaco tarado, elas eram apenas lindas, belas paisagens e belos cartões postais, as fotos não possuíam nenhum aviso, nenhuma mensagem, e eu não tinha ideia de quem as tirava. Dessa vez eu havia recebido três fotos: uma de uma garotinha loira brincando com bolhas de sabão, outra de uma cabine telefônica vermelha (aquelas que ficam em Londrês), e a ultima que era apenas um carrocel iluminado à noite.

Ouvi um barulho parecido com o som de uma sineta. Estava na hora. Guardei as fotos em minha bolsa, engoli em seco, passei pelo detector de metais e finalmente entrei na sala de visitas da prisão.

Não demorou muito, as detentas chegaram acompanhadas de um guarda e sentaram-se com seus entes queridos, pude ver que Li era a ultima da fila, ela se sentou em minha frente com cara de "poucos amigos" e não falou nada.

–E então... Como você está?- perguntei colocando minhas mãos sobre a mesa

–Presa, e você?- Li olhava em todas as direções menos para o meu rosto

–Li... Eu sinto muito... Eu queria ter voltado e te ajudado, mas eu não podia- continuei olhando para seu rosto e procurando por seus olhos, mas eles não se encontravam

–Sua "pena" acabou em seis meses, eu ainda mal completei seis anos e ainda tenho mais doze anos então...- Li me mostrou seu dedo do meio

–Como é a prisão? P-por dentro

–Horrível, perdi as contas de quantas vezes me chamaram de Sushi ou algo do tipo- Ela olhava atentamente para as unhas- Mas e a Charlotte como esta? E a Jessie?

–Vi a Jessie no mercado outro dia, o cabelo dela esta gigante e roxo, a Charlotte está bem... Não nos falamos muito depois de tudo.

–Sabe Ambre, você me ferrou e é impossível que eu consiga ter uma conversa normal com você, sendo que depois dessa visita você vái para a sua mansão e eu continue aqui, dormindo em um colchão duro! O que restava do respeito, amor e a amizade que eu tinha por você foi embora há muito tempo- Li se retirou da sala e foi embora

Lagrimas vieram, Li estava naquela situação horrível e a culpa era minha.

Chegando em casa fui para meu quarto e retirei de minha mesinha da cabeceira um álbum, lá estavam depositadas varias fotos de vários lugares do mundo, as mais recentes que estavam no álbum eram em Tóquio, e agora havia essas.

Eu sempre tive suspeitas que fosse o Nathaniel querendo me dizer que ele estava bem, ele nunca voltou para casa, seu quarto ainda estava como ele deixou. Meu pai não esboçou muitas reações no dia em que ele partiu, muito menos minha mãe. Eles agiram como se Nathaniel nunca tivesse existido, como se eu fosse filha unica.

Com todo aquele mistério sobre as fotos que não me colocavam em perigo, eu nunca levei as fotos até a policia, eu até gostava de ter um mistério apenas meu e da pessoa que tirava as fotos.

P.o.v Jessie

Lentamente abri os olhos, eu não estava em casa, reconheci isso pelo teto extremamente branco, minha boca estava surpreendentemente seca, olhei para os lados e vi que estava no hospital, à minha esquerda havia um monitor cardíaco que emitia um barulho irritante. Também vi Collin sentado ao meu lado dormindo, mas não demorou muito ele se acordou.

–Oi- ele disse dando um beijo em minha testa e fazendo algumas caricias em meus longos cabelos- Como você esta se sentindo?

–Estranha, por que eu estou aqui?

–Eu vou pegar o café- Collin mudou de assunto e saiu da sala

Depois de um tempo ele voltou com dois cafés, me entregou um e bebeu o outro.

O médico entrou no quarto e cumprimentou Collin e disse que tinha um noticia para me dar, o clima ficou tenso, Collin saiu da sala para deixar o médico e eu sozinhos.

–Senhorita Phillips, há dois dias atrás a senhorita chegou inconsciente aqui no hospital. Por exigência de Collin e do hospital fizemos uma bateria de exames em você e...- ele olhou para a prancheta em sua mão revisando tudo- Sinto em lhe informal que seu câncer voltou...

–Ah não- meus olhos merejaram- quando começa a quimioterapia?- perguntei em meio as lagrimas

–Ai é que está o problema, seu câncer voltou mais forte do que antes, a quimioterapia não vai funcionar, temos que achar um doador dentro de um mês, caso contrario...

–...Eu morro, m-mas não dá para tentar as outras formas de quimioterapia? V-vocês tem que tentarem!- eu estava aos prantos

–Sinto muito- o medico se retirou, vi que el e trocou apenas algumas palavras com Collin e se retirou do corredor

Collin entrou correndo na sala, seus olhos estavam inchados (o que apenas favorecia a cor verde de seus olhos) ele me abraçou fortemente e me beijou.