República escrita por Larissa Gomes


Capítulo 35
Férias - A chegada


Notas iniciais do capítulo

Menininhas, me enrolei. Desculpa!! s2
Mas sem mais enrolar, lá vai!
Boa leitura!



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Aquela tarde no riacho seria inesquecível.

Os quatro jovens, que já no carro se dirigiam até a Vila, sabiam disso.

Gina havia informado seus pais que iria passar as férias em casa, com uma amiga. Avisou também, que iria de carona, mas não teve coragem de informar no carro de quem. Eles ainda não sabiam de nada sobre Ferdinando, nem que este morava na mesma república que ela.

Quando chegaram à estação de trem da Vila, os dois jovens sentiram o estômago tomado por borboletas.

Os pais de Gina, Sr. Pedro e Dona Tê, já a aguardavam lá, de braços dados.

– Nando, eu vou descer com a Juliana e apresentar ela pro pai e pra mãe... Enquanto isso você desce e já pega as nossas malas. Quanto menos isso demorar melhor. – Gina sussurrava, apoiando-se no encosto do banco do rapaz.

Ferdinando respirou fundo. Não era assim que queria as coisas, mas sabia que Gina estava temerosa com a reação dos pais, precisava entender.

– Tá bem menininha... Eu acho que eles ainda não viram que sou eu. Tão sorrindo pra cá... – Ferdinando brincou, tentando descontrair a tensão, que já era compartilhada inclusive por Juliana e Zelão.

Gina desceu do carro sem muita demora e foi correndo abraçar os pais. Estava morta de saudades deles, daquele lugar, de tudo.

– Ah menina, que seu cabelo já cresceu tanto! – Dona Tê dizia, claramente emocionada, ao abraçar Gina. Nunca havia ficado tanto tempo longe da filha.

– Ela todinha cresceu mãe! – Sr. Pedro dizia já exagerado, demonstrando a clara emoção pelo abraço que recebia.

–Cresceu nada não, parem de exagero os dois! – Gina dizia sorrindo pelas falas saudosas dos pais coruja que tinha.

Juliana já havia descido do carro, e observava a cena maravilhada. Aquela família a sua frente possuía muito carinho, muito amor, e isto estava claro. Tendo ela uma família não muito próxima, por ‘n’ motivos, se sentiu em um lugar acolhedor. Um ambiente terno.

Gina se dirigiu até ela e a puxou pelas mãos, até os pais.

– Mãe, Pai, essa aqui é a professora Juliana! Minha amiga, lá de São Paulo!

Os pais de Gina observaram com brilho no olhar a pequenina e bela moça de cabelos róseos. Tão novinha já professora.

– Professora? – Seu Pedro perguntava intrigado, enquanto cumprimentava Juliana.

– Mas assim novinha? – Dona Tê perguntou, enquanto depositava um carinhoso abraço de boas vindas, na moça.

– Sim, e já me formei há algum tempo. – Juliana pontuava doce como sempre.

– Olha como fala delicada ela, Pai. – Dona Tê se derretia em ver que a amiga de sua filha era toda feminina. “Tomara que a Gina tenha aprendido arguma coisa com ela.” Pensava em segredo.

– Pois é! – Sr. Pedro riu desengonçado. – Mas se você veio com a professora no banco de trás fia, quem é que tava dirigindo...? – Ele perguntou mais por curiosidade que desconfiança.

Neste exato momento, Ferdinando, que estava de óculos escuros, se posicionou entre eles, depositando as malas que carregava no chão. Ele se ergueu lentamente e retirou ou óculos.

– Eu aqui, Sr. Pedro Falcão. – Ferdinando tentou parecer firme e desencanado. Mas na verdade tremia por dentro, sem saber qual seria a reação do futuro sogro.

– Mas você é... – Pedro não acreditava muito no que via.

– É o filho do Epaminondas Pedro! – Dona Tê constatava em desespero, exagerada.

– Mas eu to vendo mãe! – Pedro se remexia todo, sem saber muito como expressar seu nervoso. – Mas o que é que você tava fazendo no carro com a minha filha, rapaz?! – Ele estava realmente nervoso.

– Ara que o carro é dele pai! Eu vim de carona com o Nando! Eu, a Juliana e o Zelão. – Gina disse se colocando na frente de Ferdinando, dando um basta ao chilique do pai.

– Zelão?! – Sr. Pedro e Dona Tê foram uníssonos, observando que o referido rapaz estava ao lado do carro, ao fundo.

Ferdinando nada dizia, achou melhor deixar Gina contornar a situação.
A ruiva sabia muito bem como lidar com seus pais, e sabiam que eles eram assim, meio exagerados, mas compreensivos na maioria das vezes.

– É sim. Eu, a Juliana, o Nando e o Zelão moramos juntos, lá em São Paulo. – Gina realmente não gostava de rodeios. – E viemos juntos pra cá, ara. Agora chega de conversa mole que eu quero ir pra casa. Ela virou-se discretamente dando uma piscadela ao amado.

Ele entendeu.

Seria melhor mesmo encerrar o quanto antes aquele momento de estranhamento.

– Mas como assim morando junto?! – Sr. Pedro questionava observando sua esposa quase desmaiar com a fala da filha.

– Ara que em casa eu te explico pai! Agora vamos? – Gina grudou na mão da professorinha e passou por entre os pais, seguindo pra casa.

Quando passou por eles, não pode deixar de sentir um frio lhe correr a espinha, de nervoso, pelo dono dos olhos que agora a encaravam.

– Que história é essa de essa uma estar morando com você, Nandinho?! – Epaminondas foi seco e direto. Nem se quer cumprimentou o filho e o afilhado, que estavam à frente.

Pedro Falcão trocou com o coronel um olhar não menos que inflamado.
Nando gelou. Coisa boa não sairia se o pai continuasse a se referir assim de Gina.

– Ora meu pai, isso lá é jeito de se referir à moça?! – Ferdinando falou firme com o pai. – Quando formos para casa eu também lhe explico, não é nada de mais, não é Zelão?! - Ele olhou para o amigo, atrás.

– É verdade coronel. – Zelão confirmou, observando a cara de assustados dos três amigos envolvidos.

– Agora vamos que e to numa canseira absurda! – Nando se espreguiçou forçadamente. – Inté Sr. Pedro, Dona Tereza, Juliana... – Ele suspirou inconsciente. – Gina.
– Eu acho é bom mesmo vocês dois me exlicarem! – Epaminondas ralhou antes de voltar para seu carro.

Pedro não respondeu a despedida de Ferdinando, continuava a encarar o arrogante pai do rapaz, que agora se dirigia ao carro. Dona Tê, que havia gostado da postura dele, em defender a filha, acenou de leve. Gina e Juliana, apenas consentiram a retirada com um movimento silencioso de cabeça.

Ferdinando voltou para o carro e se retirou com Zelão, rumando para a grande fazenda da sua família, que ficava mais adiante.

Gina voltou a caminhar com Juliana, em direção a casa que não ficava muito longe, deixando o pai pensativo, enquanto carregava as malas das moças.

[...]

– Gina, você trate de explicar ‘tintin por tintin’ essa história de tá morando com aqueles dois, por favor! – Pedro disse com a voz profundamente irritada, assim que entraram na casa.

– Ara que no jantar eu conto pai! Agora vou mostrar a casa pra Juliana e descansar um pouco também que hoje o dia foi mais puxado que aqui na roça. Inté!

Gina subiu rapidamente as escadas, seguida pela amiga, deixando os pais curiosos na sala.

– Nem vem que eu não sabia de nada! – Dona Tê se defendeu da acusação silenciosa que o marido lhe fazia com o olhar, se retirando para a cozinha.

[...]

– Mas isso não tem cabimento! – Epaminondas dizia exagerado como sempre, na mesa de jantar que compartilhava com o filho, a pequena e graciosa filha, e a espalhafatosa esposa.

Ele não admitia a ideia de Nando compartilhar a casa que morava em São Paulo com a filha de Pedro Falcão.

– Tem, tem cabimento sim, meu pai. Ela paga o aluguel tanto quanto eu! – Ferdinando levou a mão à testa, já saudoso da paz da república. – Agora, vamos jantar, sim?

– Eu concordo com o Nando. – Catarina, sua madrasta, dizia tremelicando os dedos de unhas longas e escuras. – Vamos jantar em paz, por favor.
Ferdinando agradeceu o reforço da madrasta com um sorriso.

Ela sempre o ajudava a dobrar seu pai.

– Tá certo! – Epaminondas disse desgostoso. – Quem vai ficar dormindo do lado de uma jaguatirica é você, não sou eu... – Ranzinza.

Ferdinando nem respondeu a provocação, apenas se preocupou em jantar e matar as saudades da amada irmã, que estava sentada ao seu lado.

[...]

– Gina? – Juliana dizia olhando para o teto, deitada na cama que havia sido providenciada para ela no quarto da amiga.

– Hum? – Gina questionava, também observando o teto, enquanto despertava de seus devaneios. Lembranças, na verdade. De certo engenheiro.

– Eu queria te agradecer por me deixar passar as férias aqui. Pelo pouco que vi, já gostei muito da vila, da sua casa, dos seus pais...
Gina sorriu com o agradecimento.

– Imagina Juliana... Precisa agradecer não. – Ela suspirou – Vai ser bom ter você aqui, se não eu já ia tá morrendo de saudade da república.

– Da república ou do seu futuro noivo?! – Juliana sorriu baixo. Sabia desde o início, assim como Zelão, do plano deles.

– Ara Juliana, nem sonha em ficar falando isso aqui! – Gina riu, dizendo em voz baixa. – Eu sou mesmo uma maluca! E o Nando também...

– E é por isso que vocês se dão bem minha amiga... Apesar das implicâncias diárias. – A professora provocou. – E eu acho que é por isso que eu me dou bem com o Zelão também. – Ela concluiu com um suspiro.

Gina se lembrou de uma coisa importante.

– Juliana, por falar no Zelão... Eu queria lhe pedir uma coisa...

– Pode dizer minha amiga. – Juliana foi sucinta.

Gina não queria abusar, mas realmente, seria melhor.

– Eu queria te pedir pra não falar pra ninguém do seu namoro com o Zelão... Eu não sei se o pai ia gostar muito de saber... Pelo menos não agora. – Gina se apoiou em um braço e olhou para a amiga, apreensiva.

– Ora essa Gina, fique tranquila que o próprio Zelão já havia me pedido isso, pelo menos até vocês se acertarem com as famílias aqui... – Juliana era sempre compreensiva.

– Ara, que bom! – Gina respirou aliviada.

– Mas Gina... – Juliana se apoiou em um braço, encarando a ruiva. – O que você vai dizer pros seus pais sobre o Nando, agora no jantar?

Gina pensou um pouco.

– Bom, eu vou dizer que... – A ruiva iniciou uma fala.

Mas não conseguiu concluir, tendo em vista que sua mãe apareceu na porta do quarto.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado amoras! Amanhã tem mais! Obrigada pelo carinho, sempre! s2



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