República escrita por Larissa Gomes


Capítulo 11
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Notas iniciais do capítulo

Oi menininhas! Finalmente consegui terminar! rs
Me desculpem a demora flor, mas imprevistos são sempre tão...imprevistos! hahaha
Mas está aqui, e eu espero que gostem!
Boa leitura!!



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Gina desceu as escadas, acompanhada pela amiga Juliana, ainda com dúvidas sobre como se comportaria ao ver Nando na mesa de café da manhã.


– Bom dia minha cara Gina! – Renato disse em tom de brincadeira para a amiga. – Fiquei sabendo que quase precisou de meus cuidados hoje mais cedo!


Todos riram. Ferdinando e Renato já sentados, Juliana e Gina ainda se acomodando.


– Pois é Renato, quase! – Ela disse com um sorriso sem graça. – Felizmente outro doutor passou a noite comigo, cuidando muito bem de mim, não é Nando?!
Os três amigos a olharam espantados interpretando as palavras da pobre de um modo nada casto. Ainda para piorar sua própria situação, ela o chamava pelo apelido, pouco utilizado por ela, ao final da frase. Gina era, realmente, inocente demais.


– Ora Gina, não fale assim! – Ferdinando tentava concertar o mal entendido. Sua voz esboçava um leve riso escondido – Eles podem pensar besteira...


– Ué, e besteira por quê?! Eu só disse que você passou a noite comig... - Ela finalmente percebera o que havia de errado na construção da frase. – Não... Gente, não foi isso que eu quis dizer! – Ela estava vermelha como uma pimenta. Sem conseguir concluir a desculpa, levou as mãos até a face, imensamente envergonhada.


Todos caíram na gargalhada com a trapalhada da ruiva. Ainda mais com sua cara de espanto ao perceber o mal entendido que havia cometido. Ela mesma riu. Era mesmo uma boba.


– Ara que eu quase lhe cobrei essa tal noite Gina – Ferdinando aproveitou para atiça-la – Não seria justo você beber e eu não me lembrar de nada!

A ruiva olhou séria para Ferdinando, mas havia um carinho em seu olhar que a impediu de ser rude com o rapaz.


– Ora Nando, pare de falar bobagem! – Ela deu um leve tapinha em seu ombro.
Ele riu encantado com a serenidade da moça ao aceitar a brincadeira.


[...]

– Nananinanão Gina, suas sandálias não estão aqui... – Ferdinando dizia olhando para o ultimo canto do jardim que faltava procurar.


– Nando... – Ela dizia enlaçando os dedos das próprias mãos por nervosismo. – Na verdade, a Juliana já me entregou minhas sandálias agora de manhã...

– Ora essa Gina! E eu estou procurando pelo quê posso saber? – O engenheiro a encarou contrariado, com cara de quem se sentia um bobo.


– Na verdade, eu só queria uma desculpa para te trazer aqui... Quero conversar com você... – A voz dela estava serena, mas incerta.


Ferdinando não resistiu à confissão que a ruiva havia feito. Sorriu.


Dirigindo-se até ela tomou-lhe as mãos e a levou no balanço para se sentarem juntos.
– Menininha sapeca! – Ele riu acariciando as delicadas mãos da moça apoiadas sob as dele em seus joelhos. – Você não precisa de desculpas para me chamar para conversar Gina. Sempre que precisar, eu vou lhe estar disponível, e você sabe o porque.


Ela sorriu. Corou um pouco. Para ela, ainda era diferente ouvi-lo falar de sentimentos, assim, tão assumidamente.
Talvez o motivo, era que ela mesma, não conseguiria nem em seus maiores devaneios expor os seus assim, com tanta facilidade.


A manhã estava linda. Na verdade esplêndida. O céu estava azul, com poucas e alvas nuvens. A temperatura alta não incomodava, graças a brisa fresca que lhes afagava a todo o momento. Ferdinando e Gina estavam à vontade um com o outro, com suas camisetas e bermudas jeans. Ferdinando forçou um pouco do pé esquerdo no gramado, e impôs um leve ritmo ao balanço, Gina deixou os seus pés suspensos, para não atrapalhar o embalo.


– Você pode dizer menininha, eu sou todo ouvido. – Ele olhava serenamente em seus olhos.


Gina suspirou e o encarou de volta. Aquela cena, aquele momento de carinho, os dois ali, tão enamorados, a deixavam ainda mais incerta sobre o que dizer.

– Bom Nando... - Ela começou com a voz firme, porém suave. - Eu não sei ao certo, mas é que... Sabe, não ando me sentindo muito bem com as coisas que estão acontecendo.


Ele arregalou os olhos a encarando. “Como assim não se sentia bem?!” ele se auto questionava.


– Como assim Gina... Foi alguma coisa que eu lhe fiz?!


– Não. Na verdade sim. Quer dizer, também. – Ela realmente estava com dificuldades em explicar. Sua voz já começava a expressar nervoso.


– Gina. Calma. – Ele lhe acariciou o rosto. – Não tente se explicar, me diga primeiro o que foi...


A paciência com que Nando a tratava, fazia Gina se sentir segura, é verdade. Mas muitas vezes trazia a tona um lado que ela não gostava de lidar. Ela se tornava sensível demais, delicada demais. Precisava mudar isso.


– Ara Nando, - Ela disse soltando as mãos do engenheiro – Foi que eu não acho certo agente ficar se beijando por aí como tá acontecendo! – O tom ríspido de muito tempo voltara.


– Ara Gina, calma! Não precisa ser grossa comigo, eu não beijei sozinho, beijei?! – Ele caía na provocação dela novamente.


– Não, não beijou. E nem eu sozinha. Agente fez isso junto, e é por isso que eu quero lhe falar!


– Pois então você pare de ralhar comigo, e me diga de uma vez! – Ele realmente havia caído. Seu tom já estava tão ríspido quanto dela.


Gina era orgulhosa. Muito.
Nando era orgulhoso. Demais.


– Você não se ache no direito de gritar comigo, Napoleão! – Ela ficou de pé na beira do balanço.


– E nem você se ache no direito de ser grosseira comigo, sem ao menos ter um motivo Falcão! Ara! – Ele ficou de pé em frente a ela. – Ara Gina! Que coisa! Será que agente nunca vai conseguir passar um momento junto em paz, sem discussão?! – Neste segundo momento, a voz de Ferdinando beirava um pedido.


– Ara Ferdinando! Você também não colabo... - O celular de Gina tocou em seu bolso, ela o pegou e verificou o nome na tela. – Eu vou ter que atender... - Ela se afastou um pouco de Nando, virando de costas. Apenas por costume.


Ferdinando aguardou. Ouvia Gina proferir poucas e baixas palavras.


– [...] Tudo bem, na semana que vem agente se vê na faculdade Cadu. Beijo! – Disse Gina se virando de volta para Nando.


Esta parte ele escutou. Este nome ele escutou.


– Ora essa Gina, era seu amigo de ontem? – Ferdinando perguntava cínico com um nó formado em sua garganta. - Eu por acaso posso saber o motivo do ‘Eu vou ter que atender’?! – Ele soava nervoso, como quem havia presenciado a mais terrível das traições. Falava gesticulando de maneira exagerada.


Gina levou as mãos à cintura, incrédula com a cena que presenciava. Ferdinando estava tendo uma crise de ciúmes.


– Olha Ferdinando, era ele sim... Mas o motivo, apesar de você poder saber, eu não vou lhe dizer... Você não tem o direito de me interrogar assim.


Ela o encarou incrédula.
Ele a encarou irritado.


– Gina, você pelo amor de Deus me diga o que aquele um queria com você... - Ele começava a suar frio. As cenas dela com aquele um na festa começavam a passar em sua cabeça como um filme.


Gina sabia que não devia explicações. E muito menos se curvar diante de um comportamento daqueles que Ferdinando estava tendo. Mas sentiu-se penalizada pelo desespero sem motivo que ele demonstrava.


– Ferdinando, ele é meu veterano. Temos assuntos da faculdade a tratar, ué...e ele também queria saber o motivo de eu ter sumido ontem na festa. – Ela era sincera, não via problemas na preocupação de Cadu.


Ferdinando via.


– Ora essa, ele sentiu sua falta, mas nem ao menos te ligou ontem de madrugada Gina! Nem se importou em saber se estava bem... – O tom de Ferdinando era de ciúme, e mais, indignação. – Belo amigo este que te vê perder o controle com a bebida e nem se preocupa em lhe aconselhar a parar... Ele só ficou se aproveitando de você Gina, isso sim! – Ele estava vermelho. Não gritava, mas sua voz estava claramente alterada.


Ao terminar o desabafo Ferdinando observou que Gina o olhava com descrença no olhar. Ele havia se exaltado. Sabia disso. Começava a perceber isso, na verdade. Serrou o punho da mão direita e o levou a boca fechando os olhos. Respirou fundo. Abriu os olhos e encarou Gina de forma mais serena.


– Ferdinando, eu não entendo e nem quero entender sua raiva por ele! – Ela estava sendo ríspida novamente. – Ele é meu colega, e nem você nem ninguém tem nada a ver com isso.


– Mas Gina, ele ontem tentou... - Ele começou a dizer em tom de súplica, mas foi interrompido pelo dedo indicador da moça em seus lábios, solicitando silêncio.
– Ferdinando, Chega! – Ela era pontual.


Potranca indomável. Era simplesmente impossível ir contra ela.


Ferdinando relaxou o corpo sobe o dedo impetuoso da moça nos lábios, como quem admitia a derrota, apesar de não concordar. Ele amava a postura valente dela ao enfrentá-lo, apesar de não querer admitir.


– Agora, - Ela dizia retirando o dedo dos lábios dele. – Eu lhe trouxe até aqui porque queria conversar Nando... Será que podemos?! – Ela levou as mãos à cintura. Seu tom voltava a ser um pouco mais calmo.


– Tudo bem Gina... – Ele se sentou no balanço novamente. Ela o seguiu.


– Nando, eu preciso que você seja sincero e me diga... – Ela começou a abaixar o tom de sua voz pela vergonha da pergunta que seguiria. Suspirou. – O que você quer de mim?!


Ferdinando foi pego de surpresa.


Mas... Ora, sabia bem o que queria... Queria ela toda. Todo seu amor, todo seu carinho, todo seu corpo. Toda. Mas não podia ser claro assim, ao falar para ela. Ele a olhou buscando decifrar qual a possível resposta que mais a agradaria. Nada. O semblante dela estava mais confuso que o dele próprio. Não sabia o que diria.
Enquanto se perdia em seus devaneios Ferdinando percebeu que havia incluído a palavra amor em meio a seus desejos. “Mas que diabo!” Ele pensou ao concluir o inevitável. Ele amava Gina Falcão.


Mas não teve coragem de admitir a ela tal sentimento. Nem ele ainda aceitava isso.
– Gina, eu já lhe disse o que sinto. – Ele começou tomando-lhe as mãos (gostava muito de tocá-las) – Mas eu não sei ao certo o que podemos fazer... Eu nem sei se você ao menos... Gosta de mim...


Gina encarou como uma pergunta. Sentiu o estômago pregar-lhe uma peça convidando algumas borboletas a lhe visitar. Ela queria ser sincera, ele estava sendo. Mas não sabia como dizer. A última pessoa para quem havia “declarado” seus sentimentos era Ferdinando, anos atrás. E ela agora tinha esta dificuldade em falar sobre o que sentia, justamente pelo que ele havia feito.


Ela travava uma batalha consigo mesma.


Até que deixou seu coração, guiado pelos conselhos de Juliana, pela primeira vez (conscientemente) vencer.


– Ara, eu até que gosto de você Nando... – Ela desviou o olhar para o chão. – Mas não sei se é igual o que você diz.


Ferdinando não se importava com a intensidade do sentimento da ruiva. Estava feliz. Na verdade, radiante. Ela havia lhe confessado a confiança e agora, o sentimento. Ainda que singelo, ele existia. Era o que importava.


– Ara menininha, - Ele ergueu-lhe o queixo novamente nas mãos. – Você não sabe como fico feliz em ouvir isso. – Ela se via refletida no brilho dos olhos dele. – Então está decidido. – Ele pontuou animado.


– Mas decido o que Nando?! – Ela questionou confusa, franzindo o olhar.


– Nós vamos ficar assim Gina. Apenas nos conhecendo. Sem pressões, nem nada. - Ele era esclarecedor. Gina gostava da proposta que ouvia. – Se você me permitir me der um tempo Gina, eu pretendo tentar a menos lhe fazer gostar de mim o tanto que gosto de você. E então, quando estivermos com os mesmos sentimentos, voltamos a conversar para engatar um namoro, ou sei lá!


Gina engasgou com o próprio ar. Para ela, namoro era sinônimo de casamento futuro, e... Casamento?!


– Ara que eu gostei da sua proposta Nando, mas namor..ara! Nem quero falar disso. – Ela sacudia a cabeça a fim de recuperar os pensamentos.


– Ora Gina,que eu também não quero saber disso, foi só um exemplo. – Ele tentava disfarçar e demonstrar o mesmo desinteresse que a ruiva. Mentia. Mas era melhor se fazer difícil.


Orgulhosos.


– Então tudo certo... Mas como isso chama Nando?! – Ela estava curiosa.
– Ficar Gina. Isto se chama ficar. – Ele ria da inocência da moça. “Tão pura, mas tão dura!” ele pensava encantado.


– Tá certo. - Ela disse fazendo um doce bico de contentamento.


Ele lhe sorriu.
Ela lhe sorriu.


Ferdinando estava feliz. Seu coração pulava com a possibilidade de conquistá-la. Olhava para ela encantado.


Gina observava a ponta dos pinheiros balançando com o vento. Ferdinando a observava, e via os belos cabelos dela também se movimentarem com a brisa.
– Vem aqui Gina! – Ferdinando escorregou o corpo pelo balanço, trazendo Gina junto a ele.


Deitaram-se na grama. Ela abaixou sua cabeça no abdômen dele e virou as pernas para o lado. Sentia-se a vontade com ele para fazer este tipo de coisa.


Eles respiraram o perfume das flores e da grama ao redor. Era um ambiente muito agradável. Ferdinando acariciava os cachos ruivos que lhe banhavam o corpo com uma mão, enquanto a outra servia de apoio para sua cabeça. Gina pegou uma flor, e começou a retirar as pétalas por distração. Estava agradável o silêncio do local. Estavam apenas um curtindo a companhia do outro, não mais.


Gina olhou para o lado, e pelas grades do portão viu um homem se aproximar da campainha. Reconheceu o rosto. Não lhe agradou.


– Zelão?! – Ela disse levantando-se, com uma expressão fechada, que já denunciava sua falta de afeição pelo rapaz.

– Zelão?! – Ferdinando levantou-se empolgado com a possibilidade de encontrar o colega.

– Oi doutor! – Zelão acenou sorrindo, o ver Ferdinando no jardim. – O senhorzinho pode abrir aqui pra eu?!


Ferdinando foi em direção ao portão, e verificou ao olhar para trás que Gina não o seguia. Nem continuava no gramado. Ela havia apenas entrado, sem lhe dar explicação nenhuma.


Mas depois ele questionaria. O que queria mesmo agora era entender o que Zelão fazia na porta da república com uma mala nas mãos.


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Notas finais do capítulo

Bom minhas lindas, espero que tenham gostado! No próximo capítulo vou esclarecer algumas coisinhas, mas já adianto que o casal Zeliana será apenas coadjuvante na estória. Apesar de meu carinho por Ju e Zelão, meu foco ainda é Ginando! rs
Beeeijos!
Comentários são a inspiração. s2