República escrita por Larissa Gomes


Capítulo 10
Uma nova manhã.


Notas iniciais do capítulo

Amo os momentos fofos de Ginando, por enquanto este será meu comentário sobre este capítulo! rs
Boa leitura!!



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Gina abriu os olhos e não reconheceu o ambiente em que estava. O quarto estava escuro, pois a janela ainda fechada não permitia a entrada do sol da manhã, que já havia raiado. Para piorar, sua pouca visibilidade tornava-se turva pela estrondosa enxaqueca que lhe atingia.
Sua cabeça estava péssima. Seu estômago, pior.
Ela piscou os olhos diversas vezes, resolveu tentar se levantar e verificar onde estava. Ao tentar apoiar a mão no colchão que percebeu estar, sentiu tocar o braço de alguém. Um breve, porém forte, frio lhe correu a espinha. Ela paralisou-se assustada.
“Meu Deus. O que foi que eu fiz?!” Era a única coisa que sua mente se questionava. Tinha medo de descobrir a resposta.
Retirou a mão do braço e resolveu tentar se lembrar de alguma coisa. Precisava se lembrar de alguma coisa. Deito-se rígida novamente onde estava e olhou para cima, tentando vasculhar a memória. Lembrou-se de estar na festa e logo após ter saído de lá ao ver Ferdinando beijar Maia. A lembrança lhe deu um aperto no peito e até mesmo náuseas. Ela não estava bem.
Após, isso, as demais lembranças começaram a voltar, ainda que de forma bagunçada e pouco clara, à sua mente. Ela constatou: Estava no quarto de Nando. E aquele braço, era dele.
– Nando?! – Ela chamou com a voz fraca, que transparecia seu mal estar.
No escuro do quarto, ao ouvi-la chamar, Nando acordou de imediato. Sua mente, embora ele estivesse dormindo, havia lhe deixado em alerta, por saber que Gina não estava muito bem.
– Bom dia menininha... – Ele se virou para ela, tateando no escuro seu rosto, e em seguida a acariciando. “Sua voz da manhã” Gina se derreteu ao lembrar-se de como era bela.
Ele se virou para o outro lado, e habilmente acendeu o abajur. Virou-se de volta para ela, voltando à mão para seu rosto, que mostrava a quão debilitada ela estava.
– Bom dia Nando. – Ela disse segurando a mão que lhe acariciava. Seu olhar era de apreensão. – Nando... porque eu dormi aqui? – Ele precisava mesmo saber.
– Ora essa Gina, apenas porque estava cansada demais para ir pro seu quarto. Você não se lembra do que houve ontem à noite?! – Ele estava com receio de que ela não se lembrasse, mas soou compreensivo. Afinal, já havia tomado seu primeiro “porre”, e tido sua primeira ressaca. Sabia muito bem como ela estava.
– Lembrar eu me lembro de algumas coisas... – A voz dela era tímida. – Mas não sei se de tudo.
– Você lembra que te disse o quanto lhe gosto? – Ele deu um sorriso doce.
Eles estavam deitados um de frente para o outro, com uma das mãos entrelaçadas, e vê-lo assim, se declarando sem pestanejar fez Gina se sentir feliz de certo modo... Mas a fez ter ainda mais medo do que podia ter acontecido na noite anterior.
– Dessa parte eu lembro sim Nando – Ela disse um tanto desconfortável abaixando os olhos por vergonha – Lembro também que nos beijamos... – Suas bochechas tornaram-se tomates.
“Nos beijamos” Para Nando isto soava como uma doce confissão. Ela havia aceitado seu beijo, e compartilhado aquele momento com ele, conscientemente.
– Mas é só o que eu lembro Nando... Teve algo a mais?! – Ela levantou os olhos, e ele viu o receio e medo estampados em seu olhar.
– E o que a mais poderia ter acontecido menininha?! – Ele sabia no que ela estava pensando. Mas gostava de vê-la sem graça, assim, de bochechas rubras, ficava adoravelmente bela.
– Ara Nando, o que mais pode acontecer depois de um beijo?! – Ela soltou com a voz fraca, mas acompanhada do claro desespero em saber.
– Ora Gina... Você admite a existência de tais possibilidades? –Ele a provocava com um riso de brincadeira.
– Nando, fala logo. Aconteceu alguma coisa?! – Céus. Ela precisava saber.
– Fique tranquila minha cara. Eu nunca me aproveitaria de seu estado de ontem. – Ele disse acariciando-lhe os cabelos agora. – Acha que eu faria uma coisa dessas? – Ele indagou curioso.
O olhar deles era recíproco. Aquela era uma conversa doce. Íntima. Carinhosa.
–Não... Se tem uma coisa que me lembro, é que disse que confiava em você. – Ela disse sorrindo de leve.
– E você disse sendo sincera, ou por que... Estava meio... Enfim...? – Ele queria ouvir a confirmação, daquilo que o fizera tão feliz na noite passada.
–Não Nando. –Ela pegou a mão que ele usava para acariciar-lhe o cabelo e levou de volta à própria face. – Eu confio mesmo em você.
O sorriso que ele deu poderia competir com o de um anjo. Nando venceria.
– Você não sabe como fico feliz em ouvir isso Gina. – Ele levou a mão dela aos lábios, e deu um leve beijo.
Gina estava se sentindo maravilhosamente segura ali. Sua alma estava plena e leve.
Infelizmente, seu corpo não gozava de tais sensações.
Gina abaixou novamente o olhar. Soltou a mão que estava com Ferdinando, levando-a para a cabeça, que agora sentia uma forte pontada. Nando viu a palidez tomar conta das bochechas dela outrora rubras.
– Gina, o que foi?! – Ele perguntou assustado. Apoiando-se pelos cotovelos.
– Nando eu não me sinto bem... – Ela dizia em um tom de voz que o deixava ainda mais preocupado. – Minha cabeça está latejando de dor, e tudo aqui (disse colocando a mão no estomago) está bagunçado...
Nando riu inocentemente. Na verdade, ria encantado com a pureza de Gina, só agora, descobrindo os efeitos devastadores de uma ressaca.
– Ora menininha, é isso que acontece quando se bebe do jeito que você bebeu ontem, além da conta. – Ele assumira um tom crítico. Ainda mais ao se lembrar na companhia de quem ela havia bebido.
– O que eu faço agora? – Sua voz era manhosa. “Encantadoramente manhosa” qualificava Nando.
– Bom, antes de qualquer coisa, a senhorita precisa tomar um banho de água morna. Depois tomar um belo de um café, mas nada de omelete mocinha, tome leite, coma frutas, essas coisas.
– E desde quando o senhor é médico para falar com tanta pose? Doutor ENGENHEIRO. – Ela enfatizava rindo de leve, ironicamente.
Estava mal... Mas ainda era Gina.
– Não sou médico minha cara. Sou experiente! – Ele a olhou maliciosamente ao proferir o adjetivo.
Ele piscou.
Ela sorriu.
– Bom. – Ela disse voltando a ter a voz embargada pela dor. – Acho melhor começar o tratamento.
Ela se levantou com a ajuda dele, segurando em suas mãos. Ele a observou, ainda com a roupa da festa, e não pôde deixar de fazê-la saber:
– Gina, você estava linda demais noite passada... Eu precisava lhe dizer. – Aliviou-se.
Gina ainda segurava as mãos do engenheiro. E ficou novamente corada, com o elogio. Sentiu-se na obrigação de também dizer a verdade:
– Você também Nando. – Ela sorriu.
Agora, ele havia corado.
Ambos olharam timidamente para o chão, sorrindo pelos elogios trocados. Gina, então, percebeu estar sem suas sandálias.
– Nando, você viu onde coloque minhas sandálias?! – Ela questionou curiosa.
– Não minha cara, quando a trouxe pra cá você já estava sem. – Ele riu da contínua falta de memória dela. – Logo você as encontra em algum canto da casa.
Ela consentiu com a cabeça, e seguiu para o banheiro, torcendo para que ninguém a visse sair do quarto de Nando.
Entretanto, assim que saiu, viu um belo par de olhos azuis a fitando, com duas sandálias penduradas nos dedos.

[...]
– Juliana, eu já te disse que não houve nada! Eu dormi lá por praticidade, nada além. – Gina não era nada convincente.
– Ah sim, e você e o Ferdinando nem conversaram durante a noite toda, depois que ele subiu as escadas lhe levando no colo? – Juliana queria saber.
– Ele fez isso?! - Gina levou às mãos a boca e riu com a atitude fofa do rapaz.
– Fez sim... Ora Gina, sou eu sua amiga, pare de cerimônia e me conte logo! – Juliana precisava saber.
Gina se sentia culpada por mentir. E também, queria uma posição amiga sobre o que faria agora, que Ferdinando havia lhe confessado sua paixão. Era tudo muito novo para ela.
– Ara Juliana! Está certo... – Ela contou a amiga tudo que acontecera a noite passada. Ao menos o que se lembrava. – [...] e então, eu fui tomar banho, e agora estou com aqui com você no meu quarto. Satisfeita professora?!
– Aiii Gina, ele foi um cavalheiro. – Juliana ria boba para a amiga – E agora vocês vão namorar?!
– Ah Juliana, é isso que eu não sei. Eu não sei se gosto do Ferdinando tanto assim...
– Tanto assim?! Ora essa Gina... Você está me confessando, então, que gosta dele?! – Juliana sorriu ao terminar a constatação.
– Gostando eu to sim Juliana, aqueles três beijos me fizeram começar a gostar de coisas nele... Até do jeito dele ás vezes. – Ela confessava penteando lentamente o cabelo.
– TRÊS beijos?! – Juliana se levantou da cama – Ora essa Gina, eu só sei de dois! Quando foi o segundo?!
“Ops”.
– Ah... então Juliana...Sabe o dia em que a panela pego fogo?! – Gina dizia torcendo os dedos pela confissão de culpa. – Nós não estávamos prestando muita atenção não. – Gina deu um leve riso de deboche.
– Ora essa! Vocês dois estão me saindo melhor que a encomenda, hem?! – Juliana repreendia a amiga brincando, levando as mãos à cintura.
As duas riram como cúmplices. Ao final dos risos, Juliana contemplou a amiga já com pensamentos distantes.
– Mas e agora Gina... Você já sabe o que fazer?
– Pior que não Juliana, nem sei como vou tratar ele agora no café. Minha cabeça roda cheia de dúvidas. Eu nunca planejei algo assim.
– As melhores coisas da vida Gina, às vezes não são planejadas. – Juliana a aconselhou, sentando novamente ao seu lado na cama, tomando-lhe as mãos. – Minha amiga, se você gosta do Ferdinando, deveria se permitir conhecê-lo melhor.
– Como assim Juliana? – Gina queria entender o conselho da amiga.
– Ora, você gosta dele e ele, pelo que você me disse, está apaixonado por você. Não disse que lhe ama. Então, se vocês se permitirem sei lá... “ficar” alguns dias, poderiam descobrir se vale a pena tentar algo mais sério ou não. Ninguém vai sair ferido, já que nenhum dos dois está de fato amando.
Gina a olhava, estagnada. Não havia pensado que o apaixonado era diferente do amando. Por um momento, bem no fundo, até sentiu-se um pouco triste com a constatação da amiga quanto aos sentimentos do engenheiro. Mas resolveu guardar para si a sensação.
– Será que ele vai querer isso Juliana?!
– Ora Gina, isso só ele pode te dizer. – A amiga era sincera. – Chame-o para uma conversa adulta, depois do café, e vocês resolverão isso de uma vez. – O sorriso de Juliana era inspirador.
– Tá certo. Obrigada amiga. – Gina abraçou Juliana, que se surpreendeu com o adjetivo e com a atitude da amiga.
“Vejo que o Ferdinando já está ensinando para ela o quanto carinho é bom!“ Juliana pensou sorrindo, durante o terno abraço que recebia da amiga.


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Notas finais do capítulo

Bom, é isto minhas lindas! Espero ter adoçado um pouquinho o domingo de vocês!
Beijos! s2



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