Seja minha escrita por Stéphanie Cribb


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Sem muitas delongas aqui está o segundo capítulo !
Espero que vocês gostem e continuem acompanhando (:
Tenham uma boa leitura.



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O som da campanhinha ecoou naquele apartamento repleto de caixas de papelão. Não havia quadros pendurados nas paredes da sala, nem uma televisão para ocupar espaço. Existia ali, além das caixas, apenas um sofá coberto por um lençol de cor clara. Na cozinha, as peças essências da louça estavam sobre a pia. A geladeira guardava água, queijo, manteiga e um pacote de pão. Em um dos quartos estava presente uma espaçosa mesa de desenho, uma luminária de alumínio que ficava em pé no chão e mais caixas – dessa vez menores. No outro quarto havia, obviamente, caixas e mais caixas, uma persiana escondendo a janela, um armário branco e uma cama espaçosa. Ali estava deitado Sam Evans. Um homem alto, loiro, de corpo malhado e um par de olhos verdes um tanto ingênuo. Uma cueca box de algodão e o lençol fino eram os únicos tecidos que o impediam de estar nu.

Relutante, ele abriu os olhos para logo em seguida fechá-los. Mergulhou sua cabeça debaixo do travesseiro e tentou dormir mais um pouco. Não deu certo. Segundos depois ele ouviu a campanhinha ecoar mais uma vez e, irritado, desistiu de continuar deitado.

Levantou sem pressa e passou no banheiro para lavar o rosto. Depois caminhou pelo pequeno corredor até chegar à sala, quando ouviu outro insistente toque.

– Já vai, já vai ! – Gritou com a voz pouco firme. Alcançou a porta e se atreveu a olhar através do olho mágico. Bufou jogando a cabeça para trás. Havia se esquecido dos planos que fizera para o almoço. – Blaine! – Tentou parecer amigável e tranquilo quando, finalmente abriu a porta.

– Sam ?! – Ele tentou exclamar indignado. – Você ainda está assim ? Eu não acredito ! Já passa do meio dia ! – Seu amigo brigou.

– Sermão a essa hora não, Blaine – passou a mão no rosto – eu passei a noite toda trabalhando e metade da madrugada ajeitando todas essas coisas... – Reclamou enquanto lhe dava passagem.

– Ah, claro. Posso ver o belo trabalho que você fez. – Blaine foi irônico e se referiu à imensa bagunça que tomava conta do apartamento quando entrou.

– Me espere aqui. Em cinco minutos eu estou pronto.

Então Sam o deixou admirando a poeira em cima das caixas e correu para seu quarto. Acho que com as poucas peças que já havia desempacotado poderia se vestir bem, então abriu seu guarda roupa e tirou de lá uma calça jeans e uma camiseta qualquer. Depois correu para o banheiro onde tomou seu banho e terminou de se arrumar. Em quinze minutos estava pronto.

– Você disse cinco minutos e não cinco mais dez. – Blaine reclamou quando afastou a manga do blazer e olhou o relógio.

– Cale a boca ! Você ainda teve sorte de me fazer levantar. – Sam retrucou puxando-o pelo braço e andou em direção ao elevador depois de trancar a porta.

Sam e Blaine se conheceram no ensino médio. No primeiro ano, quando – literalmente – esbarraram um no outro em pleno corredor, se odiaram. Sam procurava, despreocupado, por seu armário enquanto Blaine caminhava com Puck – um antigo amigo – e mais dois meninos. O esbarrão aconteceu quando Sam, frustrado por não encontrar o que procurava, movimentara-se para voltar a caminhar. Seus cadernos e panfletos de clubes extra-curriculares caíram e ele prontamente abaixou para pegá-los. No mesmo instante Blaine largou a mochila e respirou fundo esperando ele se levantar. “Não olha por onde anda não ?” Perguntou impaciente e recebeu um “Desculpa” da parte de Sam. Puck tratou de puxar seu braço e continuar andando. “Não há motivos para briga, Blaine, vamos. Ah, e desculpe o meu amigo. Eu sou Puck, prazer.” E surpreso, Sam lhe respondeu dizendo seu próprio nome.

Sam entrou para o time de futebol da escola semanas depois. Ficou amigo de Puck e descobriu que Blaine era do clube de boxer. Isso fazia com que eles se encontrassem constantemente nos vestiários e nas vésperas dos campeonatos que eram – quase sempre – em datas próximas. Meses depois a amizade entre aquele trio era indiscutível...

Os três tinham talento para a arte. Podiam cantar, improvisar, desenhar... E foi assim que Blaine e Sam decidiram cursar arquitetura na faculdade. A paixão pela arte de desenhar era tão grande que eles poderiam muito bem optar por artes plásticas, mas a idéia de planejar uma casa era fascinante. Cada detalhe, cada milímetro de onde as pessoas passariam anos e anos de suas vidas... Depois de conhecerem melhor todo o programa da faculdade e o mercado de trabalho, decidiram juntos que aquela era melhor opção. Puck resolvera seguir a carreira esportiva e hoje trabalhava como personal trainer em L.A. De quinze em quinze dias viajava para Nova Iorque e visitava os amigos que, por ironia do destino ou não, formaram-se juntos em Princeton e agora eram vizinhos de escritório.

– Crê que Puck já está aí ? – Sam perguntou depois de soltar o cinto de segurança quando, finalmente, Blaine estacionou em frente ao restaurante.

– Pelo tempo que demoramos ele deve ter terminado até a sobremesa. – Blaine fez o amigo revirar os olhos e saltar do carro antes dele.

Quando entraram no restaurante – simples e aconchegante – avistaram o amigo em uma mesa para quatro situada no canto esquerdo do local. Ele bebia um suco de abacaxi e usava óculos de grau. Suas roupas eram casuais e sua cabeça raspada. Quando os amigos chegaram ele soltou alguma piada sobre estarem atrasados, mas logo riu e levantou para cumprimentá-los. Conversaram até o garçom chegar, então fizeram seus pedidos e enquanto esperavam a comida chegar riram e conversaram tranquilamente.

– Puck, é sério ! Você precisa ver o apartamento deste sujeito – Blaine disse apontando para Sam que mexeu no cabelo – ele se mudou há duas semanas e não arrumou absolutamente nada naquele apartamento. – Puck riu da acusação.

– Isso não é verdade ! Minha cama, meu armário, o sofá, a mesa de desenho e a luminária estão nos lugares certos... Até a geladeira e o fogão estão funcionando. – Defendeu-se orgulhoso e fez os amigos revirarem os olhos para depois gargalharem.

Neste meio tempo seus pedidos haviam chegado e, enquanto comiam, Puck começou a contar-lhes que passaria a semana inteira em Nova Iorque a fim de agilizar os processos da academia. Acontecia que, um de seus colegas de trabalho e sócio de uma das maiores academias de Los Angeles, o convidara para participar de uma sociedade a qual seria dona de uma grande rede de academias que estaria presente em diversos estados do país.

– Isso é magnífico ! – Blaine o parabenizou feliz. – Significa que veremos você com mais freqüência – sorriu.

– Sim, é um projeto e tanto... Mas como vão as coisas ? Digo, a parte burocrática é muito difícil ? – Sam perguntou.

– Bom, para mim que não entendo muito de finanças é um pouco chato e parece difícil também – Puck respondeu limpando o canto da boca com seu guardanapo de pano – mas a equipe é bem forte, os empresários estão muito interessados e o corpo de advogados é bem prestigiado...

– Isso é maravilhoso. Você poderia aproveitar e indicar um desses advogados para o nosso amigo aqui, você sabe, para eventuais problemas... Ele anda tão desleixado que nem isso procurou – Blaine acusou Sam mais uma vez – Tão teimoso também que descartou a possibilidade de conversar com meu advogado. Eu não sei mais o que fazer.

– Oh ! – Puck exclamou lembrando-se da carteira no bolso frontal de sua calça. – Esperem um segundo. – Abriu-a e tirou dali um pequeno cartão. – Você devia procurá-la. Os rapazes envolvidos no projeto falam muito nela. Eu inclusive conversei com ela. Me parece ser muito boa no que faz.

– Mercedes Jones ? - Sam leu cada letra cuidadosamente e pensou um pouco. Olhou, em seguida, para Blaine e para Puck que o encaravam ansiosos. – Obrigada, vou pensar no caso de vocês.

Os amigos reviraram os olhos diante à teimosia de Sam e voltaram a comer. Depois de terminarem permaneceram mais alguns minutos ali até que pediram a conta. Quando tudo estava certo eles levantaram e Puck resolveu passar no banheiro. Blaine e Sam o esperariam do lado de fora para se despedirem e marcarem o próximo almoço.

Não repararam, mas enquanto caminhavam até a porta do restarante um casal fazia o mesmo do lado de fora. Estavam prestes a entrar ali. Blaine pôs-se de lado de fora antes de Sam, assim como o rapaz do lado de fora entrou antes daquela mulher elegante. Quando ela finalmente foi entrar, sentiu aquele homem alto e loiro esbarrar em seu ombro. Sentiu uma pequena dor devido a força natural daquele braço forte em seu ombro, mas além disso sentiu como se tivesse levado um choque. Então pôs-se a massagear o local.

– Você é cego ou não olha por onde anda ? – Ela virou seu corpo e cuspiu as palavras de forma bruta. Naquele momento Sam mirou seus olhos com curiosidade. Ele também havia sentido o leve choque, mas não entendeu o porque.

– Você é que devia ser menos apressada. – Disse naturalmente depois de sustentar um pouco seus olhares.

Ele a viu bufar e virar o rosto impaciente. Ao mesmo tempo pôde ouvir Blaine rindo da situação e o puxando para longe dali enquanto ele mantinha os olhos grudados naquele corpo cheio de curvas.

– Parece que sua agressividade não impediu seu corpo de atrair um olhar um tanto intenso, Mercedes... – Artie lhe provocou enquanto sentava e olhava para os dois amigos do lado de fora do restaurante.

– O quê ?! – Mercedes perguntou indignada e seguiu seu olhar. Encontrou o de Sam e viu que ele ainda mirava. Bufou e mais uma vez virou o rosto com bravura. – Faça os pedidos ! Eu vou ao banheiro e espero que você tenha acabado com a graça quando eu voltar. – Disse impaciente e seguiu seu caminha enquanto seu amigo tentava conter uma gargalhada.

No instante em que Mercedes entrou no banheiro feminino, Puck saiu do masculino. O rapaz fez seu caminho até os amigos e ouviu Blaine lhe contar a situação pela qual acabara de passar. Riram e conversaram mais um pouco antes de se despedirem.


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Notas finais do capítulo

Por enquanto é isso, pessoal. Espero não ter desapontado vocês hahahah, mas continuem lendo porque as partes boas já estão bem pertinho (:
Ah, e não esqueçam de comentar hein...