Duas Luas escrita por Aninha


Capítulo 1
Uma rotina


Notas iniciais do capítulo

Oiiii genteeee, venho escrevendo essa história já faz algum tempinho, baseada no filme "As Bruxas de Salém", que eu a-d-o-r-o, bom espero que gostem. :)) P.s - mesmo quem nunca viu o filme irá entender piamente a história, porque ela é muito modificada. Beijoss eternos s2



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Hoje eu acordei cansada. Como sempre, tive sonhos sem nexo, onde tudo parecia cair sob meus pés e era absolutamente assustador ver o rosto daquele rapaz a me espionar... Sempre na esquina, sempre por perto, sempre com mistério.

Passei a mão nos meus curtos cabelos ruivos, pensando em como seria difícil arruma-los, e como eu estava atrasada para a escola.

-Droga, já são seis e meia. –falei comigo mesma desligando o despertador em forma de gatinho que eu comprara em uma loja, daquelas bem caras por serem importadas, no shopping.

Levantei devagar da cama, que ficava na parede lateral do meu quarto, espreguiçando a cada passo, esticando e alongando todos os músculos do meu corpo. Parei perplexa em frente à janela, observando o sol já nascendo e o vento adentrando, levantando a cortina de seda preta e beijando o meu pescoço, como se me dissesse bom dia.

-Bom dia... –respondi em um sussurro.

As primeiras luzes do dia iluminaram as paredes roxas do meu quarto. Sorri. Era tudo sempre tão mágico, eu poderia ficar ali observando as fases do dia sob a minha janela, mas ao invés disso, eu precisava ir para a escola e encarar o primeiro dia de aula no ensino médio.

Fui caminhando em direção ao meu móvel de madeira que ficava ao norte do meu quarto, mais parecido com uma mesa, onde era coberto por um pano roxo e em cima havia a imagem da Deusa e do Deus Cornífero esculpidos em pedra sabão, onde no meio de ambos havia sempre uma vela branca, que eu acendia todos os dias. Os dois demonstravam elegância e paz. No meio estava um pentagrama de ouro branco, que minha bisavó me dera, representando o espírito, e em volta do mesmo tinha um pequeno pinheiro-brasileiro ao norte, representando a terra, um cálice com água ao oeste, representando a água, um athame ao sul, representando o fogo, e um bastão mágico ao leste, representando o ár.

Peguei um fósforo na gaveta desse mesmo móvel, acendi a vela e pedi para que Dana abençoasse meu dia. Senti uma leve brisa tocar novamente meu rosto, e sabia que aquilo era uma resposta da Grande Mãe.

Deixei a vela queimando e fui me arrumar. Dei uma breve conferida na estante que ficava em cima da minha cama, e me alegrei ao ver todos os livros da série House of Night.

Fui caminhando em direção à cozinha e fui tomada pelo aroma de Arruda, e logo soube que mamãe estava queimando incenso de Arruda, para afastar as energias negativas e estimular iniciativas.

-Bom dia meu pedacinho da Lua. –mamãe sorriu para mim e disse.

-Bom dia mãe.

A cozinha era feita de mármore branco e era decorada com muitas plantas e pedras, mas algo me chamava a atenção: uma parede só com alhos pendurados. Mamãe dizia que alho era uma oferenda para a Deusa Hecate, Deusa das bruxas, e afastava os espíritos das trevas. Quando eu era criança, achava que era para espantar os vampiros.

Coloquei água para ferver em uma panela de aço, a fim de fazer o meu chá matinal de maçã e canela. Já ia pegar um pedaço de pão quando um aroma doce e gostoso invadiu o ambiente.

-Mãe, que cheiro bom é esse? –perguntei.

-Não está reconhecendo Lua? Eu fiz bolo de banana para você.

Abracei-a em gratidão e fui logo pegar uma grossa fatia do bolo. Era realmente belo e gostoso.

Peguei meu chá de maça e canela e fui colocando “goela abaixo” junto com o delicioso bolo de banana.

Olhei para o relógio que ficava na bancada da cozinha e me assustei quando vi que já eram quase sete horas.

-Ai minha Deusa! –berrei.

-Acho melhor você ir se arrumar, Lua. –mamãe disse gentilmente.

Sai em disparado para o meu quarto e vesti o meu uniforme da escola. Estava frio e por isso joguei um moletom preto por cima da roupa. Penteei meus cabelos, coloquei meu colar de quartzo e fui para escola.

Passei por minha mãe e dei um beijo em sua bochecha.

-Ótimo primeiro dia de aula, minha filha. Que os Deuses estejam com você. –mamãe disse.

-Blessed be. –respondi com a mão no peito, fazendo um agradecimento.

Peguei minha mochila, do Estranho Mundo de Jack, e sai de casa.

A rua estava movimentada e a escola ficava logo na esquina.

No meio do caminho encontrei Marcos, meu melhor amigo, talvez até mais. Ele estava sorridente, com seus longos cabelos loiros até na cintura, seu porte “super alto” e seus olhos castanhos, um típico galã. Ele me abraçou e apertou minha bochecha, como sempre fazia.

-Bom dia minha Lua.

-Bom dia Marcos. –falei com dificuldade, pois ele apertara a minha bochecha.

-Pela sua cara de princesa, eu diria que você acordou atrasada. –Falou Marcos rindo e dando um peteleco em minha testa.

-Dez pontos pela sua percepção. –Falei o abraçando pela cintura.

Marcos e eu nos conhecíamos desde os nove anos de idade. Ele é dois anos mais velho do que eu, e somos quase namorados... Bom, digamos que temos uma amizade colorida, e eu realmente não sei por que diabos ele ainda não me pediu em namoro. Bah bando de tolices que giram em minha mente, Marcos é meu amigo e fim.

-Como foi sua noite Luazinha? –ele perguntou.

-Já falei para você não me chamar de Luazinha. Dá a impressão de que sou mais baixinha do que realmente sou! –falei apertando minha cara contra o peito dele, enquanto caminhávamos para a escola.

-Ah para Luazinha, você é uma lua pequenina. –falou rindo.

-Enfim, minha noite foi como o de sempre... Com aqueles sonhos malucos e a chata da gata da minha mãe ronronando pelos cantos da casa, como se algo estivesse errado. Sério, isso dá medo. –falei seriamente.

-Ah relaxa Luazinha, isso é só coisa da sua cabeça. E obviamente sua mãe já queimou alguma erva, não? –Perguntou Marcos, enquanto adentrávamos na escola. Concordei com a cabeça.

-Sim... Ela queimou Alfazema e fez orações para a Deusa.

-Ótimo! Aposto que não é nada demais. –falou Marcos me desprendendo de sua cintura.

Ele acenou com a mão e disse um “até mais”, e fora para a sua sala. Fui caminhando em direção a quadra, pois o primeiro horário seria dedicado à educação física, ou seja, tédio total.

Joguei minha mochila na lateral da quadra e fui caminhando em direção ao centro, onde as meninas escolhiam os times para jogarem queimada.

Ninguém naquela escola, a não ser Marcos, era meu amigo. Principalmente as meninas, bando de maritacas histéricas. Bah, que ridículo.

A escola que eu estudo é uma escola cristã, fundada por padres. Então, basicamente, todos os alunos eram cristãos... Exceto eu e Marcos. O que já remete a ideia de que somos dois excluídos.

As meninas, que só sabem falar em garotos, festas e blablabla me chamam de “senhorita do Satã”, e em resposta eu as chamo de “maritacas infernais”, e elas acreditam piamente que eu tenho algo com o diabo. Que tosco.

Venho de uma linhagem de bruxas que veio do estado de Massachussets, mais especificamente de Salém. Por isso minha família tem fortes tradições do paganismo e politeísmo.

Eu nunca conheci meu pai. Mamãe disse que ele morreu em um acidente de trânsito e que era um bruxo muito sábio. Desde que me entendo por gente moramos em uma casa pequena de madeira, dotada de vida pelas árvores e flores.

Suspirei ao ver o pequeno círculo que se formava a minha volta pelas “maritacas infernais”.

-O que vocês querem? –perguntei tentando transparecer segurança, quando na verdade eu queria sair gritando e pedir para elas me deixarem em paz.

-A senhorita do Satã vai jogar hoje? –perguntou Lin, praticamente afirmando.

Se precisasse de uma garota metida, esnobe, irritante, fofoqueira, idiota, Lin não serviria. Seus longos cabelos pretos e ridiculamente lisos entravam em contraste com seus olhos azuis, cor de oceano. Tenho que admitir, ela era realmente linda, e não só eu como achava isso, como também todos os meninos da escola.

Ignorei a pergunta, afirmação, de Lin e fui caminhando para frente, a fim de escapar daquele círculo infernal.

Alessandra, uma garota magra com longos cabelos loiros, me segurou pelo braço, impedindo então que eu saísse.

-Para onde você pretende ir? –perguntou Lin chegando mais próximo de mim, com um sorriso malicioso.

Respirei fundo para conter a minha raiva e voltei o olhar para os olhos de cascavel de Alessandra.

-Me solte, por favor. –pedi tentando soar calma e tranquila.

Lin fez um gesto com as mãos para Alessandra continuar a me segurar. A escrava, obviamente, obedeceu a Maritaca Rainha, apertando com mais força. Suas unhas pressionavam a minha pele e aquilo começou a doer.

Apertei os lábios para segurar o choro.

Inferno! O que eu poderia fazer?

Lin segurou meu queixo, levantou a minha cabeça e me fez olhar em direção ao seu rosto.

-Onde está Satanás para salvá-la agora? –falou Lin rindo, e todas as outras maritacas seguiram o seu maldito coro.

Alessandra largou o meu braço assim que o professor Rubens chegou no local.

-O que está havendo aqui? –ele perguntou.

-Estamos dizendo como nossa Lua é fofinha... –falou Lin falsamente, me dando um abraço. As meninas somente assentiram com a cabeça sorridentes, feito um bando de idiotas clonadas.

Rubens riu, e logo em seguida pediu para o acompanharmos. As maritacas infernais o seguiram e eu fiquei ali, parada, sozinha e com o braço dolorido.

-Morra, sua maldita! –passei a mão nas marcas de unhas e sussurrei para Alessandra que, felizmente, não ouvira.

A aula de educação física seguiu normalmente, mas após o ocorrido com a turminha das “garotas maritacas”, eu realmente havia desistido de jogar, e logo fui me sentar na arquibancada.

Fiquei observando o falatório dos pássaros, que cantarolavam alegres por mais um dia. Eu queria voar e sair dali e, por um momento invejei as aves por serem livres.

“Minha Deusa, por que me fizeste humana?”

Uma leve brisa tocou o meu cabelo em resposta, mas eu não entendia se era para me alegrar ou entristecer.


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Notas finais do capítulo

E ai o que acharam de Lua??? Estou ansiosa por comentários de aprovação e/ou reprovação, deixe o seu aqui! Beijoss



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