PONTO DE VISTA: BELLA

Mal cheguei a casa de James e Will, (o que você pode chamar também de a casa da bagunça, em visto que apesar de eles terem tido a delicadeza de deixar meu quarto todo arrumado e enfeitado, o resto da casa estava hum... Totalmente desorganizado. Não que eu seja maníaca por limpeza e organização, apenas acho que pelo menos um pouco faz bem) eles vieram me receber com abraços e “bem-vinda” o que foi aconchegante demais. Já comentei que não gosto de excessos? Não? Estou falando agora. Rá.

- Vem, Bells. Vou te levar ao seu quarto, demos uma geral lá, espero que goste. – Falou meu James, animado.

   - Estou bem atrás de você. – Falei, animada também. Ah, fala sério, não tem como não ser contagiada pela animação do seu próprio irmão.

   James me arrastou pela escada e depois me levou por um corredor até a ultima porta. Quando entrei, fiquei fascinada. Ok, meu irmão e Will haviam feito um belo trabalho.

   - Então, o que achou Bells? – James perguntou curioso.

   - Achei... – Não que eu quisesse fazer uma pausa para suspense, eu meio que fiquei sem palavras para descrever a bela obra de arte na minha frente – Eu realmente... Eu... Não tenho palavras. É incrível! Fantástico! Lindo, perfeito. Não tenho palavras para agradecer vocês, obrigada.

   Abracei os dois enquanto soluçava de felicidade. Se eu fosse humana, eu estaria chorando de felicidade.

   Meu quarto tinha paredes pintadas de lilás, um criado mudo com um computador de ultima geração lá, uma cama forrada com lençóis brancos impecáveis e tenho que acrescentar: macios. Tá, mas pra quê eu ia querer uma cama? Ok. Ok. Melhor ficar quieta para não magoar ninguém. Na parte direita havia uma estante dividida em três. Uma parte toda de livros de todos os tipos e gêneros, na outra, haviam DVDs e, por último, CDs. Com certeza eles ainda lembravam do que eu gostava, porque enquanto eu revistava os livros, CDs e DVDs percebi que todos os meus favoritos e uns outros bem interessantes estavam presentes.

   Ótimo. Era mais uma opção de como passar minhas noites.

   Então olhei para o lado esquerdo do quarto e engasguei. Argh. Para quê eu ia precisar de um guarda-roupa tão grande? Aquilo parecia ocupar metade do meu quarto, que devo disser, não era pequeno. Tremenda perda de tempo. Suspirei. E vi que havia um bilhete colado na primeira porta do guarda-roupa. Ótimo, estão querendo ser engraçadinhos.

   - Hum... James, acho melhor deixarmos Bella sozinha para apreciar melhor seu quarto. – Falou Will, rápido demais, vendo minha expressão.

   - Concordo Will – E se virou para mim – Bells, se precisar de algo, estamos lá embaixo assistindo os Screen Rockers ganharem. – Claro, e desde quando eles gostavam de futebol americano? Desde agora, pelo visto.

   - Tá. – Resmunguei.

   Quando meu irmão e seu amigo saíram do MEU quarto, que devo dizer que amei – fora a parte do grande guarda-roupa – Puxei o bilhete e comecei a ler.

   Oi, Bella!

   Bom, você ainda não me conhece, claro. Mas tenho certeza absoluta que seu irmão já falou de mim, bom, pelo menos eu VI ele falando de mim para você. Ah, não ache estranho, mas o guarda-roupa foi presente meu, espero que tenha gostado! Por favoor por favoorzinho, eu coloquei muitas roupas da nova coleção nele, use-as. Porque pelo que vi na minha visão, você iria vestida com uma blusa de algodão e um jeans para o primeiro dia de aula. Desculpe pela sinceridade mas horrível e super fora de moda. Espero que goste e USE seu novo guarda-roupa. Estou ansiosa para te conhecer!

    Alice.

   Certo. Alice Cullen era maluca. Fato.

   Mesmo ela tendo escrito esse bilhete como se já me conhecesse e ter me dado um guarda-roupa lotado de roupas da nova coleção, eu não achava ela totalmente maluca. Não. Eu sentia como... Se já fossemos amigas há muito tempo. Bom, e pelas visões DELA, nós seriamos. James já havia me contado que Alice via o futuro, então eu estava meio preparada.

   Só não estava preparada para abrir meu guarda-roupa e ver o que eu vi.

   Quando ela escreveu “coloquei muitas roupas da nova coleção” eu não sabia quanto valia esse MUITO, nem como eram as roupas da nova coleção.

   Fiquei sem ar e tonta, bem, tecnicamente, me senti assim. Não que eu estivesse assim, afinal, era uma vampira, não precisava de ar e não creio que fosse possível ficar tonta. Mas, GOSH, meu guarda-roupa estava LOTADO. Sem exagerar nem um pouquinho, lotado! E não posso dizer que amei as roupas. Quer dizer, eram bonitas, mas não eram roupas que eu costumava usar. Nem de longe.

   A maioria das blusas tinha decote, ou eram muito do tipo “cheguei, olhem para mim!”, só achei algumas que eram mais confortáveis. Bem talvez eu devesse usar uma das confortáveis, para não ficar “fora de moda” no primeiro dia... Não que eu me importasse com isso.

   A parte que eu mais gostei foram os vestidos. Não os de festa, nem de sair, os quais eram curtos demais, ou decotados demais, ou extravagantes demais. Gostei dos vestidos de ficar em casa ou ir a um piquenique, como Alice descreveu em um outro bilhete, o qual, ela havia feito, para caso eu não soubesse distinguir quais roupas usar para tais ocasiões. Certo, ela achava que além de não ter senso de moda, eu não tinha senso ALGUM.

   As calças, saias e shorts se dividiam entre “bonitinhos, da para usar, jamais usar, não usar se não quiser que fiquem olhando para mim e não usar nem sob ameaças”. Bem convidativo não? Alice os descreveu de outra forma como “Combina com você, deixa suas pernas e quadril mais bonitos, use para qualquer lugar ao ar-livre e use para lugares fechados.” Ok, ela tinha mais senso de moda que eu, mas não significava que eu pretendia me vestir assim. Não mesmo!

   Não vou descrever sapatos, biquínis ou, argh, langerie. Isso mesmo, LANGERIE. Onde e quando ela pensa que eu vou usar isso? Tá, tá... Ela vê o futuro, então talvez me dê uma louca e eu use algum dia.

   Abri a janela do meu quarto que mostrava a linda visão da parte da floresta que ficava atrás da nossa residência. Me parecia tão... Convidativo. E eu precisava caçar, certo, não exatamente hoje. Mas eu ia com certeza amanhã, então por que não adiantar o serviço? Afinal eu iria começar as aulas e seria melhor estar bem alimentada para não atacar nenhum humano. Ponto pra mim. Rá.

   Desci as escadas e falei para James e Will:

   - Meninos, vou para a floresta, caçar. Eu iria amanhã, mas hoje esta um dia especialmente convidativo. Vocês vem? – Eu perguntei, ainda meio a contra gosto. Eu preferia ir sozinha.

- Desculpe Bells, mas eu e Will temos plantão hoje. Começa às cinco da tarde e termina uma da manhã. – Falou James triste.

   - Ah, não tem problema. – Percebi que a minha voz tinha saído animada demais e tratei de concertar – Bom... Claro que eu preferia que vocês viessem comigo, mas acho que vocês têm algo mais importante a fazer, então não vou atrapalhar. Vou indo gente, tchau.

   E fui para a floresta.

   Tudo estava calmo, a não ser o som do vento e das plantas batendo umas nas outras. Decidi começar a procurar minha caça.

   Eu estava bem concentrada tentando achar algum cheiro que pudesse me levar até um animal grande o suficiente para silenciar minha fome. Não que de alguma forma algum dia ela fosse ser saciada. Mas claro, era mais fácil não morder um humano quando você esta de barriga cheia.

   Então ouvi um gemido. Um gemido de dor, um gemido humano. E o cheiro de sangue humano invadiu minhas narinas. Me segurei para não gritar nem seguir o cheiro. Até que escutei vozes:

   - Anda Michael, você já bebeu demais, passa pra cá. – Disse a primeira voz, irritada. Era uma voz masculina.

   - Calma Fred, ainda temos mais três ali. – Falou a segunda voz, provavelmente o tal Michael.

   Nesse momento me coloquei a pensar... Os Cullen eram vegetarianos e não tinha nenhum Michael Cullen ou Fred Cullen, então quem seriam?

   Ah, claro. Os malditos Farrell.

   Pelo que ouvi, eles já haviam matado um e havia mais três. Corri desesperada para salvar os humanos que restavam. Aos poucos a raiva me inundou. Eu queria MATAR os Farrell.

   Trincando os dentes e com os punhos fechados, comecei a voar. Eu queria surpreendê-los. E consegui.

PONTO DE VISTA: EDWARD

   Eu estava caçando, na floresta. E sozinho.

   Na verdade, era para Alice ter ido comigo, mas ela estranhamente cancelou de ultima hora, segundo ela, porque tinha uma irresistível promoção em alguma loja em Seattle.

   Coisas de Alice. Bufei.

   Então decidi ir caçar sozinho. Não tinha nada demais, pensei. E eu ia precisar disso na volta para o colégio. Sem contar que estar mais bem alimentado me ajudaria a pensar melhor em um plano de como não me apaixonar pela tal irmã do James.

   O que me parecia bastante fácil. A única coisa que me preocupava era o jeito como me vi na visão de Alice... Eu estava tão, tão... Apaixonado. Era estranho para mim, afinal, nem antes, como humano eu havia me apaixonado. Eu nunca tinha me apaixonado.

   E houve um tempo que eu ficava muito irritado, pois toda minha família tinha um parceiro, menos eu. Mas agora, quando finalmente eu a acho, eu quero mostrar para mim mesmo e para Alice que ninguém pode me controlar. Nem o futuro.

   As palavras de Alice remoíam em minha memória “ Então vá e seja infeliz” foi mais ou menos o que ela disse. E então... Será que eu ia mesmo ser infeliz? Eu me sentia sozinho, mesmo com os Cullen, minha família. Será que Bella poderia mudar isso? Será que eu estava jogando minha única chance de ser feliz fora?

   Não fraqueje Edward. Lembre-se do que você prometeu a si mesmo. Mas eu ficava me lembrando da visão de Alice.

   Então ouvi um grito e cheiro de sangue. Um nome tomou conta de toda minha mente.

   Farrell.

   Eu não devia me meter, segundo Carlisle. Mas depois, ouvi uma voz desconhecida, uma voz doce. A mais linda voz que já ouvi.

   Ouvi também o som dos poderes dos Farrell. Eles eram quatro e cada um controlava um elemento. Temi pela dona da doce voz. Ela devia estar sozinha lutando contra eles. Pelos...Humanos? Então, aquela seria... Não. Não. Não podia ser ela.

   Corri o mais rápido que pude para depois não poder me mexer com o que vi. Aliás, com QUEM vi. E o que ela estava fazendo.

                                                      PONTO DE VISTA: BELLA

   Joguei-me na frente dos humanos, antes que os Farrell os atacassem. E falei cínica.

   - Ora, ora, então vocês são os Farrell.

   - Somos. Quem é você e como sabe quem somos? – Perguntou a única mulher do grupo.

   - Sou Bella. Prazer. – Vi os olhos deles saltarem.

  - Bella?! A tal irmã de James recém-chegada? – Riu um. Li em sua mente e vi, esse era Michael.

  - Eu mesma. – Sorri.

   - Hum... Você é bonita. Mas não gosto que interrompam meu lanche. – Falou... Hum... Fred. Isso. Era mais fácil saber disso lendo em sua mente.

   - Então, FRED, você não acha que você e seus irmãos estão ultrapassando os limites fazendo isso – Apontei para o cadáver de humano já sem sangue nenhum e morto, tentando me controlar para não ter um ataque histérico – com os humanos? Eu acho isso cruel demais.

   - Então você deve ser mais uma vegetariana. – Falou pensativamente o... Jimmy.

   - Sou. Não vou virar um monstro só porque virei vampira. – Falei decidida.

   - Hum... Soube que você vai estudar no mesmo colégio que a gente, talvez você possa... Mudar. Com a nossa ajuda, claro. Eu soube que você é poderosa. – Falou Michael.

   - Ah, vamos parar de brincar e dar um fim logo nisso. Eu estou com fome. – Falou... Tina. E se atirou nos humanos eu a interrompi e rolei longe com ela, dando socos e pontapés. Ela fazia o mesmo.

   Enquanto isso, os outros três iam avançando nos humanos, os parei no meio do ar, com meu poder mental e os joguei contra as árvores, ao mesmo tempo em que me desviava dos socos de Tina.

   Depois eles começaram a usar seus poderes sobre mim. Droga. Cada um tinha um elemento e juntos tinham os quatro.

   Mas não me dei por vencida, continuei lutando e estava ganhando até. Rá. Então o fogo (de Michael) bateu em mim e eu cai no chão. Eu estava me levantando... Até que o vi.

   Parecia um anjo. Seus cabelos tinham uma cor estranha e linda. Ele era alto forte e musculoso. Seu rosto angelical denotava raiva. Ele estava com raiva... Dos Farrell. Mas por quê? Eu estava ocupada demais olhando para ele para perguntar.

   Percebi seu olhar em mim, do espanto a fascinação. Certo, eu devia estar delirando. O que um anjo ia querer comigo?

                                                PONTO DE VISTA: EDWARD

   Ela estava lutando contra eles. Defendendo os humanos. Assim que a vi eu a reconheci. Era Bella.

   Céus! Como era linda! Era a mais bonita de todas as humanas ou vampiras que já vi. Ela parecia um anjo em tudo: rosto, corpo, expressões, movimentos e voz. Então a doce voz era dela.

   Ela parecia ganhar dos Farrell. Droga de Farrell. Estavam a atacando. A raiva me controlou por inteiro.

   Esses malditos não podiam encostar um DEDO nela! Eu não iria permitir.

   A raiva me consumia mais do que qualquer outra situação na minha vida. Eu precisava proteger Bella. Eu precisava de Bella. Bella, Bella e Bella. Nada do que eles fizessem com qualquer outra pessoa ou humano agora me importava.

   Eu tinha um objetivo: proteger Bella com todas as minhas forças.