A Sombra e a Escuridão escrita por Cris Turner


Capítulo 9
Capítulo 8




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Capítulo 8

As horas se arrastavam. Ou será que apenas alguns minutos haviam se passado? Eu não sei. A única coisa de que tinha consciência era que chorei por muito tempo enquanto Edward me segurava em seu colo, balançando devagar para frente e para trás, murmurando que tudo ficaria bem e suplicando para eu parar de chorar.

- Ta demorando tanto. – soltei em um fiapo de voz

- Está acabando, Bella. Já está acabando. – a voz aveludada respondeu. – Você precisa se acalmar.

- Não diga pra eu me acalmar, Edward! – sussurrei em resposta, pois não tinha forças pra gritar – É o meu irmão, droga! Meu irmão está...

Fui interrompida pela entrada tempestiva de meu pai. O rosto de Charlie estava vermelho e suas mãos tremiam visivelmente.

- Meu filho! – ele gritou para uma enfermeira que passava – Como ele...

- Pai – murmurei, indo em sua direção.

- Filha! – Charlie me puxou para o meio de seus braços trêmulos – Graças a Deus você está bem! A l-ligação ficou muda. Achei que você tinha desmaiado, mas Brooke respondeu dizendo que você saiu correndo. Correndo com aquele.... aquele carro de corrida. – ele respirou fundo – Senti tanto medo de que lhe acontecesse alguma coisa.

- Eu estou bem, pai. Mas eu não sei n-nada sobre Jack. – olhei inconsolada para a porta da UTI – Ninguém fala nada.

- Vai dar tudo certo, querida.

Pelo tom de voz masculino eu pude perceber que Charlie tentava conter as lágrimas para me passar confiança.

- Bella, você consegue ficar sozinha por alguns minutos? Vou ver se consigo algumas informações.

Sim, ele procuraria se informar. Mas também precisaria de cada um daqueles minutos para extravasar as emoções que o sufocavam.
Estava prestes a responder afirmativamente quando Edward se fez ouvir.

- Ela não ficará sozinha, senhor Swan – falou humildemente.

Meu ex-namorado havia se levantado e estava há apenas alguns metros de mim. A surpresa nos olhos de Charlie, ao notar a presença de Edward, logo foi substituída pelo calor da fúria crescente.

- O quê diabos você está fazen...

Coloquei a mão sobre seu antebraço direito, fazendo-o parar de falar. Ele me lançou um olhar indagador, o qual era a cópia exata do olhar de Jack. Senti o medo me apertar ainda mais, machucando. Engoli em seco, maneando a cabeça. Aquele não era o momento e muito menos o lugar para Charlie expressar todo ódio que sentia por Edward.

Meu pai fechou os olhos e soltou o fôlego antes de continuar:

- Eu estarei aqui do lado. – lançou um olhar mortal a ele – Qualquer coisa é só gritar e eu estarei aqui antes que possa piscar. – deu um beijo em minha testa e saiu apressadamente por uma daqueles vazios corredores brancos.

Quase soltei uma risada seca ao perceber a ironia oculta na ultima frase de Charlie. Realmente havia alguém naquela sala que pode se mover mais rápido que um piscar de olhos, mas, certamente, não era Charlie Swan.

- Seu pai me odeia. – ele afirmou.

Não respondi nada porque não julguei necessário. Mas o que ele esperava? Uma festa de boas vindas? Meu pai foi quem melhor presenciou meu sofrimento nas primeiras semanas de abandono.
Voltei para o sofá, descansei os cotovelos sobre as cochas e afundei o rosto nas mãos. Esfreguei os olhos e, apoiando o queixo nas mãos, virei para a direita e encarei a maldita porta que me separava de meu irmão. Edward puxou minha mão delicadamente e entrelaçou nossos dedos.

- Carlisle está vindo. Você precisa ser forte. – falou, apertando minha mão de leve.

Soltei minha mão e agarrei as lapelas da jaqueta dele com dedos dormentes, sentindo cada célula do meu corpo gritar em pânico.

- O quê você quer dizer com isso? Meu irmão... Jack, Jack... – a palavra não saia – Ele...? – não consegui terminar.

Sentia que se expressa meu medo em voz alta ele se tornaria real, mais real.

Edward franziu o cenho.

- Eu não sei, Bella. Carlisle está evitando pensar no assunto porque sabe que eu o escutaria e diria a você. Ele pensa que eu não tenho esse direito porque cabe a vocês da família decidir quando e se contarão a alguém o diagnostico final. Carlisle está certo. – parou por um instante, analisando minha reação – Eu disse que você tem que ser forte, independentemente de qual seja o estado de Jack, por Charlie. Ele está sofrendo muito, Bella.

Senti-me mais triste ainda, se é que era possível. Sei que aquela não foi a intenção de Edward, mas a razão nunca prevalecia sobre a emoção.

Dr. Cullen entrou silenciosamente na recepção e veio em nossa direção. Levantamo-nos e, por uma incrível coincidência, Charlie apareceu naquele exato instante.

- Carlisle! Finalmente! – ele falou, ansioso – Ninguém sabe de nada nesse hospital. Como foi? Como Jack está?

Dr. Cullen passou a prancheta de uma mão para outra antes de falar com a voz padrão usada pelos médicos ao falarem com a família dos pacientes:

- Jack chegou ao hospital com muitas fraturas e com hemorragia. Durante a cirurgia conseguimos conter o sangramento e verificamos que não havia danos internos. Provavelmente o airbag amorteceu a batida. Jack quebrou algumas costelas e a perna esquerda, mas não corre perigo de vida e não há seqüelas – ele soltou um sorriso tranqüilizador – Vamos mantê-lo em observação por dois dias, só por garantia. Porém em algumas semanas, quando tirarmos o gesso, ele estará 100% outra vez.

Senti o alivio me percorrer como água gelada, fazendo meu coração voltar a bater. De repente foi demais. Todas as emoções daquela manhã pesaram sobre meus ombros. Charlie agradecendo Carlisle foi a ultima coisa que consegui ouvir antes de cair na gloriosa e acolhedora escuridão.

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Abri os olhos, ainda grogue Virei para o lado e minha pele entrou em contato com o travesseiro gelado.

- Amor – sussurrei ao abraçar o travesseiro para sentir melhor aquele perfume maravilhoso.

Um gemido angustiado soou pelo quarto.

Arregalei os olhos e sentei na cama, completamente acordada. Fiquei tão surpresa com o que vi que perdi a fala. Acomodado, confortavelmente em minha poltrona estava Edward. Os olhos dourados analisavam-me atentamente.

- Mas o quê...?

Engoli a pergunta que estava na ponta de minha língua quando as lembranças das ultimas horas me acertaram em cheio.

- Oh meu Deus! Jack! – gritei e dei um pulo tão grande que acabei caindo sentada no chão.

No segundo seguinte meu ex-namorado me levantava em seus braços fortes e colocava-me de volta na cama.

- Você está bem, Bella? – ele se ajoelhou em minha frente – Machucou?

- Eu estou bem. Estou bem. – aumente minha voz alguns tons nas ultimas palavras.

Levantei um tanto quanto histérica. Comecei a andar de um lado para o outro, passando a mão pelo cabelo.

- Por que nós ainda estamos aqui? Por que eu ainda estou aqui?

Abaixei para calçar de qualquer jeito o primeiro tênis que eu encontrei no chão.

- Onde é que estão as chaves do meu carro? – falei enquanto remexia em algumas coisas sobre a penteadeira.

Abria a boca, completamente horrorizada com o súbito pensamento que me ocorreu.

- Onde está meu carro?

- Bella...

- Eu o deixei no estacionamento do hospital! Alguém o trouxe pra cá? – eu não sabia se estava falando com Edward ou comigo mesma.

- Bella...

- Isso não importa! Você pode me levar ou eu posso ir correndo. – comecei a andar em direção a porta – Vamos logo, Edward! O quê você está esperando?! Um sinal divino?

Em milésimos de segundo ele estava em minha frente. As mãos perfeitas seguravam meu rosto, angulando-o na posição certa para que eu olhasse diretamente no ouro derretido de seus olhos.

- Bella, acalme-se. – murmurou suavemente.

Ele estava certo. Preciso me acalmar. E eu conseguiria esse feito assim que me libertasse de suas mãos e da sensação perturbadora que elas me causavam.

- Ok. Já estou mais calma.

Coloquei as mãos sobre as dele e tentei move-las, foi em vão.

- Você se lembra do que Carlisle disse, ontem à tarde, sobre seu irmão?

- Claro que lembro.

Por que ele não tirava as mãos do meu rosto? Por que eu não tirava as mãos dele do meu rosto?

- Ei! Espere um segundo! Você disse ontem à tarde? – perguntei, chocada.

- Você dormiu dez horas seguidas depois que desmaiou. – ele soltou um sorrisinho cansado – Você estava exausta.

- Como eu vim para aqui? E Charlie, onde ele está? – franzi o cenho.

Ele recuou um passo ao soltar uma gargalhada preguiçosa, finalmente soltando minha face.

- E você já estava mais calma, né? Que tal uma pergunta de cada vez? Fui eu quem a trouxe ontem, obviamente depois e muita oposição de Charlie e alguns pedidos de meu pai para que ele tentasse entender que era a única opção partindo do principio de que seu pai não sairia do lado de Jack. Charlie passou a noite no hospital e eu fiquei aqui com você. Seu porshe continua no mesmo lugar de ontem, porque seria meio complicado explicar para Charlie como eu tinha pegado as chaves e trazido seu carro para casa sendo que prometi ir embora assim que a colocasse na cama. – ele me lançou um olhar envergonhado – Sinto muito não ter cumprido a promessa, mas fiquei com medo de deixá-la sozinha e você acordar muito assustada.

- Tudo bem. Não tem problema. Podemos ir ao hospital agora?

Não tive a intenção de soar seca, era a impaciência falando por mim. Acho que Edward entendeu, pois maneou a cabeça em sinal de concordância e abriu a porta do quarto.

- Bella, são cinco horas da manhã. – ele falou quando já estávamos dentro do Volvo. – Você não poderá ver seu irmão agora. Não é horário de visitas, linda.

- Eu sei. Mas preciso estar perto dele.

- Ah! Falando em visitas... Brooke esteve quando você estava dormindo. Ela pediu para avisá-la que “Você vai virar picadinho por ter saído daquele jeito suicida da escola.” Brooke estava bem nervosa quando chegou a sua casa, quase a acordou só para lhe passar um sermão sobre responsabilidade e sobre os futuros problemas cardíaco que ela terá por você ficar tentando contra sua saúde física. – o tom de voz dele era de divertimento.

Revirei os olhos ao pensar no discurso imenso que teria de ouvir de minha melhor amiga super-protetora.

O caminho pareceu bem mais curto agora do que da ultima vez que tive que percorrê-lo. Logo estava na recepção, olhando para os lados a procura de Charlie.

Encontrei meu pai sentado de mau jeito em uma cadeira de plástico, dormindo profundamente. Edward parou ao meu lado.

- Acho melhor não acordarmos ele.

Concordei com a cabeça.

- Ele deve ter passado a noite em claro. Seu pai ainda está aqui, Edward?

- Está sim. No consultório dele.

Ele mexeu a boca rapidamente e no instante seguinte Dr. Cullen surgia por um dos corredores.

- Olá meus filhos. – ele sorriu para nós.

Senti um aperto no peito ao ouvir seu cumprimento.

- Bom dia Carlisle. Sei que é contra as normas. – respirei fundo – Mas será que eu poderia, mesmo que rapidamente, ver Jack?

Pai e filho trocaram um olhar cúmplice, então o mais velho me olhou e respondeu:

- Acho que podemos permitir uma visita de dez minutos. Mas ele está dormindo, Bella. E não é aconselhável que acorde. Costelas quebradas não são muito confortáveis.

- Muito obrigada. Muito obrigada mesmo. Prometo ser rápida e discreta.

- Acompanhe-me, querida – ele sorriu – Filho, acho melhor você voltar para casa. Chalie não ficaria muito feliz em encontrá-lo aqui.
- Certo. Te vejo na escola, Bella?

O olhar dele estava tão iluminado que não pude fazer nada além de murmurar:

- Claro.

Edward sorriu de lado - o primeiro sorriso desse tipo que eu via em seu rosto desde seu retorno – e foi andando em direção a saída.
Carlisle conduziu-me ao quarto de meu irmão. Jack estava deitado na cama parecendo saudável, apesar de estar um pouco pálido. Algumas lágrimas de alivio escaparam quando me abaixei para dar um beijo leve em sua testa. Passei os dedos por seus cabelos macios e fiquei ali ao lado da cama, agradecendo ao universo por meu irmão estar comigo. Agradecendo por ele estar bem.

Alguns minutos depois três batidinhas na porta me despertaram. O tempo de visita fora de hora havia acabado. Abaixei novamente e dei mais um beijo no rosto de Jack, saindo logo em seguida.

Voltei à recepção e ocupei o tempo com uma revista de jardinagem de três anos atrás. Depois de ter aprendido tudo sobre as novas técnicas de plantação de rosas e orquídeas, levantei da cadeira e alonguei os músculos. Charlie continuava roncando na cadeira. Fui à lanchonete e comprei um café com creme pra mim e outro puro para Charlie. Eu precisava acordá-lo antes que ele travasse a coluna. Talvez, embora improvável, ele concordasse em ir para casa dormir mais um pouco.     

- Pai – cutuquei ele devagar.

Nada.

- Pai. – usei mais força.

- Bella? – Charlie se levantou e estalou os membros – Jack já acordou?

- Não pai. – entreguei o copo dele – Ainda são seis e meia.

Ele tomou um longo gole e olhou-me de alto a baixo.

- Isso significa que você tem exatamente meia hora para chegar à escola. Não que Forks seja muito grande, mas você não vai correr com aquela maquina mortífera que seu avô lhe deu.

- Escola? Não, pai. Vou ficar aqui. – relutei.

- Não vai não, senhorita Swan. – falou, firme – Você já matou aula ontem. Hoje você vai à aula. Seu irmão vai demorar a acordar, o horário de visitas é só daqui três horas e você não vai ficar aqui sem fazer nada enquanto poderia estar aprendendo coisas importantes.

- Mas pai...

- Sem “mas”, filha. Por favor, obedeça. Quando a aula terminar, você pode passar o dia inteiro com seu irmão.

- Ta bom – murmurei.

Afinal, do que adiantava discutir? No final eu teria que obedecê-lo.

- Então já vou indo. – abaixei e dei um beijo em sua bochecha – Até depois.

Estava quase alcançando a porta quando ouvi Charlie me chamando.

- Estava esquecendo isso querida.

Ele jogou alguma coisa e eu levantei a mão para apanhar o objeto. Eram as chaves do meu porshe.

- Você deixou cair ontem ao desmaiar.

- Valeu pai. – dei um sorriso agradecido.

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Dirigi lentamente direto para a escola. Não tinha que pegar nada em casa, pois tudo meu material e meu celular haviam ficado na escola. Três carros já estavam no estacionamento, entre eles o volvo prata. Estacionei o porshe e caminhei para os prédios. Só naquele momento me dei conta de que não agradeci Edward por tudo que ele fez por mim. Isso não era certo.

Procurei por ele em dois prédios, mas só encontrei-o quando fui ao refeitório. Ele estava sentando sozinho em um banco, entretido com um livro. Estava a cinco metros de distancia quando Edward levantou a cabeça e me olhou direto nos olhos. Perdi o fôlego e tive de forçar meu cérebro a se lembrar o motivo de estar ali. Dei mais alguns passos e parei em frente a ele.

- Er... Edward eu vim agradecer por... – ele me olhava atentamente – por tudo que você fez ontem e hoje. E também vim me desculpar por ter sido rude em alguns momentos.

Ele sorriu de lado mais uma vez, passou a mão nos cabelos e respondeu:

- Por nada, Bella. Sempre que precisar. E não é necessário se desculpar eu sei que você está passando por um momento estressante.

Eu esbocei um sorriso.

- Bom, é isso. Obrigada mais uma vez.

Acenei com a cabeça e virei para voltar por onde havia vindo. Porém meu caminho estava bloqueado por Alice Cullen, a raiva berrava em seus olhos.

- Você ficou louca, Isabella Marie Swan? – berrou ela.

- Alice não faça isso! – murmurou Edward em tom de advertência.

- Uma ova que não faço isso, Edward. – ela apontou o dedo indicador para o irmão – Ela merece ouvir umas verdades e você não vai me impedir de falá-las.

Eu não fazia nem idéia de sobre o que se tratava tudo isso. Voltando-se em minha direção, continuou:

- Você tem noção de como é estar no meio de uma caçada com Jasper e ter a visão de você voando por ai em seu carro? Você estava de cabeça quente e ainda assim foi dirigir aquele carro de corrida! – ela gritava cada palavra – Foi irresponsável, imaturo e malditamente perigoso o que você fez! Eu corri por quilômetros até achar algum lugar com sinal de celular para avisar Edward. A facilidade com que você poderia ter sofrido um acidente fatal é impressionante!

- Alice, pare agora! – Edward falou nervoso.

- Você deixaria seus amigos inconsoláveis. E Charlie?! Você não pensou em Charlie quando resolveu queimar asfalto?! Imagine o que aconteceria com seu pai se, além de seu irmão, você também estivesse em um leito hospitalar?! Sua atitude foi extremamente egoísta. Devia se envergonhar!

A verdade em suas palavras fez a culpa surgir em meu peito e, junto com ela, a raiva por Alice estar agindo como se ainda fossemos amigas. Amigas como éramos antes dela acabar com a força de um ataque nuclear cada partícula de nossa amizade. A mistura desses dois sentimentos me fez abrir a boca e murmurar com a voz fria:

- Quem você pensa que é para falar desse jeito comigo?

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Notas finais do capítulo

AMOOOORES como foi o carnaval de vcs?! O meu foi PERFEITO. =D

estou indo pra praia e só vou ver os comentários depos. OMG. estou ansiosa desde agora.

TENHO UMA NOVIDADE: Comecei uma nova fic nesse site. Chama Obsession. Quem quiser passar lá pra ver se gosta é só entrar no meu profile. Ficaria muito feliz se vcs dessem uma chance pra ela. Já adianto: A Bella de lá é muuuito diferente da Bella daqui.

Obg por lerem essa fic e comentarem. Love you (L)