A Sombra e a Escuridão escrita por Cris Turner


Capítulo 18
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é dedicado a Reeh_12. UAU, garota. UAU. Já pensou em virar detetive? ou, quem sabe, vidente? =D UAHUAHAUHUAHA



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Capítulo 17

Meus pulmões doíam a cada nova lufada de ar que chegava até eles.

Provavelmente era assim que as vitimas de afogamento de sentiam: o peito ardendo e o desespero embaçando a mente. Exceto que eu não estava me afogando. Eu estava ajoelhada no meio da imensa sala de estar dos Cullen enquanto meu pior pesado se tornava realidade... de novo.

Dizem que o que não lhe mata, lhe fortalece. Ou ao menos lhe deixa mais esperta para não cair duas vezes na mesma cilada. Devo ter sido morta porque não era compreensível como eu pude ser tão burra e ter acreditado nele.

É, acho que o centro de tudo isso era a lógica. Mas esta parecia fora da equação.

Por que eles levariam os móveis ao partir outra vez? Dinheiro não era problema para os Cullen e há sete meses eles deixaram a mansão intacta. Então por que agora?

Depois de algumas tentativas, consegui juntar forças o suficiente para me levantar. Com o auxilio da luz da sala cheguei ao interruptor da cozinha e descobri que esta também estava vazia. Da mesma maneira subi a escada. No segundo andar da casa a cena se repetia. A única coisa que preenchia os cômodos era ar.

Segurei tão forte no corrimão da escada ao descer que provavelmente parei a circulação sanguínea em minha mão esquerda. Mas eu precisava me agarrar a alguma coisa sólida para não quebrar o pescoço se minhas pernas vacilassem naquela descida. Assim como eu precisava me agarrar à esperança para não perder a lucidez. As lágrimas quentes desciam ininterruptamente pelo meu rosto, porém me eram indiferentes. O que estava acontecendo naquele momento era um atentado à lógica do universo.

Por que ele iria ter tanto trabalho a fim de que reatássemos se planejava ir embora tão rápido? Por que ele voltaria se desejava partir?

Quando cheguei ao último degrau, o esgotamento emocional me impediu de qualquer coisa exceto sentar, cruzar os braços sobre os joelhos e esconder meu rosto neles.

Um pouco depois ouvi um som triste. Um som desesperadamente doloroso, um choro desesperadamente doloroso. Eu queria ajudar quem quer que fosse que sofria tanto. Mas a pequena parte do meu cérebro que ainda era capaz de funcionar alertou-me que não havia ninguém mais ali. Então era eu quem chorava assim? Uma pontada forte em meu peito respondeu a pergunta. Sim, era. E eu estava nesse estado deprimente e depressivo porque a pessoa que eu mais amava na maldita droga do mundo havia me abandonado. O choro aumentou de intensidade.

Já não sabia quantas lágrimas mais meu corpo poderia produzir depois de tantas outras que eu já havia derramado. Talvez quando elas parassem, eu entenderia o que estava acontecendo. Ou talvez elas só parassem quando eu entendesse o que estava acontecendo. Porém isso parecia tão longe de acontecer, parecia impo...

- Bella? – uma voz suave chamou.

Levantei a cabeça como um raio, mal acreditando em minha vista embaçada.

- Esme?

Ao dizer isso, ouvi um estrondo forte do lado de fora da casa. Um milissegundo depois Edward, o qual sustentava uma expressão completamente atônita, estava ao lado da mãe no portal de entrada. Arregalei os olhos e minha boca abriu-se num perfeito O.

- EDWARD!

Em um salto estava em pé e correndo em sua direção. Não dei nem mesmo dois passos quando ele me pegou em seus braços, tirando meus pés do chão em um abraço de aço. Escondi meu rosto em seu pescoço e ali chorei de alívio.

- Bella, amor. Meu amor, o que aconteceu? O que aconteceu, Bella? –  estava desesperado.

Não conseguia responder, estava ocupada demais agradecendo por ele não ser uma alucinação.

- Diga-me o que está errado, meu amor, e eu consertarei. Mas por favor, por favor, não chore. Eu não suporto vê-la chorar.

Aos poucos, fui me acalmando. Percebi que Edward ocupara o lugar onde eu estava antes de sua chegada e me segurava em seu colo.

- Bella, você está bem? Alguém lhe machucou? – sussurrou em meu ouvido.

- Machucou? Não. – funguei.

- Então por que você está assim? Aconteceu alguma coisa com alguém?

- Não.

- O que aconteceu, amor?

Sentia seu olhar sobre mim, mas não conseguia encará-lo. Como poderia contar o que ocorreu e o que eu pensara? Todas as suas suposições pareciam ainda mais malucas do que pareceram quando estava sozinha e lutava para encontrar a lógica. Edward não ficaria satisfeito ao saber o que eu imaginara. Recuei um pouco em seu abraço, mas evitei o seu olhar. Olhando para parede, levantei a mão e afastei a franja que caia em meus olhos, antes de começar:

- Eu passei à tarde na casa de Brooke. E estava com saudades de você. – respirei fundo -  E quando estava indo para casa pensei que você talvez já tivesse voltado de onde quer que tenha ido.

Respirei fundo, tentando achar as palavras certas.

- Porém cheguei aqui e vi tudo vazio. Eu pensei que... pensei que...

- Ah não, Bella. Você pensou que nós havíamos ido embora.

Virei a fim de encará-lo. Seu rosto, assim como sua voz, carregava grande tristeza.

- Eu não... Droga! Foi exatamente isso que eu achei. O que mais eu poderia deduzir ao chegar aqui e encontrar a sua casa vazia?  E para piorar a situação no dia anterior você me disse que ia a um lugar que não podia me contar onde era! Eu... eu... enlouqueci. – gritei.

Edward não alterou sua expressão, a minha, por outro lado, devia estar escarlate. Sentia minhas bochechas ficarem ainda mais quentes a cada segundo que se passava. Não sabia se era vergonha ou raiva que me consumia. Talvez fosse uma mistura dos dois.

- Bella, eu fui a Port Angeles com Esme porque ela queria comprar móveis novos para redecorar a casa. Algo sobre recomeçar com o pé direito. – sussurrou.

- E os outros?

- Alice e Jasper estão caçando assim como Rosalie e Emmett. Carlisle está no hospital.

Agora eu tinha certeza de que o sentimento dominante era a vergonha.

- E por que você não podia me contar que estava indo na cidade vizinha com a sua mãe? – engasguei.

Precisava encontrar ao menos um pouco de razão no meio daquela bagunça em que havíamos parado. Sempre confiei demais em meu cérebro para deixá-lo em segundo plano nesse momento tão crítico. Eu o abandonara no momento em que precisava decidir se reataria com Edward... e parecia ser esse abandono que me levara aonde eu estava agora.

- Porque eu precisava fazer outra coisa também. E era sobre isso que eu não queria falar com você.

- Por quê?

Edward não respondeu. E percebi que não responderia, pois podia sentir a determinação irradiar dele. Fosse o que fosse, o pequeno segredo não me seria revelado.

- Na hora certa, eu lhe conto.

Não pude fazer nada além de encará-lo e o que vi fez meu coração levar outra punhalada. Ele estava magoado, mas não comigo. Consigo mesmo. E eu provavelmente era responsável por isso. Comecei a me sentir como uma palhaça que montara um grande espetáculo encima de uma pequena piada ruim. Era como se eu estivesse em uma piada de mau gosto.

- Nós precisamos conversar. – suspirou, erguendo-se comigo ainda em seu colo. – Mas não agora. Agora eu vou levá-la para casa.

Eu queria dizer alguma coisa, porém o pesado silêncio entre nós parecia sufocar, impedindo-me de fazer qualquer coisa senão encarar desamparadamente sua camisa enquanto era carregada para fora da mansão. Nó pátio de entrada só estava o Volvo. Naquele momento notei a falta de Esme, a qual provavelmente saiu  assim que seu filho me encontrou, concedendo-nos privacidade total.

“Silencioso” não era a palavra correta para descrever o trajeto para minha casa. Talvez “agonizante” ou “vergonhoso” encaixasse melhor. Ele não me olhou em nenhum momento desde a saída de uma casa até a chegada na outra.

- Eu acho melhor não ficar aqui hoje à noite. – parecia estar falando com a porta atrás de mim – Amanhã à tarde eu venho para conversarmos.

Acenei com a cabeça.

- Tchau.

Com as mãos nos bolsos da calça e o andar lento, Edward voltou para seu Volvo, dando partida e desaparecendo pela rua. Fiquei alguns minutos ali, olhando para o vazio onde seu carro estivera, questionando mentalmente minhas próprias perguntas. Como eu pude distorcer tanto a realidade? E o que aconteceria agora que estava claro que ainda havia uma falha imensa em nosso relacionamento?

Estremeci de frio, mas o clima não era responsável por essa sensação térmica. Não. O vento gelado vinha do meu peito.

Quase desmaiei de puro pânico ao perceber que esse frio interno não havia me abandonado. Ele ainda estava ali, mostrando-me que as coisas não estavam nem de longe no lugar onde elas pertenciam, mostrando-me que decisões cruciais precisavam ser tomadas. E elas doeriam.

Esfreguei meus braços e, em um suspiro derrotado, expulsei o ar que preenchia meus pulmões. Encarei pela última vez o asfalto antes de virar as costas e entrar em casa.

- Bella, onde você estava, maninha?

Ignorei-o totalmente, seguindo em direção as escadas.

Só sai do quarto para tomar um banho demorado, durante o qual praticamente implorei para que a água quente levasse meus problemas. É claro que não funcionou. Então me arrastei de volta para o quarto, caindo pesadamente sobre a cama. Não desci para jantar porque meu estômago parecia pesar quilos de chumbo. Também não dormi apenas fiquei ali, agarrada ao travesseiro e encolhida em posição fetal enquanto encarava a parede lisa. Durante algumas horas ouvi os ruídos dos homens da casa. Depois não escutei mais nada, pois eles provavelmente já havia se recolhido em seus próprios quartos. 

Desejei que minha mente estivesse tão calma quanto a resto da casa. Porém os pensamentos não deixaram de confundi-la, voando cada vez mais rápidos em minha mente como abelhas raivosas zunindo. Rolei na cama, encarando o teto. Pedaços de todas as nossas conversas chocavam-se, trazendo um barulho imaginário, mas ao mesmo tempo ensurdecedor, os meus ouvidos. Puxei o travesseiro, tampando meu rosto com ele.

Minha vida estava passando de simples e tediosa a uma tragédia grega de grandes proporções.  Onde foi que eu errei?!

Rolei pela cama outra vez. Na verdade, várias e várias vezes durante a interminável noite. E tudo o que consegui foram mais perguntas ao invés das respostas de que tanto necessitava. Perdi a noção do tempo. E só percebi que a noite perecera quando uma batida forte na porta, acompanhada de uma voz grossa, me tirou dos devaneios:

- Bella, vem comer.

- Eu não quero tomar café. – resmunguei de volta.

- Querida, já é hora do almoço.

Virei a cabeça para o lado e encontrei os brilhantes números digitais do meu despertador indicando 01:30 p.m. Arregalei os olhos. Eu estava tão fora de sintonia assim?!

- Bella?

O tom de voz de meu pai indicava que se eu não saísse e/ou respondesse nos próximo cinco segundos, a porta seria jogada no chão.

- Estou indo, pai. Cinco minutos.

- Cinco minutos. – repetiu ele com um toque de ameaça.

Peguei uma camiseta branca qualquer e o primeiro jeans escuro que achei, uma jaqueta preta com capuz e tênis branco completava o visual. Arrastando os pés, cheguei até a cozinha. Jack e papai estavam sentados à mesa, uma pizza grande, a qual nem mesmo havia sido tirada da caixa de entrega antes de cortarem os primeiros pedaços, estava entre eles.

- Maninha, pega o refrigerante, por favor?

Dei de ombros, indo até a geladeira a fim de atender seu pedido. Quando coloquei a garrafa na mesa, o cheiro da pizza me acertou, embrulhando meu estômago. Dei as costas para os dois, abri um dos armários e alcancei um pacote de bolacha de água e sal. Desmontei sobre uma das cadeiras vagas e puxei o copo que Jack tinha acabado de encher de refrigerante para si mesmo.

- Bella, esse copo é meu! – exclamou, em resposta.

- Eu não estou nem aí. – resmunguei.

Comi a primeira bolacha e depois vieram mais umas cinco. A Coca-Cola ajudou a comida a passar pela garganta. Fome era a última coisa que me assolava no momento. Só estava comendo porque senão provavelmente desmaiaria quando meu namorado aparecesse aqui. Meu desânimo não me impediu de notar os olhares surpresos que recebi por: meu comportamento depressivamente anormal e pela resposta mal-educada que lancei ao meu irmão. Não fiz nem mesmo uma pequena tentativa de me explicar. O que eu dissera a Jack era a mais pura verdade. Eu não estava me importando nem um pouco com quem ficaria com a Coca ou o fato de  meu pai talvez esteja considerando a idéia de me mandar a um profissional para descobrir se eu tenho algum tipo de transtorno bipolar. Tenho problemas muito maiores do que esse.

Devorei todas as bolachas, apesar dos pesares. Então levei o copo a pia e deixei a cozinha. Estava na metade das escadas quando a campainha soou. Rapidamente alcancei o primeiro patamar novamente.

- Entre, Edward. – falei ao abrir a porta – Eu só preciso fazer uma coisinha e já volto.

- Acho melhor esperá-la aqui fora. – ele respondeu – Boa-tarde, senhor Swan. Jack. – acenou com a cabeça.

Não podia culpá-lo por preferir ficar no “sofá” de madeira do alpendre do que em nossa aconchegante sala. Porque os olhares nem um pouco hospitaleiros que os dois lançaram ao atravessar o corredor deixava claro o quão não-bem-vindo ele era em nossa casa. Edward nem mesmo precisaria ler a mente deles para captar essa mensagem. Revirei os olhos.

- Cinco minutos. – sussurrei antes de subir correndo as escadas.

Corri para o banheiro a fim de escovar os dentes. Depois de terminar a higiene bucal, peguei-me fixando a atenção em meu reflexo no espelho. E, por mais clichê hollywoodiano que isso fosse, falei para minha própria imagem:

- Vamos lá. Você consegue.

Então saí daquele cômodo e andei até estar fora da casa. Edward estava sentado no primeiro degrau de descida da escadinha que separava o alpendre do pequeno jardim em frente a casa. Sentei-me ao seu lado. Ele virou-se para me encarar.

- Alguém escutaria se conversássemos aqui?

Fez sinal negativo com a cabeça.

- Você se importaria se conversássemos aqui?

- Não, Bella.

- Você quer falar primeiro?

- Acho que seria mais pertinente se você começasse.

Retorci a manga de meu moletom, me sentindo estranha mesmo sabendo o que precisava dizer. 

- Edward, eu acho que a confiança é o principio mais básico de um relacionamento. E o que aconteceu ontem, mesmo tendo sido um grande delírio da minha mente, mostrou que nossa confiança não foi totalmente restabelecida. Não sei como podemos continuar namorando se eu não confio no que você faz. Se eu não consigo acreditar que você vai ali à esquina e vai voltar antes do próximo ano. Como podemos sustentar algo assim? Iríamos acabar brigando e destruindo o respeito que temos um pelo outro. Iríamos nos desapontar e perder a  fé em nós mesmos.

Esfreguei meu rosto com as mãos ao terminar de falar. Estava exausta, parecia que ao invés de dizer aquelas poucas palavras, eu havia corrido uma maratona olímpica. Por que às vezes fazer o que era certo doía tanto?

- Você está terminando comigo? – sua voz não continha nenhum traço de animosidade, estava, na verdade, terrivelmente normal.

- NÃO! – gritei – Eu apenas acho que devemos “dar um tempo”. Tentar reconstruir o que foi perdido com o tempo. Não estou dizendo para nos afastarmos, mas para, não sei, nos conhecermos outra vez. – estava soando confusa até para mim mesma – Acho que essa é a única alternativa. O que você acha, Edward? Isso não seria melhor para nós?

Ele estava ao meu lado – no máximo vinte centímetros nos separavam – mas era como se uma galáxia estivesse entre nós. Edward estava distante, concentrado em algo que eu além do que eu poderia entender. Senti como se um século se passara quando ele finalmente abriu a boca e disse calmamente:

- É. Você tem razão.

Dever-me-ia sentir aliviada com sua concordância, mas este não passou nem perto de meus sentidos. Minha intuição, a qual raramente falhava, dizia-me que algo estava errado. Eu só não sabia o que.

- Então você concorda? Concorda que isso é o melhor? Que devemos fazer o melhor para o nosso relacionamento?

Falei tudo de uma vez, freneticamente. Precisava que ele entendesse que eu estava fazendo isso por nós.

- Sim. Devemos fazer o melhor para nós. – olhou-me nos olhos – Eu não quero lhe machucar. Nunca mais, Bella.

Reconheci o que brilhou nos globos dourados. Edward não estava mentindo, mas havia algo, algo realmente importante, que ele não estava mencionando.

- Você está me escondendo alguma coisa? – ouvi as palavras saírem de minha boca antes que pudesse refrear.

- Não. Eu também acho que devemos fazer o melhor para você. – a mesma voz calma respondeu.

- Nós. O melhor para nós. – corrigi – Foi isso que você quis dizer, certo?

Ele não respondeu, limitando-se a dar aquele sorriso - sem mostrar os dentes - típico das pessoas que tem mais conhecimento do que aquelas a quem o sorriso é dirigido.

- Já é tarde. – falou, olhando o céu. – Acho melhor eu ir embora. – deu um beijo em minha testa e se levantou.

- Nos vemos depois, não é? – falei vendo-o caminhar para seu carro.

Edward não respondeu, apenas acenou com a mão e entrou no automóvel. Passei as mãos no rosto e joguei meu cabelo para trás, respirando fundo. Erguendo-me voltei para casa.

- E ai, maninha? – a voz de Jack me atingiu enquanto eu subia a escada.

- Me deixa em paz. – berrei em resposta, sem parar de andar.

Encostei-me à porta do meu quarto após fechá-la novamente. Fechei os olhos e a imagem de Edward flutuou na minha frente.

Estava feito. Eu fizera o que precisava. Meu cérebro estava satisfeito. Então por que a dor em meu peito era tão intensa?

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- Que foi dessa vez? Morreu, é? – a voz divertida perguntou do outro lado da linha.

- Quase.

- Quê?

- Nada. É que eu estou meio doente. – menti.

- Doente, é? Pegou o vírus com o seu namorado? Quer que eu vá ai lhe fazer companhia?

- Como assim “peguei com meu namorado”? – estranhei.

- Faz dois dias que Edward não vai à aula, exatamente como você. – parou por um instante – Vocês fugiram juntos? – gargalhou.

Não prestei atenção na última parte.

- Como assim faz dois dias que ele não vai à aula?

- Você está ficando repetitiva.

- Brooke! – rosnei.

- Eu quis dizer exatamente o que eu disse. Ele não foi á aula essa semana. Então faz dois dias que ele não vai aparece na escola. O resto da família continua freqüentando a escola normalmente, mas o seu homem não apareceu esses dias.

Senti minha garganta fechar e, como muito custo, consegui sussurrar:

- Eu ligo para você depois.

- Bella, o que...

Coloquei o parelho no gancho. Meu cérebro gritava freneticamente que alguma coisa estava muito errada. Eu não fora a aula esses dois dias porque ainda não tinha o controle suficiente das minhas próprias emoções para olhar Edward sem poder tocá-lo. E dessa vez a culpa era minha. Eu remoera o que fizera durante todo esse tempo. Não que eu achasse que havia tomado a decisão errada. Mas mesmo assim, parecia que algo não se encaixava. Eu só não sabia o que...

Até agora.

Edward.

Um impulso feroz me fez correr até onde a minha bolsa estava. Eu precisava vê-lo, precisava garantir que ele ainda estava lá para que nós tentássemos mais uma vez. Para que tentássemos do jeito certo.

Corri para o carro, destravando o alarme e me jogando sobre o banco do motorista. Em poucos segundos já corria pela estrada em direção à casa dos Cullen. Puxei o celular de dentro do bolso da calça e, com apenas uma mão controlando o volante, teclei o número de Edward.

Chamou até cair a ligação. Tentei de novo, revezando minha atenção entre a estrada e o aparelho eletrônico. Na terceira tentativa caiu na caixa postal. Olhei incrédula para o celular, então, bati algumas vezes sobre o volante a mão que o segurava, tentando extravasar a frustração. O carro deslizou um pouco quando eu finalmente parei em frente à casa dos Cullen.

Saltei do carro, praticamente voando até a entrada. Forcei a maçaneta, estava trancada.

- ALICE. ALICE. ALICE. ALICE – batia na porta ininterrupta e freneticamente.

Por que ela demorava tanto? QUE DROGA! Segundos depois a porta se abriu. Alice estava lá, vestida com uma camisa masculina três vezes o tamanho dela. Ah! então era por isso que ela demorava...

- Cadê o Edward?

- Bella, você tem que se acalmar.

- O diabos que tenho que me acalmar! Onde está seu irmão, Alice?

- Por que você não entra e...

- Onde está seu irmão, Alice? – berrei.

Em um segundo Jasper – sem camisa - estava ao lado da esposa. Como se eu fosse algum tipo de ameaça para vampiro. Na verdade, acho que naquele momento eu realmente era.

- Eu... ele... Edward foi embora.

- COMO ASSIM “EDWARD FOI EMBORA?”

- Você... Ele me disse que você terminou com ele. Disse que não tinha mais esperanças.

- Não foi isso que eu disse, DROGA! – fechei a mão em punho e soquei a parede. – DROGA. DROGA. DROGA. - Puxei meus cabelos com força - Eu só queria começar de novo do jeito certo. Será que ninguém consegue entender isso?!

- Bella...

- Para onde ele foi? Quando?

- Ele saiu faz uma hora. Foi para o aeroporto de Port Angeles. Edward ainda não se decidiu para onde vai. – sussurrou, parecendo chocada.

Virei e corri de volta para o carro.

- Espere, Bella! Eu vou com você. Só preciso trocar de...

O porshe deslizou um pouco quando afundei o pé do acelerador. Girando o volante todo para o lado, fiz a curva mais fechada da minha vida e sai do pátio dos Cullen. Não que eu não quisesse uma vidente comigo nessa busca, mas não podia perder um único minuto. Imporei a todas as entidades sagradas que lembrei para que não fosse tarde demais e para que nenhuma viatura policial me parasse enquanto eu queimava asfalto pela rodovia. Estendi a mão para o banco do passageiro, alcançando meu celular. Liguei o número dele e mais uma vez caiu na caixa postal. Tentei deixar uma mensagem:

- Edward, não. Edward não faça isso. Eu... – desliguei.

Essa droga de celular estava me atrapalhando. Eu não conseguia controlar o porshe nessa velocidade astronômica com apenas uma mão. Joguei o aparelho de qualquer jeito sobre o banco outra vez. Ultrapassei uma fila de cinco carros o que me rendeu várias exclamações de motoristas zangados por meu desrespeito as leis de trânsito. Eu não poderia me importar menos com isso.

Uma ponta de esperança ressurgiu quando eu finalmente vi os aviões voando mais baixo e as placas que indicavam o aeroporto. O som de Kings of Leon encheu o carro. Agarrei o telefone desesperada, sem nem ao menos ver quem era, coloquei-o na orelha:

- Edward?

- Ele se decidiu. Vai embarcar no primeiro vôo para Seattle e depois no primeiro que sair de lá para França. – uma voz feminina respondeu.

França? Isso é a mais de um oceano de distância! Estremeci.

- Qual lugar?

- Paris. Quando o avião chegar terá acabado de anoitecer. Então Edward terá tempo para decidir para onde quer ir depois.

- Alice, por que ele está fazendo isso? – não consegui impedir a pergunta.

- Ele acha que é isso que você quer, Bella. Ele só quer que você seja feliz.

Antes que as lágrimas começassem a cair, joguei o telefone em qualquer lugar. Virando o volante finalmente consegui chegar ao estacionamento do aeroporto. Lembro-me vagamente de, em um gesto automático, ter trancado o carro quando sai correndo para dentro do prédio.

Enquanto corri por entre as pessoas pensei em como a minha vida havia se transformado em um clichê tão barato. Eu estava correndo por um aeroporto a fim de impedir o amor da minha vida de ir embora e me abandonar para sempre. Isso é tão típico em nossos filmes adolescentes! Eu nunca pensei que essas coisas realmente acontecessem... 

Quando estava mais ou menos no centro daquele lugar, parei e olhei para os lados, totalmente ofegante. Fiz um giro de 360° graus, procurando atentamente por ele. Edward não estava em nenhum lugar onde eu pudesse vê-lo. Apesar de meus pulmões alegarem incapacidade para outra corrida e minha garganta queimar tanto que chegava a dor, disparei até o guichê onde sabia ser possível comprar passagens para Seattle. Por mais incrível que pareça, não havia ninguém na fila. O que era a primeira coisa boa que realmente me acontecia hoje.

- Moça...moça – minha garganta não cooperava. – Que horas sai o vôo para Seattle?

Ela abaixou a atenção para o computador e digitou alguma coisa. Então, ainda olhando para tela, disse:

- O vôo já partiu – levantou a cabeça, seu olhar passando rapidamente por mim para chegar até a imensa janela de vidro virada em direção a pista – Ele está taxiando nesse exato momento.

Afastei-me dela, chegando perto da janela. Espalmei as mãos sobre o vidro, assistindo de camarote o avião ganhar velocidade e subir aos céus. Fiquei ali até que o gigante dos céus se transformou em um ponto e, então, desapareceu por entre as nuvens. Dei as costas à janela e senti minhas pernas perderem a força. Escorreguei lentamente até estar sentada no chão. Os joelhos encolhidos perto de meu peito e os cotovelos apoiados sobre os joelhos. Não havia lágrimas. O desespero era tão grande que nem mesmo isso me sobrara.

Deus! O que foi que eu fiz? Arrastei minhas mãos em garras pelas laterais de minha cabeça, afastando meus cabelos enquanto as imagens passavam como um filme bem em frente aos meus olhos. Abaixei a cabeça, mantendo as mãos no cabelo e os olhos fixos em minha calça. Da outra vez que ele se fora, eu podia culpá-lo. Mas agora a culpa era totalmente minha. Minha e da minha insegurança.

Confiança? Edward e eu poderíamos ter restituído a confiança em nosso relacionamento. Eu devia ter percebido isso. Claro que não seria algo fácil, contudo, seria possível. Encontrar o que nós tínhamos... o que nós sentíamos um pelo outro...?! Isso era praticamente impossível. O sentimento era especial demais, precioso demais para ser banal. E nós tínhamos isso, mas eu tive a capacidade de jogar fora por desconfianças e inseguranças.

Respirei fundo. Tirei as mãos do cabelo e - fechadas em punho - as bati no chão ao mesmo tempo em que batia a cabeça de leve na parede atrás de mim.

Ironia não me faria companhia para olhar as estrelas. Insegurança não me abraçaria todas as noites enquanto canta para eu dormir. Sarcasmo não sussurraria o quanto me ama em meio a um filme romântico onde eu choraria rios de lágrimas. Orgulho não me daria um beijo de boa-noite.  

Eu estava de volta aquele poço de escuridão. Edward me mandara para lá. Tudo porque fora estúpido o suficiente para confundir o que eu disse... Droga Edward!

Bati a cabeça mais uma vez na parede. E abri os olhos para encarar o teto branco e insosso.

Como um cara tão inteligente como você pode cometer tamanha burrice...

Não. Droga! Swan!

A culpa é minha. Eu não tinha nenhum direito de responsabilizá-lo por nada. Francamente! Quantas pessoas tinham uma segunda chance?! Quantas pessoas tinham uma segunda chance com a pessoa de quem gostam!? Como eu pudera errar tanto!? E agora eu o perdera...

Espere um minuto!

Eu não o perdera. Eu podia procurá-lo. Abaixei a cabeça, olhando as pessoas passarem pelo terminal sem realmente enxergar nenhuma delas. Afinal de contas metade da minha família é européia. Eu sou européia. Tinha duas cidadanias que provavam que eu era tão cidadã estadunidense quanto era inglesa. Conhecia a Europa. Passara praticamente todas as minhas férias escolares lá. Não que fosse fácil se localizar naquele continente, mas eu tinha muita força de vontade e um vidente ao meu lado. Era um plano perfeito...

E o que diabos eu fazia perdendo tempo nessa droga de aeroporto?!

Levantei em um salto, começando a andar por entre a multidão.

Eu tinha meu American Express, meu passaporte e meu celular no carro.

Ótimo.

Eu perderia alguns dias de aula até encontrar Edward e convencê-lo a voltar já que ele conseguira alguns quilômetros de vantagem. Isso resultaria em mais alguns dias escolares perdidos. Charlie não ficaria satisfeito com isso.

Não tão bom.

Contundo, eu podia convencer a vovó de que precisava fazer algo urgente na frança. Ela entenderia. Ela sempre entende. E, claro, ela conversaria com o filho.

Perfeito.

Eu só precisava pegar as coisas no carro e ligar para Alice. Conseguiria uma passagem no primeiro avião que saísse dali. Que horas seria isso? Levantei a vista a fim de encontrar um painel eletrônico. O próximo vôo era em meia hora. Perfeito.

Esboçando um sorriso, abaixei a vista. E foi quando meus olhos se chocaram com os dele. Franzi a sobrancelha, forçando a vista. Era mesmo ele ali ou era uma ilusão? Mesmo morrendo de medo de ele desaparecer – mesmo sendo uma ilusão – cerrei os olhos com força. Ao abri-los, a figura imponente continuava no mesmo lugar. Parado a mais ou menos dez metros, vestindo uma blusa pólo preta e calça escura, estava Edward. E ele olhava diretamente para mim.

Minha mente não trabalhava bem no momento, por isso não sei como dei um passo hesitante e, então, outro, até estar em uma corrida desenfreada em direção a Edward. Talvez fosse puro instinto, talvez fosse meu coração tomando as rédeas um pouco. Estava a poucos centímetros dele quando, em um pulo, me joguei em seus braços, os quais se apertaram firmemente a minha volta. Por mais inacreditável que fosse, não senti dor ao chocar em seu corpo de pedra. Mas senti todo o peso sobre meus ombros ir embora.

- Bella, o que você está fazendo aqui? – sua voz saiu um tanto abafada porque Edward mantinha seu rosto afundado em meus cabelos.

- O que eu estou fazendo aqui? O que você está fazendo aqui? – rosnei.

- Isso não está fazendo sentindo. – afastou-se apenas para olhar-me.

- Droga Edward! Eu lhe disse para começarmos de novo e você quer fugir no primeiro avião?

- Não. – respondeu suavemente – Você terminou comigo porque essa era a única opção. E eu não estava fugindo

- Será que você nunca escuta o que eu digo? Será que você não presta atenção no que eu digo?!

Apoiei meus braços sobre os seus, descansando minhas mãos em seus ombros enquanto o encarava com raiva.

- Eu não entendo por que você está aqui. – ignorou minhas perguntas – Veio se despedir?

- “Despedir-me?” Não. Para onde você está indo? Por que você está indo?

- Eu estou indo porque isso é o certo. – a voz não continha nenhuma emoção – Você ficou mal quando viu a casa vazia. Você... droga... você chorou. Eu não tinha o direito de fazê-la passar por isso de novo. Mas eu não tinha forças para ir embora. Então você veio com aquela conversa de que precisávamos de um tempo. Pensei que fosse uma maneira educada de me chutar para fora da sua vida. Afinal, eu merecia isso.

Fiquei boquiaberta. Como a mente dos homens consegue ser tão absurdamente incoerente às vezes!?

- Eu estou indo para Suíça. Eu ia para França, mas mudei de idéia. Meu novo vôo sai em quarenta minutos.

- Suíça? Você não vai para Suíça! – apertei as mãos em seus ombros – Por que você iria para Suíça? Por que você iria para qualquer lugar longe de mim quando prometeu nunca mais fazer isso? – a raiva subiu por minha garganta – Você é um mentiroso, idiota, cego, estúpido. Eu odeio você, Edward. Você quer ir para Suíça? Ótimo! Tenha uma excelente viagem!

Desvencilhei-me de seus braços e dei-lhe as costas, dando dois passos.

Então, em um giro tão rápido que nem eu mesma sabia como havia feito, abraçava Edward firmemente.

- Não vá. Por favor. Por favor, não vá – agarrei com ambas as mãos a blusa dele enquanto lágrimas grossas desciam por meu rosto. – Não me deixe. Eu não posso viver sem você. – solucei.

- Shii. Calma, amor. Eu estou aqui. – sussurro em meu ouvido – Está tudo bem.

- Não está tudo bem! – bati de leve o punho cerrado em seu peito – Você está me deixando de novo. – me afastei a fim de olhá-lo – Você não me ama mais, Edward? – não podia enxergá-lo direito devido as lágrimas que embaçavam minha vista.

Ele chegou tão perto que sua boca quase se colava a minha.

- Não é nada disso, amor. Eu só pensei que fosse o que você queria. É claro que eu te amo.

- Pare de tentar pensar por mim. Pare de pensar que sabe o que eu quero. Pare de pensar que sabe o que é melhor para mim. Toda a maldita vez que você age assim, você acaba em um avião indo para longe de mim. Quando eu quiser dizer uma coisa, eu direi.

Seus braços me apertaram ainda mais.

- Você me prometeu que nada iria nos manter separados novamente! – abafei minha voz contra sua camisa.

- Eu sei. Doeu-me pensar que tinha que ir embora novamente. Mas eu achei que fosse o que você queria. Isso não acontecerá outra vez. Nunca mais presumirei nada. Prometo.

- Promete?

Levantei a vista e me deparei com o mais sincero brilho em seus olhos. Um segundo depois, Edward baixava sua cabeça. Nossos lábios se encontraram. E foi tão suave. Ele me beijou calmamente até que eu agarrei seus cabelos sedosos. Então o beijo se transformou em algo quente e descontrolado. As mãos dele abraçavam minha cintura com força enquanto eu tentava me aproximar mais. Nossas línguas guerreavam tentando absorver o máximo possível um do outro. No momento, considerava o oxigênio o menos importante para minha sobrevivência, mas meus pulmões não concordavam muito com isso. Puxei levemente seu lábio inferior entre meus dentes, terminando nosso beijo com um selinho. Um sorriso imenso brilhou em seu rosto e eu sabia que não estava diferente. Ele passou o nariz de leve sobre meu pescoço, respirando fundo. E todo ar que conseguira recuperar, sumiu de repente.

- Vamos para casa. – sua voz rouca sussurrou em meu ouvido.

xxx

Estacionei o porshe logo atrás do volvo no pátio dos Cullen. Vi a porta do automóvel da frente ser aberta e, um segundo depois, a minha também estava aberta. Edward, como sempre, meu cavalheiro. Sorri quando ele entrelaçou sua mão a minha e assim atravessamos o gramado. No segundo em que pisamos no alpendre, alguém saiu como um furacão de dentro da casa e abraçava Edward e eu.

- Ah. Meus filhos. Vocês voltaram. – a voz de anjo parecia torturada – Pensei que perderia os dois. Nunca mais façam isso.

- Desculpe, Esme.

Arrastei os pés, meio envergonhada, agora que ela nos soltara e nos mantinha sobre olhos de águia.

- Desculpe, mãe. – Edward sussurrou.

- Venham. Venham. Estão todos esperando por vocês. – sorriu.

Notei que ela falava a verdade. Alice estava encostada a Jasper perto da parede oposta a porta de entrada. Carlisle estava acomodado sobre o grande sofá e Rosalie estava em pé no meio da escada ao lado de Emmett. Todos eles nos encaravam atentamente. A fadinha fez o primeiro movimento, vindo até mim e me envolvendo em um abraço.

- Bella! Você conseguiu.

Ela se afastou ao dizer isso.

- Como se você não soubesse. – brinquei.

- É. Eu sabia. Mas primeiro eu vi Edward mudar de idéia e resolver ir à Suíça e vi que você estava indo à Seattle para pegar um vôo para França. Porque eu disse que ele estava indo para França. Então vocês se desencontrariam e perderíamos muitos dias. Eu liguei várias vezes no seu celular, mas você não atendia.  Então eu não sabia o que fazer...

- Calma, Alice. Eu sei, Alice. Está tudo bem agora. – interrompi seu falatório desenfreado.

Eu tinha visto as dezenas de ligações perdidas em meu celular quando fui ligar para Charlie a fim de avisar que estava na casa dos Cullen.

- Eu sei. Eu sei. – sorriu amplamente. – Tudo ficará bem agora.

- Vejo que seu humor está muito melhor agora, Bella. Suas mudanças bruscas de sentimento estavam me deixando um tanto quanto tonto. – a voz suave de Jasper dançou até mim.

- Desculpe, Jasper. – sorri inocentemente – Não era proposital. Mas obrigada por me manter sã em alguns dos piores momentos.

- Sempre que precisar, irmãzinha.

Meu sorriso aumentou.

- Acho que tenho que lhe agradecer por conseguir colocar um pouco de juízo na cabeça desse meu filho, Bella. – Carlisle apareceu ao meu lado, dando um beijo em minha testa e olhou desconfiado para o filho – Nada de besteiras novamente, certo, Edward?

- Sim, pai. – meu namorado falou, envergonhado.

Em um segundo eu estava ao lado de pai e filho, pensando que a careta envergonhada de Edward era a coisa mais fofa do mundo, e, no instante seguinte, meus pés estavam fora do chão e alguém me segurava em um abraço de urso. Minha mão se soltou da de Edward enquanto eu era rodada pela sala.

- Emmett. – sussurrei contra sua camisa.

- E ai, Bella? Senti saudades. – falou alegremente.

- Obrigada, Emmett. – continuei sussurrando, pois sabia que ele podia me ouvir. – Se não fosse você, nós nunca desfaríamos o mal entendido que acabou com tudo.

- Não precisa agradecer, baixinha. – me colocou no chão a sua frente – Foi um gesto bem egoísta da minha parte, sabe? Eu realmente queria a minha irmã de volta. Não tinha mais ninguém para me fazer gargalhar constantemente.

- Emmett! – rosnei indignada.

- Brincadeira, irmãzinha. Brincadeira. – levantou ambas as mãos em gesto de rendição – Você sabe que eu te amo. Agora, falando em gargalhadas, Alice nos contou que você foi impedir seu homem no meio do aeroporto de Port Angeles. Então, m diga, você se sentiu o Nicolas Cage em Um homem de família?

Nós dois assistimos esse filme em uma das nossas “sessão pipoca”. Essa sessão envolvia Emmett e eu, uma vez por semana, assistindo, na imensa televisão dos Cullen, no mínimo, dois filmes diferentes. Eu não sabia exatamente porque se chamava “sessão pipoca”, afinal, apenas eu comia pipoca. E o mais estranho de tudo é que fora Emmett quem escolhera esse nome.

Nós dois ficamos decepcionados com o final de “Um homem de família”. Talvez seja esse o motivo de lembrarmos-nos dele tão vivamente.

- O quê? – sacudi a cabeça – Não. Sim. – admiti - Talvez um pouco.

- Eu sabia! Você não consegue ficar longe dos roteiros de filmes, não é, Bella? Primeiro namora um vampiro, depois a típica cena do aeroporto.

Então ele estalou em uma gargalhada enquanto eu revirava os olhos. Edward voltou para meu lado e alcançou minha mão novamente.

- Vem, Bella. Preciso lhe mostra algo. – começou a me puxar em direção a porta.

Quando estávamos passando pelo batente, joguei minha atenção sobre a escada interna da casa, onde Rosalie continua na mesma posição.

- Bem-vinda de volta a família, Swan. – a loira sorriu de lado.

- Obrigada, Hale. – acenei com a cabeça - É bom estar de volta.

Então um sorridente Edward me levou para o lado de fora, passou por nossos carros e continuou andando para longe da mansão.

- Onde estamos indo? Achei que fossemos ficar com sua família.

- E nós vamos. Eu só preciso lhe mostrar uma coisa antes. – dizendo isso, me puxou para cima de suas costas e começou a correr.

Eu nunca me acostumaria com a sensação que essas corridas me proporcionavam. A adrenalina chegava tão forte que me causava tontura. Estamos numa campina. Uma linda campina de onde eu podia ver a belíssima lua - totalmente cheia - e as centenas de estrelas respingando no céu noturno. Era maravilhoso. A iluminação ali era proporcionada apenas pela lua, então, não era muito boa, mas o suficiente para que eu o enxergasse perfeitamente.

- Amor? – ele chamou quando me colocou no chão e eu cambaleei um pouco.

- Estou bem. Eu estou bem.

Fechei os olhos um pouco e quando voltei a abri-los já me recuperara.

- E o que você vai me mostrar?

- Sempre curiosa.

- Sempre.

- Antes eu preciso falar uma coisa.

Arqueei a sobrancelha, esperando que ele continuasse.

- Eu vou cumprir minhas promessas dessa vez, Bella. Todas e cada uma delas. Eu não vou deixar você, eu não vou ficar longe de você, eu não vou presumir o que você quer que eu faça. – segurou minhas mãos de leve, seu olhar nunca deixando o meu – Você tem razão, eu agi como um idiota ao tentar prever suas necessidades.

- Eu sempre tenho razão – sussurrei de leve, quase sem fôlego devido à intensidade das emoções que podia ler nos mares dourados.

Ele deu o sorriso torto.

- Eu sinto muito por tudo que lhe fiz passar. Contudo, eu achei que estava certo, que era o que você queria ou o que você precisava. Não precisa me olhar assim, amor. Eu sei que estou errado. Mas acima de tudo, eu queria que você soubesse que vou te amar por toda eternidade.

Respirei fundo, sentindo meu peito se encher de amor. Então puxei minhas mãos e me equilibrei nas pontas dos pés para encostar sua boca na minha.

- Eu te amo muito mais, Edward.

Dizendo isso, abri minha boca e ele fez o mesmo. Borboletas explodiram em meu estômago enquanto felicidade líquida corria por minhas veias. Edward se separou e desceu sua boca por meu pescoço, sussurrando:

- Te amo, Bella

Então, voltou à minha boca, sugando meu lábio inferior de leve antes de retomar o beijo. Nossas línguas dançaram, sempre buscando mais, absorvendo tudo que podiam. Precisando urgentemente respirar, quebrei o beijo, todavia, mantive nossos lábios colados.

- Sem segredos entre nós? Sem decisões precipitadas? – sussurrei.

- Sim. Nada ficará entre nós novamente, amor. Não mais. Nunca mais. – se afastou. – E é por isso que eu lhe trouxe aqui. – ele enfiou ambas as mãos nos bolsos da calça. – Egoisticamente, eu lhe quero por toda eternidade. Você diz que não pode viver sem mim, mas está errada. Bella, você é a pessoa mais forte que conheço. Eu, ao contrário, sou fraco. Eu não posso viver sem você.

Meu coração acelerou.

- Por isso eu me oferecia para ir à Port Angeles quando mamãe disse que precisava de alguém para ajudá-la quando fosse organizar a vinda dos móveis novos. Enquanto ela checava os últimos detalhes, eu fui a um restaurador. – ele tirou uma caixinha de veludo de dentro do bolso direto. – Por isso não lhe contei aonde ia. Queria fazer uma surpresa.

Embora mandasse meu estúpido coração não criar ilusões, senti seus batimentos triplicarem de velocidade.

- Amor, o que está acontecendo? – minha voz falhou.

Edward olhou para mim por um segundo e depois olhou para a caixinha preta novamente.

- Foi da minha mãe, Elizabeth. – ficou em silêncio por uns segundos.

Quando voltou sua atenção para mim, os glóbulos dourados brilhavam tanto que ofuscaram tudo ao meu redor. Meu amor se abaixou, apoiando um joelho no chão, pegou minha mão direita e, com a voz mais doce que eu já ouvira, falou:

- Isabella Swan, quer se casar comigo?


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Notas finais do capítulo

N/a: Sim, esse foi o último capítulo. Vcs gostaram? Pelo menos ficou beeeem grandão, não? Eu levei a vida para escrevê-lo! :O

Adorei as teorias sobre a casa vazia. Festa; mudança; reforma. Mas a única que acertou foi a Reeh. =D Ahh. O que significa q eu surpreendi muita gente. Isso é muito bom =D

Então, tem o epílogo e eu vou adorar escrevê-lo, pois tive uma idéia beem legal pra ele. Porém, o epílogo só será postadado SE e QUANDO eu tiver mais do que 31 reviews nesse capítulo õ/ Nãao é chantagem. Mas eu acho que mereço. Nem que seja só pelo tamanho desse capítulo.

Eu terminei a primeira parte desse capítulo em novembro, mas não qria postar separado senão seria ameaçada de morte (outra vez) HAUAHUAHUAHh
obs: a primeira parte é a parte em que ela termina com ele.

Estarei esperando os reviews. Nem que sejam sobre minha incapacidade para fazer capítulos bons.

Love yooou all ;*