A Sombra e a Escuridão escrita por Cris Turner


Capítulo 17
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a Adri. Muito obrigada pela sua recomendação. Fiquei muito feliz =D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/53752/chapter/17

Capítulo 16

O banco de couro sempre tão confortável, hoje castigava minhas costas. Edward parecia alheio ao meu desconforto. Parecia. Porque eu tenho certeza de que ele notava cada movimento contido que eu fazia, cada suspiro que eu soltava. O fato de ele não tentar conversar sobre isso me deixava um pouco menos tensa. Eu precisava de espaço e uma dose extra de coragem para enfrentar o que aconteceria daqui a pouco.

Era segunda-feira. Dia de encarar a realidade. Precisávamos sair da pequena bolha de conforto em que passamos o nosso “final de semana de reconciliação”. Meu namorado estacionou o carro em uma vaga qualquer. Apesar de a lógica me avisar repetidamente que o vidro escurecido do carro impedia os curiosos, eu sentia como se cada pessoa da cidade me olhasse com algum tipo de sentimento contraditório.

– Você está bem, amor? – perguntou ao desligar o carro.

– Sim. – minha garganta estava seca.

– Podemos matar aula se você quiser.

– Não.

Ótimo! Agora meu vocabulário se resumia a monossílabas. O dia poderia ficar pior?

– Ok.

Edward desceu e apressou o passo a fim de abrir a porta para mim.

Meu primeiro vislumbre do pátio escolar naquela manhã cinzenta respondeu minha pergunta. Sim, poderia ficar pior. O sinal ainda não havia tocado. O que significava que o corpo discente inteiro estava ali. E cada um deles olhava para nós. Porém não eram eles que me preocupavam. Desviei minha atenção à procura deles. Não foi surpresa encontrá-los também nos encarando. Brooke estava de mãos-dadas com Lucas a poucos metros de sua Mercedes. Chad estava logo ao lado do irmão.

Primeiro pensei que minha melhor amiga teria um ataque histérico e gritaria comigo ali mesmo. Depois imaginei se ela daria um soco de direita bem no meio do meu nariz.

Ela não fez nada disso.

Muito calmamente, Brooke quebrou nosso contato visual e soltou a mão do namorado. Virando as costas para mim, caminhou de volta para o próprio carro. O motor potente quebrou o silêncio pesado que se estabelecera no pátio desde nossa chegada. Ela saiu da vaga do estacionamento e acelerou. Parou o carro, sem desligá-lo, de modo que a porta do passageiro estivesse exatamente na minha frente.

Apertei de leve a mão que Edward havia entrelaçado à minha quando saímos de seu carro, e a soltei. Abrindo a porta, me acomodei no banco macio. Ela acelerou e deixamos a escola para trás. Brooke não desgrudou sua atenção do caminho à frente durante todo o percurso. Pela janela vi a cidade passar, então algumas árvores. Eu sabia para onde estávamos indo. Como não saber? Era o lugar em que sempre íamos juntas quando precisávamos do conselho uma da outra. E onde sabíamos que não seriamos incomodadas.

O carro foi estacionado. Ainda em silêncio, caminhamos por aquele terreno íngreme. Brooke sentou-se primeiro e eu a segui. Vários metros abaixo de nós, o mar estendia-se, parecendo especialmente calmo hoje. O que contrastava terrivelmente com a atmosfera que se instalara entre nós. Ali, sobre aquele penhasco, ficamos durante um bom tempo. Ambas olhando para frente, para a imensidão azul como se estava fosse trazer algum tipo de solução mágica que nos poupasse daquela conversa difícil.

– Foi por isso que você não ligou no sábado? – a voz dela estava inexpressiva.

Eu não sabia o que responder. Estava meio perdida com aquela linha de abordagem. Achei que ela fosse direto ao ponto. Algo do tipo: “O que diabos você pensa que está fazendo, sua maluca inconseqüente?”

– Vai me contar o que está acontecendo? – a mesma voz mecânica indagou outra vez.

– Eu... eu... Brooke, eu tenho que lhe explicar.

Consegui arrancar essas palavras fracas do fundo da minha garganta.

– Talvez tenha. Talvez não.

Era como se falássemos com o vento. O rosto sempre para frente.

– Acho que sei o porquê de vocês terem reatado. Mas gostaria de entender o motivo de você tê-lo perdoado.

– Eu poderia tentar explicar, mas não acho que vá entender. – falei baixo demais, uma parte de mim rezando para que ela não escutasse.

– Você provavelmente tem razão.

– Você não vai gritar comigo?

– Isso adiantaria alguma coisa?

– Não. Não adiantaria.

– Então por que eu o faria? – respirou fundo

– Você sabe o que está fazendo, Isabella?

– Eu sei, Broo. Eu... acho que sei. – minha voz saiu rouca de emoção – Eu não a culpo por não entender. Ás vezes nem eu mesma entendo. É só que...

– É. Eu realmente não entenderia. Não entenderia se não tivesse Lucas. O amor nos faz cometer loucuras. Lembra aquela vez em que eu quase arranquei todo aquele cabelo oxigenado da Sawyer?

Esbocei um sorriso, agradecendo aos céus por minha melhor amiga ser exatamente como é. Até naquele momento realmente critico ela tentava amenizar as coisas para que tudo não parecesse pior do que era.

– Lembro bem. Lucas jura até hoje que não a viu se aproximar e que quando estava prestes a empurrá-la você apareceu e a jogou de cara no chão.

Completei, soltando um risinho ao lembrar aquela cena hilária onde um chocado Luke tentava entender de onde a namorada ciumenta surgiu ao mesmo tempo em que tentava separar as duas.

– Eu não gosto dele. Eu não gosto de nenhum deles. – falou com a voz fria.

Então eu soube que aquilo nada tinha a ver com a anedota. Estávamos de volta à realidade.

– Eu gostava até o dia em que ele lhe deixou em uma semi-vida miserável.

– Brooke, não é assim. Se você soubesse...

– Realmente não sei o que é pior. Deixá-la existindo como estava ou trazê-la de volta à vida, mas com o perigo de enviá-la de volta para lá. – continuou como se eu não tivesse falado nada.

– Brooke...

– Você confia nele, Bella? – sua expressão continuava vazia, mas eu podia sentir a determinação brilhando em seus olhos.

Foi a primeira vez que ela me encarou desde o momento em que sai do Volvo na escola.

Confiava? Eu realmente confiava em Edward? Eu não tinha resposta para essa pergunta.

– Eu acredito que ele não me magoará dessa vez, Brooke. Seus traços suavizaram-se.

– Pois eu não confio. E também não estou de acordo com essa decisão que você tomou. Isso de reatar o namoro. Vocês reataram, não? – falou calmamente.

– Sim. – engoli em seco.

O que eu faria sem minha melhor amiga? Brooke sempre foi minha rocha, quem me apoiava nos momento em que eu mais precisava de apoio. Eu não poderia culpá-la por estar furiosa comigo. Se a situação fosse inversa eu a teria matado por voltar para alguém que a machucara tanto. Mas... era mais forte do que eu. Eu não... não conseguia ficar sem ele. Eu precisava ao menos nos dar outra chance. Uma segunda chance... última chance.

– Eu não concordo com nada do que você está fazendo agora. Mas eu vou apoiá-la mesmo assim. – sorriu fraco – Afinal, é isso que as irmãs fazem, não? – o sorriso aumentou um pouco.

– Ah Brooke! Eu amo você. – joguei meus braços envolta dela, abraçando-a forte.

– Obrigada por não me abandonar.

– Você não achou que eu fosse deixá-la sozinha, não é? Você é minha melhor amiga. Uma melhor amiga que eu tenho considerado um pouco burra ultimamente, mas continua sendo minha melhor amiga. – riu.

– Hey! – resmunguei.

– Eu não sou burra. Levantamos e seguimos em direção ao carro.

– Há controvérsias quanto a isso. – a morena respondeu.

– ‘Tá afim de ir à P.A. tomar um Milk-shake? – perguntou já acomodada no bando do motorista.

– Pode ser.

– Você sabe que quando voltarmos nós vamos à casa dos Scott, né? – manobrou o carro para sair da vaga improvisada.

– Ahan. – suspirei. – Mas enfrentar os dois sempre foi bem mais fácil do que enfrentar você. - O que você quis dizer com isso?

– Nada. Eu não disse nada. E nós duas caímos na gargalhada.

xxx

–Ok. Você aperta a campainha ou eu aperto? – sussurrei para Brooke.

O sol deslizava cada vez mais pelo horizonte enquanto nós duas estávamos paradas em frente à porta principal dos Scott tendo essa pequena discussão.

– Eu aperto! – exclamou ela.

A mão da morena estava a poucos centímetros quando a interceptei, segurando-a com a minha. Ela bufou.

– O que foi agora?

– Acho que devemos esperar mais um pouquinho. Esperar a poeira baixar, sabe?

– Querida, é mais fácil eu largar o Lucas e casar com o Newton do que essa “poeira baixar” antes do século XXII. – fez o sinal de aspas com a mão.

– Só meia-hora, ok?– resmunguei, soltando a mão dela. No segundo seguinte ouvi a campainha soar dentro da casa.

– Davis! – rosnei.

– O que foi? – fingiu uma expressão inocente.

– Eu não estou preparada psicologicamente para isso! – sussurrei ao ouvir passos.

– Desculpas, desculpas. – fez um gesto de descaso com as mãos.

A porta abriu.

– Vejam se não são as minhas noras favoritas! – a doce voz soou.

– Boa-noite senhora Scott. – falamos.

– Eles estão aqui? – Brooke sorriu.

– Sim. Entrem, entrem. – deu um passo para trás para abrir passagem. – Eles estão lá em cima, minhas noras queridas.

– Obrigada, Senhora Scott. – murmurei.

Há muito tempo deixei de tentar explicar para aquela gentil senhora que a única nora que ela tem se chama Brooke Davis. Alcançamos o patamar superior da casa. E eu ainda não estava psicologicamente preparada. Por pouco, por muito pouco mesmo, não sai correndo escada a baixo.

– Qual é, Swan! Onde está a garota destemida que eu enfrentei há poucas horas? – Brooke falou impaciente ao olhar o meu semblante que provavelmente estava mais branco do que papel. – Você mesma disse que eles seriam moleza!

– E se eles não entenderem, Broo? – falei num fiapo de voz.

– Bella. Bella! Por favor! – revirou os olhos – É o Lucas e o Chad. Os nossos garotos. – sua voz se tornou mais suave e compreensiva – Eles vão ficar do seu lado. Como sempre ficaram.

– Mas Brooke. Eles são garotos. Apesar de serem os mais fofos do mundo, continuam sendo garotos. Eles não pensam como a gente. – torcia a manga de meu moletom de maneira nervosa.

– Que bom que eles são garotos senão seria muito estranho o meu relacionamento com Lucas.

Levei a mão direita aos lábios para abafar uma risadinha.

– Será que agora podemos parar de sussurrar no meio do corredor e entrar logo no pandemônio que aqueles dois chamam de quarto?

Acenei com a cabeça. Andamos mais uns poucos metros até alcançar a porta azul do quarto deles. Por garantia, Brooke bateu na porta.

– Entra.

E, respirando fundo, nós duas fizemos exatamente isso.

– Finalmente! Onde vocês duas estavam?! – Chad exclamou.

– Por ai. Brooke respondeu e caminhou para algum lugar do grande quarto.

Eu não me importava para o que ela fazia no momento. Na verdade, minha atenção estava completamente focada em Lucas e no olhar magoado que ele me lançava.

– Luke. – sussurrei. - Por que demorou tanto para vir aqui conversar comigo, Bella? – sua voz também carregava magoa.

– Chad, eu estou com sede. Vamos pegar água. – Brooke exclamou.

– O quê? Não! Eu quero falar com a Bella.

– Agora Chad!

A próxima coisa que ouvi foi a porta do quarto sendo fechada outra vez. Lentamente, sentei na cama onde ele estava acomodado. Não quebrei nosso contato visual em momento algum.

– Pensei que fossemos amigos, Bella.

– Nós somos. Você é meu irmão, Luke. Você sabe disso.

– Então por que você não confia em mim?

– Não confio em você? – estava chocada - Claro que eu confio!

É, eu estava agindo pateticamente. Mas era a segunda vez em menos de doze horas em que uma conversa me pegava totalmente desprevenida. Eu esperava alguns sermões e coisas do tipo saindo da boca de Lucas. E não sua descrença sobre nossa amizade. Do que ele estava falando, afinal?

– Não confia não. Se confiasse não teria protelado tanto para vir aqui me contar o que diabos está acontecendo! – as palavras eram frias e afiadas como navalhas.

– Desculpe, garoto. Mas eu precisava contar primeiro para sua namorada. Sabe, não é uma questão de amar um mais do que amar o outro. Contudo, ela me mataria se não fosse a primeira.

Minha tentativa de fazer piada da situação não surtiu efeito. Lucas não riu. Nem mesmo sorriu.

– Eu gostaria de explicar o porquê de agir de maneira um tanto quanto masoquista e voltar com Edward. Eu explicaria isso, se soubesse exatamente o porquê. Mas eu não sei. Meu cérebro não sabe. Tem alguma coisa aqui dentro – coloquei a mão de leve sobre o peito – Que fica me dizendo que eu preciso ao menos tentar. Eu preciso tentar fazer as coisas funcionarem entre a gente mais uma vez. Nem que esta seja a última vez. Eu só... preciso. – minha voz foi ficando pastosa e falha.

Sentia as lágrimas inundando meus olhos. Eu nem ao menos sabia o motivo de elas terem me assaltado nesse momento, mas lá estavam elas.

–Lucas, por favor, não fique bravo comigo... eu... Não consegui terminar de falar porque no segundo seguinte Lucas alcançou meus braços e me puxou para um abraço de ferro.

– Está tudo bem, Bella. Apesar de não confiar nem um pouco no Cullen, eu confio plenamente no seu senso de julgamento. E eu vou sempre estar aqui para você, minha irmãzinha.

As palavras dele eram tão parecidas com as de Brooke. Eu sempre soube que eles nasceram um para o outro. Até mesmo nisso eles se completavam.

– Eu amo você, Lucas Scott. – funguei.

– Eu também amo você, Isabella Swan.

– Olha só, Chad. Eles estão tendo um momento ternura e nem esperaram por nós! – uma voz divertida soou no canto do quarto.

– O que acha de nos juntarmos a eles, cunhada?

– Acho uma excelente idéia, cunhado.

Então senti um peso me jogar para cima de Lucas.

– Saí de cima de mim, sua obesa! Oh Deus. Vocês vão me matar sufocada.

– Hey! Eu não sou obesa. Eu estou em forma, não é Luke?

– Claro que sim, amor. Mas será que você podia mandar o obeso do meu irmão sair de cima de você porque o peso dele está empurrando a outra obesa que é a Bella e eu não estou conseguindo respirar aqui em baixo. – a voz dele estava entrecortada.

– Oh. É verdade, Chad. Saí de cima de mim. Você é pesado! – Brooke resmungou.

– Por que a culpa é sempre minha? – resmungou Chad. – Estou saindo.

Mas de alguma maneira nós todos acabamos caindo no chão com um estrondo.

– Vocês são tão lerdos. – resmungou Lucas, massageando as costas ainda deitado.

Eu não pude reprimir a gargalhada que brotou em minha garganta. Não por aquele momento que certamente era bem cômico, mas pelo alivio que me inundava. Os outros três pareceram se contagiar com minha risada porque pouco depois também riam gostosamente.

E, no meio daquela atmosfera de felicidade na casa dos Scott, eu agradeci mais uma vez por ter os melhor amigos que alguém poderia desejar.

xxx

Entrei sorrateiramente em casa. Não que eu não tivesse avisado papai de que passaria a tarde com Brooke, mas eu realmente não estava afim de encarar mais uma rodada de perguntas, mesmo que o centro dessas fosse “onde você estava até agora?”.

– Olá meus amores. Cheguei. Vou dormir!

Gritei em direção a sala onde havia ouvido as vozes dos outros dois Swan e subi rapidamente a escada, não dando o tempo necessário para que eles me alcançassem. Ouvi meu pai resmungar um “Bella?” bem no momento em que batia a porta do quarto.

–Ufa. Essa foi por pouco. – sussurrei.

– O que foi por pouco, meu amor?

Apesar de o tom de voz ser como veludo, senti puro terror ao perceber que não estava sozinha no quarto. Isso, é claro, foi segundos antes de minha razão voltar a funcionar e eu perceber quem era meu acompanhante.

– Edward! Que susto! – rosnei.

– Desculpe, linda.

Meu namorado estava deitado despreocupadamente em minha cama parecendo mais bonito do que qualquer pessoa tinha o direito de ser.

– Espere um minuto. Vou tomar banho. – falei enquanto juntava meu pijama e as coisas necessárias para higiene pessoal.

Corri para o banheiro tentando fazer menos ruído quanto fosse possível. Se eles me escutassem, saberiam que eu não estava dormindo. E, algumas vezes, meu irmão usa “Inconveniente” como nome do meio: aparecendo nos momentos menos propícios. Eu não queria correr o risco de ter que falar com alguém nesse final de noite. Exceto, é claro, com Edward.

– Como foram as coisas com Davis? – perguntou assim que eu voltei. - Como se você não soubesse. Aposto que passou o dia grudado na sua irmã como se ela fosse algum tipo de plantão noticiário ou algo assim. – resmunguei.

Eu detesto que me perguntem algo se já sabem a resposta. E eu realmenteodeio quando usam as visões da baixinha para anteciparem minhas ações. Isso é tão irritante.

– Para falar a verdade, não. Eu fiquei aqui o dia inteiro.

– O dia inteiro? Por quê? – me aproximei da cama, sentando no espaço que ele deixara.

– Porque eu estava com saudades. – falou simplesmente. – E como você estava ocupada...

– Eu... – as palavras me faltaram por um instante ou dois – Eu também senti saudades. – abaixei, deitando ao seu lado e me aconchegando em seu peito.

Edward puxou minha mão e entrelaçou a sua, descansando-as sobre o lugar onde seu coração estava.

– Como foram as coisas com Davis? – repetiu.

– Bem.

– Defina “bem”.

– Acho que ela te odeia.

– Acho que eu posso viver com isso.

Sorri.

– Bobo.

– Sério, amor. E a amizade de vocês? Sofreu grandes danos?

– Por quê está dizendo isso?

– Eu posso ler a mente dela, sabe? Agora pare de enrolar e responda minha pergunta.

– Acho que vai sobreviver. – sussurrei pensativa – A nossa amizade. Nossa amizade vai sobreviver – completei com um sorriso ao ver seu olhar confuso.

– Bella! Por favor, pare de responder com meias palavras.

– Ok. Ok. – sorri outra vez por vê-lo com tal expressão contrariada no rosto.

Resumi os acontecimentos desde o momento em que saíra da escola até quando voltamos à Forks. Edward ficou em quieto o tempo todo, mas em nenhum momento deixou de fazer leves movimentos circulares em minha mão que estava entrelaçada a dele. O silêncio total instalou-se no quarto enquanto Edward parecia absorver meu discurso.

– Ela reagiu melhor do que eu esperava.

– Só isso? Não vai dizer mais nada?

– Ela sempre me surpreende.

Han? Quer saber? Esqueça. – falei, me divertindo com aquele papo estranho.

– E quanto aos Scott? Lucas e aquele outro lá? – revirou os olhos.

– “Aquele outro lá?” - gargalhei – Edward, você sabe que o nome dele é Chad.

– Tanto faz. Não gosto dele. – rosnou.

Não precisei nem perguntar o porquê desse desgosto gratuito. Eu não sou idiota ao ponto de não perceber que o responsável era o monstro verde do ciúme agindo. Não pude deixar de sorrir com isso.

– Luke e eu conversamos até nos entendermos. O que foi relativamente fácil. Eu achei que fosse apanhar de alguém hoje. – brinquei. E me arrependi um segundo depois ao ver a expressão assassina brilhar nos olhos dele.

– É brincadeira, Edward. Eu estava brincando!

Quase gritei, agarrando seu pescoço com força para tentar impedido-lo de sair do lugar, saltar a janela e correr até a casa dos meus amigos a fim de matá-los. Porque eram essas as exatas intenções que eu consegui ler em seus globos dourados. Ele pareceu se acalmar um pouco ao ouvir minhas afirmativas frenéticas.

– Amor, eles nunca levantaram a mão pra mim. – beijei suavemente seu pescoço – Está tudo bem. Tudo bem, ok?

– Não brinque com isso. – soltou o ar pesadamente.

– Não brincarei. – continuei deslizando os lábios por sua garganta. Mais uma vez Edward soltou o ar pesadamente.

– Bella, pare com isso. – sua voz soava torturada.

– Parar com o que? – fingi inocência, sem parar o que estava fazendo.

Então, com um movimento rápido, Edward mudou nossas posições. Agora eu estava com as costas coladas à cama e ele tinha uma mão de cada lado da minha cabeça. Nenhum de nós falou enquanto ele vagarosamente descia a cabeça. Os lábios macios dele encontraram os meus. Abrindo a boca, senti a língua de Edward passar por meus lábios. Minhas mãos seguiram por suas costas até alcançarem aquele glorioso cabelo. Parti o beijo e puxei seu lábio inferior de leve. Edward suspirou. Sorri quando ele apressadamente colou sua boca a minha mais uma vez.

Beijamo-nos mais um pouco. Conversamos mais um pouco.

Depois de algum tempo o sono já pesava minha pálpebras, mas ainda assim ouvi, mesmo que vagamente, ele perguntar:

– Mas e o outro Scott? O que ele disse?

– Não disse nada porque eu não disse nada. Ele não sabe da sua partida nem mesmo sabe que nós já namoramos. – bocejei – Não fazia sentido importuná-lo com esse assunto.

Senti quando seu braço foi flexionado, puxando-me para mais perto dele.

– Não gosto daquele cara.

Ignorei-o.

– Amo você.

– Eu também te amo, meu amor.

Isso foi a última coisa que ouvi antes de cair num sono profundo e sem sonhos.

xxx

Duas semanas se passaram. E parecia que todos estavam se adaptando bem a idéia de meu nem-tão-novo-assim namoro. Exceto, é claro, meu pai e meu irmão. Depois do choque inicial que a notícia causara neles e dos intermináveis discursos que precisei ouvir, eles aceitaram. Mas continuam deixando evidente, em cada pequena oportunidade que tem, o quão descontentes estão. Eu ficaria muito triste com essa animosidade deles, porém tinha certeza de esta seria uma reação temporária. Logo passaria.

Durante o almoço na escola, eu revezava. Um dia com os Cullen, um dia com Brooke e os Scott. Com os primeiros as coisas pareciam lentamente voltar aos eixos, mas não ao que era antigamente porque isso seria impossível. Quanto aos meus amigos de sempre as coisas estavam... como sempre. E à tarde eu fazia malabarismo com o tempo para não negligenciar nem meus amigos e nem meu namorado. Ao todo, as coisas estavam bem. Muito bem na verdade.

Estávamos na minha cama e já passava da meia-noite quando Edward sussurrou:

– Amor, amanhã eu preciso fazer umas coisas. Acho que não poderei vir aqui.

Senti meu corpo ser tomado pela tensão. Um medo irracional me assolou. E se ele fosse embora outra vez? A razão tentava vencer a barreira escura do medo. Ok. Não teria sentido ele ir embora agora. Depois de todo trabalho que ele teve para reatar nosso namoro. Não. Edward não iria me abandonar de novo. Suspirei.

– Tudo bem. Aonde você vai?

– Ah! Isso é meio que um segredo.

Franzi o cenho.

– Por quê?

– Bella, por favor, não insista. – deu um beijo leve em minha testa.

Suspirei em sinal de desistência ao ver a expressão determinada em seus olhos. Abracei-o mais forte e fechei os olhos com força, tentando dormir apesar do peso que se instalara no meu peito devido a suas palavras.

Quando acordei, ele já não estava lá. Como era sábado, aproveitei para ligar para Brooke a fim de fazermos alguma coisa. Passei a tarde inteira assistindo filmes na casa dos Davis. Foi quando estava dirigindo para casa que a saudade bateu forte em meu peito.

Talvez Edward já tivesse chegado de sabe-se lá onde. Não faria mal nenhum passar na mansão dos Cullen e checar. E mesmo que ele não estivesse lá, eu poderia conversar um pouco com Esme. Tentar reconstruir algumas pontes queimas.

É uma boa idéia.

Girei o volante, mudando o percurso. O carro avançou sem problemas pelo caminho de terra. Muito animada, desci e olhei aquela imensa casa. Tombei a cabeça para o lado, enquanto a examinava.

Alguma coisa estava diferente. Alguma coisa estava errada.

Com o coração disparado, subi os degraus da entrada. Apertei a campainha, mas ninguém apareceu. Bati naquela madeira lisa da porta e mais uma vez não obtive resposta. Respirando fundo, girei a maçaneta. Com um suave “click” a porta abriu.

– Edward? Esme? Alice? – gritei.

Forcei minha vista para adaptar-se aquele breu que cobria o cômodo. Não surtiu efeito. Então dei alguns passos, tateando às cegas a parede onde eu sabia que o interruptor se encontrava. Suspirei aliviada quando finalmente achei o que procurava. Apertei o interruptor. E cambaleei quando a visão da sala se tornou nítida. Senti meu coração falhar uma batida... talvez duas, senti cada célula do meu corpo gritar de desespero, senti o bolo em minha garganta quase me sufocar. Minhas pernas cederam e cai de joelhos no chão. Um grito abafado de dor escapou por entre meus lábios secos quando meu cérebro digeriu o que os olhos viam.

Nada.

Não tinha nada na sala. Ela estava completamente vazia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu vim em missão de paz. Por favor, não me matem.Eu sei, eu sei. O capítulo demorou séculos e ainda ficou essa porcaria. Mas eu não tive tempo algum para sequer pensar em escrever. Sinto muito mesmo.- O que acharam da reação dos amigos? :O Acho que decepcionei alguns, mas espero que entendam. - Eu estou recebendo as mensagens sobre novas fics de vcs e estou torcendo muito por elas. Mas infelizmente eu não estou tendo tempo nem mesmo para escrever essa aqui quanto menos para ler outra fics. Sinto muito.- Esse é o penultimo capítulo sim. O que significa que o próximo é o último e teremos várias surpresas nele. E eu vou escrever um epílogo tbm =D- Eu PRECISO recomendar uma série MARAVILHOSA de livros que eu comprei: A mediadora - Meg Cabot.É MUUUUUITO BOA MESMO. Vcs não se arrependeram se lerem =Dps: por favor, não me odeiam por esse capítulo estar horrível. ps2: e o que será que esse final de capítulo significa? :O Isso vc descobre nesse mesmo bat-canal, nessa mesma bat-hora. /me ignorem.(OBS: Falando em Batman, aquele filme "O cavaleiro das trevas" é muuuito bom. O Coringa é muito foda)
—ps3: Se eu tiver mais do que 25 reviews nesse capítulo eu tento postar o último capítulo até o final de semana =D

Beijos e até o próximo capítulo ;*