Giant of Science escrita por Bárbara Brizola


Capítulo 1
Capítulo 1: Encontros


Notas iniciais do capítulo

(ATUALIZAÇÃO) {A historia foi concluída, mas sinta-se à vontade em comentar e recomendar. Certamente vou ficar muito feliz em te responder e conversar. Sejam todos bem-vindos!}

Targaryen is back!!!! Comemorem!
Obrigada a S. Laufeyson pela capa lindinha!! Amei mesmo!

Então galerinha temos aqui um short fic, que eh um spin off de GOM e termina no próximo capitulo. Se você ainda não leu GOM aqui o link: http://fanfiction.com.br/historia/462771/God_of_Mischief/
So volte aqui quando terminar!

A ideia eh ser uma comedia romântica e como vai ser curtinho as coisas acontecem bem rapidinho. Mas isso não eh motivo para não comentarem as coisas com a tia e recomendarem. Alias se vc não recomendou GOM, eu ainda vou ficar feliz se fizer isso! o/

Link do grupo do face para saberem das novidades e participarem da zoeira: https://www.facebook.com/groups/385064741636249/

Divirtam-se!



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Bruce entrou no quarto amplo trazendo o café da manhã para a filha. Anong Banner se sentou sorrindo. Estava sempre sorrindo. Os cabelos estavam uma bagunça.

– Bom dia, dorminhoca. Pretendia ir para aula hoje? – Questionou, sentando ao lado dela na cama e apoiando a bandeja sobre as pernas da menina que devia ter levantado pelo menos meia hora antes. Ela fez uma careta.

– Na verdade não. – Respondeu com uma risadinha. O homem revidou a careta dela.

– Termine de comer e se troque enquanto eu ligo para o seu padrinho. – Ele disse, acariciando os cabelos dela.

– Vai ligar para ele antes do meio dia? – Ela questionou com a boca cheia de bolo. Eram sete e meia da manhã. Banner deu de ombros. Ligaria antes que ele fizesse uma besteira.

Chegou à sala e pegou o telefone do gancho. Discou o número e ouviu Jarvis atender.

– Bom dia senhor Banner.

– Bom dia Jarvis. O Tony?

– O senhor Stark me pediu para avisar que ele está no auge do sono REM e não pretende ser acordado. A menos que o senhor fique verde e quebre a casa toda. – Informou.

– Me deixe falar com a Pepper. – Pediu suspirando. Um clique na linha e a voz da ruiva se fez ouvir. Ela sempre acordava cedo.

– Bom dia Bruce! Tchau Bruce! – Disse animadamente. Ele ouviu os resmungos de Tony, enquanto obviamente a mulher o obrigava a atender.

– Oi grandão. Sua voz certamente é a coisa mais adorável do meu dia, mas a essa hora não funciona muito bem. – O homem falou numa voz enrolada pelo sono.

– Você devia parar de trocar o dia pela noite. – Repreendeu num tom divertido. – Jarvis me mandou uma mensagem às quatro da manhã me dizendo que você marcou com a Jenna.

– Marquei sim. Reserva no Buddakan, hoje às sete.

– Buddakan? – Perguntou desnorteado. Aquele restaurante era caro. Tinha pratos refinados e alguma coisa de toque oriental, incluindo um Buda gigante no meio do salão principal. Chique e descolado.

– A Pepper acha mais aconchegante que o Daniel Restaurant. Eu, particularmente, acho macabro comer com um asiático dourado, gordo e sorridente me encarando, mas ela é mulher e deve entender mais disso do que eu. – Tony falava muito animado. Banner passou a mão livre pelo rosto, apertando a ponte do nariz.

– Anthony, eu agradeço muito... Mas sinceramente, não preciso de namorada. O Outro Cara se sente mais a vontade sendo solteiro. – Explicou. Uma filha já era arriscado demais. Uma namorada era risco dobrado. Era mais do que ele podia assumir.

– E você como se sente? – Tony perguntou falando seriamente. Bruce suspirou cansado. Não importava. Várias e várias vezes tinha se perguntado se formalizar a adoção de Anong tinha sido a escolha mais correta. Se Liana não a tivesse trazido de volta... Ele não gostava nem de lembrar. Tinha sido culpa dele. Envolver mais uma pessoa em sua vida seria loucura. E irresponsabilidade. O amigo pareceu perceber o momento de reflexão. – Leve a Anong para escola e passe na Stark Tower. A Pepper vai estar em reunião e a Jenna vai ir junto para fazer a pauta.

– Ok. – Concordou derrotado. Tony bocejou do outro lado e desligou. Por que ele ainda concordava com as ideias absurdas do amigo, não sabia. Colocou o telefone no gancho e voltou até o quarto da filha. Ela ia atrasar desse jeito.

Anong já usava o uniforme da escola e brigava com os cabelos na frente do espelho. Estava se tornando vaidosa. Depressa demais. Dez anos era muito cedo para isso.

– O que está fazendo? Vai atrasar... – Advertiu, tirando a escova das mãos dela. Ele reparou que havia um baby liss esquentando sobre a escrivaninha. – Ainda querendo ondular os cabelos?

Anong tinha os cabelos muito lisos e negros, típicos dos asiáticos. No entanto insistia em tentar os deixar mais ondulados. A inspiração para isso vinha do pôster gigantesco que tinha colado atrás da cama, na parede rosa. Uma ruiva de arco em mãos, que olhava em uma direção, mas disparava a flecha em outra. Liana Stark em seu último tiro nas Olimpíadas. Anong a adorava e a admirava imensamente.

– Eu bem queria, mas nunca dura. São lisos demais. – Reclamou chorosa. O homem os escovou. A menina desligou o aparelho, suspirando.

– Você é linda do jeito que é. – Ele disse, guardando a escova.

– Tá bem, pai... – Ela disse se rendendo. O homem riu de sua impaciência. Pegaram suas mochilas e saíram.

Ele deixou a filha na escola. Um colégio caro e muito bom, na 50th Street. De lá seguiu para um café próximo onde fez a primeira refeição do dia e dali foi para Stark Tower. Mais tarde voltaria para levá-la ao ballet e depois as aulas de arquearia na sede desportiva da Stark Industries. Por hora tinha que lidar com o dono de tudo aquilo.

Cumprimentou Happy na portaria e, graças a Deus, Jenna não estava ali.

Chegando ao último andar do edifício, encontrou Tony esparramado numa poltrona. Vestia uma calça jeans, uma camiseta do AC/DC e tomava uma garrafinha de iogurte.

– E ai grandão? Já tomou café? – Perguntou, indicando a cozinha.

– Já, já sim. Eu preciso descer para trabalhar, só vim te dizer que essa conversa de jantar com a Jenna não vai dar certo. – Afirmou. Bruce trabalhava nas pesquisas com energia renovável da empresa. Os últimos dez andares do prédio eram destinados apenas a isso. Ele trabalhava sozinho em seu próprio andar. Assim evitava atritos com colegas de trabalho. E isso incluía a secretária canadense de longos cabelos negros.

– E por que não vai dar certo? Você está de dieta? – Perguntou olhando o fundo da garrafinha. Banner se sentou no sofá de couro preto, respirando fundo.

– Tony... Eu não estou procurando uma namorada. Eu sou muito ocupado, tenho meu trabalho, a Anong e... e... Eu não preciso de namorada! – Afirmou, gesticulando agitado.

– Ora, vamos Bruce! Alguns anos atrás eu pensava da mesma forma! Mas quando você acha a mulher a certa... – Ele afirmava com uma expressão cômica de sabedoria, até ser interrompido por Pepper que entrou como um furacão.

– Oi Bruce! Então eu sou a mulher a certa? – Ela perguntou ao milionário, correndo para o escritório. Os homens se entreolharam. Tony parecia abismado enquanto o amigo ria de sua expressão confusa. Pepper voltou carregando uma pasta que, pelo jeito, tinha esquecido. – Agora, há quanto tempo você está solteiro? – Perguntou parando em frente a um grande espelho na sala e alisando a saia lápis.

– Humm... algum tempo. – Desconversou.

– Então dê uma chance a si mesmo. Eu busco Anong na arquearia e ela dorme lá em casa. Você não vai matar ninguém por ir a um restaurante. – Afirmou, retocando o batom.

– Pode ser que não no restaurante. Pepper eu simplesmente não posso colocar alguém na minha vida sabendo que posso matar essa pessoa na primeira briga de casal! – Afirmou exasperado. Como podiam não entender isso?

– Jarvis avise que vou atrasar uns quinze minutos. – A ruiva comandou o software, se sentando diante do cientista. Segurou ambas as mãos do homem. – Bruce. Você nunca fez mal a nenhum de nós. Não tem nenhum problema desde a Batalha da Valhala e isso foi há dois anos. Dê uma chance a si mesmo. Você sabe controlar isso. – Ela dizia com um sorriso nos lábios que quase o fazia acreditar. A gentileza devia ser de família. Algo inerente a todos os Starks.

– Agradeço muito, mas sinceramente... – Ele começou tentando se desvencilhar daquela pressão toda. -... que mulher vai querer se envolver com alguém com o meu tipo de problema?

– A certa. – Tony respondeu com uma expressão de vitória. Se ele não aceitasse pelos menos ter aquele encontro com a secretária, não o deixariam em paz.

– Tudo bem. – Ele concordou resignado. Não tinha como escapar daquela situação. – Um único jantar, ok?

– Sim senhor! – O amigo concordou reprimindo uma risada. Pepper enganchou no braço do cientista, o pondo de pé.

– Vou te deixar no seu andar. – Informou, pegando a pastinha novamente. E ambos foram para o elevador.

– Vai com a camisa roxa! Combina com o verde dos seus olhos! – Tony disse enquanto a porta se fechava.

– Meus olhos são castanhos, Tony. – Afirmou, levemente confuso.

– Então deve ser o verde de alguma outra coisa... – Rebateu alto. Acima do som do maquinário. Bruce riu baixinho. Simplesmente ele não tinha jeito.

– Ignore ele... – A mulher pediu com doçura. – A verdade é que ele só quer te ajudar.

– Me arranjando uma namorada?

– Ele realmente acredita que pode dar certo. – Ela afirmou. – E eu também.

– Se vocês dizem...

– Tenha um pouco mais de confiança Bruce! – Repreendeu com gentileza. Ele sorriu, encarando as portas que se abriam no décimo andar. – A maioria das mulheres daqui te acham ‘’charmoso e misterioso’’. – Falou distorcendo a voz nas últimas palavras. Ele deu um meio sorriso, constrangido.

– Isso até eu ficar verde. – Disse passando pelas portas. – De qualquer forma obrigado pelo que estão tentando fazer. Boa reunião para você.

– Obrigada. – Agradeceu sorrindo. E enquanto a porta se fechava. – Vá com a camisa roxa! - Ele riu, vestindo o jaleco branco.

Os Starks realmente eram bons amigos. Todos os três que ele conhecia. E certamente faltava um parafuso neles. Talvez uns dois. Mas eram bons amigos.


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Bruce chegou apressado à escola de ballet clássico que a filha frequentava. Havia demorado mais do que o planejado se arrumando. Por fim havia se rendido e vestido a camisa roxa com um terno cinza grafite.

Anong veio o encontrar na recepção, enquanto vestia um casaquinho preto por cima da roupa de dança. Fez uma careta exagerada quando o viu arrumado. Ele fez outra em resposta.

– Muito ruim? – Perguntou inseguro.

– Entra no carro antes que as mães te vejam e queiram te levar para casa! – Aquilo arrancou uma risada dele, enquanto colocava a mochila da menina no banco de trás e ela se sentava no banco do carona. Quando foi abrir a porta para entrar, ouviu uma voz o chamar.

– Doutor Banner? – Ele olhou na direção das escadas e viu a professora de ballet parar na metade do caminho.

– Senhorita...?

– Moore. – Ela respondeu, descendo as escadas leve como uma pena. Na verdade ela devia pesar a mesma coisa que uma. – Estava avisando as mães lá em cima... Na terça do dia 15 a aula vai acabar meia hora mais cedo, então se o senhor não puder vir, mande alguém buscar a Anong, tudo bem?

– Eu venho, sem problemas. – Concordou educadamente. – Me desculpe a pressa, mas eu preciso ir agora.

– Claro. Boa noite. – A loira se despediu, subindo as escadas novamente, enquanto ele entrava no carro.

– Você vai aonde, pai? – Anong questionou, pegando um vídeo game do porta-luvas.

– Ahn... Sair... – A menina ergueu os olhos do portátil. – Jantar...

– E eu não vou? – Questionou em dúvida.

– Hoje não... vou com a Jenna... – Ele tentou manter os olhos no trânsito, mas estava profundamente constrangido.

– Um encontro?! - Gritou animada. Depois lembrou-se de que não deveria gritar perto do pai. Isso não tinha muito a ver com educação. – Desculpe...

– Tudo bem... Vou sair com uma colega de trabalho se é o que você quer saber. Nada demais. – Desconversou a menina. Os olhos castanhos e puxados o encaravam muito atentamente.

– Ela é bonita? – Questionou curiosa. Como sempre.

– Humm... Acho que sim...

– Como acha? Pai! – Ela insistiu rindo.

– Sim, ela é bonita! Satisfeita? – Respondeu, dividido entre a diversão e o constrangimento. A menina soltou gritinhos animadamente, o fazendo rir realmente constrangido. – A Pepper vai te buscar depois da arquearia, ok? – Avisou, estacionando em frente à sede da Stark Industries. A menina assentiu, lhe deu um beijo no rosto e desceu do carro. Ele a esperou entrar no edifício antes de seguir para o restaurante.

Ligou o rádio do carro. Alto. Estava nervoso. E se algo desse errado? Para início de conversa nem deveria morar em New York. Aquele lugar o deixava agitado. Inseguro. Mas Anong precisava estudar. Ele não podia se esconder em um povoado qualquer. E ser pai não era sacrificar suas vontades? Ele não tinha boas experiências nesse sentido... Talvez por isso se esforçasse tanto por aquela menininha esperta. Às vezes levava sua paciência a limites perigosos, apenas por inocência. Mas era adorável. E estava sempre exposta ao perigo. Qualquer deslize e poderia a mandar de volta para onde quer que Liana a tivesse ido buscar. Não podia incluir uma pessoa mais nessa confusão. Se arriscar a se afeiçoar a alguém e depois perder essa pessoa. Pelo seu descontrole. Por sua culpa. Não. Jantaria e iria embora.

Chegou ao restaurante de fachada completamente preta. Olhando por fora poderia ser uma boate. Não havia letreiros visíveis. Mas por dentro, o lugar era realmente muito legal. Tinha um ar refinado, mas não intimidador, decorado com cores sóbrias e quadros mostrando paisagens de diferentes lugares do mundo, mas em sua maioria orientais. Uma meia luz preenchia dúzias de ambientes distintos que variavam da aparência de uma biblioteca dourada e aconchegante a um salão repleto de fotos do deus asiático nas paredes. Dividia-se em dois andares com uma musica eletrônica suave tocando baixo. Ao centro do principal salão uma grande escultura de Buda.

– Boa noite, senhor...? – Uma chinesinha o recebeu à porta, tirando sua atenção do lugar.

– Banner. – Informou.

– Mesa para dois, correto? – Questionou, verificando anotações em uma pastinha. O homem assentiu, meio sem jeito. O que ele estava fazendo? Seu lugar era fechado em casa e não no meio de tanta gente. A mulher indicou uma mesa, diante de um painel amarelo vazado em estilo oriental. Ele se sentou. – O senhor gostaria de esperar ou prefere pedir?

– Esperar...

– Fique à vontade, por favor. – Disse se retirando. ‘’À vontade’’. Ele poderia rir daquilo. Com tantas pessoas ao redor era bastante complicado. Encarou um quadro com uma paisagem de Veneza. Um gondoleiro parecia estar buscando um passageiro. Quando era mais novo tinha sonhado ir aquele lugar. Nunca iria. Entrar em um avião não era boa ideia. Nada era uma boa ideia para ele. Fazia esse tipo de coisa quando era extremamente necessário.

Quase quarenta minutos de atraso. Ele estava começando a se sentir constrangido. Se a mulher demorasse mais um pouco, iria embora. Sentia a paciência lhe fazendo mais um teste. Nada bom. Mexeu no menu que estava sob a mesa, procurando distrair a mente. Quando ergueu os olhos, viu a chinesinha acompanhando Jenna. Ele pôs-se de pé, enquanto a aguardava. Estava bonita em um vestido justo e preto que descia até a metade das coxas. Usava longos brincos dourados que se destacavam contra os cabelos longos e negros.

– Boa noite, Bruce. – Cumprimentou com um sorriso educado. Ele a cumprimentou em resposta e ambos sentaram. Nenhum pedido de desculpas pelo atraso. De quase uma hora. A mulher mal olhou para ele e se pendurou no menu. – Eu vou querer uma dose de Fever*. – Pediu referindo-se ao drink. – Você devia pedir uma dose do Tranquility**. - Olhou para ele rindo. O moreno foi incapaz de sorrir. Jenna reparou, mas nem por isso se repreendeu. – Não seja tão sério, Bruce! Foi uma piada! – Ele forçou um sorriso e pegou o menu. Se não matasse ninguém, mataria Tony Stark. Aquela noite seria um grande teste de paciência.

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Pepper estava trazendo as travessas com a comida para a mesa e Anong a seguia por todo lado, tagarelando sobre suas aulas de ballet e arquearia. Tony e Bruce estavam sentados em poltronas de couro pretas, o sol entrava pela porta aberta da ampla varanda, junto com o cheiro de maresia.

– E eu que achava que a Jenna fosse melhor que isso... – Tony reagia pasmo a narrativa sobre o encontro. Os assuntos da noite anterior tinham sido os mais distintos, passando da marca do carro de Banner a marca de seu terno. E se detido por uma meia hora nas qualidades e no número de telefone de Steve Rogers.

– Olha Bruce, me desculpa mesmo. – Pepper falava arrumando os talheres. - A Jenna sempre é uma graça comigo e como ela vinha reclamando há um tempo por estar solteira, eu achei que vocês pudessem se entender...

– Não tem problema. – Ele falou com tranquilidade.

– E a Vivienne? – O amigo perguntou a mulher. Os olhos de Bruce se arregalaram.

– Ei! Ei! Nada de Vivienne! Nem sei quem é Vivienne! – Falou reprimindo uma risada. O casal mal tinha ouvido sobre a noite anterior e já queria arrastá-lo para um novo problema?

– Mas então vai ficar conhecendo! E, com sorte, de todos os ângulos! – Tony afirmou. Banner fez uma expressão de indignação, indicando a filha que voltava da cozinha com copos. O amigo fez uma careta como desculpa. – Ela continua solteira, Peps?

–Continua... – ela falou pensativa. Deslizou a mão sobre o tampão de vidro da mesa e uma foto da tal mulher surgiu, com alguns dados que Jarvis buscava. Uma negra de curvas voluptuosas e um sorriso simpático surgiu numa projeção.

– Uuh... – Anong falou impressionada, encarando a foto. Bruce fez um careta. Se a filha tinha gostado da moça, ele não teria sossego durante semanas. A menina parecia ter se unido aos padrinhos para conseguir uma namorada para ele. Ergueu os olhinhos estreitos, cheia de expectativa. – Ela é bonita pai... E aqui diz que é enfermeira!

– Ela ajudou na recuperação do Tony, depois da cirurgia. Acabamos fazendo amizade. – A ruiva explicou. – Não sei se ela está procurando namora...

– Então não está! – Rebateu alto. Pepper olhou seriamente para ele por alguns segundos. Deslizou a mão na mesa, fazendo a foto de Vivienne sumir.

– Tony pode servir a Anong, por favor? Bruce vem aqui um segundo. – Pediu, retornando a cozinha. O marido pôs-se de pé com um salto. Quando passou pelo amigo fez uma expressão de puro terror.

– Nem o verdão pode te proteger dela. Que a sorte esteja sempre a seu favor. – Disse, pegando um prato para servir a menina. Bruce suspirou resignado e seguiu a amiga.

A ruiva pegava guardanapos no alto de uma prateleira. Tinha uma expressão séria que pouco combinava com a personalidade dócil. Assim que os segurou, voltou os grandes olhos azuis na direção do cientista.

– Bruce, eu entendo seu receio e você sabe disso. Somos amigos há tanto tempo. – Ela começou, com brandura embora seus olhos revelassem a importância que dava ao assunto. Ele deu um meio sorriso, encarando o chão polido. Pepper era muito gentil, mas não entendia metade dos problemas que ele tinha. Anong era muito mais do que podia lidar. – Eu queria te dizer que vai ser fácil achar uma mulher maravilhosa que goste de você e te aceite. Mas eu estaria mentindo. Não vai ser nada fácil. – Aquilo o fez erguer os olhos para a mulher, surpreso com tamanha sinceridade. – Mas se você não se der uma chance, nunca vai encontrar.

– Peps, eu realmente...

– Bruce, logo a Anong vai ser adolescente. Por mais que ela ame você, certas coisas provavelmente vai evitar falar ou perguntar. E eu sinceramente acredito que ela não vai vir a mim para isso. – Agora ela tinha toda a atenção dele. Bruce vinha se preocupando há algum tempo. Era como um insetinho zumbindo ao redor de sua cabeça constantemente. – Não estou dizendo que arrume uma mãe para ela, mas que cogite ter alguém ao seu lado. Não por ela, mas por você. Já pensou como vai ser receber o primeiro namorado, com seu... temperamento? – Ele suspirou, sua respiração levemente irregular. Anong era apenas uma criança. Aquilo ainda levaria tempo. E por que ela não o procuraria? Ele não era um bom pai? E namorar? Não antes da faculdade.

– Pepper eu realmente aprecio a preocupação de vocês, mas a acho bastante desnecessária. – Disse numa voz grave.

– Eu não toco mais no assunto se você for capaz de me dizer com toda certeza do mundo que vai se controlar quando partirem o coração dela e a encontrar chorando pelos cantos achando que a vida não tem sentido. – Falou incisiva. Ela não parecia notar que o assunto o deixava desconfortável. Suas mãos tremiam levemente. – Se me disser que vai aguentar e não surtar estando sozi..

– Eu não vou matar ninguém! Não vou perder o controle! – Ele gritou numa voz muito grave, dando um soco no pia da cozinha. Pepper deu um pulo para trás, enquanto o som de um prato se quebrando na sala chegava ao ambiente. Ela encarava o homem de olhos arregalados e tremia dos pés a cabeça. Não sabia como não tinha gritado.

Tony surgiu correndo, a armadura se acoplando ao corpo deixando o rosto livre, enquanto ele se colocava entre o amigo e a mulher, pronto para defendê-la. Anong o seguiu de perto e se pendurou no pescoço do pai, atropelando as palavras num tailandês agitado. O homem abaixou os olhos também arregalados, para a menina. Por um segundo pareceu não entender o porquê de ela estar ali. Então ergueu ambas as mãos ao lado do rosto, num gesto de rendição. Desviou os olhos, envergonhado.

– Desculpe... – Pediu. Pepper desabou sentada em uma banqueta. Bruce abraçou a filha e lhe beijou a cabeça. A menina estava estranhamente tranquila agora.

– Deuses! Achei que fossem quebrar minha cozinha toda! Tem mármore caro aqui! – Tony falou numa tentativa de humor, sentando ao lado da ruiva. Ela estava muito mais branca do que costumava ser. O Stark fez menção de segurar a mão delicada, quando foi atingido no rosto pela máscara da armadura, o fazendo tombar de costas junto com a banqueta, soltando um gritinho ridiculamente estridente. Anong riu baixinho. Banner e Pepper se entreolharam e desviaram o olhar quase instantaneamente. O homem se sentou com um resmungo, arrancando a máscara. – Jarvis, mas por que diabos você só mandou a máscara agora?!

– Eu estava terminando de retocar a pintura, senhor. – O software informou.

– Pintura?! E quem mandou você retocar a pintura?! – Perguntou exasperado. Jarvis nem se deu ao trabalho de responder. Pepper e Bruce se entreolharam muito mais relaxados, não conseguindo reprimir um sorriso. O Iron Man levantou-se e com um gesto da mão a armadura o deixou. – Alguém ainda quer almoçar? – Questionou. Anong o seguiu para fora do cômodo e quando Pepper se aproximou para sair também, Banner a interrompeu.

– Me desculpe mesmo... – Disse constrangido, a olhando com o rosto levemente abaixado. Ela ofereceu um sorriso fraco como resposta.

– Acho que acabei pressionando um pouquinho demais... – Admitiu tão sem graça quanto ele. Ambos sorriram. Ela tornou a se dirigir para a porta.

– Peps... – Chamou novamente. A mulher parou com a mão no batente. – A Vivienne gosta de teatro? – O sorriso da ruiva se ampliou e ambos seguiram de volta a sala de jantar.

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Banner estava sentado no sofá branco, tomando um chá e lendo um complexo artigo científico sobre biotecnologia e alterações genéticas. Anong estava no chão na frente dele, vestindo um pijama amarelo de algodão e fazendo o dever de casa sobre a mesinha de centro. Raramente se interrompia para pedir ajudar ao pai.

Ele se dedicava ao emprego e a filha em tempo quase integral, mas em momentos como aquele aproveitava para pesquisar. Era um idiota esperançoso. Sabia bem que avanços científicos levam anos para acontecer, mas tinha esperanças de que algo pudesse mudar da noite para o dia. Que alguma pesquisa lhe mostrasse uma luz. Ele próprio aproveitava a estrutura da Stark Tower para poder pesquisar. O maior incentivo tinha acabado de pegar no sono, com a boca aberta sobre um livro de gramática inglesa.

Anong não tinha medo dele. E esse era seu maior medo. Ele evitava situações que minassem sua paciência, mas nas poucas vezes que havia demonstrado algum descontrole, Anong correra para ele e não dele. Isso era definitivamente perigoso e nada a convencia a fazer diferente. Bruce acreditava que tinha o mínimo de autocontrole, mas vivia acuado sob a ameaça desse tênue poder sobre si desaparecer. Ela era a mais próxima. Seria a primeira. Muito tempo tinha se passado desde que ele havia desistido de uma cura. No entanto, ainda se atrevia a acreditar em algo que o controlasse. Que aumentasse o limiar de estresse que o levava as crises, ou que garantisse que teria controle total sobre a situação. A racionalidade que restava poderia ser suplantada por seu emocional. Ele sabia disso. Anong não. Se algo acontecesse. Qualquer coisa. A pressão era tanta...

A menina resmungou alguma coisa em tailandês, lhe chamando a atenção. Hora de a por para dormir. Largou a revista de lado e a ergueu do chão com cuidado, para não a acordar. Deitou-a na cama e puxou as cobertas para tapar os pés pequenos. Estava saindo do quarto, quando a ouviu falar num tailandês enrolado pelo sono.

– Você vai amanhã? – Aquilo o fez sorrir, se virando para a menina.

– Vou... Agora seria grosseria desmarcar. – Concluiu a contragosto. – Isso é importante para você? – Quis saber. Ela levantou o polegar no alto, em aprovação virando-se para a parede. Ele riu fechando a porta.

Tinha mais essa para se preocupar. As pessoas conseguiam ir ao teatro todos os dias sem arrumar problemas, mas ele preferia evitar. Um mínimo desentendimento por qualquer motivo bobo poderia ser uma desgraça. A S.H.I.E.L.D. tinha sido muito clara com ele. Se fizesse algo como aquela vez no Harlem... a punição seria a pior que poderiam lhe arrumar. Não havia como puni-lo fisicamente. Assim como Nick Fury tinha usado seus contatos para lhe conseguir a guarda de Anong, e a S.H.I.E.L.D a tiraria com a mesma facilidade. Afinal quem em sã consciência entregaria uma criança a alguém como ele? Ligou o som num volume baixo, lembrando-se que Liana Stark tinha feito isso uma vez. Mas ela não era exatamente o exemplo perfeito do que a maioria consideraria sanidade.

Sentou-se e pegou a revista científica outra vez. Terminou de ler o artigo e seguiu lendo as outras reportagens. Nada de interessante. Nada de realmente útil. Acabou adormecendo no sofá ao som de música clássica. Ele daria qualquer coisa para que sua vida e principalmente a de Anong fossem uma sinfonia tão bem orquestrada quanto aquela. Mas tudo que ele tinha eram incertezas.

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Ele que sempre era pontual se surpreendeu com Vivienne. A bonita e voluptuosa mulher havia chegado mesmo antes dele. Ponto para ela. O cumprimentou com um sorriso animado que ele respondeu timidamente.

Ela usava um vestido curto de renda amarela, que iluminava e destacava a pele negra quase aveludada. Uma maquiagem suave se destacava no rosto bonito. Vivienne era realmente bonita e ele não pôde deixar de reparar nisso.

– Boa noite. Estou atrasado? – Perguntou em dúvida.

– Boa noite doutor. Eu que cheguei adiantada, você está no horário. Não gosto de deixar as pessoas esperando. – Comentou começando a acompanha-lo para a entrada do teatro.

– Não tem necessidade do doutor. Bruce é mais que suficiente. – Esclareceu querendo a deixar mais a vontade. A mulher sorriu.

– Obrigada então, Bruce. Vamos entrar? – Questionou. Ele assentiu e pegou os ingressos do espetáculo na carteira e os entregou ao rapaz na entrada que liberou a passagem.

Subiram ao camarote que Tony tinha reservado. Uma garrafa de champagne os esperava numa mesinha entre duas grandes poltronas. Banner se flagrou ficando sem graça. A mulher pensaria que aquilo era ideia dele. Não que fosse algo ruim, mas para um primeiro encontro parecia um pouco demais. Stark em excesso.

– Isso é coisa do Anthony não é? – Vivienne questionou se sentando em seu lugar.

– Certamente! – Afirmou aliviado que ela tivesse notado. De todo modo o cientista os serviu, sentando-se em seguida. – Pepper me contou que você foi enfermeira dele. – Comentou tentando puxar assunto, enquanto o primeiro dos três sinais soava antes do espetáculo.

– Fui sim, logo depois da cirurgia. – Confirmou. – É um casal divertido e acabei fazendo amizade. Aquela irmã dele é que eu nunca vi. Nem depois que ele operou.

– Ela mora... longe. – Desconversou discretamente.

– E você trabalha na Stark Tower não é?

– Trabalho sim. Com as pesquisas de energia renovável que a empresa vem desenvolvendo. Começamos com a torre, agora bancamos toda a cidade e planejamos expandir para todo o estado até o final do ano. – Explicou ao som do segundo sinal.

– Deve ser um trabalho desgastante, mas gratificante. – Ela comentou, parecendo sincera. Ele assentiu com um sorriso. Não havia mencionado que podia usar o laboratório para suas próprias pesquisas, mas isso não convinha no momento. – Meu trabalho também é muito gratificante para mim. Me da a sensação de fazer algo importante, de ser útil. Por isso estou cursando medicina, para complementar minha formação.

– Que ótimo! É uma carreira maravilhosa. - Elogiou fazendo-a sorrir. E antes que percebessem o terceiro sinal soou fazendo-os calar.

Era inegável que a princípio parecia ser uma mulher interessante, inteligente e agradável. Talvez não fosse realmente perda de tempo estar ali afinal. Talvez... Não. Não havia talvez.

Vivienne fazia comentários divertidos sobre o espetáculo, o fazendo rir e interagir em aprovação. A conversa não soava artificial, mesmo com eles se conhecendo a poucas horas. Era um espetáculo infantil, mas ainda assim um clássico. A Bela e a Fera da Broadway teria deixado Anong eufórica. O tempo de espetáculo fluía rápido e pela primeira vez em anos Banner sentia que estava de fato se divertindo como uma pessoa normal.

Em um dado momento, o ator que interpretava a Fera emitiu um rugido grave amplificado pelo sistema de som. Na opinião dele risível, por motivos óbvios. Na opinião de alguma criança do público assustador, já que ela automaticamente começou a chorar alto e desesperadamente. Era possível ouvir a mãe tentando o acalmar. Bruce esboçou um sorriso suave, divertido com a inocência do pequeno que não se aquietava mesmo que o ator já tivesse saído de cena sendo substituído por um príncipe.

– Que inferno. – Vivienne murmurou irritada, lhe chamando atenção.

– Perdão?

– Essa criança! Se não tem idade para se comportar que fique em casa! – Afirmou exasperada ainda aos sussurros. Ele simplesmente não sabia como responder. Não esperava algo assim.

– Ele se assustou... – Acabou dizendo o óbvio.

– Porque é bobo. – Afirmou sem se importar em esboçar seu desagrado. Claro que não era uma situação divertida, mas a reação dela era um pouco impaciente demais. – E agora não cala a boca, atrapalhando o espetáculo dos outros.

– É uma criança. – Ele disse, percebendo sua voz subir muito suavemente. – Se minha filha fosse mais nova e menos... corajosa, teria se assustado também.

– Você tem uma filha? – Vivienne perguntou com uma expressão estranha. Desagrado. Pepper não devia ter falado sobre isso a ela, por descuido.

– Tenho. – Respondeu firme. Era óbvio que ela não gostava de crianças. Banner terminou o champagne em sua taça e a largou na mesinha. – Inclusive ela está em casa e eu preciso ir. – Disse se levantando sem dar a mulher chance de responder, saindo.

Não havia sentindo em ficar ali insistindo numa situação que ele não tinha planejado, que claramente não funcionaria e que certamente não traria nada de bom. Vivienne era inteligente e divertida, mas ele tinha uma filha e a prioridade sempre seria ela. Jamais imporia a Anong o convívio com uma pessoa que claramente não gostaria dela. Ele nem devia ter cogitado aquilo. Idiota. Saiu do teatro irritado, entrou no carro e fechou a porta. E os olhos por longos segundos.

Teria sido melhor trazer Anong que teria aproveitado poder sair com ele. Algo pouco frequente e que ela gostava muito. Teria sido melhor se ele não tivesse marcado. Teria sido melhor se ele não tivesse saído de casa. Ele ligou o carro e voltou direto para o seu lugar. Bastava daquela bobagem.

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Semanas se passaram com Banner se esquivando das perguntas de Anong e do interrogatório de Tony e Pepper. Se respondesse, logo eles arranjariam outra coisa maluca para o colocar no meio.

O problema veio quando o casal de amigos percebeu que ele os estava evitando. Mais do que depressa Tony usou Jarvis para bloquear todos os sistemas operacionais dos eletrônicos de Banner. E consequentemente de Anong, que ameaçava deixa-lo louco se não devolvesse a internet a ela. Toda vez que tentavam usar o computador, tablet ou mesmo o celular, tudo que conseguiam visualizar era um desenho do Iron Man voando com a bandeira norte americana ao fundo. Só restava ir à casa do amigo.

Ele estacionou o carro em frente à mansão. Anong estava na escola naquele horário. Assim que chegou a entrada, foi cumprimentado por Jarvis.

– Doutor Banner, o senhor Stark está aguardando na sala. – Informou, abrindo a porta. Ele riu. Já sabia que seria procurado. Assim que entrou na casa ouviu a voz de Tony rindo de algo enquanto duas vozes femininas o acompanhavam.

Quando chegou a sala encontrou o casal de amigos parados próximos à varanda, abraçados. Teve tempo de ver que havia uma mulher alta, de cabelos intensamente ruivos e muito magra, em um longo vestido de veludo verde, parada do lado de fora. Ela o encarou e teve tempo de esboçar um sorriso antes que uma luz colorida a envolvesse a fazendo desaparecer.

– Ela continua vindo? – Perguntou enquanto se sentava no sofá. Os amigos sorriram. – Mesmo com a proibição de Odin?

– A proibir de alguma coisa é o mesmo que enviar um convite. – Pepper comentou rindo, embora seus olhos revelassem preocupação.

– Ela tem ajuda. Nunca fica muito tempo, mas continua vindo. Mas não foi pela minha irmã que você veio aqui. – O amigo concluiu com uma expressão perspicaz.

– Eu preciso dos meus equipamentos de volta. Preciso que tire Jarvis deles. – Respondeu direto. Pepper olhou para Tony de maneira acusatória, deixando claro que não sabia daquilo. Banner deu um sorriso suave, desviando o olhar com divertimento. O amigo estreitou os olhos para ele, enquanto colocava os pés sobre a mesinha de centro, cruzando os braços na frente do corpo. Levantou uma sobrancelha. O cientista suspirou com uma risada resignada e começou o relatório sobre o encontro com Vivienne. Não conseguiria escapar daquilo.

Eles queriam saber tudo. Como ela estava vestida, sobre o que conversaram, o que acharam do espetáculo. Estavam verdadeiramente interessados não por simples fofoca, mas por interesse sincero e por torcerem pela felicidade dele. Banner não conseguia se irritar de verdade com eles.

E se mostraram tão desgostosos quanto Banner quando souberam da reação da mulher. Não era nenhum crime não gostar de crianças, mas quando se tem uma em casa não era exatamente a melhor opção se envolver com alguém assim. E o cientista era obrigado a admitir que não fosse por isso, talvez tivesse dado uma chance a Vivienne.

Pepper era uma mulher de tato e por isso conduziu o assunto para longe daquele encontro. Não mencionaram providenciar outro. Talvez porque esse tivesse tido tanto potencial e havia falhado miseravelmente ou talvez porque simplesmente não tinham ninguém para jogar em cima dele. Banner não se importava em saber desde que conseguisse garantir sossego.

Assim que Tony mandou com que Jarvis deixasse o amigo em paz, o cientista se sentiu muitíssimo aliviado. Em questão de minutos recebeu uma mensagem da filha comemorando o retorno da internet e dizendo que mataria o padrinho. Ele não pode reprimir um sorriso, ao mostrar a mensagem ao casal que também riu. Antes de ele sair acabaram combinando um almoço na casa de praia que havia pertencido a Liana, para que pudessem passar a tarde com Anong. Seria divertido poder ter um dia apenas para aqueles que considerava como família.

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A S.H.I.E.L.D em peso estava lá. E metade dos acionistas da Stark Industries. Isso sem contar Steve Rogers e Natasha Romanoff. Tony não entendia nada de festas pequenas. Ele havia contratado um serviço de garçons e um DJ. Ao menos Anong parecia estar se divertindo. Como era uma festa informal, os convidados tiraram as máscaras profissionais e se permitiam serem seres humanos. Ou o mais perto disso que conseguiam.

Tony e Pepper conversavam com Natasha, próximos ao bar. Anong estava aprendendo a jogar poker com alguns agentes. Eles pareciam achar muito divertido a dificuldade dela em blefar. Alguns empresários jogavam sinuca numa mesa a um canto. Steve estava sentado ao lado dele enquanto se perdiam em conversas corriqueiras.

– E a Maria não veio por quê? – Questionou ao Capitão.

– Fury a fez sair em uma missão. – Respondeu com certo desagrado. Os agentes tinham folga quando podiam, não quando queriam e muito menos quando seria normal. – Mas e você? Tony parou com a coisa toda dos encontros? – O cientista quase engasgou com o coquetel.

– Todo mundo sabe disso?

– Acho que não... Pelo menos quando Fury comentou alguns pareceram surpresos. – Esclareceu. Bruce esfregou a ponte do nariz reprimindo uma risada constrangida. Possivelmente todo país estava sabendo. – Quem pareceu achar a ideia interessante foi a agente Hand. – Afirmou, indicando com o olhar uma mulher que jogava poker com Anong na mesa do outro lado da sala.

Devia ter em torno de quarenta anos e era bastante alta, certamente maior do que ele e talvez mesmo maior do que Liana. Os cabelos castanhos tinham algumas mechas de um tom intenso de vermelho, algo raro de ser ver em uma mulher da idade dela. Era bonita, mas tinha uma expressão austera acentuada pelos óculos e pelo terninho. Ela o notou a olhando e deu um sorriso discreto quase apagado. Não era dada a gracejos.

Steve deu uma risada e se levantou dando dois tapinhas no ombro do amigo, antes de se juntar a Tony, Pepper e Natasha. O lugar ao lado do cientista estava vago e a agente Hand, não demorou a notar e largar o jogo de cartas, deixando a vaga para um funcionário da Stark Industries. Ela se sentou ao lado dele, trazendo um copo de wisky nas mãos.

– Achei que evitasse eventos sociais doutor Banner.

– Até onde eu sabia não seria exatamente um evento. – Respondeu sem a olhar, observando o jogo de sinuca. – Eu achei que agentes não tivessem tempo livre para eventos sociais.

– As pessoas costumam ter essa impressão, mas somos seres humanos como todos os outros. Também temos direito a lazer. – Falou naquele seu timbre austero e inexpressivo. Devia ser força do hábito. – Por exemplo, nessa terça eu tenho ingressos para patinar no gelo e não tenho companhia. – Falou o encarando, embora não sorrisse. Banner deu uma risada, constrangido com a objetividade dela.

– Não sei se seria conveniente. – Tentou desconversar. A questão era a estranheza de um agente o chamar para sair. Ele não confiava na S.H.I.E.L.D. e em seus integrantes.

– Eu tenho acesso aos seus arquivos, doutor. Nenhum incidente desde a Batalha do Infinito. E nenhum problema disciplinar desde a fuga para Valhala apesar de não termos dados sobre o que aconteceu lá. – Falou. Ele levantou uma sobrancelha para ela. Ainda o monitoravam. Claro que monitoravam. Fariam isso pelo resto da vida. – Você pode se permitir um pouco. – Disse de modo condescendente. Ele a olhou com a cabeça baixa, levemente de lado. Ela não podia estar apenas querendo se aproximar, podia? Nenhuma pessoa com o mínimo de juízo se aproximaria dele por livre vontade. Aquilo seria uma missão? Ela o estava sondando? Mas o que poderia obter apenas o chamando para sair?

Banner a olhou atentamente durante alguns segundos. Ela não sustentou o olhar dele preferindo observar Anong, que ria de sua própria inépcia no poker. Ela não sorria, mas tampouco parecia antipática. Era apenas uma mulher séria. Se o estavam sondando ele queria saber o motivo.

– Que horas eu passo para te buscar e onde? – Afirmou enfim. Todos diziam que ele deveria se permitir. Não podiam estar todos errados, podiam?

– Pode ser às oito depois do trabalho. – Avisou, puxando um dos seus cartões pessoais da bolsinha de mão, junto com uma caneta. Ela escreveu o endereço numa letra grande e inclinada, que ele demorou a entender como ‘’West 4th street, 274‘’. – Fica em Greenwich Village.

– Não é longe, eu acho fácil. – Comentou de um jeito simpático. Uma sombra de sorriso percorreu o rosto da agente. Era uma mulher bonita.

– Victoria volta para mesa porque são todos terríveis! – Anong falou alto. Na verdade os agentes não eram terríveis. Apenas facilitavam muito para que ela pudesse se divertir. A morena assentiu para o cientista e voltou ao jogo, se sentando ao lado da garotinha enquanto um agente distribuía as cartas.

Banner se levantou e foi se juntar a Tony e os outros. Pepper lhe lançou um sorriso discreto e divertido. Era uma mulher observadora. Ele encarou o próprio copo e deixou sua mente vagar em meio às conversas amenas das última missões de Natasha e Steve. Se preocuparia com Victoria Hand e o que quer que a S.H.I.E.L.D. pudesse estar querendo na terça feira.


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Notas finais do capítulo

*Febre
**Tranquilidade
Candidatas a encontros com Bruce Banner, favor agendarem na entrada da Stark Tower. Falar com Pepper Pots nos comentrios.