Chains escrita por Priy Taisho


Capítulo 16
Capitulo 15 - Memoriae


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Capítulo reescrito em 19/02/2021.
A primeira versão desse não foi aproveitada e já temos trechos reescritos que originalmente apareceriam no capítulo 16.
ps: não leiam o capítulo 16 a menos que já tenha o aviso de que foi reescrito.
Espero que gostem,
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/536806/chapter/16

Memoriae

Beijar Sasuke era indescritível.

O toque dele em minha pele era suave, mas revelava à mim um desejo do qual eu jamais havia me permitido sentir. Eram como se milhares de borboletas tomassem meu estomago e correntes elétricas percorressem todo o meu corpo impulsionando-me na direção dele.

Aquela declaração havia me pegado de surpresa e não deixei de pensar nela em momento algum, mas fazia sentido ouvir aquelas palavras tão doces vindas dele. Fazia sentido que Sasuke direcionasse seu amor à mim, mesmo que eu não fosse capaz de compreender exatamente o porquê.

Eu sabia que tinha me prendido em um sentimento infundado de ódio em relação à ele. Sabia que a perspectiva de ter a minha vida inteira em função das escolhas dele, mesmo que Sasuke nunca houvesse imposto sua autoridade da maneira que deveria em relação à mim, me deixavam furiosa.

Odiava depender dele e odiava que ele dependesse de mim de tamanha maneira.

Odiava a tal ponto que lhe jurei ódio por toda a eternidade. Que prometi à mim mesma que nunca daria chance ao monstro que mudou a minha vida de me mostrar quem ele realmente era.

Eu o afastei de todas as formas que consegui. Ignorei todos os seus gestos de aproximação em paz, ignorei suas mensagens, seus presentes, ignorei todas as vezes em que ele ousou falar comigo.

Ignorei suas preocupações, seus avisos e seus alertas. Para mim, se Sasuke desaparecesse eu poderia, finalmente, ter uma vida comum.

Entretanto, a culpa estava na forma com que eu decidi interpretá-lo. A culpa não estava somente em Sasuke por não me deixar em paz todas as vezes em que eu quis.

A culpa também era minha, por não me lembrar de onde realmente vim.

X-X-X

— O meu povo pode ter regras tão severas quanto os desse mundo. – Sasuke contou-me com receio, envolvendo sua mão à minha como se aquilo pudesse ajuda-lo a esclarecer seus próprios pensamentos. – Há quase...Bom, há muito tempo, você foi acusada de trair o próprio sangue. – Ele me observou com cautela esperando que essa informação me desestabilizasse.

— O que isso significa?

— Que você atentou contra sua própria família. – Sasuke explicou após um tempo em silêncio. – A linhagem familiar é muito importante, mas não somente por vínculos de sangue. Honrar sua família é quase como uma das primeiras leis. Prejudicá-la, no entanto, é algo passível de morte.

— Então eu fiz isso. – Murmurei e o leve aperto em minha mão me fez olhar para o Uchiha novamente. – Não consigo me lembrar de nada.

— Tem razão em não lembrar. – Sasuke sorriu de canto, mas não havia um pingo de humor em sua expressão. – Há muitas lacunas nessa história.

— Por que não consigo me lembrar?

— Porque não foi nessa vida que tudo aconteceu. – A descrença em meus olhos parece ter sido o suficiente para alarmar Sasuke. – Foi há mais de quatrocentos anos, não consigo me lembrar o tempo exato. – Ele apertou as têmporas com a mão livre como se isso o ajudasse a clarear sua mente. – Minha memória é confusa, como se algo a estivesse impedindo de recordar o que aconteceu com clareza. – Ele sussurrou enquanto fazia esforço para lembrar o que queria dizer para mim. – Há algo que me impede de lembrar. – A frustração nas palavras de Sasuke me deixou aflita.

— Como um feitiço. – Supus e ele aquiesceu concordando. – Então você quer dizer que existe vida após a morte?

— Apenas para alguns. – Sasuke afastou a mão do rosto e me encarou pensativo. – Você é uma rara criatura. – Havia divertimento em suas palavras, como uma piada interna. Mesmo que não entendesse, isso me fez sorrir. – Me desculpe, não sou um bom contador de histórias.

— Acha que um dia me lembrarei do que aconteceu? – Perguntei receosa e embora eu tentasse me esforçar, apenas as lembranças dos últimos dezenove anos passavam por minha cabeça. – O pacto...

— Não foi feito há quatro anos.

— Quatrocentos anos. – Entreabri meus lábios com surpresa. – Então quer dizer que o que eu me lembro...

— É o que aconteceu naquela época. – Sasuke confirmou minhas suspeitas. – Eu não sei como isso é possível, Sakura. – Ele confessou com culpa. – Há muitas coisas das quais não sei e muitas que estão embaçadas em minha memória. Existem respostas que apenas você pode me dar.

— Eu não me lembro. – A frustração em minhas palavras fez com que Sasuke tocasse meu rosto para ergue-lo em sua direção. – Não pode depender de mim para isso. Eu não me lembro.

— Não se preocupe com isso. – Sasuke me tranquilizou com seriedade. – Você já fez isso antes. No momento em que se lembrar, eu me lembrarei também.

— Quer dizer que nossas memórias estão interligadas?

— Estou dizendo que não é a primeira vez que preciso lidar com isso. – Sasuke corrigiu-me com graça. A tristeza em seu peito ameaçou retornar, mas logo dissipou-se. – Acredito que você não ficou satisfeita em levar apenas meu coração consigo, teve que carregar metade de minhas lembranças também.

— Está dizendo que fui eu que te enfeiticei?

— Não existe ninguém capaz disso além de você.

X-X-X

Voltar para o colégio Senju havia trazido um buraco ao meu coração. Eu sentia falta do meu quarto na mansão Uchiha, o meu quarto de verdade.

O restante dos dias em que permanecemos por lá, foram regados às perguntas que eu dirigia a Sasuke sem pudor algum. Perguntei sobre as joias, sobre os vestidos e principalmente, porquê um cômodo como aquele estava em uma casa moderna como a mansão.

Sasuke tinha me dito que o quarto era parte do castelo ao qual nós havíamos vivido há muitos anos. Ele me contou que as demais portas do quarto não davam acesso a nenhuma outra parte do castelo, porque ele nunca desejou ir para nenhum canto além do meu quarto durante a minha ausência.

Minha ausência podia ser entendida como a minha “morte”, mas achei educado que ele preferisse referir-se à isso como se eu apenas tivesse dado uma saidinha rápida de sua vida.

A única vez em que ousei perguntar sobre minha família, Sasuke havia tido uma sensação tão ruim que eu me arrependi no mesmo instante. Provavelmente, estavam mortos.

Quis acreditar nisso ao invés de tentar entender porque nenhum deles nunca me procurou todos esses anos.

— Você parece preocupada. – Uma voz simpática me tirou dos meus pensamentos. Eu estava na biblioteca do colégio Senju, procurando por algum livro que me ajudasse a entender de onde eu realmente vim. Konoha. – Posso ajuda-la?

— O que você quer? – Minha réplica não foi ríspida, mas parecia seria o suficiente para que meu colega se afastasse alguns passos. – Sasori, não é?

— Você se lembra do meu nome. – Sasori me acompanhou de volta as mesas e até ousou pegar metade dos livros que eu havia escolhido para carregar. – Me sinto lisonjeado por ficar nas suas memórias.

— Você é bem inconveniente. – Confessei me sentando em uma das cadeiras vagas. Sasori sentou em minha frente e ousou abrir um dos livros para investiga-lo com seus olhos cinzentos. – O que quer comigo?

— Por que está pesquisando sobre Konoha? – Ele ignorou minha pergunta e me mostrou o livro. – Eu nasci aqui. – O Akasuna me mostrou um ponto no mapa e sorriu ao ver que havia prendido minha atenção.

— E o que está fazendo aqui?

— Já ouviu falar da história do vampiro e do lobo? – Mais uma vez, minha pergunta foi ignorada por ele. Aparentemente, Sasori estava disposto a falar sobre os assuntos que ele propusesse. – Era uma vez, um garoto vampiro que foi abandonado em uma mata escura.

— Não tenho interesse nas suas histórias de terror.

— Não é uma história de terror. – Sasori me corrigiu com seriedade. Alguns fios de seu cabelo ruivo grudavam em sua testa, mas ele não parecia se incomodar. – O garoto tinha meses de vida e foi deixado a entrada de uma tribo de lobisomens ferozes que odiavam os vampiros com todas as forças.

— E então? – Murmurei puxando o segundo livro da pilha para começar a lê-lo quando Sasori o puxou de minhas mãos. – Ei!

— Esse não vai te explicar nada. – Ele colocou o livro em outra pilha e me entregou o que ele tinha em mãos. – Uma mulher foi bondosa e decidiu criar o menino vampiro como se fosse da sua própria matilha.

— Fico feliz em saber que existem fábulas como essas no seu mundo. – Resmunguei e ele riu. – O que acontece antes do final feliz?

— Uma batalha. – Sasori mostrou seus dentes pontiagudos em um sorriso e eu estreitei os olhos. – E por fim, uma aliança poderosa.

— O que você quer comigo?

— Quero ser seu amigo.

Avaliei o vampiro em minha frente e balancei a cabeça negativamente sem acreditar em suas palavras.

— Não.

— Não?

— Não estou interessada em ser sua amiga. – Enfatizei com seriedade e foi a vez dele em estreitar os olhos. – Devia ter pedido para que Tenten lesse sua sorte antes de vir aqui.

— Estou disposto a aceitar uma amizade unilateral.

— Isso é triste até mesmo pra você. – Afastei o livro dele quando Sasori fez menção de pegá-lo. – Pode me deixar sozinha agora?

A atenção de Sasori foi tomada por uma mulher que passou por nós. Ela tinha longos cabelos negros e trajava um vestido tão escuro quanto. Seus olhos pareciam duas pedras tão brilhantes quanto à lua e contrastavam com o batom vinho em seus lábios.

Ela era tão bonita quanto assustadora.

— Hinata Hyuga. – Sasori murmurou com interesse antes que a mulher desaparecesse do nosso campo de visão. – As coisas estão ficando interessantes nesse colégio. Acho que devo isso à você.

— Por favor, vá atrás dela. – Apontei na direção que Hinata havia surgido e Sasori riu baixo. – Faça isso e ficaremos quites.

— Eu jamais ousaria mexer com ela. – Sasori balançou a cabeça negativamente e me olhou como se eu fosse louca. – Não estou disposto a ser morto. – Ele voltou a pegar mais um livro da pilha e o folheou com paciência. – Por que você não sabe nada sobre a Hinata?

Desviei os olhos do meu próprio livro e encarei Sasori com o máximo de raiva que consegui. Ele não entendia o conceito de inconveniente. Disso eu tinha certeza.

— Preciso saber de alguma coisa?

Sasori entreabriu os lábios e antes que pudesse me responder, sua expressão divertida transformou-se em uma raivosa. Ele levantou da cadeira e me jogou o livro com pouca cerimonia, endireitando a camisa enquanto aguardava.

Ao olhar para trás, notei que Sasuke se aproximava com uma cara de poucos amigos. Eu não conseguia senti-lo, mas conseguia notar sua irritação apenas pela maneira com que ele se movimentava.

— Leia a partir da página cento e dois. – Sasori virou-se para mim por um momento. – Lá falam sobre os clãs de Konoha. O meu está na letra A, não se esqueça.

— Já disse que não tenho interesse. – Sorri para ele debochadamente. – Vou fazer questão de...

— Akasuna. – A voz de Sasuke me interrompeu. Ele manteve as mãos sobre o encosto de minha cadeira, mas seus olhos estavam fixos no ruivo que aguardava a chegada dele com expectativa. – Estou atrapalhando algo?

— Você sempre atrapalha, Uchiha. – Sasori respondeu Sasuke com a mesma ironia velada que o Uchiha usou para falar com ele. – Não se esqueça do que eu disse, Sakura.

Revirei os olhos e aguardei até que Sasori se afastasse de onde estávamos para olhar Sasuke. Ele tinha um semblante sério e esperou até que o Akasuna saísse da biblioteca para sentar ao meu lado.

— O que ele estava fazendo aqui? – Ele perguntou baixo, seus olhos me sondavam em busca de qualquer coisa que entregasse o que eu sentia. Já não bastava sentir o mesmo que eu.

— Posso te dizer o que eu estou fazendo aqui. – Respondi voltando a olhar para os livros. – Queria ver um pouco mais sobre Konoha. Você disse que eu não encontraria nada nos livros humanos, então procurei na seção mágica.

Passei os olhos pela página que Sasori havia deixado aberta e foi inevitável não ler o nome da família dele exposto ao lado de um emblema de escorpião que a representava.

A família Akasuna é conhecida por seus laços perigosos com o clã de lobisomens. Eles são responsáveis por intermediar situações diplomáticas e interferir à favor dos vampiros, bem como dos lobos, em situações extremas da corte.

Atualmente existem...

— Fique longe dele, se possível. – Sasuke interrompeu minha leitura para me dar o aviso. Eu o encarei com confusão, mas aquiesceu. – O emblema de escorpião não é a única coisa estranha nos Akasunas.

— Fala isso por que eles têm alianças com os lobisomens?

— Não. – Sasuke não parecia disposto a me dizer mais do que isso. – Agora me conte, o que está procurando exatamente?

— O máximo de informações possíveis sobre Konoha. – Expliquei enquanto mostrava para ele a quantidade de livros que havia encontrado. – Mas até agora não encontrei muita coisa. – Confessei com frustração.

Sasuke puxou um dos livros e passou a me acompanhar na leitura em silencio. Às vezes eu lhe perguntava sobre algo e ele me respondia, embora precisasse refletir um pouco sobre suas palavras antes de me explicar.

Aparentemente, o feitiço em sua memória afetava apenas um período especifico de suas lembranças, o restante da confusão devia-se ao tempo em que ele não estava de fato em seu lar.

— Faz quanto tempo que não vai até lá?

— Pouco mais de cinquenta anos. – Sasuke me respondeu após refletir. – Eu tenho ido até o castelo, mas não saio para explorar Konoha há pelo menos cinquenta anos.

— Não sente falta?

— Aquele não é meu lar a menos que você esteja comigo. – Sasuke foi sutil em suas palavras e não pareceu perceber o meu embaraço ao escutá-las. – Há um rio atrás destas colinas. – O assunto foi trocado com tamanha naturalidade que me surpreendeu.

Me inclinei na direção dele para observar a imagem. Parecia pintada a óleo, em tons escuros como uma fotografia velha que havia quase perdido toda a qualidade. Ainda assim, Sasuke parecia reconhecer cada um dos locais como a palma de suas mãos.

— Parece ser muito bonito.

— E é. – Sasuke parecia orgulhoso de si. – A água é cristalina, os peixes são coloridos e tem uma árvore de cerejeiras em algum canto. – Ele mudou as páginas em busca da imagem da árvore.

— Vai dizer que mandou plantar a árvore em minha homenagem?

— Como você adivinhou? – Ele parecia se divertir com as minhas perguntas, mas eu não soube dizer se tudo não passava de uma grande brincadeira. - Aqui, foi onde eu nasci. – Sasuke me mostrou e eu pude avaliar a imagem com cuidado. Era um castelo gigantesco com bandeiras e um emblema que eu não reconheci. – Esse é o castelo Uchiha.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Continua... Mereço reviews? Recomendações? Críticas? Elogios?
Inté semana que vem o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Chains" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.