Quando a Chuva Encontra o Mar: Uma Nova Seleção escrita por Laura Machado


Capítulo 94
Capítulo 94: POV Duck Knout




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Nosso hotel em Angeles era o maior, mas nem de longe o mais bonito. Essa não era uma opinião compartilhada por alguém que não fosse da nossa família, mas eu não tinha nenhuma dúvida. Quando meu pai decidiu comprar um terreno em Angeles para nós expandirmos, eu já sabia que nunca iria gostar tanto dali quanto da minha casa. Já o resto do país se apaixonou. Não demorou para meu pai ficar conhecido, para a rede de hotéis aumentar. Lembro que ele estava arriscando tudo quando resolveu criar uma filial na capital, achando que era tudo ou nada, que aquela seria a única. E em dez anos, nós já tínhamos conquistado metade das cidades mais importantes do país.
E agora, então, os negócios estavam indo realmente muito bem. Principalmente com Enny como uma das selecionadas na Elite. Eu dividia a empresa com meus irmãos, mas era o único presidente, por ser o único maior de dezoito anos. Todas as decisões passavam por mim, minha mãe e meu tio. Os dois tinham ações dos hotéis, mas meu pai tinha deixado bem claro em seu testamento que eu iria preencher seu lugar na primeira chance que tivesse. Ele só tinha esquecido que a última coisa que eu queria era ter que usar ternos o dia inteiro e ter que conversar com empresários que só queriam saber de um jeito novo de conseguir mais dinheiro para os bolsos deles.
E eu também não achava que meu pai tinha pensado que eu estaria na presidência na idade que eu estava. Ele insistia em seu hobby, insistia em querer ser piloto. E conforme os hotéis foram ficando famosos, ele passava menos tempo ainda na empresa, mais tempo no ar. Chegou a pensar em vender tudo o que tinha e se dedicar só aos seus aviões, ao exército.
Mas a vida o levou antes que pudesse tomar qualquer decisão que mudaria a direção de seu futuro. É engraçado quando você pensa que tem um certo controle sobre o que vai acontecer com você. O fato é que você só consegue decidir como agir, pois o resto do mundo toma conta das circunstâncias à sua volta.
Isso era claro, pois, se eu tivesse alguma escolha, eu seria aquele cara do canto, que bebia sem parar, apesar de a festa ter acabado de começar. Ajustei a manga da minha camisa embaixo do meu blazer, enquanto mantinha um olho na porta do hotel. Eu precisava ficar ali pelo menos por enquanto, pelo menos até que os convidados mais importantes chegassem. Mas depois, mesmo que eu pudesse me juntar à festa, eu nunca seria aquele cara. Eu nunca estaria sem preocupações maiores do que conseguir outra menina para sentar no meu colo.
"Duck Knout," ouvi uma voz falando no meu ouvido, enquanto uma mão se colocava delicadamente sobre o meu ombro.
Olhei para a dona da voz, que deu a volta em mim sem deixar de me tocar.
"Brooke Hunter," falei e meus lábios se abriram em um sorriso talvez um pouco largo demais para alguém que deveria se manter formal.
"Nunca imaginei que fosse o encontrar aqui," ela disse, balançando a cabeça, quase como se ainda estivesse tentando acreditar que eu era real.
Seus olhos brilhavam quase mais do que seu vestido cintilante e ela me sorriu misteriosamente. Meus pensamentos voltaram a tudo que nós já tínhamos tido e eu sorri de volta, divertido.
"Somos dois," falei e olhei para a porta de novo, que estava a poucos metros de mim.
Uma menina de vestido roxo e enorme começou a entrar e eu pude jurar que era Abigail! Foi quando eu pensei pela primeira vez sobre o que ela poderia pensar se me visse com Hunter.
A menina não era Abigail, mas eu dei um passo à frente, mirando Hunter sério.
"E o que você está fazendo em Angeles?" Perguntei, enquanto lhe oferecia meu braço.
Ela passou o seu por dentro do meu, sorrindo, lisonjeada. Então eu comecei a andar com ela até a entrada da festa, deixando o hall moderno e brilhante do hotel para trás.
"Estou fazendo um filme," ela explicou. "O papel é pequeno, mas é alguma coisa. E estão querendo que eu participe de todas as festas e aparições públicas possíveis."
"Eu estava mesmo perguntando de Angeles," falei. "Você é e sempre será muito bem-vinda aqui."
Ela deixou seus olhos caírem no chão, enquanto eu a observei. Era incrível pensar que ela, linda como era, com uma carreira brilhante pela frente, podia ficar sempre envergonhada quando eu a elogiava, do jeito que fosse.
"E você?" Ela perguntou, levantando o rosto para me olhar assim que nós entramos no salão escuro.
"E eu o quê?"
"O que está fazendo em Angeles? Eu podia jurar que você tinha prometido nunca mais pôr os pés aqui depois daquele dia da sua briga com o Sam-"
"Nem me lembre," a cortei, não querendo ter que pensar no meu melhor amigo. Bom, quem tinha sido meu melhor amigo talvez uma vez na vida.
"Está bem," ela disse, rindo alto, mostrando bem seus dentes de vampiro.
"Eu estava no castelo, na verdade," falei.
"Verdade, a Enny é da Elite! Eu estou torcendo por ela, sério! Ela é a mais bonita, de longe."
"Eu concordo," falei, sorrindo, tentando não pensar que o príncipe tinha que ser louco por ter eliminado a Abigail.
Não que eu estava reclamando.
Eu guiei Hunter até o bar, dando pequenas olhadas por cima do meu ombro para ver se Abigail estava em algum lugar da festa, mas nada. Pensei em voltar para o hall, mas não sabia se seria uma boa ideia. A única pessoa que me chamava atenção na multidão era a minha assistente, que tentava esconder seu headset e seu tablet no meio da sua fantasia da Madonna. Ela corria de um lado para o outro, entrando em pânico por alguma coisa.
Eu me virei de volta para o bar, tentando não deixar com que ela me visse, enquanto Hunter me explicava sobre a sua personagem no novo filme. Eu sorri e brindei com ela quando o barman colocou nossos copos na nossa frente. E ri quando ela contou uma piada tosca sobre o vestido que a fizeram usar.
Todo o tempo pensando em como nós pareceríamos de fora, como Abigail me veria, o que ela pensaria, se ela chegasse naquela hora.
"Knout," ouvi a voz estridente da minha assistente me chamando atrás de mim
Engoli em seco e fingi que não tinha escutado, que estava entretido demais com Hunter para aquilo.
Mas era só uma questão de tempo até que ela chegasse até mim, bufando, nervosa, sempre estressada.
"Sr. Knout, o senhor precisa ir para o hall. O sr. Ward está chegando com a sua família," ela disse, já me puxando pelo braço.
Dakota Herzel, minha assistente (e ex-assistente de meu pai), tinha ajudado a me criar. Mas ela não precisava me tratar daquele jeito, como se eu fosse um adolescente que fugia de suas obrigações.
Mesmo que eu estivesse me sentindo como um.
Fiz um aceno de cabeça para Hunter, que ficou no bar, e segui Dakota até o hall de novo. O bom daquilo era que pelo menos a filha do sr. Ward estaria ali. E ela foi a primeira que eu vi.
Quando virei o corredor, chegando finalmente na entrada do hotel, a família toda já estava lá, o que só fez os ombros de Dakota ficarem ainda mais rígidos do meu lado.
"Sr. Ward, sra. Ward, é um prazer tê-los aqui conosco," falei, já levando minha mão para apertar a do homem à minha frente.
William Ward, ou Billy Ward, como era conhecido, era alto, forte, bravo, arrogante e insuportável. Mas não fazer negócios com ele seria suicídio, então eu sorria, mentia e assinava os papéis que ele me entregava. Enquanto ele levantava o rosto, olhando para mim como se eu nunca fosse chegar ao seu nível, nunca fosse entender o poder que ele tinha. Era assim a maioria das nossas interações.
Já Jacqueline Ward, Jackie, era um amor de pessoa. Minha mãe sempre me falava que elas seriam grandes amigas se ela não odiasse seu marido tanto quanto odiava. Peguei na sua mão, levando-a aos lábios e depois sorri para ela.
"A senhora está muito bonita," disse, e era verdade.
Ela sorriu, um pouco envergonhada, mas eu sabia que ela já esperava algum elogio. Eu gostava de tentar agradá-la, pois imaginava que uma vida do lado daquele homem não deveria ser fácil.
Depois meus olhos se viraram para Audrey Ward, a minha preferida naquela família. Ela parecia emburrada, seus braços estavam cruzados à sua frente, amassando seu vestido. Me ajoelhei na sua frente, para tentar me colocar na mesma altura que ela.
"E como vai a menina mais bonita do país?" Eu perguntei, e ela tentou não sorrir.
Mas acabou cedendo, soltando seus braços e dando de ombro, como se não se importasse com o meu elogio.
"Ainda mais bonita, posso ver," falei e ela sorriu, me mirando. Levei minha mão ao seu rosto e levantei seu queixo um pouco, para tentar animá-la. "Pronto," falei. "Melhor assim."
Ela pegou sua saia com as mãos, mirando-a fixamente. Eu sabia que ela ficava envergonhada quando eu a tocava, mas tinha uma coisa que a deixaria ainda pior.
"Meu irmão está aqui também," falei, me levantando e vendo seu rosto corar. "Ele me perguntou de você."
Ela até parou de tentar se entreter com o seu vestido e seus olhos buscaram os meus.
"No canto das aranhas," falei, apontando para a entrada da festa. Ela fez uma menção de começar a andar, mas parou antes de dar mais de um passo e olhou para mim. "Não se preocupe, não tem nenhuma aranha de verdade lá!"
E então ela saiu correndo, com Dakota atrás dela e eu fiquei ali para conversar com o homem mais desagradável que eu conhecia.
Por sorte, assim que me virei devagar para ele, outro homem chegou. E esse, bem mais legal.
"Com licença, eu preciso cumprimentar um amigo," falei, lhes sorrindo uma última vez antes de me distanciar dos dois e deixar com que eles também fôssem à festa.
"Mark!" Eu chamei, talvez um pouco alto demais para o dono do hotel.
Quando ele me viu, não esperou até me dar um abraço apertado. Mark era como um irmão, mesmo que distante.
"Quanto tempo, mano!" Ele falou, rindo e nós nos afastamos. "Tá foda, hein?" Ele me deu um tapa forte no ombro, quase me fazendo cair.
"Foda no quê?"
"Nesse hotel," ele falou, abrindo os braços e amassando seu terno.
"Esse hotel sempre foi nosso."
"É, mas você nunca deu uma festa aqui, nunca apareceu em alguma, pelo menos," ele disse, assim que nós começamos a andar.
"Depois de você passar a vida me falando que eu dava as melhores festas sem participar, eu resolvi que estava na hora de vir conferir se você estava inventando," falei, e ele riu.
"Você não tem ideia do que acontece aqui depois da meia-noite," ele disse, me pegando por um ombro e dando um tapa no peito. "Isso aqui, meu querido, é o paraíso!"
"Se você diz..."
"Você vai ver, você não vai mesmo se arrepender!"
Mark estava certo, como sempre. Nós passamos o resto da noite conversando com tanta menina, que eu não conseguiria lembrar o nome de nenhuma, mesmo que minha vida dependesse disso. Eu comecei preocupado com Abigail, ainda me perguntando o que ela diria se me visse. Mas depois de um tempo e nada dela, eu finalmente me dei por vencido e entendi que ela não viria. Logo eu já nem lembrava que ela não estava lá.
Mas só porque eu estava tentando ao máximo esquecer. Eu bebi o que pude, falei para Dakota que ela podia tomar as decisões que precisasse sem mim, que não era para me incomodar. E quando deu meia-noite e a festa se mudou para a cobertura, as coisas só melhoraram. Eu me recusava a me perguntar porque Abigail tinha decidido não aparecer e toda vez que a dúvida aparecia na minha cabeça, eu estourava outro champanhe.
E eu voltei a ser quem era na adolescência, mas dessa vez tinha sido melhor. Mark e eu já crescidos, com mais noção do que fazer, menos medo de rejeição. E todas as mulheres da festa estavam atrás de nós, apesar de nós não sermos os únicos de lá - nem os únicos que eram conhecidos. Mas nós, como dupla, éramos perfeitos. Ele era um rapper famoso, eu era o dono do hotel onde estávamos. Todas queriam falar com a gente, todas queriam um pedaço nosso. E nós queríamos um pedaço de cada uma delas.
Era quase duas da manhã, quando eu e duas loiras que tinha conhecido começamos a dançar em cima do sofá. Eu normalmente não faria isso, preferia ficar sentado assistindo enquanto elas dançavam. Mas eu já tinha bebido tanto que nem parei para me questionar se aquilo seria idiota. E eu curti. De pé no sofá, eu pude ver todo mundo na festa, as pessoas que estavam fumando maconha na mesa da copa, Mark e duas outras garotas indo para o quarto, enquanto outras se esfregavam uma na outra ao som que estourava do rádio.
A luz estava quase completamente apagada e os garçons tinham alguns problemas em andar entre nós, sempre parecendo incomodados com tudo que acontecia. Eu entendia, eles deveriam estar pensando que queriam se juntar a nós, mas ao invés, tinham que ficar assistindo a gente se divertindo. Eles ficavam sóbrios e limpavam o que a gente fazia, e a gente nem parava para se perguntar se deveria ou não beber demais, dançar demais.
Depois de um tempo tentando dançar no sofá, eu decidi que precisava de um pouco mais de champanhe. Deixei as duas loiras lá, que reclamaram quando eu desci e tentaram me puxar de volta, e eu fui até a mesa. Mas todas as garrafas de lá estavam vazias e tive que ir na cozinha pegar mais. A música foi ficando mais baixa, e eu fui me sentindo mais sozinho, mas bêbado ainda.
A luz da cozinha estava forte demais, doendo meus olhos. Mas consegui desviar dos garçons que estavam lá e pegar algumas garrafas de champanhe.
Um deles me ofereceu para carregar e eu recusei. Mas depois quase escorrei com tudo com as minhas meias no azulejo, então acabei entregando-lhe as garrafas e deixando que ele mesmo levasse até a sala.
Já que eu ainda estava ali e tinha algumas cervejas abertas em cima da mesa, eu peguei uma das garrafas e virei para beber, sem nem saber quem tinha aberto, de quem era. Só que meu cérebro não estava funcionando na mesma velocidade que minha mão. Eu errei minha boca, jogando todo o resto da cerveja que tinha na garrafa no meu peito. Eu ri, ao invés de me importar, enquanto ainda me dava conta do que tinha feito. Depois peguei outra garrafa e tentei beber. Dessa vez, acertei minha boca, mas quando lembrei de quando tinha derrubado em mim mesmo, ri e acabei cuspindo a maioria da cerveja que estava na minha boca.
E nem me importei, de novo. Só senti um impulso de voltar à sala e ver quais das meninas estavam disponíveis. Eu mal tinha saído da cozinha, quando uma garçonete veio até mim, me empurrando para o lado contrário do corredor. Meu primeiro instinto foi empurrá-la de volta, mas eu não o segui, ainda bem. Eu fui cambaleando, ainda tentando entender o que estava acontecendo, até que ela abriu uma porta e me empurrou para dentro de um quarto.
Meu cérebro acendeu na hora, já gostando da direção aonde aquilo estava indo. Eu nem tinha olhado para ela direito ainda, mas eu não precisava saber como ela era. A ideia de ficar com uma garçonete da festa e de ela mesma ter vindo atrás de mim era suficiente.
O quarto tava escuro, mas quando eu recuperei meu equilíbrio do jeito que dava, eu fui até ela, puxando-a para mim e a beijando. Ela, em compensação, me empurrou com força para longe dela. E depois até eu cair na cama.
"Uou, qual é?" Perguntei, já irritado pelo jeito dela.
"Eu tinha CERTEZA de que vir nessa festa era uma péssima ideia!" Ela disse, mas não para mim, para a janela, até onde foi com as mãos na cintura.
Sua voz me confundiu um pouco e eu tive que piscar algumas vezes, tentando voltar ao real. Ela não podia ser quem eu tava pensando.
"Eu devia ter ficado em casa, devia ter confiado no meu instinto," ela dizia, quase para ela mesma.
Eu deslizei na cama até conseguir colocar meus pés no chão e me sentar. Minha cabeça deu uma rodada forte quando eu levantei, mas eu só precisei de dois segundos para me recuperar.
"Eu devia ter ouvido a sua irmã..."
"Abigail?" Eu perguntei, ainda sem saber se eu estava sonhando. "É você?"
"Claro que sou eu," ela falou, se virando para mim, ainda bastante irritada. "E você é um idiota," ela me empurrou e eu caí de novo na cama.
Ela nem tinha me empurrado tão forte, mas eu não estava na posição de conseguir me manter de pé.
"O que você tá fazendo aqui?" Eu ainda estava tentando lembrar de vê-la durante a festa, me perguntando se tinha alguma hora em que ela tinha passado por mim e não me visto.
Mas, apesar de meu cérebro conseguir ficar confuso sem problemas, ele não conseguia pensar por tempo o suficiente para conseguir achar uma explicação.
"Você me convidou!" Ela tava gritando e eu tentei ficar de pé de novo.
"Para a festa, não para trabalhar para mim," falei e andei até ela.
Eu não conseguia ver seu rosto muito bem, mas eu tinha certeza de que era ela. Além de que seu perfume já me era bastante familiar, meu coração batia acelerado, com a certeza de que era ela que estava na minha frente.
Senti um impulso de tentar beijá-la de novo, mas ela se afastou antes que eu pudesse chegar mais perto.
"Era uma festa à fantasia, certo? Bom, estou fantasiada," ela disse, voltando até a janela.
Eu bati o pé algumas vezes, tentando me fazer ficar um pouco mais lúcido, mas não estava adiantando. Não queria que todas as vezes que nós nos encontrássemos, algum de nós tivesse que estar embriagado. Mas se eu queria mudar aquilo, eu tinha que ter pensado antes. Ou pelo menos conseguir com que ela ficasse ali até eu voltar ao normal.
"E você veio," eu falei, pensando naquilo por um tempo.
Ela tinha vindo, ela não tinha me ignorado.
"Não vai se achando por isso," ela disse, se virando para mim. "Eu só vim para confirmar minhas suspeitas de que eu sou boa demais para você."
As palavras nem registraram na minha cabeça, eu estava feliz demais de pensar que ela tinha ido à festa. Eu fui até ela, minhas mãos encontrando sua cintura. Ela não tentou me afastar dessa vez, mas cruzou os braços na sua frente, me olhando irritada.
E sua irritação na verdade só me fez achá-la ainda mais bonita!
Só que ela não estava se divertindo com aquilo, pois quando eu a puxei para tentar beijá-la de novo, ela afastou o rosto de mim, me empurrando.
"Não, Duck," ela disse, conseguindo sair dos meus braços, depois se virou para me olhar, já perto da porta. "Você tem muita garota atrás de você, não vai precisar de mim. Eu só queria que você nunca mais viesse falar comigo."
Meu cérebro idiota finalmente acordou com as suas palavras e meu coração acelerou ainda mais, só de pânico.
"Não é assim," falei andando até ela.
Ela colocou sua mão na maçaneta e eu fiquei ainda mais nervoso.
"Abbie-"
"Olha, não estou falando que eu me arrependi do que aconteceu," ela disse, me cortando. "E quem sabe até algum dia nós vamos ser amigos. Mas eu não posso ter você na minha vida agora. Eu não quero ter que ficar olhando por cima do ombro, me perguntando se você vai estar sempre pensando em outra, se lembrando de outra. Eu preciso de um cara só para mim. E você não é esse cara," eu estava me esforçando, mas não conseguia achar uma resposta para aquilo, não no estado que eu estava. "Eu só queria te pedir para não vir atrás de mim. E te dizer adeus," ela me sorriu triste por um segundo.
Devia estar esperando que eu falasse outra coisa, mas eu realmente não conseguia pensar em nada. Eu só conseguia pensar no que eu queria fazer, não era muito bom de palavras.
Então ela abriu a porta e saiu e eu corri até ela. Mas ela não se importou, continuou andando pelo corredor, enquanto eu parava para olhá-la. Eu ainda não tinha certeza de que aquilo tinha acontecido, de que ela realmente tinha se vestido de garçonete, que ela tinha me falado para nunca mais ir atrás dela.
Eu só sabia que eu não iria desistir. Eu iria atrás dela, eu iria provar para ela que eu era o cara para ela. Eu só precisava esperar o álcool sair do meu sistema antes de conseguir pensar claramente em um plano para isso.


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