Quando a Chuva Encontra o Mar: Uma Nova Seleção escrita por Laura Machado


Capítulo 150
Epílogo: POV Maxon Schreave




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Vinte e cinco de Dezembro, eu escrevi e logo embaixo assinei meu nome.
Juntei todos os papéis que estavam em cima da minha mesa e os coloquei na primeira gaveta. Assim que a fechei, apoiei minha testa aonde eles tinham estado poucos segundos atrás.
Eu deixaria o primeiro ministro no comando durante uma semana. Uma semana de férias. Sem querer, meu cérebro começou a repensar em tudo que eu tinha acabado de guardar na gaveta. Quanto tempo mais demoraria para conseguir acabar com as secas em Honduragua? Eu conseguiria melhorar o sistema de ensino para todas as castas que já tinham sido desfeitas? Elas conseguiriam empregos melhores? Ou ficariam fadadas às suas habilidades para sempre?
O barulho que vinha do quarto de Sebastian quebrou meus pensamentos e eu levantei a cabeça, como se fosse conseguir ver de onde vinha. Precisava parar de pensar naquilo. Precisava daquela semana de férias. Deixar minha cabeça respirar para eu conseguir continuar meu trabalho o melhor que podia. Mas era tão difícil desligar todos os meus compromissos e problemas como se fosse um interruptor. Já podia me imaginar passando os próximos três dias lutando para conseguir relaxar. Quão esquisito seria aquilo? Eu me estressaria para conseguir desestressar.
Deixei meus olhos percorrem o meu escritório até chegarem no espelho que eu deixava do lado da porta lateral. Um flash de lembrança se passou na minha cabeça. Era meu aniversário de dezenove anos, logo antes da seleção. Eu não era rei. Meu pai era. Me perguntei o que ele pensaria de mim. Até me estiquei na minha cadeira, deixando que ela se virasse para o espelho, como se ele realmente estivesse ali.
Será que pensaria em mim como um fracasso? Até podia imaginá-lo balançando a sua cabeça, me reprovando por inteiro. Mas dessa vez eu não me sentiria mal, não morderia minha língua. Eu sabia o que fazia, sabia bem melhor do que ele. Me dava pena, era essa a verdade. Me dava pena dele. Ele passou a vida inteira achando que ser rígido, ser do jeito que ele era fazia dele o rei perfeito. Ele não entendia. Tinha a cabeça fechada para o resto do mundo. E mesmo que eu quisesse muito. Mesmo que ele tivesse sobrevivido para me ver tentando provar para ele que ele estava errado, algo fundo dentro de mim me dizia que seria inútil. O orgulho dele era quase tão grande quanto a sua ignorância.
Deixei minha cadeira se virar para a janela e olhei para o jardim escuro que tomava conta da vista. Às vezes eu queria odiá-lo. Eu tinha razões o suficiente para isso. Mas era em dias como esse que eu percebia que ele nunca deixaria de ser parte de mim. Era em dias como esse que eu sentia aquela pontada de esperança de que ele tivesse orgulho de mim. Que me visse e entendesse. Que conseguisse me ver pelo menos uma única vez como o seu filho. E não seu sucessor.
Era inútil pensar naquilo. Mas deixei minha cabeça divagar com o amargo doce da realidade por um pouco mais. Não querendo exagerar pensando no que poderia ter sido, tentei focar em lembranças boas. Sem nem perceber, minha mãe tinha tomado conta de todos meus pensamentos.
Eu teria que passar o resto da minha vida tentando descrever o quão importante ela era para mim. Queria ter tido a chance de apresentá-la aos meus filhos. Tinha certeza de que ela teria orgulho de mim só de me ver sorrindo. Me doía no peito imaginar seu sorriso gentil e seu abraço apertado. Eu daria qualquer coisa para que ela estivesse passando o natal com a gente.
Outro barulho mais alto veio do quarto de Sebastian e eu ouvi risadas fortes. Era um mundo completamente diferente aquele em que eu vivia agora, mesmo que ainda fossem os mesmos aposentos. Olhei no relógio em cima da minha mesa só para perceber que estava em cima da hora. Eu me levantei e deixei o escritório para trás, passando por todos os guardas conhecidos do corredor. Eles me cumprimentaram felizes, como sempre faziam no natal. Era declarado no castelo que todos deviam aproveitar o dia, mesmo que ainda estivessem trabalhando. E eles faziam questão de espalhar alegria, como Ames diria.
Bati na porta de Sebastian de leve e na hora me perguntei se meu pai diria que eu era um rei fraco por não conseguir nem bater com determinação. Não esperei ouvir alguém me falando para entrar, pois a conversa e as risadas de dentro eram altas demais para minha batida ter ganhado delas.
Charles me viu de relance quando eu entrei no quarto e se endireitou, sentado na cama de Sebastian. Esse estava sentado no chão e nem olhou para trás, seus olhos estavam grudados na tela da televisão.
"Posso ver que todos estão prontos," eu disse ironicamente.
"Majestade," Thomas respondeu, também só tirando os olhos da tela por um segundo para me olhar. "O senhor está chique."
"É claro," eu disse, olhando no meu relógio. "A ceia começa em dez minutos."
Fiquei esperando que eles entrassem em pânico ou alguma coisa, mas eles nem reagiram.
"Sebastian, sua mãe espera que você esteja pronto às sete em ponto," eu disse e ele só concordou com a cabeça. "Sebastian?"
"Eu estou pronto, pai," ele disse, apertando os botões do seu controle com tanta rapidez, que eu tive que olhar para a tela para ver o que ele queria tanto fazer.
O personagem que eu presumia que era seu estava subindo uma torre correndo. Nem era tão importante assim. Até que alguém atirou nele e ele caiu no mar, seu pedaço de tela ficando preto e branco.
"Uhul!" Thomas comemorou e depois deu um tapa nas costas de Renaldi, que lhe devolveu o cumprimento.
Os dois ainda estavam de uniforme.
"Woodwork," eu o chamei, fazendo-o se virar para mim por mais um segundo. "Você vai trabalhar hoje?"
"Tá louco?" Ele respondeu, depois se indireitou. "Quer dizer, não, Majestade. Meu irmão está vindo, tirei hoje de folga."
"Seu irmão vem?" Sebastian se interessou bem mais do que tinha se interessado pela minha presença. "Da hora, eu tava precisando trocar algumas técnicas com ele."
Os dois falavam um com o outro, mas na televisão eles tentavam se matar.
"É, ele vai ficar louco quando ver a sua pista!" Thomas falou, rindo alto.
Sem querer, meus olhos encontraram a tela da televisão. Vi quando o personagem de Charles atirou uma flecha de muito longe, pegando o de Thomas em cheio. Foi a vez de Sebastian agradecer o irmão e de Thomas de ficar desanimado. Acabei me sentando na cama, já nem olhando para outro lado.
Tinha entendido a missão. Era um simples pega-bandeira, mas com armas medievais. Charles não era bom nos momentos de pânico, mas ele seria um ótimo sniper. No videogame, é claro. Eu estava quase me perguntando se eu poderia jogar também, quando a porta se abriu.
"Ei, nem vem. Vocês já devem ter terminado mil jogos! É a nossa vez," era Gerad, que se sentou do lado de Sebastian, apesar de protestar.
Gustave entrou logo depois.
"Majestade," ele disse ao me ver. "O senhor está de próximo?"
"Não," Gerad se virou para nos olhar. "Desculpa aí, Maxon, mas Gustave e eu vamos entrar depois que a primeira dupla perder."
Ele fez um careta, como se aquilo perdoasse o jeito que ele falava comigo.
"Ninguém está de próximo," eu disse. "Vocês todos tem que desligar esse videogame e ir se arrumar. A America vai ficar louca da vida se vocês se atrasa- Você tá maluco?" Segurei Charles pelos ombros. "Vai pelo mar! A corrente está ao seu favor, você vai chegar lá muito mais rápido e aí você não arrisca- Isso. Você não arrisca alguém te vendo mexer os arbustos e te matando antes que você alcançasse as escadas."
"Uhul, passa o controle," Gerad falou para Sebastian, que não parecia nem um pouco afim de lhe entregar.
Charles não protestou quando Gustave pegou o seu.
"Vamos manter o cenário?" Ele perguntou.
"A gente podia jogar no castelo de Illéa!" Thomas sugeriu. "Nós somos os rebeldes do sul!" Ele parecia animado demais para querer ser um dos rebeldes.
"Nem vem," Gerad falou. "Os do norte tem as piores armas do universo!"
"Mas vocês tem muito mais resistência!" Thomas protestou. "A gente cai em dois segundos."
"Então por que você quer ser os do sul?"
"Porque nós temos as melhores armas do universo," Thomas sorriu para Gerad, que só revirou os olhos.
Sebastian eventualmente entregou seu controle e eu animei para ver uma partida acontecendo no castelo de Illéa. Ainda achava de mal gosto que eles fizessem graça dos rebeldes, mas tinha um certo conforto em pensar que era só um jogo.
Até que alguém bateu na porta. Fiquei esperando que a abrissem, mas a porta que se abriu era a que dava para o quarto de Nina.
"Bastian?" Ela chamou por ele, que se levantou animado e quase a derrubou com um beijo.
"Aaaaaaaawn," todos fizeram, debochando dos dois.
"Olha a inveja," Sebastian se virou por dois segundos para eles, mas a atenção de todos já tinha se voltado para os corredores do castelo.
"Chegou outro cartão postal," Nina disse, mostrando a Sebastian o que ela segurava. Vi quando o desânimo passou pelos seus ombros. "Você também não vai ler esse?"
Ele lhe deu um beijo no rosto e foi até o armário. "Eu preciso me arrumar," disse, finalmente me obedecendo.
"É de Amélie?" Eu perguntei e Nina veio se sentar do meu lado.
"Sim," ela disse, contente. "Vou ler para você, Bastian."
"E eu vou fingir que estou ouvindo," ele respondeu, indo para o banheiro.
Ela fez uma careta pra ele, mas depois se animou de novo para ler.
"'Querido Sebastian, lembra de quando eu tinha falado que aquele restaurante embaixo da ponte era o melhor do universo?'" Ela lia. "'Eu estava errada. Hoje entrei em um que era dentro de uma caverna. Cerveja quente e comida que parecia ter saído da terra. E todos os pratos eram DELICIOSOS. Tenho certeza de que você adoraria aqui na Nova Austrália. Espero que um dia tenha a chance de conhecer,'" Nina leu mais alto ainda quando Sebastian fechou a porta. "'Espero também que você me perdoe por tudo. Para sempre a sua AMIGA, Amélie.'"
"Ela parece estar bem," eu comentei.
"Também tem um da May e do Ethan," Nina disse, tirando outro cartão postal de trás do que ela tinha acabado de ler. "Você entrega pra rainha, Majestade?"
"Já falei para me chamar de Maxon," eu insisti, pegando o cartão da sua mão e o guardando dentro de meu blazer.
"Preciso me acostumar primeiro," ela olhou para o seu colo, um pouco tímida. Depois se levantou e foi até o mural de Sebastian, que costumava ser meu.
Como se estivesse em seu quarto, ela pegou um alfinete e prendeu o cartão de Amélie do lado de todos os outros da viagem que ela estava fazendo com May.
Mas seus olhos se perderam por todas as fotos até cair na sua da Seleção. Eu mesmo me levantei e tentei me aproximar sem me denunciar. Embaixo da sua foto, estavam alguns papéis dobrados. Ela se esticou e tocou neles, como se quisesse ver se eram de verdade. Mas aí minha sombra a fez se virar para mim. Ela sorriu, depois se virou e foi para o quarto dela, deixando a porta aberta.
Voltei a olhar para o mural, seguindos os cartões postais de Amélie. Era difícil saber exatamente como ela estava. Mas eu realmente esperava que a frustração da mãe dela não a afetasse para sempre. Se eu pudesse, faria o que fosse para que ela tivesse a própria vida. Talvez fosse hora de pensar em alguma coisa para quando a viagem acabasse. Voltar para a França talvez só a fizesse mal.
O barulho de alguém morrendo no videogame me fez voltar ao presente.
"Vocês tem dois minutos," eu falei. "Todo mundo lá embaixo. Renaldi," ele olhou para mim. "Vou deixá-lo no comando aqui. Faça todo mundo descer em dois minutos."
Ele concordou com a cabeça, antes de se virar de novo para a televisão e matar o personagem de Gerad, que xingou alto.
No meio de toda aquela bagunça, eu ouvi algumas risadas vindo do quarto de Nina. Era um pouco estranho, mas eu estava curioso para saber do que elas riam. Com uma pequena batida à porta, eu entrei para encontrá-la sentada com Gabrielle, Sophie e Melody na cama.
"Pelo menos as mulheres desse castelo estão prontas," falei, chegando mais perto delas.
"Nós passamos o dia inteiro nos arrumando, era de se esperar que estivéssemos conseguido terminar a tempo," Gabrielle disse e Sophie riu do seu lado.
Meus olhos caíram em Melody. "Melody, querida, mil desculpas por não ter participado de seu casamento," eu disse, fazendo-a ter que me mirar e suas bochechas corarem. "Eu queria muito ter ido, mas teve uma emergência-"
"Não se preocupe," ela me cortou, mais por educação do que pela falta dela. "O seu presente já era mais do que eu poderia aceitar."
"Imagino que estejam desfrutando bem da casa," suas bochechas ficaram ainda mais vermelhas. "Quer dizer, porque a piscina é enorme. E tem um jardim muito bonito. Deve estar te ajudando a ter inspiração para suas pinturas."
As meninas atrás dela riram, mas Melody parecia mais animada com o que eu tinha dito.
"Está ajudando mesmo!" Ela disse, contente. "Eu até consegui uma exposição."
"É mesmo?"
Ela concordou com a cabeça várias vezes. "Mandarei convites," disse, sorrindo para si mesma.
"Shh," Gabrielle pediu, aumentando o volume da televisão.
Até então, eu não tinha percebido que elas também estavam com os olhos vidrados em uma tela. Mas elas não jogavam videogame. Elas assistiam a um programa de fofoca.
"O casal mais badalado de Illéa está dando a maior festa do ano hoje, no Hotel Knout de Angeles," a mulher do programa falava, ao mostrar várias cenas de Abigail Neumann e Duck Knout. Tinha ouvido pela própria America que eles tinham se conhecido aqui no castelo durante a Seleção de Charles.
"A festa promete aparições ilustres de celebridades do mundo inteiro - principalmente de várias meninas que participaram da Seleção do Príncipe Charles com Abigail," a mulher continuou. Pude reconhecer algumas das selecionadas, mas seria inútil tentar lembrar do nome delas. "Infelizmente a festa não contará com a participação das duas novas princesas de Illéa-"
"Olha a gente ali!" Gabrielle praticamente gritou, segurando nos dois ombros de Nina e a chacoalhando.
Uma foto das duas com Charles e Sebastian na coroação de cada uma apareceu e a mulher continuou explicando que elas passariam o natal no castelo, com o resto da família real para um jantar tradicional.
Mesmo depois de anos como rei, ainda era estranho que soubessem assim da nossa vida.
"Mas elas não são as únicas selecionadas que não poderão comparecer para a festa de Duck e Abbie," a mulher na televisão apareceu pela primeira vez, sorrindo todos seus dentes para a câmera. "A grande amiga de Abbie, Sky Brodovisk está passando o seu natal em lugar bem mais quente com o seu namorado e companheiro de série, Jasper Ridley." Eles mostraram algumas fotos de Sky e Jasper em alguma praia e eu tive que rir sozinho. Ele parecia outra pessoa. Principalmente nas fotos em que ele assinava autógrafos. "O casal foi para o Rio de Janeiro passar as férias com os amigos em um clima bem mais quentinho."
Uma batida veio à porta, fazendo todas se virarem comigo para ver Enny Knout entrar.
"Olá," ela disse, até seus olhos me notarem. "Majestade," ela fez uma reverência mal feita.
Ia falar que não precisava daquilo, mas as meninas se levantaram correndo e foram abraçá-la, então nem tive chance.
Elas estavam tão entretidas, que eu resolvi não atrapalhar. Só falei para elas descerem logo e saí pela mesma porta pela qual Enny tinha entrado.
"Loric," falei, assim que o notei de costas apoiado na parede.
"Majestade," ele se desencostou e andou até mim para apertar minha mão. "Como está?"
"Bem," eu respondi. "Ainda está acompanhando Enny, imagino?"
Ele pareceu um pouco incomodado pelo que eu falei, dando de ombros apesar de sorrir para si mesmo. "Só quero ajudar no máximo que posso," disse.
"Entendo," falei. "E vocês vão na festa do hotel dela?"
Nós começamos a andar em direção às escadas.
"Vamos," ele respondeu. "Ela vai me apresentar para a mãe dela. Só veio para falar um oi mesmo."
"Apresentar para a mãe, isso é grande," dei-lhe um tapa nas costas, o que só o deixou ainda mais desconfortável. Mas era engraçado vê-lo daquele jeito.
"Não é o que você está pensando," ele disse, balançando a cabeça. Mas ainda não olhava para mim.
"O que eu estou pensando?"
Seus olhos encontraram os meus e ele deu de ombros de novo. "Somos só amigos," ele disse.
"Vamos lá, Loric, só sou eu aqui. Pode me falar o que for."
Nós paramos de andar e ele se virou para mim, esfregando a nuca conforme pensava no que diria. "Nós não temos nada, Majestade, é verdade," ele disse. "Mas eu quero acreditar que me apresentar para a sua mãe seja seu jeito de começar a pensar em mim como mais do que..."
"Amigo?" Completei para ele.
"Mais do que tudo que eu sou agora," ele me corrigiu.
Estava para dar um conselho qualquer, quando a porta de Sebastian se abriu. Espera ver todos saindo, mas só Thomas veio.
"Loric," ele disse, dando um abraço no amigo. "Majestade," me sorriu. "Não vai ter mais jantar?"
"Muito engraçado," eu falei e nós voltamos a andar, já mirando a escada. "America vai ficar mesmo muito feliz de saber que todos estão atrasados."
"Já teve alguma ceia de natal nesse castelo onde todos não se atrasaram?" Thomas perguntou. Nós já estávamos chegando ao segundo andar.
"Talvez quando meu pai ainda era rei," eu respondi.
Por alguns poucos segundos, um clima estranho se instalou entre nós. Até que Loric me deu um tapa de leve nas costas.
"Então está claro que o atraso é sinal de coisa boa," ele disse, rindo.
Quando chegamos ao primeiro andar, demos de cara com Aspen e Lucy, que entravam com sua filha mais nova, Elsa. Ela parecia dormir confortavelmente no colo da mãe, mas acordou quando Thomas deu um gritou alto.
Me virei para vê-lo correndo para o irmão mais velho, Kile, que entrava pela porta. Os dois se abraçaram e eu voltei a mirar a pequena Elsa, que abria os olhos, confusa com o que estava acontecendo à sua volta.
"Ela é a cara da irmã," eu comentei, quando Lucy, Aspen e eu começamos a andar em direção à Sala de Jantar. "Elena não vem?"
"Vem sim," Lucy disse. "Ela e Amelia ficaram se arrumando, mas me prometeram que estariam aqui às oito.
"São oito horas e dez," Aspen comentou.
"Não se preocupe," eu falei. "A ceia está marcada para às oito e meia. Eu só falei oito para que ninguém realmente se atrasasse dessa vez."
Aspen concordou com a cabeça, sorrindo com o meu plano. "Ótima ideia, Maxon."
"Obrigado," falei, retornando o sorriso. Nós tínhamos chegado à sala de jantar e eu segurei a porta aberta para Lucy e ele. "Só estou achando que ano que vem vou ter que marcar para uma hora antes."
"Se até nós que passamos os últimos meses viajando conseguimos chegar," Lucy disse, "é tudo uma questão de organização."
"É difícil querer organização no natal," eu falei. "Falando nisso, vocês não estão um pouco cansados, não? Deve ser incrivelmente exaustivo viajar com uma menininha tão nova," por instinto levei meu dedo à pequena mão de Elsa, que a segurou com toda a força que tinha.
"Sim, MUITO!" Lucy exclamou, seu cansaço claro em sua voz.
"Ótimo," eu disse, fazendo-a me olhar esquisito. "Aspen, eu queria te pedir para voltar a trabalhar comigo. Agora que vamos trazer mais famílias para morarem aqui, preciso ter certeza de que não tem nenhum canto do castelo que nós não conhecemos."
Ele pareceu pensar por um segundo, mas depois falou, "Posso responder mais tarde?"
"Pode responder daqui uma semana," eu disse. "Estou de férias até lá, sabe."
Ele riu. "Rei tirando férias. A que ponto nós chegamos?"
Olhei de relance para America, que estava no canto da sala, falando com algumas criadas. De repente, não tinha mais nada no mundo que eu precisava fazer. Só ficar perto dela. Ia começar meu caminho até onde ela estava, mas um barulho me chamou atenção para a porta.
Era Elena e Amelia, filha do meio de Marlee, entrando com Thomas, Kile e seu pai, que me cumprimentou quando passou por nós. As duas garotas conversavam e riam alto, as duas da mesma idade. A universidade tinha feito bem a elas, que pareciam mais donas de si. Aspen foi até a sua filha, colocando seus braços em volta de Elena e a abraçando. Logo Lucy se juntou a elas.
Eu me virei de novo para America, que parecia alheia a todo o barulho. Logo que ela se virou e encontrou meu olhar, eu senti um toque no meu ombro.
Era uma criada que parecia bastante incomodada de ter que me tocar.
"Pois não?" Pedi.
"O rei da Alemanha chegou, Majestade," ela fez uma reverência e já se colocou de lado para que eu andasse até o hall de entrada.
Eu hesitei um pouco, voltando a olhar para America por cima do meu ombro. Ela tinha voltado a falar com outras criadas. Talvez nosso encontro pudesse esperar.
Me virei de novo para a porta e andei, passando por ela e continuando meu caminho pelo corredor até chegar ao hall.
Dois, quatro, seis, oito criados entraram, usando seus uniformes específicos que os destacava no meio dos nossos criados. E logo depois deles, Rei Theodore da Alemanha e a Rainha Melissa.
Como se elas tivessem esperado por aquele momento para descer, as meninas apareceram na escada na mesma hora.
"Melissa!" Várias delas gritaram e correram pelos últimos degraus para chegar à amiga.
Elas riram e conversaram todas ao mesmo tempo de um jeito que me impedia de entender uma palavra que falavam. Mas eu entendi bem quando Melissa levou as duas mãos à barriga e exibiu a menor das saliências. Mesmo assim, foi o suficiente para todas a abraçarem e rirem mais ainda.
Minha mãe teria adorado aquilo. Era realmente um feriado onde a única ordem era trocar risadas e aumentar a família.
"Maxon," ouvi alguém me chamando e levantei os olhos para ver Theodore.
"Theodore," apertei a sua mão. "Acho que lhe devo parabéns."
Ele riu, se virando para olhar para a sua mulher por um segundo. "Obrigado," disse, voltando a me olhar. "Algum conselho?"
"De verdade?" Perguntei só para ganhar tempo para responder. Eu não tinha mil conselhos. Eu não sabia onde eu tinha acertado e o que podia ter feito para melhorar. Só tinha uma coisa na qual eu conseguia pensar. "Seja honesto," disse. "Com seu filho ou filha. Se você explicar seus motivos, talvez ele entenda. E perceba que você está do lado deles. Foi o meu jeito de saber que eles correriam para mim e não para longe de mim quando fizessem algo errado."
Theo me mirou sério e depois de um segundo sem falar nada, ele assentiu uma vez. As risadas das meninas chegaram até nós, conforme elas andavam pelo corredor. Melissa já parecia uma rainha, uma mãe, como se tivesse sido feita para aquilo. Ela me fez um pequeno aceno de cabeça quando se passou por nós e Theo e eu seguimos todas até a sala de jantar de novo.
Nós mal tínhamos entrado, quando America chamou a atenção de todos.
"Agora que eu vejo que todos estão aqui," ela começou, me fazendo virar para trás para encontrar Sebastian, Charles, Gustave e Gerad, todos entrando ainda arrumando suas próprias gravatas e camisas, "tem alguém que gostaria de mandar uma mensagem para vocês."
Ela tinha um controle em sua mão, que mirou para uma tela colocada atrás da mesa.
"Olá!" Era a selecionada que tinha fugido para a Irlanda. Ela acenava para todos e o Príncipe Jack estava ao seu lado, também sorrindo para nós.
As meninas todas ficaram loucas de felicidade, perguntando se ela podia vê-las.
"Infelizmente, nós tivemos que gravar esse vídeo antes por causa do fuso horário," Arya respondeu como se pudesse ouvi-las. "Mas eu só queria dizer que eu amo muito vocês meninas. E que eu estou morrendo de orgulho de vocês, Gabrielle e Nina! Vocês realmente mereciam ganhar a Seleção! Acho que deu certo para as duas! Um pouco de sorte e risco não faz mal para ninguém, não é? Quer dizer, se eu não tivesse arriscado tanto, talvez eu não estivesse aqui," ela abriu os braços. "Mas eu estou. E valeu a pena. E eu tenho certeza de que vocês concordam que às vezes você só precisa de um pouco de medo e um pouco de coragem!"
"Ary," o príncipe falou do seu lado.
Ela parou de falar na hora e se virou para olhá-lo. Os dois ficaram hipnotizados um pelo outro por um segundo. Até que ele fez um aceno com a cabeça em direção à câmera e ela se lembrou do que estavam fazendo.
"Ah, eu andei recebendo a carta de vocês!" Ela continuou. "Fiquei feliz de saber que vocês tinham recebido as minhas! E para responder a pergunta que TODAS me fizeram, não, o povo aqui não gostou nem um pouco de saber que uma menina de Illéa tinha conquistado o príncipe. Eu pessoalmente acho que as meninas aqui estavam esperando que depois de Jack ter ido para Illéa, ele fosse decidir que uma seleção para elas seria uma ideia boa. Nope. Melhor para mim," ela deu de ombros, fazendo todos rirem, até o príncipe do seu lado. "Nós tivemos que passar um mês dando entrevistas e conquistando o público, mas eles finalmente superaram que eu não nasci aqui. E também pararam de reclamar que nossa fuga pudesse dar problema para o país com Illéa. Charles, seja bonzinho e não me odeie. Você nunca me quis. E eu achei alguém que me quisesse."
Na hora, eu me virei para olhar para o meu filho, que deu de ombros, tentando esconder que aquilo o deixava constrangido.
"Eu só queria mesmo falar que eu amo vocês e que queria muito estar passando o natal aí!" Arya continuou. "Não vou falar muito mais, senão talvez eu não pare hoje. Mas quem quiser vir me visitar, SÃO BEM-VINDOS. Por enquanto, é melhor nós dois mantermos nossos pés aqui. Ou então os irlandeses podem achar que nós somos vida louca e que nunca vamos ser responsáveis o suficiente para comandarmos o país. O que não tem nada a ver. Na verdade, eu realmente acredito que viajar bastante faz a pessoa ser-"
"Ary."
"Ah, desculpa," ela parou. "Bom natal, gente. E eu vou ficar esperando as visitas, hein?" Ela mandou um beijo para a câmera e Jack só acenou. E logo a tela ficou preta.
As meninas estavam suspirando e comentando como Arya estava linda, quando Marlee entrou pela porta lateral perto de America.
"Nós vamos servir o jantar ou vamos abrir presentes primeiro?" Ela perguntou.
Aquela era a calmaria antes da tempestade. Assim que ela sugeriu abrir os presentes, todos enloqueceram, correndo para o Grande Salão. Eu olhei para America, uma das últimas ali comigo.
"Presentes então?" Eu perguntei para ela, que deu de ombros, derrotada, mas até quase se divertindo com isso.
Ia esperar que ela me acompanhasse, mas Theodore se colocou ao meu lado antes que ela chegasse até mim. Eu tive que fazer o meu caminho até o Grande Salão ouvindo sobre como a nova política econômica dele era revolucionária. Fiquei repetindo na minha cabeça que estava de férias, mas ele às vezes falava algumas coisas que me faziam me perguntar se não existia a possibilidade de tentar implementar em Illéa.
Quando chegávamos ao Grande Salão, outro grupo de pessoas se juntou a nós, vindo do hall de entrada. Reconheci os pais de Gabrielle, que pararam para me cumprimentar. Já fazia algum tempo que eles vinham quase toda semana para falar do casamento dela e de Charles.
Além deles, o pai de Nina também veio me cumprimentar. Eu só não estava esperando os dois meninos que correram pelo corredor querendo tocar em tudo.
Duas criadas tiveram que levá-los até o Grande Salão antes que eles quebrassem alguma coisa. O resto das pessoas já tinha se deslocado para lá. Quando eu entrei com Theodore, quase todos estavam sentados em volta da árvore enorme que estava bem no meio. Os presentes quase ganhavam dela em tamanho, mas todos estavam preocupados com uma pilha de vários do mesmo tamanho e do mesmo papel de embrulho.
Quando cheguei mais perto, ouvi Melody explicando que devia ser o livro de Melanie, uma selecionada que tinha usado a sua experiência para escrever uma história de ficção.
Até eu queria ler. Mas aquele momento era deles e eu não queria estragar. Fiquei de longe, fingindo ouvir o que Theodore falava, observando o pai de Nina conversando com Sebastian.
Confesso que até senti um pouco de ciúmes. Eles pareciam amigos de longa data e eu nem sabia como aquilo tinha acontecido.
Do outro lado da árvore, Charles e Gabrielle conversavam com os pais dela.
Eu pedi desculpas para Theodore, mas fui na direção deles. Não para falar com eles, mas para pegar uma bebida que estava logo atrás deles. Pude ouvir um pouco da conversa deles.
Não falam nada de mais, só coisas do casamento. Comida, cor, data. Mas quando terminei de me servir um pouco de vinho e me virei para olhá-los, a irmã mais nova de Gabrielle reclamava alto com a sua mãe.
"Mas mãe!" Ela praticamente chorava. "Se eu perder essa turnê, não vai ter mais o que Annabel fazer para me manter na companhia!"
"Você é muito nova, Valentine, desista," sua mãe era rígida, mas muito educada com todas as outras pessoas.
"Eu vou fazer dezoito anos ano que vem!" Valentine insistiu.
"Você faz dezoito em Julho," sua mãe falou. "A companhia de balé começa a turnê em Janeiro. Não é a mesma coisa, Valentine. Desista!"
"Eu não vou desistir," ela cruzou os braços à sua frente. "É o meu sonho, eu NUNCA vou desistir!"
Sua mãe suspirou e eu pude ver que Gabrielle sentia em ter que ver as duas assim.
"Mãe," ela disse, apoiando sua mão no ombro dela. "Pensa pelo menos, dá uma chance. Conversa com os organizadores. Pode ser uma oportunidade única para Valentine."
Essa já se iluminava do lado da irmã.
A mãe delas olhou de uma para a outra. "Está bem," ela disse. "Vou PENSAR. Não prometo nada."
Mas era o suficiente para Valentine, que bateu várias palmas em poucos segundos e pulou baixinho.
Corri os olhos de novo pelo salão, procurando America, que abraçava Marlee depois de receber algum presente dela. Kile e Gustave olhavam o que parecia ser um presente que Gustave tinha ganhado, enquanto os irmãos pequenos de Nina ainda corriam por aí com as criadas atrás deles. Amelia e Elena estavam sentadas um pouco afastadas, como se não se importassem com tudo que acontecia, enquanto Sebastian caçava os presentes que tinham o nome dele e Nina se ocupava de seu pai.
Estava observando Thomas e Melody conversando com Enny e Loric, quando alguém me deu um tapa no ombro.
"Feliz natal, Majestade," era Gerad, que vinha com Aspen até a mesa de bebidas.
"Feliz natal, Gerad," sabia que ele tinha falado só de brincadeira, mas não queria lhe dar a satisfação.
"Parece que todos estão arranjados, não?" Aspen perguntou, abrindo um dos vinhos e despejando em sua taça.
De longe, uma das criadas que corria atrás dos irmãos de Nina percebeu que nós estávamos nos servindo e nos olhou em pânico, já começando a correr até nós. Mas eu a parei com um gesto e logo que um dos gêmeos derrubou uma cadeira, ela voltou a se ocupar deles.
"Só faltou a sua filha," Gerad disse, levantando as sobrancelhas para Aspen logo antes de tomar um gole de seu vinho. "Se eu soubesse que ela estava solteira, talvez tivesse esperado um pouco mais para arranjar uma namorada."
"Nem brinca," Aspen disse, lhe dando um tapa no ombro que o desequilibrou por um segundo, quase fazendo-o derrubar vinho em sua camisa. "Mas você parece muito bem encaminhado."
Gerad deu de ombros, depois de se certificar que sua camisa não tinha sido afetada pelo vinho. "Eu tenho que dar graças a deus, isso sim."
"Por quê?" Perguntei, buscando no salão pela namorada dele, que conversava com Melissa um pouco afastado de Theodore. Ele quase me viu olhando para eles, mas tentei me ocupar o suficiente de Aspen e Gerad para não voltar a pensar em negócios.
"Nós tivemos o pior primeiro encontro do universo," Gerad disse, balançando a cabeça.
"Vai, não pode ter sido tão ruim assim," Aspen falou.
Mas Gerad concordou com a cabeça. "Foi. Foi terrível. Eu coloquei fogo no menu do restaurante. Choveu o tempo todo que eu tinha marcado para o piquenique e Sophie passou mal com o sushi."
"Isso é ruim," eu falei.
"Eu nem sei como ela me deu uma segunda chance," Gerad riu sozinho e eu o vi procurando por ela também. "Mas ela deu."
Nós ouvimos quando Elsa começou a chorar no colo de Lucy e Aspen correu para ajudá-la, assim como America.
"Você não pensa em ter mais um?" Gerad perguntou, também observando todos em volta da pequena Elsa.
"Deus me livre," soltei sem pensar. Nós rimos juntos. "Não que seja algo ruim. Pelo contrário. É como se uma parte de você tivesse sido separada para isso a sua vida inteira. E você só entende isso quando você começa a usá-la." Eu me virei para olhá-lo. "Ter filhos é a coisa mais assustadora do mundo, Gerad, não se engane. É assustador e tem tudo para dar errado o tempo todo. Mas de certo modo, às vezes dá certo. E cada problema vale a pena. Depois de ter filhos, você nunca vai querer nem lembrar de quem você era antes."
"E por que você não quer ter outro?"
"Passei da idade," eu respondi, voltando a olhar para a America. "Tudo tem seu tempo. Talvez se America e eu não tivéssemos perdido a nossa primeira, nós teríamos tido mais até depois de Sebastian. Mas olha para isso," eu apontei com as minhas duas mãos para todos que estavam ali. "Tem como eu querer mais do que isso?"
Me virei para olhá-lo, mas ele não parecia ter uma resposta. Só se ocupou em terminar sua taça de vinho. E logo depois, Sophie chegou perto de nós, perguntando para ele se ela não podia lhe dar seu presente.
Todos estavam ocupados e eu voltei a sentir aquela melancolia das festas especiais. Sem deixar a minha taça, comecei a andar para a varanda. Não parei até estar sentado no banco onde America e eu tínhamos nos conhecido. Me sentei olhando para a floresta, esperando que meus olhos se acostumassem com a escuridão.
"Ei," ouvi atrás de mim e me virei para encontrar bem ela, que não parecia se importar de arrastar seu vestido até o nosso banco. "Está tudo bem?"
Ela se sentou virada para o castelo e eu me virei para olhar para ela. "Está," eu disse, pegando na mão dela. "É só que, vendo todo mundo aqui-"
"Você lembra de quem não está?" Ela perguntou, encontrando os meus olhos. Ela tinha uma doçura nos seus que era o suficiente para me confortar. Concordei com a cabeça. "Eu gosto tanto de ver que a nossa família só cresce," ela disse, se virando para olhar para dentro do Grande Salão. "Mas eu também não consigo me esquecer de quem eu queria tanto que estivesse aqui."
Quando ela voltou a me olhar, seus olhos estavam cheios de lágrimas. Eu senti um aperto no peito de tê-la feito pensar em seu pai. Não queria vê-la chorando.
"Mas isso é maravilhoso, Maxon," ela continuou antes que eu pudesse falar alguma coisa. "Todo dia eu acordo e preciso de alguns minutos para me lembrar de onde estou."
"Do castelo?"
"Do seu lado," me corrigiu. "Com você. Com Charles e Sebastian. Eu não sei o que eu fiz para merecer essa vida, mas eu nunca vou conseguir explicar o quão grata eu sou por ter a chance de envelhecer do seu lado-"
Ela mal conseguia falar, quase engasgando com suas lágrimas. Não pude ficar longe dela mas nem um segundo. Me sentei mais perto, até meus braços estarem em volta dela e sua cabeça estar apoiada em meu ombro.
"Não se engane, Ames," eu disse, baixinho. "Quem tem sorte aqui sou eu de ter você comigo."
Ela se agarrou em meu blazer, passando seus dedos em um carinho delicado, enquanto observava a festa.
"Ei," eu chamei e ela levantou o rosto para me olhar. "A gente só está começando, Ames," falei. "Pode esperar que ainda vão ter vários natais e várias oportunidades de acrescentarmos mais algumas pessoas à nossa família."
Ela sorriu, satisfeita. "Espero," disse, logo antes de se inclinar para mim e deixar seus lábios pousarem nos meus.
Tudo em mim que tinha estado melancólico poucos minutos atrás parecia acender com seu beijo. Era como se fosse a primeira vez. Sentia meu estômago dar reviravoltas e eu só queria poder abraçá-la mais, beijá-la mais, começar do zero. Nada mais no mundo importava, nada no mundo existia. E para que existiria? Eu só precisava dela.
Assim que ela se afastou de mim, ela sorriu. "Só estamos começando," ela repetiu.
"Só começando."


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Notas finais do capítulo

Acreditem. Isso é tão triste para mim quanto é para vocês. Quando eu marquei 'sim' na pergunta, 'Fanfic Terminada', me deu um aperto no coração!
Mas também me deu satisfação. Mesmo que não esteja perfeita, é muito bom poder ver que eu consegui terminá-la como eu queria. E mais, porque não foi uma batalha. Foi ótimo. Tão bom que eu não vou conseguir parar tão cedo.
Foi uma jornada muito incrível. Eu nem gosto muito de usar a palavra jornada, mas é verdade. A fanfic fez três meses dia 20. Três meses. Três meses e cinco dias do começo ao fim. Estava passando pelas minhas anotações e, pelo caminho, eu fiz diversos finais. Até me perguntei se deveria mostrar para vocês. Mil rumos que a fanfic poderia ter tomado. Mas acho que, no final das contas, eu escolhi o melhor. Nem sei se eu mesma que escolhi ou se foi escolhido por mim. Só sei que eu não mudaria nada. Nada.
Estou me despedindo dessa fanfic. Mas vocês sabem que nós SÓ ESTAMOS COMEÇANDO, não é? Hoje mesmo eu vou começar a pensar na próxima fanfic. Hoje mesmo eu vou postar no grupo da nova pedindo para criarem personagens. Se vocês quiserem participar, procura o grupo no Facebook. Chama "Do Outro Lado do Oceano", que será o nome da próxima fic. Se você também não participa do grupo dessa, super aconselho. Chama "Quando a Chuva Encontra o Mar". Também tem uma página no Facebook, para vocês se manterem atualizadas. O grupo tem spoilers, mas a página não.
Lá é onde eu vou postar pedindo para criarem personagens. E onde eu vou pedir a opinião de vocês para tudo que der! É o meu jeito de deixar a fanfic interativa.
Não se esqueçam de nos procurar no twitter @gotinhasdalaura e no tumblr: quandoachuvaencontraomar. Vale a pena o tumblr, de verdade!

Por último, eu só queria agradecer todos vocês que conseguiram me acompanhar nesses últimos três meses. Mesmo que vocês tenham ouvido falar da fic há três dias, vocês ainda leram CENTO E CINQUENTA CAPÍTULOS. Já posso falar que vocês são mais guerreiros do que quem só leu A Seleção! Eu não sei direito como eu faço isso, não entendo bem porque vocês acham a história tão envolvente. Mas eu amo tanto escrever! Mesmo que saia medíocre e eu fique pensando que poderia sair muito melhor. Eu ainda faço com carinho. E pressão de vocês. Haha, mesmo sem querer, eu sempre me preocupo com a opinião de vocês. Eu quero que vocês gostem. Quero que amem! E em capítulos como esse, eu MORRO DE MEDO de vocês acharem algum problema, de não gostarem de alguma coisa. Mas vocês só me dão mais vontade de escrever quando vocês comentam coisas gracinhas!
Eu poderia passar o resto da vida aqui, mas eu nunca conseguiria explicar a diferença que vocês fazem na minha vida! Só espero mesmo que essa amizade, essa relação de escritora-leitores esteja só começando! Quero carregar vocês para o resto da vida.
Espero que depois de cento e cinquenta capítulos (ou cento e quarenta e nove?), esse epílogo esteja à altura! Se eu tiver deixado alguma pergunta sem resposta, me fale nos comentários!

Só um pedido: eu sei que tem muita gente que não gosta de comentar. Mas esse é o último capítulo! A fanfic está terminada. Então se der para vocês comentarem me falando o que acharam, de tudo, de bom, de ruim, do que pode ser melhorado, comentem! Faz muita diferença pra mim!
Obrigada de novo por lerem! Até àqueles que vão insistir em continuar fantasmas (:
Vejo vocês na próxima fanfic? Do Outro Lado do Oceano.



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