Quando a Chuva Encontra o Mar: Uma Nova Seleção escrita por Laura Machado


Capítulo 149
Capítulo 149: POV Nina Marshall




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Eu. Eu que estava faltando.
Sebastian pegou na minha mão antes que eu pudesse responder e nós saímos correndo para onde quer que ele me guiasse. Quando finalmente chegamos a um lugar com teto, percebi que era o estábulo. Mais pelo cheiro do que por qualquer outra coisa.
"Romântico," eu disse, rindo sozinha.
Estava certa de que nós só tínhamos parado ali para fugir um pouco da chuva. Mas quando ele se soltou de mim, ele andou direto até onde algumas selas estavam penduradas.
"Majestade," um criado soltou, completamente surpreso de vê-lo ali. Ele tinha estado sentado no canto do estábulo, mas se levantou correndo e lhe fez uma reverência. "Há algum problema?"
"Só um," Sebastian puxou uma das celas e algumas das outras coisas penduradas caíram nele, fazendo o criado entrar em pânico. E eu também. "Preciso de Sonne."
"Majestade vai cavalgar com chuva?" O criado perguntou, o ajudando apesar da sua relutância.
"Nós vamos," Sebastian respondeu, se virando para olhar para mim.
Seus olhos ficaram presos nos meus por alguns segundos a mais do que o necessário. Era quase como se ele tivesse se esquecido do que nós tínhamos ido fazer ali. Mas logo voltou a si e se virou para o criado.
"Dois segundos, John," ele disse. "Você tem dois segundos para preparar Sonne para nós."
"Para nós irmos onde?" Eu perguntei, enquanto o criado entrava em pânico e corria para cumprir sua ordem. Andei devagar até ele, segurando minha saia com as duas mãos. Não queria que a ideia de Sebastian estragasse o vestido de minha mãe.
"Segredo," ele disse, se inclinando para me dar um beijo rápido.
Demorou mais do que dois segundos, mas quando nós finalmente subimos no cavalo, a chuva tinha aumentado. Eu já estava com medo de ter que cavalgar - uma coisa que eu nunca, nunca tinha feito antes - mas saber que nós estaríamos fazendo qualquer que fosse o caminho em solo molhado, eu ficava ainda mais nervosa.
"Tem certeza disso?" Perguntei, me agarrando ao blazer de Sebastian.
Ele deve ter ouvido o medo na minha voz, pois riu de leve. "Você não tem?"
"Eu tenho certeza de que não quero morrer hoje," respondi e coloquei meus braços em volta da sua cintura. Eu o abracei o mais forte que podia, mas ainda não parecia o suficiente. "Seria irônico demais."
Ele riu mais alto ainda, se virando do jeito que dava para me dar um beijo na testa. Tive que largar um pouco dele para que ele conseguisse, mas valeu a pena. Nos dois segundos em que nossos olhos se encontraram, eu esqueci da chuva lá fora e me concentrei naquela à qual estava agarrada.
Mas o caminho não ajudou a me acalmar. Sonne era calmo e Sebastian parecia controlado. Mas para alguém que só tinha andado de carro até então, cavalo era um meio de transporte bastante instável.
Depois de minutos de medo agarrada ao que podia dele, ouvi Sebastian me dizendo que tínhamos chegado.
Pelos meus cabelos molhados, abri meus olhos e vi o mar. Era eu que faltava.
Ele correu para descer do cavalo e me ajudar também. Não aterrisei muito bem, mas eu estava no chão e estava feliz por isso. Ele nem se deu o trabalho de amarrar Sonne. Assim que nossos pés estavam juntos na areia, era só nós dois ali.
Senti uma euforia de sair correndo. Mas alguma coisa no meu coração me dizia para andar devagar, para olhar para ele com cuidado, para respirar com calma. Eu queria poder aproveitar cada um dos segundos daquele momento. Eu queria poder vivê-los ao máximo, sem deixar nenhum detalhe, nenhum pedacinho perdido.
Assisti quando Sebastian correu para o mar e ri do jeito que ele quase perdeu seu equilíbrio quando uma onda bateu nele.
"Acho melhor eu dobrar a barra da minha calça," ele disse, já se inclinando para baixo.
"Não acho que fará diferença," eu comentei e ri de novo, quando outra onda bateu nele e ele caiu de joelhos na areia.
"É, acho que já era," ele concordou. "Minha calça está molhada. Eu sou um homem casado e minha calça está molhada."
Não tinha ideia do que era para ser tão engraçado naquilo, mas não tinha nada em mim que conseguia resistir à minha vontade de rir. Joguei minha cabeça para trás, sentindo a minha felicidade correr pela minha garganta, livre e alta, ecoando pelo céu aberto da praia deserta.
Até que senti a chuva na minha boca, nas minhas bochechas, gotas geladas quebrando o calor da minha pele. Baixei o rosto para olhar para ele, que me observava.
"Você é um homem casado," eu concordei.
Ele fez uma careta. "Podia jurar que nunca ouviria alguém me falando isso."
"Mas você é," eu continuei andando até ele.
"Putz," ele esfregou a nuca, fazendo outra careta. "Já era, né? Não dá pra voltar atrás?"
Senti um impulso de empurrá-lo e foi isso mesmo que eu fiz. Ele riu alto, caindo para trás bem na hora em que outra onda chegava até ele, essa puxando a saia do meu vestido para longe de mim.
Eu o senti colando em minha perna, a força da água quase me fazendo cair do lado de Sebastian.
"Você quer voltar atrás, é?" Eu perguntei. "Acho que ainda dá, o casamento ainda não foi consumado. Uma anulação seria fácil."
Ele se sentou de volta em suas pernas e olhou para cima até encontrar meus olhos. Eu tinha minhas mãos na cintura e fazia a minha melhor cara de brava. Era até bem difícil, quando tudo que eu conseguia pensar era que ele era a coisa mais linda do mundo.
"Se a gente consumisse esse casamento, não teria como anular?" Ele perguntou.
Eu dei de ombros. "Acredito que não."
Assim que eu terminei de falar isso, ele se levantou só o suficiente para pegar na minha mão e me puxar para baixo. Sem conseguir me equilibrar, eu só percebi o que estava acontecendo quando já estava deitada com ele em cima de mim.
"Então eu acho que é melhor nos apressarmos," ele disse, beijando meu pescoço. "Não queremos que alguém encontre um detalhe para uma anulação."
Não sabia se era o toque de sua respiração na minha pele ou se o jeito que ele tinha me puxado, só sabia rir e abraçá-lo.
Mas a chuva começou a piorar ainda mais e estava difícil ignorá-la ali, deitada. Então eu o empurrei para a areia do meu lado, logo que uma onda chegava até nós. Eu consegui me levantar a tempo, mas ele não. Ela o engoliu e eu me safei.
"Você acha que eu sou tão fácil assim?" Eu perguntei, tentando me levantar completamente na areia molhada que afundava embaixo dos meus pés. Tirei os sapatos que usava e os joguei para longe, enquanto Sebastian se recuperava da água que tinha bebido.
Senti dó dele por um segundo. Mas quando ele esfregou o rosto e me olhou com o maior sorriso do mundo, fiquei feliz de ter conseguido ser forte. Ele se colocou de pé, com uma cara de quem se preparava para atacar e eu senti a euforia de fugir tomar conta de mim.
Corri para longe, pulando as ondas como conseguia, segurando meu vestido, sabendo e rezando para que ele me alcançasse. Já estava bem longe quando senti suas mãos na minha cintura. Ele me puxou para baixo até eu mergulhar quase minha cabeça toda. Eu não conseguia parar de rir! Nem embaixo d'água. Quase engoli um bom tanto, mas minha garganta não cansava, minha bochecha gostava da dor. Eu ria e ria. Era como se eu tivesse sido enfeitaçada ou algo assim!
Quando consegui colocar os pés no fundo, que nem estava tão longe assim, tentei empurrá-lo para baixo também, mas ele me abraçou, quase me fazendo sentar em seu colo.
"Você é impossível," ele disse, rindo na mesma vontade que eu.
Seus olhos encontraram os meus e eu parei de tentar jogar água nele ou fazê-lo mergulhar.
"Olha só," eu disse, na mesma hora em que percebi. "Você estava errado. Você estava completamente errado."
Ele inclinou a cabeça um pouco, franzindo a testa, um segundo antes de perceber uma onda vindo e me levantando para que ela não pegasse em mim. Eu me agarrei em seu pescoço. E assim que nós estávamos de volta dentro da água, assisti como as gotinhas de chuva à nossa volta desenhavam na água do mar.
"No que que eu estava errado?" Sebastian perguntou, quando percebeu que eu não falaria sozinha.
Dei de ombros. Como se não fosse nada. Mas por dentro eu estava LOUCA para falar.
"Quando te conheci," comecei, "você me disse que caras como aqueles dos livros que eu lia não existiam. E você estava errado," fiz meus olhos encontrarem os seus. "Você existe, Sebastian. E você nem percebia que você era um deles. Nem percebia que era o melhor deles."
Minhas mãos deslizaram pelos seus ombros até estar segurando seu rosto.
"Você tem ideia do que você fez?" Eu perguntei. "Você conseguiu derrubar cada uma das barreiras que eu coloquei entre nós."
"Isso não foi nada," ele disse. "Você conseguiu derrubar cada uma das barreiras que eu coloquei entre eu e o resto do mundo. Isso sim."
Não consegui evitar. Assim que ele falou isso, eu me inclinei para ele e lhe dei um beijo. Até senti uma onda batendo em nós, mas ele nos manteve firme no lugar e eu coloquei minhas pernas em volta dele para que elas se sustentassem.
"Sebastian," eu disse, me afastando dele, apoiando minha testa na sua.
"Eu adoro como você fala meu nome."
Abri os olhos para olhar para ele. Agradecia qualquer elogio. Era como se nunca conseguisse me contentar, como se ainda fosse a primeira vez que ele olhava para mim.
"Você ainda ganha," eu disse. "Eu tinha mil sonhos. Mil vontades, mil desejos. E você conseguiu ganhar de todos. Você conseguiu me fazer sentir o que eu mais queria na minha vida," segurei de novo seu rosto com as duas mãos. "Você entende isso?" Perguntei, o mirando séria. "Você entende que de todos os livros e histórias de amor que eu já li na minha vida - e foram muitas,- nenhuma vai ganhar da nossa. Nenhuma nem chega perto. Você é muito melhor do que todos os meus sonhos."
"Você é muito melhor do que todos os meus medos," ele completou logo antes de juntar meus lábios nos seus.
Nos meus ombros, senti a chuva ficar mais forte, mais frequente, mais pesada. Até as gotas pareciam ter crescido. Mas eu estava tão entretida em me perder em seu beijo, que só fui me preocupar quando outra onda nos atingiu e ele não conseguiu nos segurar forte o suficiente para não deixá-la ficar entre nós.
Foi quando eu olhei em volta e percebi que o céu já estava quase completamente escuro e que o choque das gotas de chuva no mar me dava até um pouco de medo.
"Por que você tá fazendo isso, Regen?" Eu perguntei para ele, nadando até estar confortavelmente de volta em seu colo. Os poucos segundos em que a água gelada substituiu o toque da pele dele me fez sentir um aperto no coração. Ele estava logo ali. E eu já estava com saudades.
"Não sou só eu, Meer," ele disse e uma onda passou por nós para ajudar em seu argumento. "Isso é o que acontece quando a chuva encontra o mar."
Eu coloquei meus braços em volta de seu pescoço de novo, dessa vez o abraçando tão forte que não precisaria de mais do que um suspiro para meus lábios estarem nos dele.
"Mas isso é assustador," eu disse, assim que ouvi alguns trovões de longe.
"Não," ele afastou uma mecha do meu cabelo que estava grudada em minha testa até estar segurando minha nuca. Era hipnotizante o quão confortável eu me sentia em seus braços. "Isso é maravilhoso."


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Notas finais do capítulo

Esse é oficialmente o último capítulo da fanfic. Mas não oficialmente ainda tem um epílogo! Então relaxa que eu ainda vou explicar tudo que acontece com cada uma das selecionadas importantes - NO NATAL. Pois é, vou soltar esse spoiler. O epílogo acontece no natal. E é do ponto de vista do Maxon Schreave! Eu estava guardando o pov dele, gente, eu não tinha me esquecido de um personagem tão, tão importante!

Mesmo que eu não explicasse completamente o que acontece com cada selecionada, a próxima fic que vem aí é uma continuação dessa. Então vocês ainda vão ver vários dos personagens dessa na próxima. Mas ainda é uma fanfic nova, então apesar de Sebastina e Charlielle e outros casais aparecerem, não vai ser o foco da fic, ok? Só para vocês não ficarem muito ansiosos! Haha.

Para quem não sabe, a fanfic vai se chamar "Do Outro Lado do Oceano". Não, não vai ter nada a ver com a Amélie. Ou nenhuma das selecionadas. Vai ser a história de uma seleção masculina! Haha, eu estou soltando ALGUNS spoilers hoje, não?
Nós já temos um grupo no facebook. Mas eu só vou começar a pensar na fanfic depois de terminar essa (sim, meu cérebro toma conta de vez em quando e fica difícil eu controlar. Mas estou tentando não pensar muito na fanfic nova!). Eu ainda vou tirar férias entre terminar essa e começar a próxima. Mas o grupo é o melhor jeito de vocês conseguirem dar suas opiniões ou CRIAREM SELECIONADOS (já disse que só vou começar com toda a brincadeira depois de acabar essa fanfic aqui? Haha, é difícil controlar!).

Não esquece de nos procurar no twitter (@gotinhasdalaura), no tumblr (quandoachuvaencontraomar), no facebook (a página Quando a Chuva Encontra o Mar) etc etc. E prendam as suas respirações, porque o epílogo vai ser puro amor.
Não que vocês precisem, depois desse capítulo, não é? Haha. Obrigada mesmo por ler, gente!

AH! Uma última coisa aqui. Para quem for na bienal, EU VOU ESTAR LÁ! O encontro de gotinhas (fãs dessa fic) vai ser às 15h no lugar onde estarão distribuindo senhas da Kiera Cass (lugar dos autógrafos). Qualquer coisa, é só me adicionarem no whatsapp. Mas, para conseguirem o número, vocês vão ter que entrar no grupo do facebook! MUAHUAHUA.
Quero muito poder ver o máximo de pessoas possível lá que lê a fic! Preciso agradecer pessoalmente, hein?



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