Setevidas escrita por tony


Capítulo 5
O cálice dos quatro elementos




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— Ah... Hum... Denner? — O menino pergunta assustado. — O que foi?

— Eu é que pergunto. — Ele diz descendo os últimos degraus. — Você está conversando com alguém?

— Não... Não! — ele responde quase automaticamente. — Eu estava falando sozinho.

— Ah?!

— É... É que... Bem... Eu estou treinando para uma peça no teatro da escola.

— Mas você entrou de férias hoje. — O maior verbaliza cruzando os braços.

— É... Mas... Mas são atividades de férias. — O menino diz quase tremendo.

— Hum.

— Miau. — Digo chamando a atenção de ambos. Como estou na forma de animal, Nash não precisa ficar preocupado, entretanto insiste em fazer cara de assustado.

— Acho que o gato tá com fome. — Denner diz quebrando o silêncio. — Tem comida lá em cima. Por que não trás pra cá?

— Éeer... Tá. — Nathan diz subindo as escadas, ainda meio desconfiado.

Denner começa me fitar e logo se aproxima.

— Eu só espero que Nash não fique triste quando você for embora. — Ele diz me acariciando. — Apesar de não ter amigos, é um garoto de bom coração.

“Eu sei.” — penso — “Eu sei”.

...(POV Caos)...

Em uma dimensão vazia e escura, carregada de finitas distâncias do planeta Terra. Um menino e seu cubo vagam pelo sombrio em busca do desconhecido.

— Atualizando dados. — O cubo diz emergindo uma luz violeta. — O anteposto está sendo localizado...

— O dorminhoco despertou. — O loiro sussurra sorrindo.

— O dominador das sete auras reside no planeta Terra, sua graça é Nathanael, e está sendo guiado pela tribo dos felídeos.

O pequeno Caos sorri. — Isso será sete vezes mais divertido.

...(POV Lucas)...

O quarto de Nathanael permanece no mesmo estado. Bagunçado. É engraçado passar várias vidas e ver que as coisas nunca mudam.

— E esse é meu quarto. — Nash diz se jogando na cama.

— A limpeza faz falta. — Resmungo fazendo o garoto jogar o travesseiro em cima de mim.

— Hey. Pelo menos agora que estou de férias terei tempo pra arrumar meu quarto.

— Ah sim, claro. Como se você fosse largar a preguiça de uma hora pra outra. — Digo.

— Eu não sou preguiçoso! — Ele retruca. — Apenas sou mais lento do que uma pessoa comum.

— Você é uma pessoa comum. — Afirmo.

— Uma pessoa comum que tem asas e auréola.

— Quase comum. — Reafirmo sorrindo.

Nash não para de rir.

Eu apenas observo a felicidade dele enquanto ele rola na cama. Denner tinha razão quando disse que Nash tem um bom coração. Quando Shat previu o anteposto com toda certeza sabia que ele conseguiria cumprir sua missão. E mesmo se a profecia estiver errada, eu irei fazer o impossível para ajuda-lo a recuperar os amuletos. Nem que pra isso seja necessário dar minha vida.

Quase num piscar de olhos sua expressão muda. Parece até que Nathan leu minha mente, pois rapidamente para de sorri e me pergunta:

— Como foi que você gastou suas quatro vidas assim tão rápido? Tipo, eu tenho catorze anos e nunca gastei minha vida.

— Primeira lição de gramática, nunca use “tipo” em uma frase. — Corrijo o menino. — E você não gastou sua vida por que você tem apenas uma. Pense comigo, você nunca pularia da janela do quinto andar, nunca se arriscaria a ficar entre a vida e a morte, pois você sabe que pode morrer. E nunca mais voltar. Quando se é um felino, você se arrisca, pois sabe que se algo der errado você continuará vivo.

— Sete vidas. — Ele diz.

— Exato.

— Está me dizendo que você morreu se arriscando? — Ele pergunta se sentando na beirada da cama.

— Quase isso. — Respondo. — Mas isso não é tão importante agora, temos que focar nossos pensamentos nos amuletos que irão reagir.

— O anjo da guarda-guia-provocante-instrutor que sugeriu que tivéssemos paciência. — Ele resmunga olhando fixamente para meus olhos.

— E temos que ter. Pode demorar dias, semanas ou até mesmo meses para se revelarem. — Digo orientando Nathan. — Cada uma tem personalidade e aura diferente. São cautelosas e sinuosas.

— Elas têm vida?

— Não chamo de vida, e sim “aura”.

— Aiin. — O menino se joga na cama novamente. — Estou ficando confuso.

— É você que não presta atenção. — Retruco gritando.

Um vento forte começa a tomar conta do local. Alguns papéis que estão sobre a estante começam voar e as cortinas a balançar furiosamente.

— Ai! — Nash reclama. — Acho que vai chover.

— Chover? — pergunto em dúvida. — Eu pensava que apenas faria frio.

— Ah Lucas... A natureza é imprevisível também né? — O menino diz indo em direção à janela para fechá-la.

Ao olhar para fora, Nash fica um bom tempo assustado e estático.

— Nash? — Pergunto. — O que foi?

— Acho que essa ventania é obra de uma carta de Shat. — Ele sussurra não tirando sua atenção da janela.

Salto sobre a estante de livros e me apoio na janela para ver o que acontece.

Um arrepio percorre meus pêlos ao ver aquela cena.

Um homem de capuz azul e um manto que cobria todo o seu corpo, segura um cálice dourado onde de dentro sai labaredas de chamas. Nos seus pés há uma densa neblina que o cobre até os joelhos. Os seus olhos mostram uma estranha heterocromia, que oscila de um azul da cor do oceano e do mais marrom e escuro como a terra. Ele não se mexe, mas o vento furioso balança seu manto de um lado para o outro.

— Essa parece ser a carta “O mago”.

— “O... mago”? — Nathan sussurra assustado. — O que ela faz?

— O mago domina os quatro elementos. Fogo, Água, Terra e...

— Ar. — O menino me interrompe. — É por isso que está tão frio assim.

— Apesar de ser um amuleto pacífico, a carta é muito inquieta e pode reagir por impulso. Temos que selar sua aura antes que ela possa causar algum dano na cidade. Está pronto Nathan?

— Eu tenho opção?

— Não. — Respondo.

— Então vamos. — Ele diz nada confiante.

— Metamorphose! — Grito me transformando em um híbrido felino.

Pulo da janela e aterrisso no jardim da casa.

Nash faz o mesmo e cai de bunda no chão. — Aí!

— Por que não desceu pelas escadas? — Grito.

— Porque você pulou. — Ele diz se levantando. — Eu também queria pular.

— Eu sou um gato.

— E eu um anjo.

— Anteposto. — Grito corrigindo.

— Mas eu tenho...

— Cuidado. — Digo o empurrando. Uma bola de fogo atinge o muro da casa e por pouco não nos atinge.

— Uau. — Nathan se assuta.

— Temos que ser cautelosos. — Digo. — A carta está furiosa.

— Não por muito tempo. — O menino diz se afastando de mim. — Espectro de luz que oscila entre o vermelho e violeta, atue na mais pura faixa de sete cores da minha aura e envolva o peregrino Nathanael com as suas emoções. Halo! — Ele grita ao recitar seu clichê.

Em uma rápida rajada de luz, o corpo de Nathanael é domado.

O colar se transforma em auréola e um fraco brilho de silhueta de asas se forma nas suas costas.

— Estou pronto Lucas! — Ele diz em posição de defesa.

— Vamos selar essa carta de uma vez por todas. — Digo confiante em posição de ataque.

Pelo visto, o mago não gostou nadinha da situação.


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Notas finais do capítulo

Gente me perdoem pela demora de SETEVIDAS :/
Estive muito ocupado nesses últimos dias e não deu tempo de postar o capítulo.
Mas aqui está e amanhã tem sai o próximo.
Bjus e por favor comentem o que estão achando da fic ^-^



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